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sexta-feira, 12 de março de 2021

Covid-19 atinge com força servidores penitenciários

Casos contabilizados pelos agentes chegam a centenas no Rio Grande do Sul

Servidores penitenciário têm contato com os presos

Os servidores do sistema penitenciário do Rio Grande do Sul estão atemorizados. Conforme presidente da Amapergs-Sindicato (entidade que congrega a categoria), Saulo Felipe Basso dos Santos, mais de 350 funcionários de casas prisionais foram atingidos pela covid-19 desde o início da pandemia - a maioria, nas últimas semanas.

Por questões de segurança, o colunista não vai dizer quantos servidores existem em cada cidade. Mas um levantamento rápido da Amapergs mostra que, em Santa Maria, foram registrados 13 casos entre agentes, 11 em Charqueadas, oito em Torres, oito em Passo Fundo, sete em Cruz Alta, seis em Guaporé e três servidores no Instituto Penal Feminino, na Capital (além de 11 presas). Isso nas últimas semanas.

Três servidores da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) morreram de covid-19 nos últimos tempos. Um deles, de Charqueadas, estava de serviço quando manifestou os sintomas.

A suspeita é de que muitos presos também estejam com covid-19, mas o sindicato não tem os números. O levantamento mais recente da Susepe informa que, desde o início da pandemia, 1.526 pessoas foram diagnosticadas com coronavírus no sistema prisional nas áreas de vivência, enquanto outras 492 testaram positivo nas áreas de triagem ou de isolamento. Nove pessoas morreram da doença no sistema prisional do Estado. 

Servidores penitenciários dos locais com surtos (essa é a palavra usada pela Amapergs e admitida pelas autoridades do sistema) reivindicam que deveria ser barrada a entrada de novos presos, pois eles também têm de cumprir quarentena e não têm onde possam ser separados. Reclamam ainda que muitos pagam testes de covid-19 do próprio bolso, para confirmar se têm condições de trabalhar.

"A sociedade em geral adotou o fique em casa, com razão. Mas os agentes, pela sua função, não podem fazer o mesmo e a pandemia pegou com força no sistema" — explica Saulo.

Ele lembra que o afastamento dos sintomáticos agrava a carência de servidores no sistema. Conforme o Conselho Nacional de Políticas Penitenciárias, deveria haver um agente penitenciário para cada cinco apenados. Mesmo antes da covid-19, no RS, a proporção estava o dobro (um para cada 10), diz Saulo. Piorou com as licenças por doença.

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seapen) não confirma o número de agentes contaminados, por questões de segurança, mas admite que são vários casos. Tanto a Seapen quanto o sindicato dos servidores estão unidos numa causa: os agentes deveriam integrar o primeiro grupo de vacinação, pela exposição constante deles a contato físico. Pela programação, estariam na quarta turma de vacinados. A reivindicação foi levada às autoridades sanitárias federais e estaduais.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Dez anos após megaoperação, Justiça reconhece prescrição de crimes de tortura em cadeias de Caxias do Sul

Na época, 35 agentes penitenciários foram denunciados e afastados das funções, mas processo nunca analisou provas ou oportunizou defesa. Quantidade de réus, sobrecarga de processo e falta de juízes estão entre as explicações para a extinção da punibilidade.

Em uma das operações mais abrangentes do sistema prisional caxiense, 254 policiais militares de Porto Alegre subiram a Serra em 17 de junho de 2010 e invadiram a, na época, Penitenciária Industrial de Caxias do Sul (a antiga Pics). Liderada pelo Ministério Público (MP), a força-tarefa buscava provas de crimes de corrupção que estariam acontecendo na Pics e também na Penitenciária do Apanhador. Seis meses depois, 35 agentes penitenciários e três apenados foram denunciados por tortura, narcotráfico e formação de quadrilha. Pouco mais de dez anos após a denúncia, o processo não teve nenhuma audiência e a 2ª Vara Criminal reconheceu que os crimes prescreveram. O resultado: o Estado perdeu, em primeira instância, o direito de responsabilizar os réus. O formato da denúncia que dificultou o cumprimento de mandados, o volume excessivo de processos na vara responsável pelo andamento do processo e a falta de juízes são as explicações para uma megaoperação terminar sem culpados.

A decisão pela extinção da punibilidade foi assinada pela juíza Gabriela Irigon Pereira em 19 de novembro de 2020. A magistrada argumenta que sequer foi iniciada a instrução do processo (quando seriam citados os réus para apresentarem defesa), que a maioria dos réus mora fora de Caxias do Sul (o que dificulta intimações e audiências) e que a pauta de audiências da 2ª Vara Criminal já está preenchida até junho de 2022. Ou seja, o processo ultrapassaria os 12 anos sem sequer analisar as provas ou apresentação de defesa dos acusado. Gabriela explica que, ao final do processo, as penas seriam abaixo de quatro anos, o que levaria a prescrição conforme estabelecido no artigo 109 do Código Penal.

"Foi uma operação muito grande e a ação penal foi feita de uma forma que, na prática, não funciona. Depois de alguns anos, se percebeu que este formato não funciona e já não se trabalha mais assim. Não se denunciam 38 pessoas na mesma ação penal, porque isso inviabiliza o resultado. Não temos estrutura para 38 mandados de citação, 38 advogados peticionando no mesmo processo, 38 pedidos de carga, pedidos de vista, numa época que o processo era físico. Torna lenta demais a tramitação" — explica a magistrada.

Outra dificuldade foram os quase três anos em que a 2ª Vara Criminal ficou sem um juiz titular entre 2014 e 2016. No período, a Vara foi atendida em substituição pelo juiz da violência doméstica, que desta forma não tinha tempo suficiente para atender a um processo tão volumoso e sem réus presos.

"Quando cheguei em 2016, tentamos desmembrar em processos menores. Esses 38 réus viraram grupos de réus para cada crime imputado. Se desmembrou em 11 novos processos para tentar dar o andamento e buscar um resultado final exitoso, que é uma sentença de mérito, seja condenatória ou absolutória. Só que, depois de seis anos, nenhum dos réus estava mais em Caxias do Sul."

Quando um réu mora em outra cidade, o instrumento utilizado pela Justiça são as cartas precatórias. Trata-se de um pedido feito pelo magistrado ao juiz de outra cidade, para que aquele Fórum intime o acusado do processo. A juíza Gabriela aponta que o vai e vem de documentos não funciona em um processo com tantos réus.

"A nossa estrutura em um processo físico é deficitária, numa vara grande mais ainda, que ficou tanto tempo sem um juiz titular e num processo desse tamanho... O risco de prescrição é muito grande. Depois de quatro anos remando nestas precatórias, chegamos a conclusão que era tarde demais, se perdeu a chance de dar uma resposta" — admite a magistrada.

Prevista em lei, a prescrição é a perda do direito estatal de punição, que é calculada conforme a pena prevista para o crime denunciado. Quando a Justiça perde o prazo para o julgamento, o réu não é nem condenado, nem absolvido, a sentença é extinção da punição. É uma sentença administrativa.

Provas não foram analisadas e réus não foram oportunizados a se defender

Ao contrário do que geralmente ocorre, neste caso a culpa da demora não foi da defesa. Apesar de reconhecer que há muitos subterfúgios de advogados que são legítimos, mas atrasam o trâmite de um processo, a juíza da 2ª Vara Criminal aponta que o processo não chegou sequer nesta etapa.

"O que aconteceu nesse caso, que nos engessa, é que são precatórias de citação, que é o início, quando o réu formalmente é cientificado que está sendo acusado de um crime. Essa peça é obrigatória, sob pena de nulidade, e se ele mora em outra comarca precisa ser citado por carta precatória. Até isso acontecer, realmente o processo não vai andar. Nesse caso, a maioria dos réus estava pendente de precatória ou de intimação para apresentar resposta à acusação, pois é um direito se defenderem nos autos. 

Como não se iniciou a fase de instrução do processo, as provas apresentadas pela investigação policial também não foram analisadas. Conforme a denúncia assinada por 12 promotores de Justiça, existiam vídeos de detentos sendo espancados por agentes penitenciários, documentos falsos, interceptações telefônicas e depoimentos de presos."

"A prova inicial foi feita na fase do inquérito e há indícios de um crime que pode ser grave. Mas, a prova judicial nunca se chegou nesta fase. Não se pode falar em falha da polícia ou do MP na investigação e confecção de provas. O problema foi (a denúncia) ser feita neste formato com tanto réus, em uma vara esgotada, com volume excessivo de processos, e numa vara sem titular por muito tempo."

O que diz o MP

Procurado pela reportagem, o Ministério Público afirma que recorreu da decisão judicial de prescrição e aguarda julgamento do recurso. A acusação está sob responsabilidade de dois promotores de Porto Alegre que não quiseram se manifestar sobre o processo e não foram identificados pelo órgão.

Réus devem postular indenização

Uma decisão de prescrição só agrada aqueles que são culpados dos crimes que foram acusados e, assim, escapam da prisão. Para aqueles que são inocentes ou tiveram participação menor nos fatos relatados, a decisão extingue a oportunidade de provar sua inocência.

Com exceção dos três denunciados que eram apenados na época e continuaram presos por outros crimes, os outros 35 réus eram agentes penitenciários que não possuíam antecedentes criminais. Alguns deles sofreram sanções administrativas da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), incluindo exonerações, outros foram transferidos para outras cidades gaúchas e teve os que optaram por antecipar suas aposentadorias para evitar constrangimentos. Três réus morreram ao longo dos 10 anos de processo.

"Foi o que sempre dissemos: 'a montanha pariu um rato'. Naqueles dias da investigação parecia que tinham encontrado fatos gravíssimos. No decorrer do processo, foi verificado que a gravidade era menor e várias alegações não ficaram comprovadas. Resultou a ser um processo que não foi prioritário. Perdeu a gravidade inicial pela prova inconsistente. Passou a ser secundário o que ocasionou esta prescrição" — afirma o advogado Vitor Hugo Gomes, que representa quatro réus.

O defensor argumenta que a prescrição num caso deste equivale a uma absolvição e que os acusados podem ter direito a serem ressarcidos dos prejuízos que tiveram.

"Até eventuais indenizações (por parte do Estado). Claro, eles não querem aparecer diante desta situação toda. Mas referem diversos problemas diante desta situação (de acusação), tanto financeiros quantos psicológicos. Muitos ficaram desempregados, sem dinheiro e moralmente abalados diante da sociedade. Um dos colegas deles se suicidou neste período, fato que foi noticiado e a provável causa é este processo" — relata Gomes.

Um dos réus considera que a investigação "foi enganada por um grupo de marginais". Após o afastamento das funções de agente penitenciário, o homem de 36 anos virou advogado e trabalha em Porto Alegre. Assim como os demais denunciados, ele pede para ter a identidade preservada para não ser ainda mais exposto.

"Os marginais que se diziam vítimas de tortura estavam, na verdade, tentando algum tipo de benefício. Esses servidores afastados eram atuantes, combatiam o tráfico de drogas naquela cadeia e, por esta razão, não eram bem vistos por aquela massa carcerária. É a desculpa mais batida dentro do sistema prisional, inventar uma situação de vítima de agressão ou maus-tratos para tentar ser transferido ou conseguir algum benefício. É uma inversão de valores muito grande" — defende-se.

O réu lembra que as denúncias aconteceram após a inauguração da Penitenciária Estadual do Apanhador, cadeia que prometia ser modelo de cumprimento de pena, mas hoje é base para facções criminosas ordenarem seus crimes. Sobre a decisão de prescrição, o advogado declara que "o próprio MP percebeu o erro e deixou o tempo resolver".

"É um misto de indignação com justiça. Indignação porque perdemos colegas ao longo deste processo, vítima da depressão causada por este processo degradante que deixou um rastro de destruição muito grande na vida destas pessoas. Ao mesmo tempo é de alívio e justiça, porque ninguém foi punido por essas mentiras de marginais. Por isso iremos atrás dos nossos direitos. Queremos reparar a questão administrativa que muitos servidores sofreram" — afirma o réu, que garante que a inocência dele e dos colegas teria sido provada caso o processo tivesse tramitado de forma célere.

Prescrição é comum em crimes com pena menor

A prescrição de um crime pela demora no andamento de processos é a derrota da Justiça criminal. Infelizmente, com varas criminais sobrecarregadas e poucos juízes, essa é uma realidade enfrentada no judiciário gaúcho. A situação é mais comum em crime de menor potencial ofensivo, justamente por suas penas baixas.

"Existe mais do que deveria. A prescrição nos acompanha em varas criminais, principalmente em processos de crimes de penas mais baixas. Em casos de roubos, crimes sexuais e tráfico, é muito difícil prescrever. Mas em crimes de furto, receptação e estelionato, e crimes de trânsito, as chances de prescrição são bem maiores. A razão é esse excesso de processos em tramitação" — admite a juíza Gabriela.

Para evitar a extinção de punibilidade, principalmente em casos de grave violência, o Poder Judiciário conta com três estratégias:

Plataforma virtual
A adoção da tecnologia pelo sistema judiciário gaúcho foi acelerado pela pandemia de coronavírus. O Tribunal de Justiça planeja a digitalização de todos os processos, inclusive os criminais que até então era postergado. Desta forma, o acesso aos autos e o envio de documentos ficam mais fáceis. Mais que isso, o distanciamento social levou a praticamente todos os juízes a manusear uma plataforma para realização de audiências por videoconferência:

"É algo positivo diante desta pandemia. Ao permitir que se ouça uma testemunha que mora em outra comarca no ato, que a audiência seja feita com réus em casas prisionais diferentes, com uma vítima numa outra cidade, com o seu advogado em outra comarca, todos lincados nesta plataforma virtual... Foi um ganho muito grande. Com processos eletrônicos e audiências virtuais, se reduz bastante o tempo de tramitação, é muito mais rápido a ciência dos atos e irá reduzir este tempo das precatórias. Pois, agora, podemos fazer a intimação por telefone, por um aplicativo de envio de imagem. O êxito é grande, estamos vendo um resultado muito positivo" — exalta a juíza Gabriela.

Mudança nas denúncias
Essa é uma postura aperfeiçoada com o tempo. O Ministério Público têm evitado fazer denúncias com dezenas de réus. Mesmo em casos de conluio ou crime organizado, a denúncia é feita em grupos separados por cada crime investigado e datas que ocorreram. Segundo a juíza Gabriela, o ideal são grupos de quatro ou cinco réus.

Vara contra o crime organizado
Outra mudança estudada pelo Tribunal de Justiça é uma vara especializada contra o crime organizado. Este colegiado com cinco juízes atenderia a esses processos mais complexos e que demandam ter um número maior de réus. A escolha é por transformar a 17ª Vara Criminal de Porto Alegre em uma vara de competência estadual, para atender a todo o estado.

"Este tipo de processo irá migrar para esta vara que conta com cinco juízes que atuarão em colegiado para sua segurança. Irá dar um resultado muito positivo, pois são processos grandes, com muitos réus. O nosso cartório, por vezes, atua um dia inteiro em um único processo desses, pois toma muito tempo. Essa migração, portanto, ajudará a dar vazão da nossa demanda" — aponta a juíza da 2ª Vara Criminal de Caxias do Sul.

RELEMBRE O CASO

16 de abril de 2010 - Vídeos de agentes penitenciários agredindo apenados da Penitenciária Estadual do Apanhador são vazados para o público. O caso teve repercussão nacional. Dois dias depois, foi realizada uma intervenção e a Brigada Militar assumiu o controle da maior cadeia da Serra, que havia sido inaugurada em 2008 para ser um modelo para o Estado.

18 de junho de 2010 - Uma megaoperação acontece ao amanhecer, com a entrada de 254 policiais militares de Porto Alegre na Penitenciária Industrial de Caxias do Sul. As buscas por documentos e prova era resultado de uma investigação iniciada em 2009 sobre corrupção de agentes penitenciários, regalias e espancamentos de presos. Três apenados de confiança destes agentes penitenciários foram transferidos. Ninguém foi preso.

7 de dezembro de 2010 - A investigação sobre a Pics e o Apanhador resulta na denúncia de 35 agentes penitenciários e três detentos. O grupo é acusado de formar uma quadrilha que torturava presos nas duas cadeias caxienses. Os supostos crimes eram encobertos por registros manipulados. Os fatos foram descobertos a partir de depoimentos de presos, por interceptações telefônicas e pela apreensão de documentos durante a megaoperação. A denúncia foi assinada por 12 promotores. Entre os fatos relatados, estão surras de "boas-vindas" a detentos transferidos, repasse de armas para "presos de confiança" e registros de ocorrências policiais como autolesões de apenados.

11 de abril de 2011 - O afastamento dos 35 agentes penitenciários envolvidos nas denúncias de tortura contra apenados foi publicado no Diário Oficial do Estado.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Estado fará parte de projeto-piloto do governo federal para PPPs em presídios

Mesmo com parceria, custódia dos apenados ficaria a cargo dos agentes penitenciários concursados da Susepe

O Rio Grande do Sul fará parte, junto com Santa Catarina e Paraná, de um projeto-piloto do governo federal para a construção e manutenção de presídios via parceria público-privada (PPP). De início, uma nova casa prisional será construída em cada Estado, com capacidade para cerca de mil presos.
O Piratini ainda estuda onde será construído o novo presídio. Atualmente, a possibilidade mais forte é de que seja no complexo de Charqueadas, cidade da região metropolitana, que já  conta com quatro prisões de regime fechado e duas do semiaberto.
De acordo com o projeto, tanto a construção quanto serviços de apoio, como lavanderia, cozinha e manutenção predial, seria responsabilidade do parceiro privado. A custódia dos apenados, no entanto, ficaria a cargo dos agentes penitenciários concursados da Susepe.
"A ideia é de que sejam presídios-indústria, em que os presos tenham condições de trabalhar para Reduzir a pena" — destaca o secretário extraordinário de Parcerias, Bruno Vanuzzi.
Os recursos para o projeto serão retirados do Fundo Penitenciário, verba que é repassada aos Estados, com garantias da União. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Departamento Penitenciário Nacional, BNDES e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Susepe afasta direção do Presídio Regional de Passo Fundo após suspeitas de corrupção

Diretor, sub-diretor e chefe da segurança da cadeia devem ser transferidos para outras casas prisionais. Na madrugada do último sábado (12), 17 presos fugiram depois que um portão foi derrubado por uma caminhonete. Um deles foi recapturado na terça-feira (15).

O Superintendente de Serviços Penitenciários (Susepe) no Rio Grande do Sul, Mário Santa Maria Júnior, determinou o afastamento da direção do Presídio Regional de Passo Fundo. Diretor, subdiretor e chefe da segurança da cadeia serão transferidos para outras casas prisionais, onde não assumirão cargos de chefia.
Gravações feitas no presídio, às quais o RBS Notícias teve acesso, levantam suspeitas de corrupção envolvendo agentes penitenciários. Na madrugada do último sábado (12), 17 presos fugiram depois que um portão foi derrubado por uma caminhonete. Um deles foi recapturado na terça-feira (15).
Na tarde desta quinta (17), uma equipe de 12 agentes deve assumir a penitenciária. Outros 12 integrantes da instituição farão rondas pela cidade na tentativa de capturar os demais fugitivos.
"Nós estamos vendo se na fuga existe vínculo com a suspeita de corrupção lá dentro. Podem ser fatos distintos, ou não. Isso a corregedoria está apurando", comenta o superintendente da Susepe. Segundo ele, o Instituto-Geral de Perícias está ajudando na identificação dos áudios.
Além da fuga em massa que ocorreu depois que uma caminhonete derrubou o portão da penitenciária, as denúncias também motivaram as transferências. De acordo com a Susepe, pode ter havido facilitação, já que na hora da fuga, os presos estavam fora das celas e havia um buraco na parede.
Uma sindicância apura se o fato tem relação com o conteúdo dos áudios obtidos pela RBS TV, apontando para uma suposta tabela de preços para venda de privilégios na cadeia. Para ocupar uma vaga no alojamento "A", considerado o mais confortável da casa, o detento precisaria pagar.
"Uma vaga, para chegar até o alojamento lá, custava em torno de R$ 2 mil, R$ 5 mil", diz um dos presos, sem saber que estava sendo gravado. Conforme o relato, a propina para deixar a triagem, que é o setor mais precário do presídio, chega a R$ 10 mil.
"Os caras ganham R$ 5 mil, R$ 10 mil, para trazer o cara, tirar da triagem e largar no alojamento lá", diz o homem na gravação.
Um trecho inédito dos áudios aponta até para uma "caixinha" que os apenados recolheriam para entregar aos agentes, em troca dos privilégios.
"Tem beco dele ali que é R$ 8 mil. E fora todo mês, né, temos que depositar na caixinha", afirma o presidiário.
Os áudios indicam ainda que a entrada de drogas é livre e que os presos estariam pagando a agentes até para deixar de responder a processos administrativos por irregularidades que cometem.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Gravações levantam suspeitas de corrupção envolvendo agentes penitenciários após fuga em massa em Passo Fundo

Na madrugada do último sábado (12), 17 presos fugiram a pé do Presídio Regional de Passo Fundo. Há suspeita, por parte da Susepe, de que agentes tenham feito vista grossa e facilitado ação dos bandidos em troca de propina.

Vídeo:

Gravações feitas no Presídio Regional de Passo Fundo, às quais o RBS Notícias teve acesso, levantam suspeitas de corrupção envolvendo agentes penitenciários. Do mesmo presídio, no Norte do Rio Grande do Sul, fugiram 17 presos na madrugada do último sábado (12) depois que um portão foi derrubado por uma caminhonete.
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) investiga se houve facilitação por parte dos agentes para que os criminosos executassem o plano e conseguissem escapar a pé em troca de propina.
Nos áudios, gravados por um dos agentes, que entregou o material à Susepe ainda no fim de 2018, presos descrevem supostos esquemas dentro do presídio. Tem até tabela de preços. Para ocupar uma vaga no alojamento "A", considerado o mais confortável da cadeia, o detento precisa pagar.
"Uma vaga, para chegar até o alojamento lá, custava em torno de R$ 2 mil, R$ 5 mil", diz um dos presos, sem saber que estava sendo gravado. Conforme o relato, a propina para deixar a triagem, que é o setor mais precário do presídio, chega a R$ 10 mil.
"Os caras ganham R$ 5 mil, R$ 10 mil, para trazer o cara, tirar da triagem e largar no alojamento lá", diz o homem na gravação.
Os áudios indicam ainda que a entrada de drogas é livre e que os presos pagam a agentes até para deixar de responder a processos administrativos por irregularidades que cometem.
O novo corregedor da Susepe, José Hermilio Ribeiro Serpa, diz que vai pedir o afastamento dos agentes citados nas gravações. O órgão já sabe que, na hora da fuga do último sábado, os apenados estavam fora das celas e que havia até buracos em paredes. Há suspeita de que agentes tenham feito vista grossa. A situação será investigada.
"Tudo é possível. É muito surpreendente que esses fatos tenham sido aportados na Corregedoria e agora se proceda um resgate. A abertura de buracos para sair das galerias não poderia passar despercebida se houvesse uma segurança, uma vigilância perfeita, daqueles que são encarregados da segurança do presídio", reconhece o corregedor.

Buscas seguem

As buscas pelos detentos que fugiram seguem na região, conforme o delegado responsável pela investigação, Diogo Ferreira. As equipes chegaram a prender algumas pessoas que teriam relação com os detentos em fuga, mas ainda não se chegou ao paradeiro deles.
"Vamos avançar a investigação para identificar quem ajudou também do lado de fora. O motorista [da caminhonete que arrombou o portão], quem financiou e quem facilitou a ação", observa o delegado.
Os fugitivos chegaram a ser reconhecidos por vítimas de roubo de dois carros, um dia após a fuga. Segundo a PRF, seis homens roubaram os veículos na BR-285.
Segundo o delegado, os envolvidos no caso podem ser indiciados por crimes como associação ou organização criminosa, lavagem de dinheiro, dado ao patrimônio público, facilitação à fuga, dependendo do que a investigação apontar. Caso seja identificado que agentes públicos também participaram da ação, eles responderão por crimes como prevaricação e corrupção passiva.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Novos agentes penitenciários começam a trabalhar em março de 2018

Reforço será encaminhado ao Complexo Penitenciário de Canoas (Pecan) 

Os novos agentes penitenciários, nomeados em novembro pela Secretaria de Segurança Pública, iniciam nesta terça-feira (12) o curso de formação. Com isso, estarão aptos ao trabalho a partir do dia 2 de março, que é a data prevista para a conclusão do curso.
De acordo com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), são 415 novos servidores. Ainda nesta semana, uma segunda lista será divulgada no Diário Oficial do Estado para complementar o número anunciado de 480 agentes. 

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Erros do Governo, SSP e Susepe!

A superintendência da Susepe, Marli Ane Stock, agente penitenciária, é casada com um oficial da Brigada Militar (BM), ela tem que trabalhar para os servidores penitenciários, administradores e seguranças nos presídios do Rio Grande do Sul.
A superintendência da Susepe está errada! Ela quer que o pessoal da BM assumam cargos de diretor e segurança dos presídios. Como desde 1995 isso já acontece no Presídio Central e Penitenciária do Jacuí, os quais são os piores presídios do Brasil, agora querem que isso aconteça também na Penitenciária de Canoas (Pecan).
Antes do governo do Sartori foi aprovado um projeto par tirar a BM dos presídios, e agora o governador quer colocar em outro presídio, é uma incoerência com o sistema prisional. O secretário da Segurança Pública (SSP) está errado, por que deveria fazer uma força-tarefa com servidores penitenciários e não com policiais militares. Primeiro tirou os mesmos do sistema prisional, e agora quer botar vários militares na penitenciária de Canoas.
O Sartori não tem como governar, por isso eu acho um governicho.

sábado, 23 de setembro de 2017

PEC que transforma agente penitenciário em policial é aprovada

Propostas foi aprovado por unanimidade em primeiro turno


O Senado aprovou nesta quarta-feira (13), em primeiro turno, por unanimidade, a criação das polícias penais federal, estaduais e distrital. Com isso, os agentes penitenciários passam a ter os direitos inerentes à carreira policial. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 14/2016 ainda terá que passar por três sessões de discussão antes da votação em segundo turno. Depois, se aprovada, seguirá para a Câmara dos Deputados.

A PEC acrescenta incorpora as polícias penais ao rol dos órgãos do sistema de segurança pública e determina como competência dessas novas instâncias a segurança dos estabelecimentos penais e a escolta de presos. A intenção, além de igualar os direitos de agentes penitenciários e policiais, é liberar as polícias civis e militares das atividades de guarda e escolta de presos.
"Em raros momentos a Casa tem uma unanimidade em torno de um tema tão relevante. Isso é justificável pelo trabalho que desempenham os agentes penitenciários, que terão prerrogativas ampliadas na sua função cada vez mais relevante" — destacou a senadora Ana Amélia (PP-RS)
O texto foi aprovado com alterações feitas pelo relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Entre as mudanças está a troca da expressão “polícia penitenciária” para “polícia penal”.

O substitutivo também vincula cada polícia penal ao respectivo órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencerem e estabelece que as polícias penais serão formadas pelos atuais agentes penitenciários e por novos servidores admitidos por concurso público. A regra evitará problemas no Pacto Federativo. Na avaliação dos parlamentares, o texto tira do limbo os agentes penitenciários e, com a criação da nova carreira, contorna-se um problema em discussão na Reforma Previdenciária.
Fonte: Agência Senado e Assessoria de Imprensa

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Agentes da Susepe vencem torneio nacional de jiu-jitsu em Porto Alegre

Dois agentes da Susepe conquistaram, nesse domingo, importantes colocações durante a 3ª Copa Pedro e Paulo de Jiu-Jitsu

Atletas Caio Oliveira (1º lugar) e Ben Hur Goulart (2º lugar) representaram a Susepe em torneio nacional – Foto: Divulgação/Susepe
O evento, promovido na sede do 9º Batalhão da Brigada Militar, em Porto Alegre, reuniu mais de 300 atletas entre policiais, bombeiros e militares das forças armadas de todo o Brasil.
Servidor da Divisão de Segurança e Escolta (DSE), Caio Larré Silva de Oliveira conquistou o primeiro lugar na categoria adulto/faixa marrom/peso médio. O delegado da 9ª Delegacia Penitenciária Regional (DPR), Ben Hur de Oliveira Goulart, ficou com a segunda colocação na master 2/meio pesado.
Este ano, a Copa Pedro e Paulo teve a participação inédita das forças policiais do Amapá e Santa Catarina. Também competiram membros da BM, Polícia Civil e Susepe do Rio Grande do Sul; Civil amapense; Bope e Corpo de Bombeiros catarinense; Polícia Rodoviária Federal; e militares do Exército, Aeronáutica e Marinha. A inscrição foi solidária, envolvendo a doação de alimentos.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Os principais pontos do texto aprovado na comissão a reforma da Previdência

Idade mínima para mulheres

A mudança na idade mínima para aposentadoria de mulheres segue a mesma prevista pelo relator na leitura do relatório na comissão especial na Câmara. No texto proposto pelo governo, as mulheres deveriam ter idade mínima de 65 anos — mesmo critério para homens. Com as mudanças acertadas com o relator da comissão especial que debate a reforma na Câmara, a idade caiu para 62 anos.

Mudança no cálculo

O relatório endurece no cálculo do benefício. Quem pedir aposentadoria assim que completar 25 anos de contribuição — tendo alcançado a idade mínima — receberá 70% do valor do benefício, contra 76% pela proposta do Executivo. A cada ano em que postergar a aposentadoria, recebe incremento que varia de 1,5 a 2,5 pontos percentuais.

Regra de transição

Mulheres que tiverem 53 anos de idade e homens que tiverem 55 anos de idade na data da promulgação da lei. Limite de idade é progressivo até chegar aos 62 e 65 anos, respectivamente, em 2038. O tempo de contribuição mínimo é de 30 anos para mulheres e 35 para homens. Ao tempo que falta para chegar ao mínimo de contribuição deve ser acrescentado 30% de pedágio.
A proposta prevê que, com o passar do tempo, o ponto de corte aumente gradativamente até chegar à idade mínima de aposentadoria da regra geral (62 anos para mulheres e 65 para homens). Assim, a idade mínima determinada para se aposentar, que começa em 53 anos para mulheres e 55 para homens, vai aumentando um ano a cada dois anos. Quando isso ocorrer, em 2038, ninguém poderá se aposentar antes disso, e a regra de transição acaba.

Trabalhador rural

Para o trabalhador rural, a idade mínima para aposentadoria é de 60 anos para homens e 57 para mulheres. O tempo de contribuição exigido é de 15 anos para ambos. A contribuição será sobre o salário mínimo e ainda será regulamentada futuramente.

Pensão por morte

Conforme o texto proposto pelo relator, será paga o equivalente a 50% do que o falecido recebia, com mais 10% por dependente. Limite de dois salários mínimos para quem acumular pensão com aposentadoria.
Hoje, é paga no percentual de 100% da aposentadoria que o falecido recebia ou daquela a que teria direito se aposentado por invalidez na data da morte. Não é inferior a um salário mínimo (R$ 937) e só é vitalícia para o beneficiário a partir de 44 anos de idade.

Professores

O texto prevê que a categoria — homens e mulheres — se aposenta com 60 anos de idade e 25 de contribuição.

Policiais mulheres

O relator também reduziu a exigência de tempo de atividade policial para que as mulheres consigam esta aposentadoria, de 20 para 15 anos. Os homens terão exigência de 20 anos, mas estes tempos vão subir gradualmente para 20 e 25 anos.

Policiais legislativos

Quando Arthur Maia leu o relatório comissão especial da Câmara, os policiais legislativos não estavam dentro da regra de aposentadoria especial. Nesta quarta-feira, o deputado voltou atrás e confirmou que a categoria terá direito ao benefício diferenciado. Com isso, os agentes vão ingressar a regra mais benéfica da reforma, que prevê idade mínima de 55 anos, sem necessidade de transição. Os agentes socioeducativos também foram enquadrados no regime especial.

Agentes penitenciários

Arthur Maia disse que não vai incluir agentes penitenciários na regra dos policiais. Na terça, a categoria invadiu o Ministério da Justiça para pressionar pela mudança. Maia disse que os deputados da comissão podem incluir os agentes na categoria dos policiais, mas afirmou "que não vai fazer isso pessoalmente".

Fundos de Previdência 

Outra alteração prevê que estados e municípios possam instituir fundos de Previdência complementares, abertos ou fechados, mas por licitação.

Parlamentares

O relator também optou por elevar imediatamente as idades mínimas dos parlamentares já filiados a plano de seguridade específico com o cumprimento de pedágio de 30% do tempo de contribuição necessário para a aposentadoria.