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quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Comandantes militares têm data para desmontar acampamento golpista

Dentro de 48 horas, o general Julio Cesar de Arruda assumirá o comando do Exército no lugar de Marco Antônio Freire Gomes. Arruda assume com a tarefa de desmobilizar o que resta dos atos golpistas, uma vez que vêm perdendo apoio popular desde o fim de semana passado, no Natal. Múcio também acertou a antecipação na troca de comando da Marinha.

Por Redação – de Brasília

Fornecido por Correio do Brasil

Ministro da Defesa indicado para o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Múcio Monteiro combinou com seu futuro antecessor, o general Paulo Sérgio Nogueira, a antecipação na troca de comando do Exército. A medida permite que os acampamentos instalados em frente a unidades militares, por todo o país, sejam removidos até sexta-feira. Os aglomerados de seguidores do presidente em fim de mandato, Jair Bolsonaro (PL), têm participado de atividades terroristas, ao longo dos últimos dias.

Dentro de 48 horas, o general Julio Cesar de Arruda assumirá o comando do Exército no lugar de Marco Antônio Freire Gomes. Arruda assume com a tarefa de desmobilizar o que resta dos atos golpistas, uma vez que vêm perdendo apoio popular desde o fim de semana passado, no Natal. Múcio também acertou a antecipação na troca de comando da Marinha, que deverá ocorrer entre quarta ou quinta-feira. Marcos Sampaio Olsen assume o posto do almirante Almir Garnier.

Apenas Aeronáutica manteve a decisão de promover a troca de comando após a solenidade de posse do novo presidente. Em 2 de janeiro, o brigadeiro Baptista Junior, considerado o mais bolsonarista dos comandantes das forças, cederá o lugar ao militar de mesma patente, Marcelo Kanitz Damasceno. Em conversa com os futuros comandantes das Forças Armadas, Lula pediu que ainda em janeiro eles entreguem um diagnóstico sobre o aparelhamento feito por Bolsonaro entre os militares da ativa.

Encontro

A escolha dos comandantes das três Forças foi uma decisão tomada em conjunto entre Lula e Múcio Monteiro, no início do mês, logo após a escolha do novo ministro da Defesa. Monteiro levou os comandantes indicados para uma conversa com Lula. Em seguida o comandante da Aeronáutica que deixa o posto desejou boa sorte ao sucessor e aos novos comandantes das Forças Armadas.

Oficializadas as escolhas dos próximos comandantes das Forças Armadas e do Estado-Maior Conjunto, registro meu desejo de muitas felicidades e realizações em suas missões”, postou Baptista Júnior no Twitter.

Nesta manhã, durante encontro com os futuros ministros Flávio Dino (Justiça), e José Múcio (Defesa), o governador do Distrito Federal (DF), Ibaneis Rocha (MDB), anunciou que já foram desmontadas 40 barracas no acampamento golpista, em frente ao Quartel-General (QG) do Exército (Forte Apache), em Brasília.

Água e sabão

Ibaneis adiantou, ainda, que a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) está em contato com o Exército para “acelerar a desmobilização” e que o objetivo é até 1º de janeiro, dia da posse do presidente eleito, conseguir a desmobilização “de forma natural”. Dino, por sua vez, informou que o DF terá à disposição 100% das forças de segurança mobilizadas para atuar na solenidade de posse.

Múcio concordou que a retirada dos bolsonaristas acontecerá de forma gradual.

"Não vamos tirar ninguém na marra. Nós já vínhamos trabalhando a questão da posse em conjunto com a PF. Estaremos com todo efetivo da Polícia Militar (PMDF) de prontidão e a Polícia Civil (PCDF) também no apoio, infiltrado durante todo o movimento, principalmente pelos últimos acontecimentos" — acrescentou o governador do DF.

As unidades militares, no entanto, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil junto à intendência do Exército, é que os estoques de sabão em pó estão a postos para a limpeza do local, na próxima sexta-feira.

"Não consideramos como movimento legítimo o que vem acontecendo. Queremos ter a pacificação da nossa cidade e do nosso país" — avisou o governador.
 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Bolsonaro zerou o cofre e você nem desconfia de onde virá a ajuda (dica: do maior inimigo do presidente)

Pode parecer incoerente que um governo que se gabe de ter conseguido bater recordes de arrecadação, que crescerá mais do que o previsto pelo FMI, que apresentará superávit e que diz ter recuperado a economia mais rápido que qualquer outro país do mundo feche 2023 sem dinheiro para pagar funcionários do INSS, emitir passaportes ou honrar as bolsas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Parece, mas não é. De fato, a economia brasileira apresentou sinais de reação no segundo semestre, só que as escolhas da dupla Jair Bolsonaro e Paulo Guedes estavam tão focadas em liberar recursos olhando para a eleição que acabou por colocar a equipe econômica em uma sinuca de bico: paga contas ou fere a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Teto de Gastos. E o mais irônico disso tudo é que Bolsonaro, muito provavelmente, pagará as contas que se acumulam com um cheque de R$ 23 bilhões conseguido por Luiz Inácio Lula da Silva.

Os sinais de que as coisas não iam bem para o funcionalismo começou ao fim de agosto, quando as universidades federais começaram a reportar falta de recursos para pagar conta de luz. Em setembro, foi a vez de o Ministério da Saúde admitir não haver recursos para a compra de medicamentos para o programa Farmácia Popular. Nesse mesmo mês foi a vez de a Polícia Federal sinalizar que haveria falta de dinheiro para manter a operação da emissão de passaportes. Na segurança, delegacias da mulher e especializadas em crimes virtuais e de racismo começaram a reportar não terem recebido o apoio do governo federal para manutenção dos programas de combate à violência. Quando o problema se alastrou, a conta ficou cara: mais de R$ 2,3 bilhões ao mês com o custeio para manter a máquina pública operante, uma premissa básica de qualquer governo. Nesse momento, ao menos sete universidades tiveram de suspender aulas, faltam remédios e vacinas nas cidades e aposentadorias estão comprometidos pela interrupção dos serviços e há registros de serviços fechados por falta de recursos em quatro estados.

Como pode um governo que arrecadou tanto não conseguir pagar as contas? A resposta é a Lei de Responsabilidade Fiscal e do Teto de Gastos. Um gestor público não pode pegar um recurso extraorinário ou não previsto no Orçamento para custear dívidas fixas (como uma conta de luz ou um repasse que já era programado). Principalmente se ele manobrou o dinheiro que deveria estar guardado para o custeio desses serviços para outros fins. Então a questão da falta de dinheiro era inevitável quando, em novembro, o governo contingenciou R$ 5,7 bilhões dos recursos a serem aplicados no final do ano. Só que antes disso os sinais já eram claros, mas foram abafados pelo período eleitoral. Oficialmente, o argumento de Paulo Guedes é que o contingenciamento foi feito para poder cumprir um aumento de R$ 2,3 bilhões nos gastos previdenciários e o pagamento da Lei Paulo Gustavo, de R$ 3,8 bilhões para o fomento à cultura. O secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle, afirmou que mesmo com todo o esforço será difícil cumprir a cifra definida na lei de fomento à cultura. “Por ser uma despesa não recorrente, ela precisará sair da fatia do Orçamento que o governo pode mexer, que é o dinheiro dos ministérios”, disse.

SEM LUZ E lavar as mãos parece ter virado a métrica deste fim de mandato. Guedes já avisou que vai sair do País. Bolsonaro aparece vez ou outra com olhos distantes e marejados. Nem sombra de quem um dia foi. E o País segue sem comando. Na visão do ex-juiz do Tribunal de Contas da União Roger Martino Gradella, essa discussão deveria ter sido feita no segundo trimestre. “O momento certo era quando o governo mexeu no Teto para jogar precatórios para cima ou para liberar recursos para o Auxílio Brasil”, disse. Segundo ele, o TCU dá sinais semanais sobre o andamento das contas e relatórios mensais dizendo onde a corda vai apertar. “Eles sabiam que isso iria acontecer e poderiam ter resolvido.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Eles vivem a nossa volta

 De Mario Marcos -https://mariomarcos.wordpress.com

O mais assustador é que estas pessoas estavam bem pertinho de nós.

Circulavam nas áreas comuns do edifício, nas sessões nas academias de ginástica, nas ruas do bairro, nos corredores dos supermercados, nas filas dos cinemas e nas paradas de ônibus.

Hoje, vivem em um mundo assustadoramente paralelo.

Rezam com as mãos encostadas nos muros dos quartéis, como se estivessem em um lugar sagrado de orações, imitam pateticamente a marcha dos soldados com um cabo fazendo as vezes do fuzil, viram memes ao viajar seguros precariamente nas grades de um caminhão, falam na chegada do comunismo sem nem explicar de onde ele vem, parecem não ter vergonha de se expor do ridículo.

Não é só. São intolerantes. Muitas vezes, agridem quem pensa diferente, bloqueiam ruas, apelam por intervenção militar sem se dar conta de que numa ditadura nem poderiam protestar. Não poupam idosos nem crianças.

Dias atrás, assisti a um vídeo inacreditável.

Um senhor de terno e gravata parou em frente a um monumento dedicado a Simon Bolívar, no Pará, citou os países que são nomeados perto do busto do Libertador (Venezuela, Colômbia, Peru, entre outros) e anunciou aquilo como prova de que o comunismo tinha chegado ao Brasil. Pediu, no fim, sem perceber o ridículo, que o vídeo fosse compartilhado, orgulhoso do feito.

É, Bolívar, o homem que liderou um gigantesco movimento para livrar países da América do Sul do domínio espanhol, tinha trazido o comunismo – com a eleição do Lula. Bota louco nisso.

Umberto Eco disse certa vez que as redes sociais deram voz aos idiotas. O bolsonarismo fez mais do que isso. Como se tivesse tirado a tampa de algum buraco, liberou uma parcela assustadoramente retrógrada e alienada, capaz de apoiar movimentos antidemocráticos, de dar vexames aqui e no Exterior, de se sentir confortável ao defender a terra plana.

O mais grave é que ninguém é poupado. Estão lá médicos, advogados, engenheiros, como se todos participassem de um delírio coletivo, incapazes de perceber o rumo.

É claro que boa parte dos eleitores da chapa derrotada, mas a parte que mostra as caras é um desconforto para o país.

Este pessoal vivia (e vive) ao nosso lado. Não é assustador?

Loucos ou Fascistoides?

Bolsonaro perdeu, é hora da faxina. Nesta edição, CartaCapital disseca os ecos do bolsonarismo ainda vivos, o legado de um governo desastroso e a disputa pelo simbolismo verde e amarelo.