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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Taxa de homicídios dispara na Capital

Levantamento mostra que número de assassinatos por 100 mil habitantes em Porto Alegre cresceu 23,2% entre 2013 e 2014, a terceira maior alta entre as 27 cidades avaliadas, cuja média ficou estagnada no período


Números preliminares do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública atestam que Porto Alegre vive uma escalada de violência muito superior à média das capitais brasileiras. O levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revela que a taxa de homicídios disparou 23,2% entre 2013 e o ano passado. O índice saltou de 33 para 40,6 assassinatos por 100 mil habitantes. No mesmo período, a média entre as 27 cidades ficou estagnada.

Porto Alegre registrou o terceiro maior crescimento entre esses municípios (veja quadro ao lado) com base em dados obtidos com as secretarias estaduais de Segurança. Ficaram à frente da capital gaúcha Campo Grande (MS), com acréscimo de 36,5%, e Teresina (PI), com 33,7%. Como resultado da disparada na taxa de assassinatos, Porto Alegre saltou da 17ª para a 13ª posição entre as capitais mais violentas do Brasil em um ranking liderado por Fortaleza (CE), com 77,3 óbitos por 100 mil habitantes. Também contribuiu para esse salto o fato de a violência ter permanecido estável no Brasil: a média de todas as capitais teve oscilação negativa de 0,1%.
"O crescimento verificado em Porto Alegre nos surpreendeu e demonstra que o homicídio é um problema de todo o país, não de algumas regiões. Exige esforços articulados" – afirma o vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança e professor de administração pública da Fundação Getulio Vargas, Renato Sérgio de Lima.

Para o professor da Pós-Graduação em Ciências Criminais da PUCRS Rodrigo de Azevedo, também integrante do fórum, o aumento do crime em Porto Alegre pode ser explicado, em parte, pelo fortalecimento de grupos criminais dentro das prisões e nas ruas:
"Como melhorou o esclarecimento de homicídios no governo passado, esperava-se uma queda na violência, que não se confirmou. Por um lado, isso pode ser explicado pela consolidação de facções que têm disputado territórios de forma extremamente violenta".

Para Azevedo, outra lição a ser tirada do relatório é de que não adianta melhorar a repressão por meio da elucidação de crimes sem maior atenção a programas de prevenção e à estrutura prisional.
"A falta de investimento no sistema penitenciário reforça as facções. Por mais que a polícia trabalhe e a Justiça condene, a situação continua a piorar" – diz o professor da PUCRS.
Secretários não comentam dados

Na contramão de Porto Alegre, outras 13 cidades, como Maceió (AL), conseguiram reduzir suas taxas de assassinato. Segundo Lima, os bons resultados costumam envolver diversos eixos: participação comunitária (por meio de ações como policiamento comunitário), transparência (divulgação de dados e ocorrências), investigação e inteligência, e integração operacional entre polícias, Ministério Público e Judiciário.

A Secretaria Estadual da Segurança não se pronunciou sobre o assunto ontem. Titular da pasta no ano passado, durante o governo Tarso Genro, Airton Michels disse que não poderia fazer uma análise mais detalhada por desconhecer o relatório:
"Achei o crescimento apresentado muito elevado, precisaria avaliar melhor esse estudo".

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública é uma organização não-governamental que reúne especialistas na área de várias regiões do país. O anuário completo deverá ser lançado dia 7 de outubro.

MARCELO GONZATTO / MARCELO KERVALT /ZH

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Secretário orienta população do RS a prender criminosos nas ruas

Secretário diz que a lei prevê que a população pode realizar prisões.
No sexta-feira um tiroteio deixou um morto e sete feridos na Vila Cruzeiro

Do G1 RS
O secretário de Segurança do Rio Grande do Sul, Wantuir Jacini, afirmou nesta segunda-feira (28) que a população deve prender criminosos nas ruas "se houver oportunidade e tranquilidade", apesar de não ter o mesmo preparo da polícia para tal. Por conta disso, ele aconselhou “cautela” (assista ao vídeo acima).

Eu digo cautela porque a população não tem o preparo necessário para fazer essas prisões. Mas se houver oportunidade e tranquilidade, que faça, porque a lei permite”, afirmou o secretário após participação no Fórum dos Grande Debates, na Assembleia Legislativa.

A declaração foi dada em meio a um momente de tensão em Porto Alegre. Na sexta-feira (25) um homem morreu e outras sete pessoas ficaram feridas depois de um tiroteio na Vila Cruzeiro, na Zona Sul de Porto Alegre. O crime teria sido motivado pela briga entre facções criminosas rivais que atuam na região.

De acordo com o comandante do Batalhão de Operações Especiais (BOE), tenente coronel Carlos Alberto de Andrade, a presença da polícia não tem prazo para terminar. “Estamos aqui a pedido da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e do comando da Brigada Militar para retomarmos a situação, que estava fugindo um pouco do controle”.

Já o secretário de Segurança Wantuir Jacini afirmou que a ação continuará na região, “enquanto for necessário”.
Tensão em Porto Alegre
Os contantes casos de violência, que culminaram no tiroteio na Vila Cruzeiro, fizeram com que o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, sugerisse o reforço da Força Nacional para ampliar a segurança na cidade. O governo do estado descartou a sugestão e afirmou que o recurso só pode ser utilizado para fins específicos e não para o policiamento rotineiro. Perguntado sobre a polêmica, Wantuir Jacini afirmou que não irá se pronunciar.

Ministério Público de Contas do RS pede multa a ex-dirigentes da Susepe

Em abril, MP descobriu esquema de falsificação de notas fiscais.
Eles recebiam milhões em diárias após apresentar notas fiscais frias

Do G1 RS
O Ministério Público de Contas (MPC) pediu uma multa de mais de R$ 6,5 milhões para dois ex-dirigentes da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). O motivo são supostas irregularidades em diárias de agentes penitenciários em 2013.
No parecer, assinado pelo procurador-geral do estado, Geraldo Da Camino, o órgão pede punição aos servidores "por infringência de normas de administração financeira e orçamentária." Agora, o parecer do MPC será julgado por conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. Caso sejam condenados, eles terão de devolver a quantia aos cofres públicos.
Uma investigação iniciada em abril deste ano apontou o esquema de falsificação de notas fiscais envolvendo 158 agentes penitenciários. Na época, a apuração indicou que, em um ano, funcionários receberam mais de R$ 1,6 milhões em diárias.
Mesmo morando em Porto Alegre, eles recebiam diárias como se morassem no interior do estado. Juntos, eles teriam apresentado mais de 700 notas fiscais frias.

sábado, 26 de setembro de 2015

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

TJ proíbe parcelamento de salários de aposentados e pensionistas

Pedidos de prisão do governador e multa foram negados

O Tribunal de Justiça (TJ) decidiu proibir o parcelamento dos salários dos servidores públicos aposentados e pensionistas do Rio Grande do Sul. A decisão é dos desembargadores do Órgão Especial do TJ. De acordo com a assessoria, cabe recurso ao Estado para recorrer da decisão. As informações são da Rádio Gaúcha.
O Mandado de Segurança foi movido pelo Sindicato dos Servidores Públicos Aposentados e Pensionistas do Estado.
A liminar já havia sido deferida em março deste ano. A entidade também tinha ingressado com pedido de multa diária e prisão do governador. Ambos foram indeferidos liminarmente.
Na última decisão, o desembargador relator, Vicente Barroco de Vasconcellos, citou artigos das Constituições, Federal e Estadual, bem como decisões do Supremo Tribunal Federal que já confirmaram a constitucionalidade de normas que impedem o parcelamento de salários de servidores públicos.
"Da interpretação desses dispositivos, infere-se que o momento de realizar os pagamentos dos salários não está inserido dentro do poder discricionário do Governador. Portanto, o parcelamento dos salários ou o seu pagamento fora do prazo, afronta norma constitucional, sendo ilegal e abusivo o ato que descumprir tal norma", afirmou o relator.
*Rádio Gaúcha

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Dilma sanciona lei que torna obrigatório ensino médio em penitenciárias

A presidente Dilma Rousseff sancionou, com veto, mudanças na Lei de Execução Penal para instituir o ensino médio nas penitenciárias. O texto está publicado no Diário Oficial da União (DOU).

Entre as determinações, a nova lei estabelece que o ensino médio regular ou supletivo, com formação geral ou educação profissional de nível médio, será implantado nos presídios, em obediência ao preceito constitucional de sua universalização. O ensino ministrado aos presos será integrado ao sistema estadual e municipal de ensino e será mantido, administrativa e financeiramente, com o apoio da União, não só com os recursos destinados à educação, mas pelo sistema estadual de justiça ou administração penitenciária.

A nova lei ainda fixa que os sistemas de ensino oferecerão aos presos cursos supletivos de educação de jovens e adultos e que a União, os Estados, os municípios e o Distrito Federal incluirão em seus programas de educação a distância e de utilização de novas tecnologias de ensino o atendimento aos presos. Também diz que o censo penitenciário deverá apurar, entre outros dados, o nível de escolaridade dos detentos e a existência de bibliotecas e as condições de seu acervo.

Projeto obriga preso rico a pagar despesas na prisão

O projeto não deve ser aplicado aos condenados comprovadamente pobres

Myllena de Luca
Capital News
                          
Moka verbas para preeituras
De acordo com o senador, o preso que tiver condições financeiras deve devolver ao Estado o custo de manutenção
Deurico/Capital News

Um projeto de lei, apresentado pelo senador Waldemir Moka (PMDB), obriga o preso rico a pagar o Estado das despesas de manutenção durante o tempo em que estiver cumprindo pena em estabelecimento prisional.  O texto altera a Lei de Execução Penal 7.210, editada em 11 de julho de 1984.

De acordo com o senador, o preso que tiver condições financeiras, como, por exemplo, os condenados por corrupção, lavagem de dinheiro ou crimes financeiros, deve devolver ao Estado o custo de manutenção.

O artigo 29, da Lei de Execução Penal, estabelece responsabilidades dos presos, como a retenção de parte da remuneração do trabalho no sistema prisional para ressarcir o Estado. O projeto não deve ser aplicado aos condenados comprovadamente pobres.

O senador argumenta que, somente transferindo para o preso o custo de manutenção, é que o sistema penitenciário poderá melhorar e, ao mesmo tempo, proporcionar destinação de mais recursos para outras áreas, como os serviços públicos de saúde e educação.

De acordo com dados do governo federal, manutenção de um preso custa, em média, entre dois e cinco salários mínimos. “É um fábula, se levarmos em conta que há em torno de 600 mil presos. Se, parte mínima desses custos fosse transferida aos condenados ricos, haveria um desafogo nos caixas da União e dos Estados”, diz o autor do projeto.

Salário integral, só em setembro

O parcelamento dos salários dos servidores do Executivo – que nos últimos dois anos foi um dos componentes da estratégia do Palácio Piratini para conseguir aval para o tarifaço – não se repetirá no final de setembro. Na madrugada de ontem, após garantir o aumento de impostos, o governo José Ivo Sartori conduziu a aprovação do projeto de lei que permite a ampliação do uso dos depósitos judiciais. O dinheiro servirá como socorro para honrar a folha integralmente no último dia do mês.

Os depósitos são recursos depositados por terceiros em conta bancária como garantia de pagamento em processos que dependem de decisão da Justiça. Desde 2004, o Estado pode “pegar emprestado” parte dos recursos, mecanismo que, desde então, se tornou a principal alternativa de emergência à crise financeira. Até agora, o teto para os saques estava em 85% do montante. O projeto aprovado na madrugada de ontem ampliou o limite para 95%. Com a medida, o governo garante a injeção imediata de cerca de R$ 1 bilhão em seus cofres.
"Esse R$ 1 bilhão garante a folha de pagamento na medida em que representa um pouco mais do que custa a folha de pagamento líquida do Executivo, que gira em torno de R$ 950 milhões mensais. Mas, é óbvio, temos os meses vindouros" – afirmou ontem o secretário da Fazenda, Giovani Feltes.
Apesar de socorro rápido, o uso dos depósitos tem custo. Nos últimos anos, o governo já retirou mais de R$ 8,3 bilhões da conta, dinheiro que precisa ser devolvido em algum momento mesmo que não haja necessidade de quitação em parcela única. Sobre os empréstimos, o Tesouro já desembolsou R$ 2,9 bilhões em juros, e o custo vai aumentar ao longo de 2015.

Ontem, a Assembleia encaminhou a lei aprovada para a sanção do governador José Ivo Sartori. Após a publicação no Diário Oficial, o governo já tem autorização legal para fazer o saque. Em pronunciamento durante entrevista coletiva, o governador destacou o resultado das votações na Assembleia:
"Os projetos aprovados são uma parte do enfrentamento da crise. Resolvem um terço do déficit".
De acordo com o orçamento elaborado pelo Piratini para 2016, há um rombo nas contas calculado em R$ 6,2 bilhões. Com o aumento do ICMS, a Fazenda estima arrecadar mais R$ 1,9 bilhão no próximo ano. À Rádio Gaúcha, Feltes disse que o tarifaço é uma medida é emergencial, incapaz de resolver o déficit de 2016. Sartori afirmou estar fazendo o possível para enfrentar a crise:
"Vivemos uma situação de emergência financeira, e essa situação deve continuar".

O Sartori foca agora é na Lei Fiscal Estadual

Legislação em debate prevê limite para gasto com pessoal em caso de crescimento da receita. Piratini defende equilíbrio nas contas, servidores apontam arrocho, ou seja, de 2016 a 2018 não terá aumentos para a Segurança Pública


Depois de conseguir instituir a previdência complementar para funcionalismo e aumentar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o governo José Ivo Sartori concentrará esforços nas articulações para garantir a aprovação do projeto que cria lei de responsabilidade fiscal estadual. A proposta, que impõe freios aos gastos com custeio e pessoal nos três Poderes, é alvo de polêmica. O funcionalismo entende que o texto significa congelamento de salários nos próximos anos e pede a retirada da matéria da Assembleia Legislativa.
É um projeto que entendemos como um dos mais importantes para o futuro do Rio Grande do Sul, como o da previdência. São propostas estruturantes. Se tivessem sido aprovadas no passado, certamente não estaríamos passando, nem governo nem servidores, por momentos tão constrangedores e difíceis como hoje” – ressaltou o secretário geral de Governo, Carlos Búrigo.
Chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi não descartou a possibilidade de pedir regime de urgência na tramitação do projeto, o qual prevê que, a cada R$ 100 em receita extra (em relação ao ano anterior), é preciso destinar R$ 75 para custeio e investimentos e reservar no máximo R$ 25 para reajustes salariais. Biolchi disse que a norma vai impedir, por exemplo, aumentos parcelados, o que considera uma das causas do agravamento da crise do Estado. Ele assegura que a regra, se aprovada, não coloca em risco os aumentos já concedidos e ainda não honrados, como temem os servidores. Para os sindicatos, a lei fiscal visa a arrochar salários.

O Palácio Piratini também estuda novas medidas para atingir o equilíbrio financeiro. A sexta fase do ajuste fiscal está no forno e pode ser apresentada até o final do ano. Na mira do governo, estaria a extinção de órgãos, empresas e departamentos, além da revisão de incorporações de vantagens aos salários de servidores. É consenso no núcleo do Executivo que os ações realizadas até agora, embora importantes, não resolvem a crise financeira do Estado.

O detentor do relógio do governo é o governador. Temos discutido medidas e esperamos que elas possam ser apresentadas com maior brevidade possível” – disse o secretário da Fazenda, Giovani Feltes.
O governo não deixará de ter atitudes necessárias para buscarmos o nosso objetivo. Mesmo que essas atitudes, em um primeiro momento, sejam antipáticas e que venham a não deixar segmentos internos do governo ou até externos de uma maneira confortável” – complementa Búrigo.
Entre junho e setembro, o Executivo apresentou cinco pacotes de ajuste fiscal, contendo 26 propostas que dependem de aval da Assembleia Legislativa. Dessas proposições, 11 foram aprovadas até agora. A próxima a ir a plenário, na terça-­feira, será a que altera as regras de enquadramento das requisições de pequeno valor (RPVs). Conforme Alexandre Postal (PMDB), líder do governo no parlamento, o Piratini não deve encontrar dificuldades para aprovar a matéria, pois “há acordo inclusive com a oposição”.
As RPVs são dívidas do Estado de até 40 salários mínimos (R$ 31,5 mil), decorrentes de processos judiciais e que devem ser pagas no prazo de 180 dias. Acima dessa quantia, os créditos viram precatórios. O projeto do governo prevê que as RPVs sejam limitadas a débitos de até sete salários (R$ 5,5 mil). Com isso, a fila dos precatórios, para os quais o pagamento leva anos, aumentará.

*Colaboraram Bruna Scirea, Bruna Vargas, Fernanda da Costa, Juliana Bublitz e Kyane Vives.
CLEIDI PEREIRA / ZH

O que está previsto no projeto
-Propõe normas para alcançar o equilíbrio financeiro, estabelecendo regras para a limitação do crescimento da despesa com pessoal e custeio para todos os Poderes.
-A lei cria mecanismos de controle, estabelecendo que o governo só se pode criar gastos permanentes havendo receita disponível.
-Na prática, significa que os chefes dos Poderes não poderão conceder reajustes parcelados, contando com receitas futuras, a exemplo do que fez Tarso Genro, que concedeu aumentos até 2018.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Os salários dos servidores públicos do RS são dos piores do Brasil

Os salários dos servidores públicos do Rio Grande do Sul estão piores no governo principalmente no Sartori, um caloteiro, covarde, um governicho, que pagou em quatro vezes em setembro. O que nos espera para Outubro ninguém sabe!
Temos um dos menores salários do Brasil - pagou mais de 70% dos salários dos funcionários pagando R$ 2.800,00 - e ainda são parcelados.
Com isso, aliado a péssima situação da segurança, educação e da saúde pública pensamos se não caberia um Impeachment!

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Governo estadual tenta reduzir teto de dívidas de pequeno valor

Os governos têm que pagar depois a sentença da Justiça aos servidores públicos, mas não pagam, são caloteirosProjeto do Piratini que diminui de 40 para sete salários mínimos o pagamento de RPVs, limitando desembolso do governo, será apreciado nesta terça. Medida pode elevar fila de precatórios


Ver o PDF: http://www.clicrbs.com.br/pdf/17645792.pdf

 

De olho no rombo das contas públicas, o Palácio Piratini tentará aprovar amanhã, na Assembleia, a redução dos gastos com Requisições de Pequeno Valor (RPVs) – como são chamadas as dívidas de menor peso do Estado. Caso receba o aval dos deputados, a alteração ajudará a amenizar a crise nas finanças, mas provocará um efeito colateral perverso: a fila dos precatórios, que já é extensa, ficará ainda maior.

Se a medida já estivesse valendo, de janeiro a agosto deste ano 56,6 mil pessoas teriam deixado de receber RPVs e se tornado precatoristas, a menos que aceitassem abrir mão de parte do dinheiro.

Hoje, as RPVs são limitadas a 40 salários mínimos (R$ 31,5 mil) e precisam ser quitadas em no máximo 180 dias pelo Executivo. Quando o montante devido pelo Estado passa disso, os créditos são classificados como precatórios, cujo pagamento pode demorar décadas.

Em 2013, o ex-governador Tarso Genro tentou baixar o teto das RPVs para 10 salários mínimos. A iniciativa sofreu resistência – inclusive do PMDB, que hoje comanda o Piratini –, e ele desistiu da ideia. Agora, a intenção de José Ivo Sartori é circunscrever as RPVs a sete salários (R$ 5,5 mil) para diminuir o impacto sobre os cofres estaduais.

"Na prática, o governo quer empurrar o problema com a barriga. É uma espécie de calote oficial. Se for aprovado, vamos recorrer à Justiça" – diz Katia Terraciano Moraes, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Aposentados e Pensionistas do Estado (Sinapers).
A mudança também é criticada pela seção gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RS), que enviou ofício ao parlamento e ao Tribunal de Justiça defendendo a rejeição do texto. O presidente da entidade, Marcelo Bertoluci, diz que o projeto é juridicamente questionável porque o prazo para alterações do tipo expirou em 2010.
"Mais uma vez, o Poder Executivo insiste em um projeto simplório, com equívocos básicos e sem nenhum diálogo com a sociedade. Por simetria, as prefeituras também reduzirão os valores, e isso vai provocar um calote em cascata" – adverte Bertoluci.
Há justificativa na na proposta, afirma juiz

Para quem é titular de um precatório, o principal temor é o prolongamento da espera pela indenização. É o caso da pensionista Noeli de Almeida Mércio Pereira, 72 anos. Moradora da Capital, ela está nessa situação desde 2003. Por ter preferência devido à idade, recebeu parte do valor. Segue na expectativa pelo restante do crédito, cuja cifra prefere não revelar. Até a última semana, ocupava a posição 9.443 na lista.
"Vou receber quando? Na próxima encarnação? A gente sabe que a situação das finanças é crítica, mas o governo está agindo mal" – lamenta.
Especialista no tema, o juiz da Central de Precatórios do Tribunal de Justiça do Estado, Marcelo Mairon Rodrigues, evita polemizar. Ele concorda que a fila vai aumentar, porém faz uma ressalva: existe justificativa para a proposta e nem todos sairão perdendo.
"É verdade que, para muitos precatoristas, será ruim. Mas, baixando o valor das RPVs, será possível pagar um número maior de pessoas com direito à parcela preferencial. A alteração vai desagradar a alguns e agradar a outros" – pondera Rodrigues, que destaca a necessidade de mais recursos para o pagamento de precatórios.

Os desembolsos do Estado com RPVs crescem desde 2011. Neste ano, a estimativa é de R$ 900 milhões. Se isso se confirmar, será o dobro dos gastos com o custeio da segurança e da educação. Se aprovado o novo teto de pagamento para RPVs, o valor cairia para R$ 180 milhões. O restante seria usado para cobrir o rombo nas contas.

JULIANA BUBLITZ / ZH

domingo, 20 de setembro de 2015

Desfile Farroupilha tem protestos contra Sartori e pedido de "unidade" do governador

Evento realizado em Porto Alegre combinou vaias e gritos de apoio a José Ivo Sartori, um governicho, caloteiro e contra os servidores públicos do RS

Manifestantes exibiram faixas e vaiaram o governador
Foto: Diego Vara/Agência RBS
O desfile de 20 de Setembro, realizado na manhã deste domingo, em Porto Alegre, teve protestos contra o governo estadual entre o público e pedido de "unidade" e "compreensão" por parte do governador José Ivo Sartori.
Enquanto a Avenida Beira-Rio era palco de encenações da Revolução Farroupilha, com figurantes vestidos a caráter simulando batalhas, nas arquibancadas era travada uma outra disputa. De um lado, representantes do Sindicato de Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm) seguravam faixas criticando o tarifaço proposto pelo governo e a falta de segurança no Estado sob a inscrição "comemorar o quê"?
Próximo a eles, em um setor reservado da arquibancada onde somente ingressava quem tinha autorização prévia, ficaram reunidos defensores do governador. A cada grito de "caloteiro" direcionado ao palanque em razão do parcelamento do salário do funcionalismo, o grupo de apoiadores do Piratini gritava "Rio Grande! Rio Grande!" e agitava bandeirolas do Estado.
A presença do público em geral foi tímida na manhã de tempo bastante nublado, e havia muitos espaços vazios nas arquibancadas de madeira e metal montadas próximo ao Guaíba. O governador José Ivo Sartori deu uma breve declaração à imprensa logo depois do desfile e respondeu a duas perguntas dos jornalistas. Sartori fez uma comparação entre a luta dos farrapos e o atual cenário político e econômico do Estado — que paga uma pesada dívida à União:

"Nossos antepassados plantaram uma semente de mudança, que foi a luta contra a injustiça tributária e a centralidade administrativa brasileira. Era uma luta para constituir a República e o federalismo brasileiros, e isso ainda está presente nos dias de hoje".

Perguntado sobre os protestos e a baixa adesão das forças de segurança ao desfile, Sartori disse que a Brigada Militar e a Polícia Civil estiveram presentes na avenida, e voltou a fazer um apelo por "compreensão" e pelo fim da "raiva política".

"O resultado não se constrói com raiva política. Esse é o exemplo que foi dado pela família Farropilha. Quando foi preciso parar, sentar e fazer a paz, fizeram a unidade para a construção da paz do Brasil e do Rio Grande. O desafio não se vence com raiva política, se vence com unidade, solidariedade e compreensão das dificuldades".


A comemoração do 20 de setembro teve participação da Banda da Brigada Militar e de duas dezenas de viaturas da Polícia Civil, que chegou a ameaçar um boicote ao evento. A parte temática do desfile contou com centenas de participantes que reproduziram traços culturais do gaúcho na avenida e reencenaram partes da história da Revolução Farroupilha, culminando com a conquista da paz com o governo central por meio do tratado de Ponche Verde.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

RS fica abaixo da média nacional em indicador de alfabetização do MEC


Apenas 7,53% dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental atingiram o melhor nível de escrita, segundo a Avaliação Nacional da Alfabetização

O RS está mal na educação, assim com a saúde, segurança pública, estradas...os políticos são dos piores do Brasil


O Rio Grande do Sul está entre os Estados com menor nível de estudantes em fase de alfabetização capazes de escrever no nível desejado para sua idade. É o que aponta a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) 2014, divulgada nesta quinta-feira pelo Ministério da Educação (MEC).

Com 3 mil habitantes, Centenário é destaque em alfabetização no RS
Apenas 7,53% dos estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental gaúcho conseguem articular bem os textos — porcentagem menor que a média nacional, que é de 9,88%. É o pior índice da região Sul: no Paraná, a porcentagem quase dobra (15,53%), enquanto Santa Catarina tem o melhor índice do Brasil (22,25%).

A avaliação consiste na aplicação do teste de desempenho do estudante, realizado entre todos os alunos matriculados no 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas. O objetivo é aferir o nível de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa e Matemática das crianças.


Nas demais áreas de avaliação, o Estado foi melhor: em leitura, 12,20% dos estudantes atingiram o melhor nível definido pelo MEC — valor pouco acima da média nacional, mas ainda assim o pior entre os Estados da região Sul.

Já em matemática, 29,32% das crianças ao final do ciclo de alfabetização atingiram os níveis esperados, enquanto a média nacional é de 25,15%. Ainda assim, o Rio Grande do Sul puxa a média regional para baixo: Paraná e Santa Catarina ficaram acima do Estado também nesse indicador.


Confira as taxas de alfabetização da região Sul e a média brasileira (em % do maior nível de alfabetização definido pelo MEC):

Leitura
Santa Catarina 17,62%
Paraná 13,40%
Rio Grande do Sul 12,20%
Brasil 11,20%

Escrita
Santa Catarina 22,25%
Paraná 15,53%
Brasil 9,88%
Rio Grande do Sul 7,53%

Matemática
Santa Catarina 32,95%
Paraná 32,55%
Rio Grande do Sul 29,32%
Brasil 25,15%

* Zero Hora

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Deputados votam projetos do Executivo nesta tarde

Público foi impedido de entrar na Assembleia Legislativa, e parte da oposição se retirou em protesto

Deputados aprovam oito dos 10 projetos do Executivo

Ficaram de fora apenas as propostas que extinguem a Fundergs e a Fepps

Deputados votaram sem ninguém na AL. Isso é DITADURA
Foto: Lauro Alves / Agência RBS
Os primeiros projetos de lei do pacote enviado à Assembleia Legislativa com objetivo de equilibrar as contas do Estado foram aprovados na tarde desta quarta-feira pelos parlamentares (veja a lista abaixo). Devido às manifestações de servidores contrários às propostas na terça-feira, que motivaram a suspensão da sessão, remarcada para esta quarta, o público foi impedido de acompanhar a votação.

Assembleia Legislativa é DITADURA, é GOLPE

O deputados que estão com Sartori - governicho e caloteiro - hoje não deixam entrar os servidores na Assembléia Legislativa, com vários projetos com a vida aos funcionários públicos.
Isso é GOLPE, do Sartori e os deputados, que ainda com nove meses e ainda não sabe como governar.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Deputados adiam votação de pacote de Sartori após servidores bloquearem acesso à Assembleia

Estavam em pauta propostas como a criação do regime de previdência complementar e a extinção das fundações do Estado

Por: Bruna Vargas

Após servidores estaduais bloquearem por mais de sete horas todas as entradas da Assembleia Legislativa, e uma reunião entre sindicalistas e lideranças partidárias terminar sem acordo, deputados cancelaram a sessão da tarde desta terça-feira. No encontro, os parlamentares votariam polêmicos projetos apresentados pelo governo Sartori — como a criação do regime de previdência complementar e a extinção das fundações do Estado. Segundo os parlamentares, o motivo é a falta de segurança.
A mobilização para pressionar os deputados começou por volta das 6h30min, com um acampamento em frente à Casa. Segundo os parlamentares, seria a primeira vez em 180 anos que o local foi fechado.

Por volta das 9h, o presidente da Assembleia, deputado Edson Brum (PMDB), dialogou com os manifestantes e, a pedido deles, agendou uma reunião entre as lideranças partidárias do Legislativo e os representantes do Movimento Unificado dos Servidores, que reúne mais de 40 categorias.

Como a reunião começaria somente às 11h30min, os deputados tentaram deixar a frente da Assembleia pouco depois das 10h, quando se iniciou um tumulto. Alguns parlamentares foram cercados e houve empurra-empurra entre parte dos manifestantes, seguranças e assessores de deputados.

Um grupo que incluía lideranças dos servidores tentou conter parte dos manifestantes e acompanhou os parlamentares até os fundos do chamado Palacinho, por onde os deputados acessaram a Casa Rosada, sob os gritos de "corruptos" e "retira", referindo-se à pauta do dia.
"Houve uma tensão que é natural, porque os deputados estavam tentando avançar e algumas pessoas não queriam. Mas isso é um gesto político, não é um gesto de força" — defendeu um dos diretores da União Gaúcha dos Escrivães, Inspetores, Investigadores, Rádio-telegrafistas e Mecânicos (Ugeirm/Sindicato), Cládio Wohlfahrt.

Pouco depois das 11h30min, teve início a reunião em que os sindicalistas apresentaram seu descontentamento em relação aos projetos de Sartori. O encontro a portas e janelas fechadas, que começou tranquilo, também teve momentos de atrito entre parlamentares e servidores.

Enquanto os servidores pressionavam os líderes a pedirem ao governador Sartori a retirada dos projetos polêmicos do regime de urgência, deputados da base aliada do governo e o presidente da Assembleia, Edson Brum (PMDB), insistiam na liberação dos acessos da Casa como condicional para reunirem as bancadas e encaminharem as reivindicações do grupo.

Os ânimos se exaltaram quando o presidente do Sindicato dos policiais civis, Isaac Ortiz, disse que "não podia controlar servidores", alguns deles armados. Parte dos deputados entendeu a colocação como ameaça.

Por volta das 13h30min, o encontro foi suspenso para que os líderes dos servidores discutissem com demais representantes do movimento a proposta de Edson Brum: portas abertas para a reunião de líderes em troca do encaminhamento das reivindicações do grupo a Sartori.

Após reunião interna e negociações com os deputados, os servidores prometeram as entradas, mas, apesar dos apelos das lideranças, alguns integrantes do Cpers e representantes de movimentos estudantis seguiram bloqueando a entrada da Casa.

Sem acesso à Assembleia Legislativa, a sessão foi suspensa pelo presidente da Casa por volta das 14h30min.

"Estendemos nosso diálogo ao máximo e não usamos a força exatamente para evitar qualquer tipo de conflito. Fizemos nossa parte e continuamos a disposição dos sindicatos que quiserem permanecer em diálogo" — disse o deputado, lamentando que parte dos servidores não tenha desobstruído as passagens.
O mais polêmico dos projetos que deveriam ser votados nesta terça — alvo de críticas do funcionalismo e da oposição — é o que prevê a criação de um regime complementar de previdência para os servidores públicos estaduais. Líderes sindicais chegaram a pedir ao governo para que voltasse atrás e retirasse o texto do regime de urgência. Alguns parlamentares também fizeram a solicitação, mas não conseguiram sensibilizar Sartori.

Também integravam a leva que seria votada nesta terça os projetos que extinguem duas fundações — a Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (Fepps) e a Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul (Fundergs). Ambos são alvo de críticas por parte de servidores públicos.

"Teríamos colocado em primeiro lugar os salários", afirma Tarso Genro

Confira os projetos do Poder Executivo aptos à votação, nesta terça-feira, na Assembleia:

PROJETO DE LEI Nº 207
— Cria a Câmara de Conciliação de Precatórios, que permitirá a negociação de acordos com credores com desconto de 40% do valor da dívida.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: tende a desestimular o mercado paralelo dos precatórios e a ampliar o número de credores pagos.

PROJETO DE LEI Nº 212
— Inclui nas atribuições do Corpo Voluntário de Militares Inativos da BM atividades de vide monitoramento nos municípios que têm os equipamentos e necessitam de servidores para operá-los.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: medida auxiliará as prefeituras na prevenção de crimes.

PROJETO DE LEI Nº 213
— Altera a lei que institui o Imposto sobre Doações ou Transmissões Causa Mortis (ITCD), cobrado em doações e herança. A ideia é restabelecer alíquotas progressivas.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: deve elevar a arrecadação anual em R$ 43,9 milhões.
Deputados da base divergem sobre tarifação

PROJETO DE LEI Nº 215
— Extingue fundos públicos que já cumpriram finalidades e aqueles que estão inativos há três anos ou mais, atendendo ou não a suas finalidades.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: contribuirá para o "aperfeiçoamento da gestão financeira e orçamentária do Estado".

PROJETO DE LEI Nº 243
— Propõe mudanças na legislação para que possa avançar a transformação do Laboratório Farmacêutico do Estado (Lafergs) em empresa pública.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: eliminaria amarras burocráticas que hoje dificultam a retomada da produção.

PROJETO DE LEI Nº 255
— Autoriza o Poder Executivo a prorrogar os contratos de sete cargos em comissão/funções gratificadas da Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: os profissionais são importantes para a rotina de trabalho da orquestra.
Governo faz campanha na internet para convencer sobre aumento do ICMS

PROJETO DE LEI Nº 299
— Autoriza a extinção da Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul (Fundergs).
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: alcançar "metas de controle de despesas" do Estado.
— Está entre as medidas polêmicas e contestadas por servidores.

PROJETO DE LEI Nº 301
— Autoriza a extinção da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (Fepps).
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: fazer o "enxugamento da máquina administrativa".
— Está entre as medidas polêmicas e contestadas por servidores.

PROJETO DE LEI Nº 209
— Impede que o servidor público incorpore função gratificada (FG) para fins de aposentadoria se tiver obtido o benefício ao exercer o cargo em outro poder.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: reduzir custos.
Discursos de Sartori podem aumentar ansiedade e criar clima de pânico
PROJETO DE LEI Nº 303
— Institui o regime de previdência complementar para os servidores públicos estaduais.
— Regime de tramitação: urgência.
— Justificativa do governo: conter o déficit previdenciário, já que quem ingressar no serviço público terá de contratar previdência complementar se quiser receber acima do limite do INSS (R$ 4,6 mil).
— Está entre as medidas polêmicas e contestadas por servidores.

* Zero Hora

Olha o governicho, caloteiro, .... o Sartori

"Os salários não apenas serão parcelados. Pode ser que nem salário vá ter".

domingo, 13 de setembro de 2015

SSP quer regularizar desmanches no Rio Grande do Sul

Para secretário Wantuir Jacini, roubo de veículos está associado à receptação de peças por locais clandestinos

Jessica Gustafson
ANTONIO PAZ/JC
Tráfico é o principal problema, pois gera outras violências, diz Jacini
Tráfico é o principal problema, pois gera outras violências, diz Jacini
O cenário caótico das finanças do Estado tem se refletido em áreas prioritárias, afetando diretamente a população. A segurança pública é uma delas. Para mostrar que o governo estadual continua investindo em ações de combate à criminalidade, o secretário estadual da Segurança Pública, Wantuir Jacini, participou nesta quinta-feira da reunião da Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa, na Capital. Entre as questões tratadas, ele falou sobre a redução de alguns indicadores de criminalidade e sobre o roubo de veículos, que teve uma curva ascendente na comparação entre o primeiro semestre de 2014 e o de 2015: foram 1.142 carros a mais.

Somente em Porto Alegre, 25 carros são roubados diariamente. Por isso, Jacini informou que o governo protocolou um projeto para regularizar os desmanches. "Temos 1,5 mil desmanches irregulares no Estado, sendo que mil ficam na Região Metropolitana. São eles que propiciam a receptação e a destinação das peças. Os clandestinos serão interditados", ressaltou.

Entre os dados apresentados pelo secretário, alguns crimes tiveram redução, como o homicídio doloso, que passou de 1.214 registros no primeiro semestre de 2014 para 1.187 no mesmo período em 2015. Os latrocínios também tiveram queda, passando de 74 para 57.

O presidente da comissão, deputado Nelsinho Metalúrgico (PT), questionou os índices. Segundo ele, existem dúvidas sobre os números, pois, quando acontece uma chacina com várias mortes, apenas uma é contabilizada. Já o roubo de carros passou de 6.765 no primeiro semestre de 2014 para 7.907 no mesmo período de 2015. Na apresentação, Jacini abordou o que considera as causas sociais da violência, como o tráfico de drogas, agravado pela falta de punição aos usuários, que se articula aos problemas enfrentados no sistema penitenciário e à falta de recursos.

O chamamento dos três mil servidores aprovados em concurso da Brigada Militar e da Polícia Civil foi questionado, mas Jacini não fixou datas. Disse que primeiro é preciso garantir o pagamento dos que estão na ativa. Somente nos primeiros seis meses do ano, 1,2 mil policiais se aposentaram. Para melhorar os indicadores, além do projeto para regularizar os desmanches de carros, o secretário disse que a pasta priorizará a atuação ostensiva nas 19 cidades que concentram 85% dos crimes e 71% dos homicídios.

Segundo Jacini, a flexibilização das leis, que acaba prendendo e soltando quem comete delitos mais leves, agrava a criminalidade. "O tráfico é o principal problema, pois gera outros tipos de violência. Desde 2006, quando os usuários passaram a não ser mais punidos, observamos a ampliação do consumo e também dos crimes", afirma. Se a linha de atuação da pasta pretende prender mais, o sistema penitenciário também terá que ser ampliado, visto que faltam hoje ao menos sete mil vagas no Estado. Somente no início deste ano, 65 mil infratores foram detidos no Rio Grande do Sul.

A conclusão do Complexo Penitenciário de Canoas, que representará 3,4 mil vagas a mais, ainda depende de verba. Em dois meses, o primeiro presídio do município, para 400 presos, deve estar pronto, após a conclusão da rede elétrica. Para esta primeira etapa, o secretário garante que já existe efetivo de profissionais da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). O titular da pasta acredita que, com a abertura de novos presídios, as facções que atuam dentro dos atuais tendem a se enfraquecer. "Precisamos também dar estudo e profissionalização aos presos, assistência à saúde e religiosa. Não temos pena de morte e nem prisão perpétua. Eles voltarão para a sociedade e precisam estar ressocializados", afirma.

Outro ponto abordado por Jacini, e que gerou críticas, foi a mudança de metodologia da Brigada Militar. De acordo com ele, os policiais são formados para enfrentar o crime e programas sociais - como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), iniciativa da Polícia Militar de prevenção para crianças do Ensino Fundamental até o Ensino Médio - não são prioridades.

A presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Fabiane Dutra Oliveira, rebateu a fala, ressaltando a importância da questão social. "A violência contra as mulheres é um crime contra os direitos humanos. Os policiais precisam saber lidar com essa temática, assim como com questões que envolvem o racismo", disse. Ela também questionou as estatísticas de crimes apresentadas, que não trazem a diferenciação dos casos de feminicídio.

Análise de discurso de Sartori mostra que expressões podem aumentar ansiedade e criar clima de pânico

Conhecido pelo bom humor, o político tem se mostrado irritado nas últimas aparições públicas

Por: Cleidi Pereira/ZH
UTI, câncer, calamidade, fundo do poço. Essas têm sido, nos últimos dois meses, algumas das expressões utilizadas pelo governador José Ivo Sartori para se referir à crise do Rio Grande do Sul. Há oito meses no cargo, o chefe do Executivo, como um médico que opta por uma conduta inusitada, insiste em enfatizar o diagnóstico do paciente. Ao ficar repetindo que o Estado é um enfermo terminal, quem há de se animar para buscar opções de tratamento? Após 10 dias, bloqueio às contas do Estado chega ao fim

Para especialistas, o discurso adotado pelo governador, especialmente após o primeiro parcelamento de salários do funcionalismo, no fim de julho, não é nada adequado para o momento em que o Estado atravessa uma de suas mais graves crises. Entre consultores, professores, cientistas políticos e especialistas em comunicação e gestão de crise, o consenso é de que o tom das declarações aumenta a ansiedade e gera um clima de pânico na população. Piratini paga nova parcela de salários. Veja como servidores passaram 11 dias com R$ 600 na conta

Você pode dizer que a situação é grave sem alarmismo e sem mentira. Ficar falando todo o dia que o Estado está na pior e pedir sacrifício para uma turma só, sem cortar na carne, como também acontece no governo federal, aí a população não acredita” — diz o consultor de comunicação João José Forni, especialista em gestão de crise.
Em Brasília, técnicos do Tesouro Nacional discutem saídas para crise do RS

Gaúcho radicado em Brasília, o também professor de comunicação pública acompanha com preocupação o agravamento do quadro financeiro do Estado. Segundo Forni, os protestos contra o governador — eleito com 61,2% dos votos, a maior votação desde a redemocratização — são reflexos de como o Piratini não está sabendo lidar com as adversidades, pois "a má gestão de uma crise faz o capital político se esvair". Forni avalia que, como o peemedebista era uma figura desconhecida pela maioria dos gaúchos até a campanha, pode estar tendo dificuldades por não representar uma liderança forte.

Conforme o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Flávio Testa, as declarações de Sartori não são propositivas e demonstram uma "inabilidade incompreensível" para um político com 38 anos de vida pública. O professor de história da comunicação política entende que o governador precisa mudar o discurso — que tem de ser de mobilização e participação — e mostrar que é líder. Entenda por que o Palácio Piratini garante que bloqueio não afetará pagamento das parcelas salariais

O cientista político Bruno Lima Rocha, professor da Unisinos e da ESPM-Sul, tem uma interpretação diferente. Para ele, Sartori estaria "apostando no caos, numa inflexão muito dura" para fazer valer as suas teses. Rocha entende que as falas do governador lembram a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, que repetia, ao falar sobre seu programa econômico, "não há alternativa", o que lhe valeu o apelido "Tina", acrônimo da frase em inglês "there is no alternative".

Se a intenção é criar um novo desenho de Estado, enxugando a máquina, e ele aposta no caos, está em um bom caminho. Se acredita que não pode governar sem prestígio e quer gerar uma ideia de pacto social pelo Rio Grande, está num péssimo caminho. Ou ele é muito estratégico ou está mal-assessorado. Aposto na primeira hipótese. Sartori é um político preparado, foi líder de bancada no governo Britto, que foi um governo duríssimo” — avalia Rocha, lembrando que o peemedebista, como prefeito de Caxias do Sul, enfrentou uma greve de médicos que durou 11 meses, e não cedeu.
Clima festivo no dia do anúncio do parcelamento

Na análise do professor, a estratégia do Piratini é arriscada. Ao apostar no caos, o chefe do Executivo estaria caminhando no "fio da navalha", pois a tática transmite a impressão de desgoverno e há risco de perda de legitimidade.

"A violência cresceu por causa do parcelamento dos salários", diz Fortunati.

A aparente incoerência entre o discurso e a prática é outra falha apontada pelos entrevistados. Alguns dias após anunciar o primeiro parcelamento de salários do funcionalismo, no fim de julho, o Piratini nomeou 52 cargos em comissão, revoltando servidores públicos. Um mês depois, outro gesto de Sartori motivaria protestos. No fim de semana em que os servidores tiveram a confirmação de que receberiam parcela de apenas R$ 600, o governador foi flagrado em clima festivo na Expointer, dançando com a primeira-dama, Maria Helena.

Quando você mexe na questão financeira da população, é bastante complicado. Se não for um líder com uma grande aprovação, se também não fizer sacrifício, se for contraditório, isso mostra uma falta de sintonia e até falta de solidariedade com a população” — pondera Gil Castilho, presidente da Associação Latino-americana de Consultores Políticos, que detecta "erros de comunicação no momento em que o governador tem sua imagem não condizente com o período de austeridade".
Entenda por que o Piratini depositou R$ 600 para os servidores estaduais

Qual deveria ser o papel de um líder em um momento de crise? O psicanalista Mário Corso explica:

O líder é aquele que mantém a cabeça no lugar durante a tempestade. É o primeiro mandamento do líder. Ele não tem o comportamento da massa”.
Conhecido pelo bom humor, o governador tem se mostrado irritado nas últimas aparições públicas. Na abertura da Expointer, discursou aos gritos, com a face avermelhada, enquanto era vaiado por servidores. Há quem acredite que é um sinal de que não está conseguindo lidar com a pressão. Outros entendem como um momento de confronto, reflexo da declaração de guerra ao serviço público.

Como nunca havia deparado com uma oposição dessa envergadura, o governador talvez esteja se confrontando com desafios que não estavam na sua contabilidade. Se estavam, é um homem frio, como Vargas era. Ao que tudo indica, é isso mesmo. Sartori tem aparência de um homem simples, mas tem uma lida política muita dura, que não abre mão de suas teses” — diz o cientista político Bruno Rocha.
Piratini diz que estratégia é realista 

Na avaliação do secretário de Comunicação do Estado, Cléber Benvegnú, as expressões que vêm sendo utilizadas pelo governador José Ivo Sartori desde que a crise se agravou, com o parcelamento de salários, não são "alarmistas, mas sim realistas". Escancarar a crise é, de acordo com ele, uma opção política do governo, fruto da "convicção política do governador" e de um "apreço à verdade".

Nós abrimos as contas públicas como nunca se fez na história do Rio Grande do Sul. A estratégia de futuro é construir um Estado diferente, propor gradativamente mudanças estruturais. Para que isso aconteça, é preciso ter consciência da crise” — explica.

De acordo com Benvegnú, teria sido mais fácil para o Palácio Piratini optar pelo falso otimismo. O secretário defende a tese de que a estratégia de comunicação não pode ser descolada da realidade:

Estamos diante de um problema de liquidez, e isso significa falta de dinheiro. Dizer isso não é botar o Estado para baixo. É convocar a sociedade para mudança. O Estado vai precisar fazer diversas mudanças estruturais, que o governo está gestando e que virão ao longo dos próximos anos”.
Sem citar exemplos, o secretário admite que existem erros de comunicação e que ainda há "muito a melhorar". Ele ressalta que a equipe responsável pela área é composta hoje por cerca de 60 pessoas, e que o número equivaleria à metade da quantidade de profissionais na gestão de Tarso Genro.  
Sindicatos de servidores do RS recomendam suspensão da greve a partir desta sexta-feira  

Nas redes, as declarações de Sartori costumam virar memes — frases, desenhos ou vídeos que se espalham rapidamente na internet. Duas páginas no Facebook satirizam as falas do governador. Com mais de 10 mil curtidas, a principal delas é a Sartorices, criada durante a campanha, após o peemedebista recomendar a professores que buscassem o piso em loja de material de construção. Os administradores, que preferem não se identificar, afirmam não ter vinculação partidária. Leia as últimas notícias

O secretário de Comunicação ressalta que o governador "tem um jeito simples, intuitivo, de homem do Interior" e que "muitas pessoas esperam dele o que ele não é":

Não é um formulador, um criador de falsas esperanças, um vendedor de ilusões, e foi isso que o fez ganhar a eleição. Isso, às vezes, choca, porque não é comum no meio político. Quem convive com ele, sabe que ele é assim”.
Líderes que viraram o jogo

Assim como a habilidade de um piloto de avião pode garantir a sobrevivência dos passageiros em um pouso forçado, a postura e o discurso de um líder são fundamentais para atravessar turbulências, avaliam especialistas.

O líder tem de tranquilizar. Ele pode até passar por momentos difíceis e extremos, nos quais, na verdade, o que se espera é uma orientação. Por isso, ele é o líder e até um alento — afirma Gil Castilho, presidente da Associação Latino-Americana de Consultores Políticos.
Entre consultores e cientistas políticos entrevistados por ZH, três figuras foram apontadas — quase que por unanimidade” — como exemplos de homens públicos que, com atitude e uma boa oratória, conseguiram superar crises. Entenda por que são citados como referências.

Winston Churchill

- Tornou-se um dos mitos políticos e militares do século 20 devido à atuação como primeiro-ministro da Grã-Bretanha durante a II Guerra Mundial. Churchill, que assumiu o posto meses após a invasão da Polônia por Adolf Hitler, uniu adversários em um governo de coalizão. Seus memoráveis discursos conclamando a população à resistência e sua aproximação com o então presidente americano, Franklin Roosevelt, para que os EUA entrassem na guerra, foram considerados fundamentais para o êxito dos aliados durante o conflito.

Rudolph Giuliani

- Era prefeito de Nova York em 2001, quando houve os atentados de 11 de Setembro. Depois de saber que um avião havia atingido o World Trade Center, ir até o local e ver pessoas se jogando de uma das torres, Giuliani lembrou de um conselho do seu pai: em uma crise, seja a pessoa mais calma da sala. A estabilidade e a compaixão do prefeito, que foi a inúmeros funerais depois da tragédia, ajudaram a apaziguar a cidade após os ataques terroristas. Giuliani foi condecorado pela rainha Elizabeth II e escolhido pela revista Time como Personalidade do Ano.

Barack Obama

- Devido às dificuldades enfrentadas pela economia americana, o presidente dos EUA viu sua popularidade despencar em 2011 e a taxa de rejeição ao seu governo ultrapassar a casa dos 50% em setembro daquele ano, colocando em risco sua reeleição. Dois meses depois, anunciou a retirada das tropas do Iraque e começou a recuperar a credibilidade. Um dos trunfos de Obama é a capacidade de comunicação. O presidente americano é considerado um dos maiores oradores na atualidade. Em novembro de 2012, após uma eleição disputada, conquistou o segundo mandato.