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quarta-feira, 8 de março de 2023

Novas revelações sobre joias complicam situação de Bolsonaro e de ex-ministro de Minas e Energia

Presentes milionários não são usuais nas relações diplomáticas

De Rosane de Oliveira

A cada nova revelação sobre o caso dos diamantes da Arábia Saudita mais se complica a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro e do seu ex-ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque. Como efeito dominó, uma pedra vai derrubando a outra e a mentira, que tem pernas curtas, aparece antes mesmo da conclusão dos inquéritos abertos. A pergunta que se sobrepõe a todas as outras neste momento é: por que o governo da Arábia Saudita ofereceu presentes tão valiosos ao ex-presidente e à primeira-dama Michelle Bolsonaro?  

Os presentes que os chefes de Estado e de governo trocam nas visitas oficiais são, em geral, de valor simbólico. Livros, quadros, esculturas feitas em série, vasos, potes, facas, copos... Mesmo quando são oferecidas pedras (e as de Soledade e Ametista do Sul já foram bastante ofertadas por governantes brasileiros), não chegam a um dos pingentes de um colar da grife suíça Chopard, uma das mais valiosas do mundo.  

É Chopard o conjunto retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos que o então presidente Bolsonaro usou mundos e fundos para tentar liberar antes de deixar o governo. Na tentativa derradeira, mandou um avião da FAB a São Paulo para resgatar os diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões. Repita-se: não se tratou de uma troca protocolar de presentes, mas de um mimo enviado pelos sauditas em uma visita do ministro de Minas e Energia. A troco de quê? Isso os inquéritos terão de responder.  

Na verdade foram dois mimos. A caixa masculina chegou ao seu destinatário, Jair Messias Bolsonaro, devidamente protocolada, mais de um ano depois de ter entrado no Brasil sem despertar a desconfiança dos agentes da Receita Federal. Veio na bagagem do ministro, não foi declarada e permaneceu num cofre até ser entregue ao presidente da República no apagar das luzes do governo.  

Bolsonaro, que na primeira reação disse que estava sendo crucificado pro um presente que não pediu nem recebeu, terá de reavivar a memória. Porque há um documento mostrando que recebeu a caixa com um relógio, um masbaha (espécie de rosário árabe) uma caneta e um par de abotoaduras da marca suíça Chopard. Quanto valem? Não se sabe. Onde estão? De acordo com seu ex-braço direito, o tenente-coronel Mauro Cid, foram incorporados ao acervo pessoal de Bolsonaro “para não deixar nada para Lula” e levados para um depósito junto com outras caixas da mudança. 

Os adereços femininos, que a olhos desacostumados com joias verdadeiras passariam por bijuterias de Carnaval, valem uma Mega Sena acumulada por três sorteios. Dariam um belo apartamento na Vieira Souto ou na Delfim Moreira (onde estão os metros quadrados mais caros do Rio de Janeiro). Pagariam centenas de casas populares. Ou milhares de cestas básicas.

domingo, 5 de março de 2023

"Sirvam nossas façanhas"

De Mario Marcos: Sirvam nossas façanhas | (wordpress.com)



Governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente joias de R$ 16,5 milhões para Michelle, diz jornal

Conforme O Estado de S. Paulo, os itens feitos em diamante estariam na mochila de um ex-assessor do então presidente e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo

O governo Jair Bolsonaro tentou trazer para o Brasil de forma ilegal, em outubro de 2021, um conjunto com colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, as joias da marca Chopard seriam um presente do governo da Arábia Saudita para o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A reportagem relata que estavam na mochila de um ex-assessor de Bolsonaro e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no retorno de uma missão oficial do então presidente.

Ainda conforme a apuração do jornal, o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, que integrava a comitiva, teria retornado para a alfândega ao saber da apreensão das joias. Albuquerque teria tentado usar o cargo para liberar os diamantes, dizendo aos fiscais que o conjunto de diamantes eram um presente do governo saudita para Michelle. A informação foi confirmada pelo ex-ministro ao Estadão.

Apesar do esforço, a Receita Federal manteve a apreensão. Qualquer item que ultrapasse o valor de US$ 1 mil precisa ser declarado ao ingressar no Brasil. Para retirar o bem, seria preciso pagar o imposto de importação equivale a 50% do valor do produto, além de multa de 25% pela tentativa frustrada de entrar no país sem declarar as joias. No caso, a retirada formal dos itens custaria cerca de R$ 12,3 milhões.

De acordo com o Estadão, o governo Bolsonaro fez quatro tentativas para recuparar as joias apreendidas — todas fracassadas. A mais recente teria ocorrido em 29 de dezembro, nos últimos dias da gestão passada, quando um funcionário do governo, identificado como "Jairo", teria ido até Guarulhos com avião da Força Aérea Brasileira (FAB). No aeroporto, ele teria informado que estava lá para retirar o presente, mas não conseguiu a liberação.

Um dia antes, em 28 de dezembro, o próprio Bolsonaro enviou um ofício à Receita Federal solicitando que os bens fossem destinados à Presidência da República.

O governo poderia receber as joias caso fossem reconhecidas como presente oficial para o presidente e a primeira-dama, mas, neste caso, ficariam para o Estado brasileiro após o término da gestão Bolsonaro.

Em postagem no stories do Instagram, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro negou que seja dona das joias.

"Quer dizer que eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein? Estoi rindo da falta e cabimento dessa imprensa vexatória", postou.