Evento realizado em Porto Alegre combinou vaias e gritos de apoio a José Ivo Sartori, um governicho, caloteiro e contra os servidores públicos do RS
Manifestantes exibiram faixas e vaiaram o governador Foto: Diego Vara/Agência RBS |
O desfile de 20 de Setembro,
realizado na manhã deste domingo, em Porto Alegre, teve protestos contra o
governo estadual entre o público e pedido de
"unidade" e "compreensão" por parte do governador José Ivo
Sartori.
Enquanto a Avenida Beira-Rio era
palco de encenações da Revolução Farroupilha, com figurantes vestidos a
caráter simulando batalhas, nas arquibancadas era travada uma outra
disputa. De um lado, representantes do Sindicato de Escrivães, Inspetores e
Investigadores de Polícia (Ugeirm) seguravam faixas criticando o tarifaço
proposto pelo governo e a falta de segurança no Estado sob a inscrição
"comemorar o quê"?
Próximo a
eles, em um setor reservado da arquibancada onde somente ingressava quem tinha
autorização prévia, ficaram reunidos defensores do governador. A cada grito de
"caloteiro" direcionado ao palanque em razão do parcelamento do
salário do funcionalismo, o grupo de apoiadores do Piratini gritava "Rio Grande!
Rio Grande!" e agitava bandeirolas do Estado.
A presença do público em geral
foi tímida na manhã de tempo bastante nublado, e havia muitos espaços vazios
nas arquibancadas de madeira e metal montadas próximo ao Guaíba. O governador
José Ivo Sartori deu uma breve declaração à imprensa logo depois do desfile e
respondeu a duas perguntas dos jornalistas. Sartori fez uma comparação entre a
luta dos farrapos e o atual cenário político e econômico do Estado — que paga
uma pesada dívida à União:
"Nossos antepassados plantaram uma semente de mudança, que foi a luta contra a injustiça tributária e a centralidade administrativa brasileira. Era uma luta para constituir a República e o federalismo brasileiros, e isso ainda está presente nos dias de hoje".
Perguntado sobre os protestos e
a baixa adesão das forças de segurança ao desfile, Sartori disse que a Brigada
Militar e a Polícia Civil estiveram presentes na avenida, e voltou a fazer um
apelo por "compreensão" e pelo fim da "raiva política".
"O resultado não se constrói com raiva política. Esse é o exemplo que foi dado pela família Farropilha. Quando foi preciso parar, sentar e fazer a paz, fizeram a unidade para a construção da paz do Brasil e do Rio Grande. O desafio não se vence com raiva política, se vence com unidade, solidariedade e compreensão das dificuldades".
A comemoração do 20 de setembro
teve participação da Banda da Brigada Militar e de duas dezenas de viaturas da
Polícia Civil, que chegou a ameaçar um boicote ao evento. A parte
temática do desfile contou com centenas de participantes que reproduziram
traços culturais do gaúcho na avenida e reencenaram partes da história da
Revolução Farroupilha, culminando com a conquista da paz com o governo central
por meio do tratado de Ponche Verde.
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