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domingo, 8 de novembro de 2020

Especialistas questionam projeções de Bolsonaro para a Educação

Governo publicou decreto que institui a estratégia federal de desenvolvimento para o Brasil no período de 2020 a 2031

CartaCapital

O governo Bolsonaro publicou um decreto na segunda-feira 26 que institui a estratégia federal de desenvolvimento para o Brasil no período de 2020 a 2031. O documento orienta ações em diversas áreas para o País e aposta no caminho das reformas fiscais como forma de alcançar um cenário futuro de estabilidade macroeconômica, ainda mais distante com os efeitos da pandemia do novo coronavírus.

O decreto apresenta projeções de cenários econômicos para cada área do País, um chamado referência e outro transformador e, na visão menos otimista, aposta em um crescimento anual médio de 2,2% no Produto Interno Bruto (PIB) e um PIB per capita de 19,1% em 2031. As projeções vão na contramão do observado até aqui. Cálculos feitos pela Consultoria LCA apontam que, de 2013 – último ano de crescimento robusto da economia – até 2020, o País encolheu 11,3% de seu PIB per capita.

Na educação, o decreto aposta em melhorias de índices educacionais tais como Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), e aumento da porcentagem de estudantes que concluem o Ensino Fundamental. Com o Ideb, por exemplo, que tem taxa de 5,8 nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o governo propõe alcançar 7,2 em 2031, e 7,9 em um cenário mais amplo de reformas.

Para o professor José Marcelino de Rezende Pinto, da USP, pesquisador em financiamento da educação, as projeções são irreais em um contexto de falta de mais recursos na educação: “Falar em melhorar nota do PISA e o IDEB sem melhorar a qualidade da educação, o que implica em investimentos, é o mesmo que querer tirar o corpo do chão puxando os próprios cabelos”.

A previsão de recursos por aluno do Fundeb para 2020, que deve cair em função da pandemia, é de um valor mínimo (9 estados) para os anos iniciais do Ensino Fundamental de 304 reais/mês. Só Roraima e Rio Grande do Sul apresentam valores um pouco acima de 400. Quanto custa uma escola privada considerada de qualidade? Pelo menos 1.500/mês. Na Coreia do Sul, em valores padronizados pelo dólar internacional, o gasto aluno é o triplo do Brasil. Na lista do OCDE, o Brasil é o que pior paga seus professores. E qualidade da educação, isso é consenso, é qualidade dos professores. Como melhorar IDEB e PISA sem valorizar os profissionais da educação?”, questiona.

A questão orçamentária, explica Marcelino, também será determinante para conter o cenário de evasão que deve piorar com a pandemia. “O Brasil tem apresentado um aumento incremental nos concluintes do Ensino Fundamental há décadas, contudo, os efeitos da pandemia abrem um cenário de incertezas. Qual será o seu impacto na evasão no Ensino Fundamental e Médio? Tudo depende de política de investimento na educação pós-pandemia, o que não tem acontecido”.

Mesmo no auxílio emergencial destinado aos estados e municípios para compensar a perda das receitas, ou seja, queda de impostos que destinam 25% para o ensino, não houve preocupação de vincular parte de seus recursos, descontada a parte carimbada para a saúde, para a educação (deveria ser no mínimo 25%), diz Marcelino: “A perda acumulada no Fundeb está em 6%, mas deve ser maior com o fim da ajuda dos 600 reais, pois esse fundo depende muito do ICMS, que depende do consumo. E o pior, a base é 2019, que teve a mesma receita de 2014 em valores atualizados!”.

O gráfico a seguir mostra a evolução das despesas federais:

O professor ainda explica que, para que o País consiga alcançar um cenário econômico mais promissor, precisa efetivar uma política de crescimento econômico inclusiva e distributiva. Isso envolveria investimentos fortes em políticas estruturantes, reforma agrária, crédito barato para micro e pequenos produtores, por exemplo, e em educação, dado o seu potencial de retorno social e individual e a capilaridade dos gastos.

São mais de 4 milhões de trabalhadores da educação espalhados em todo o País. A experiência de 29 mostrou que é na crise que o Estado deve investir: esse foi o caminho da Europa e dos EUA que deu certo e mesmo o Brasil, pós-crise 2009, revertida posteriormente com as políticas recessivas de fins de 2014, com Levy, em diante. Vivemos o pior dos mundos: o governo corta na carne, com exceção aos militares, mas o PIB cai mais que a queda nos gastos e nossa dívida frente ao PIB aumenta. Quando se analisa a receita do Fundeb, fica evidente o impacto positivo que os R$ 600 tiveram para minorar os efeitos da pandemia, mas e agora?”, indaga.

A coordenadora geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda, chama atenção para o fato das melhorias educacionais serem projetadas pelo governo no contexto do regime fiscal do Teto de Gastos, que limita o gasto máximo do orçamento ao ano anterior, corrigido apenas pela inflação.

Qualquer política de qualidade para a área da educação necessita de recursos. Os que temos hoje está aquém do que é necessário, como ficou demonstrado durante a tramitação do Fundeb. Temos desafios quanto às políticas de formação e valorização dos profissionais da educação, na qualidade da educação, bem como em termos de acessos na educação infantil, na educação de jovens e adultos e em relação aos estudantes de zonas rurais, por exemplo. Isso tudo custa, é impossível o governo fazer políticas públicas para a área, com qualidade, se nos mantivermos nessa política que tem achatado o orçamento para a educação”.

Outro ponto destacado por Olavo Nogueira Filho, diretor executivo do Todos pela Educação, é o orçamento do Ministério da Educação previsto para 2021 que, além de não ter incrementos substanciais, deve ter 42% condicionados à liberação de créditos extras. “Como o governo projeta melhorias na educação diante esse cenário?”, questiona.

Análise das metas

Para Andressa Pellanda, ainda que o decreto traga pontos nevrálgicos e centrais para a política nacional, não dialoga com o arcabouço legal do País sobre educação, e que inclusive projetam metas educacionais para o País, caso do Plano Nacional de Educação, que sequer é citado: “O que vemos são ideias bastante retrógradas acerca dos direitos que se relacionam ao direito à educação”.

Olavo Nogueira afirma que o texto está mais para “palavras ao vento”: “Muito do que está ali evidencia contradições com o que o governo tem feito e não tem feito. O documento sinaliza, por exemplo, a redução de desigualdades, tema com o qual tem sido completamente omisso durante a pandemia, no sentido contrário ao que deveria ser o papel do ministério da Educação”.

Melhorar a educação básica e o ensino superior não parece ser o objetivo do Ministério da Educação. Se a gente quer, de fato, ser um país mais desenvolvido em diferentes esferas, fato é que perdemos dois anos aí de governo Bolsonaro que vão nos custar muito caro nos próximos anos, em especial considerando o novo contexto da pandemia pelo qual estamos passando”, completa.

CartaCapital selecionou algumas metas previstas no documento e pediu para os especialistas tecerem comentários. Confira:

Andressa Pellanda: “O decreto dialoga com a agenda da meritocracia o tempo todo. Até fala em formação de professores, valorização de boas práticas que impulsionem o debate sobre qualidade, mas confunde qualidade da educação com desempenho. Em alguns momentos até substitui a tríade acesso, permanência, e qualidade por acesso, permanência e desempenho, o que é coerente com a agenda da meritocracia pretendida, mas  que já vem sendo ultrapassada tanto pelas políticas educacionais e legislação, como pelos debates e pesquisas, de acordo com a realidade do país”.

Olavo Nogueira: Essa coisa dos gestores, para mim, fica meio dúbia, eles estão falando de quem, dos gestores das secretarias dos estados e municípios ou dos gestores escolares? É uma redação genérica que não diz muito. O ponto central é que o ministério da educação tem pouca capacidade de incidir na estrutura de gestão das secretarias municipais e estaduais por conta da autonomia. Mas pode e deve apoiar, fundamentalmente as secretarias menores, em regiões mais pobres, do ponto de vista técnico e financeiro. Se é esse o caminho, positivo. Agora, não está clara a estratégia para fazer isso.

AP: A agenda das diversidades praticamente não é citada. O que se fala é em respeito às diferenças que, no campo das pesquisas e políticas sobre diversidades, é bastante ultrapassada. A gente fala em promoção das diferenças, promoção das diversidades, uma política que vinha sendo realizada pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), também extinta pelo governo, então segue na mesma toada. Eles falam que vão fazer uma política de combate às desigualdades sociais, e não a todas as desigualdades, discriminações. Essas terminologias que são muito fortes para a agenda da política de promoção das diversidades e inclusão na educação ficam escondidas. 

AP: Essa agenda de promoção das famílias na educação é de grande preocupação. A gente sabe que o conceito de família que esse governo tem é de família patriarcal, heteronormativa – mãe, pai e filho – que também é um conceito ultrapassado em termos de garantia dos direitos humanos e dos direitos LGBT. Há uma ênfase dessa família tradicional. No final desse trecho, se fala em respeito aos direitos dos pais ou responsáveis pelos alunos.

Claro que ele precisa existir, a própria Lei de Diretrizes e Bases dá escolha aos pais dos alunos para matricularem seus filhos em escolas privadas, religiosas, fora do sistema público, mas isso não significa que eles tenham a única voz ou a voz predominante na política educacional, já que ela precisa ser realizada pelo estado, em parceria com a sociedade e a família.

Isso sinaliza um possível avanço na agenda da educação familiar, o homeschooling, que é uma agenda que a própria Damares tem levantado, assim como o governo federal. Foi indicado que haveria uma medida provisória nesse sentido, que seria com certeza um retrocesso e tanto para a educação, como para a área da proteção da criança e adolescente já que, em casa, eles podem estar sujeitos a abusos, violências, e explorações de diversos tipos, muitas vezes realizados pelos próprios familiares.

ON: É mais uma redação incerta, que pode dar origem a algo razoável, mas também a questões preocupantes. De fato, há uma agenda com a qual o governo avança e preocupa ao passa que dá ênfase à escolha das famílias em detrimento de uma política educacional inclusiva, que olhe para o direito de todos. Isso pode caminhar no sentido contrário ao que as legislações brasileiras têm há muito consolidado e promover o enfraquecimento da instituição escolar. 

AP: Ao sugerir a prática do esporte em especial aos estudantes que se encontram em situação de vulnerabilidade social se evidencia uma visão assistencialista, elitista, que não cabe mais dentro de todo o avanço político e social do Brasil. A prática do esporte deve ser promovida de maneira universal, através das escolas e políticas educacionais, mas essa visão do esporte com ênfase às situações de vulnerabilidade, é como se o governo disse que não vai fazer políticas sociais, de fato, de justiça social.

ON: O esporte tem um papel fundamental não só do ponto de vista profissional, mas enquanto elemento social, e precisa ser melhor articulado à educação, até via componente curricular da Educação Física. Mas restringir o desafio da vulnerabilidade, de alunos de contextos vulneráveis, à prática do esporte é uma visão absolutamente restrita e equivocada. Pra gente, de fato, conseguir enfrentar o desafio educacional em regiões mais vulneráveis há de se levar em conta uma série de outros fatores, alguns da própria escola, mas também os extra escola, na área da saúde, assistência social. É uma visão muito pequena para um desafio muito grande, que não toca na questão da desigualdade. 

AP: Essa agenda  de revisão dos currículos é antiga, bem como a intervenção no Programa Nacional de Livros, na formação dos professores, justamente para ter um controle maior do conteúdo da educação, indo ao encontro das agendas fundamentalistas que eles têm promovido, bem como revisionismos, negacionismos e até perseguição a agendas políticas e de promoção das diversidades, assim como pauta o Escola Sem Partido. É bastante grave essa menção, ainda que não explícita, mas no entrelinhas pode dar forma a uma proposta de retrocessos para a área.

ON: Entendo que a redação é genérica, pode caminhar para um lado positivo, como negativo, não fica claro. Mas sobre as metodologias de ensino, há um locus que é de atribuição do ministério da Educação e do qual ele tem se esquivado que é a formação inicial de professores, um dos principais gargalos da educação básica brasileira. Há poucos avanços na últimas décadas nesse sentido. O Conselho Nacional de Educação aprovou no fim do ano passado um novo conjunto de diretrizes curriculares nacionais para formação inicial de professores, um documento que não é perfeito, mas aponta no sentido que o Brasil precisa avançar, que o país tenha uma sólida formação docente inicial que o prepare esse profissional para o exercício da docência, articulando bem teoria e prática. Isso está aprovado há quase um ano e a sua implementação depende de avanços do ministério da Educação, e até agora não se ouviu absolutamente nada sobre o tema. 

AP: É preciso esclarecer o que eles consideram com essa reorganização e o que significa ela ser pautada em estímulo a vinculação a projetos de setores sociais e produtivos. Isso porque existe uma agenda explícita de apontar que faculdades e universidades que têm departamentos com foco na agenda das humanidades teriam menos importância no desenvolvimento tecnológico do Brasil, uma visão bastante utilitarista, objetivista e muito liberal das pesquisas em humanidades.

ON: Há experiências em curso no País de vinculação aos setores produtivos e com a sociedade, de modo mais geral, acho que esse é o ponto. Nos locais em que há de fato um sistema parrudo, que preserva a autonomia das universidades, mas as inserem como contribuinte do esforço maior, essa articulação é absolutamente fundamental. No entanto, não significa que esse é o objetivo da universidade, não dá pra restringir a melhoria do ensino superior só a essa questão. A discussão é muito mais ampla, complexa e exige um pensamento muito mais sistêmico para avançar no sentido desejado.

sexta-feira, 31 de maio de 2019

Nesta quinta-feira, atos ocorreram em quase todas as capitais. Contra o presidente Bolsonaro: não tem projetos na Educação, Saúde e Segurança

Protestos contra bloqueios na educação reúnem milhares de manifestantes no país

Protestos contra os cortes no Ministério da Educação (MEC) levaram milhares de pessoas às ruas em diversas cidades do país nesta quinta-feira (30). Um dos primeiros atos foi registrado em Brasília, onde milhares de pessoas se reuniram em frente à Biblioteca Nacional no final da manhã. 
De tarde e à noite, as manifestações ganharam força no país e ocorreram em diversas cidades em todas as regiões. Segundo a União Nacional dos Estudantes (UNE), havia previsão de mobilizações em 143 municípios do país. É a segunda vez este mês - a primeira foi em 15 de maio - em que os manifestantes vão às ruas em defesa dos recursos para a educação. 
Na tarde desta quinta, o MEC divulgou uma nota em que afirma que professores, servidores, funcionários, alunos e até mesmo pais e responsáveis "não são autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar".  
São Paulo
O Largo da Batata foi o palco do segundo protesto contra os cortes da Educação em São Paulo.  Desde a tarde milhares de pessoas se reuniram na zona oeste de São Paulo, para protestar contra o bloqueio de verbas para a educação pelo governo Bolsonaro. Alguns também pediram a liberdade do ex-presidente Lula, o fim da reforma da previdência e justiça para a vereadora assassinada Marielle Franco.
O público era composto, em grande parte, por estudantes, professores, integrantes de movimentos sociais e de centrais sindicais.
Por volta das 17h, havia 50 mil pessoas no local, segundo organizadores -a UNE que encabeçou a manifestação.  O ato começou por volta das 16h.
Rio de Janeiro
O ato em frente à Igreja da Candelária, no Centro do Rio de Janeiro, ocupou parte das avenidas principais Presidente Vargas e Rio Branco. Vermelho é o tom mais frequente nas camisetas e bandeiras, e grande parte do público é jovem. 
Os manifestantes entoam gritos como "Que contradição, tem dinheiro para a milícia mas não tem para a educação" e "Quero estudar para ser inteligente, porque de burro já basta o presidente".
Minas Gerais
Segundo os organizadores, o protesto reuniu 50 mil pessoas na praça Sete . A polícia militar não passa estimativas de público.
"A gente sabia que haveria muita gente, mas ficamos felizes de ver que houve essa resposta maior. Sabemos que até o fim conseguir colocar pessoas na rua porque a pauta é importante" — diz Maria Rosaria Barbato, vice-presidente do Sindicato de Professores da UFMG (Apubh).
Ela diz ainda que o ato dessa quinta foi uma preparação para a greve geral do dia 14 de junho, contra a reforma da previdência. 
Brasília
O ato começou às 11h com milhares de pessoas em frente à Biblioteca Nacional em Brasília. A manifestação ocorreu com o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e de sindicatos dos professores.
Os manifestantes levaram cartazes como "a minha arma é a educação", "eu defendo a UnB (Universidade de Brasília)" e "educar é investir, cortar é regredir.". No ato, os organizadores que discursaram do carro de som também criticam a reforma da Previdência e pedem a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ceará
Na capital cearense, os atos contra cortes na educação se iniciaram às 14h no bairro Benfica, região caracterizada pela forte presença universitária. As críticas ao atual governo vão do suposto envolvimento da família do presidente com milicianos até a reforma da previdência.
O ato recebe apoio também de estudantes secundaristas e pós-graduandos, tanto de instituições públicas quanto privadas. Integrantes do corpo docente da Universidade Federal do Ceará (UFC), IFCE e de escolas do nível básico também ocupam os espaços na caminhada que deve seguir por 3 quilômetros entre o bairro Benfica e o Centro.
Além de Fortaleza, mais cidades no Ceará realizaram atos da mesma natureza, como Barbalha, Tabuleiro do Norte e Aracape. Em Sobral também deverá ter manifestação no período da noite. 

Bahia 

Depois de um percurso de cerca de dois quilômetros, a passeata contra os cortes na educação em Salvador chegou à praça Castro Alves, onde foi encerrada no início da tarde. Em cima de um trio elétrico, líderes estudantis fizeram discursos.
Com faixas e cartazes, manifestantes tiveram como alvo principal o presidente Jair Bolsonaro, que contingenciou recursos do governo federal para todas as etapas de ensino.
O protesto na capital baiana também teve como alvo o governador da Bahia, Rui Costa (PT). Professores das universidades estaduais, em greve há mais de 40 dias, criticam os cortes no orçamento e pedem reposição salarial.
"A luta pela educação une toda a esquerda, independentemente de quem é o alvo do protesto" — afirma o Laurenio Sombra, 52 anos, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana.
Houve ainda faixas em apoio a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba (PR).

Pernambuco

Após duas horas de caminhada pelas principais avenidas da área central da capital pernambucana, a manifestação contra o contingenciamento de recursos da área de educação foi encerrada com shows de artistas locais. Os organizadores do ato comunicaram que 70 mil pessoas foram às ruas na tarde desta quinta.
A Polícia Militar não informou sua estimativa de público. A mobilização, embora expressiva, foi visivelmente menor do que o protesto realizado no dia 15. 

Pará 

Oito horas antes da concentração convocada para ocorrer às 16h na Praça da República, no centro de Belém,, pelo menos seis prédios de universidades públicas amanheceram com portões fechados. Parte das aulas e atividades foram suspensas.
Aderiram ao movimento unidades da Universidade Federal do Pará, da Universidade Federal do Sul e Sudeste Pará (Unifesspa), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), do Museu Paraense Emílio Goedi, da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e do Núcleo Pedagógico Integrado da UFPA.

Paraná

Estudantes e professores que participaram do ato contra o bloqueio de verbas da Educação em Curitiba instalaram uma nova faixa na fachada do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR). 
No domingo (26), uma faixa com a frase "em defesa da Educação" pendurada no mesmo local havia sido retirada sob aplausos por manifestantes que participaram do ato pró-governo Bolsonaro. A nova faixa é maior que a anterior e foi colocada num local mais alto da fachada do prédio da UFPR, numa operação que contou com andaimes. 

Rio Grande do Sul

Segundo entidades que representam estudantes do Rio Grande do Sul e sindicatos de professores e técnicos-administrativos, manifestações estavam marcadas em diversas em cidades como Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Pelotas, Santa Maria e Viamão. 
Em Porto Alegre, depois da concentração em frente à Faculdade de Educação (Faced) da UFRGS, às 17h, por volta das 17h30min, os participantes saíram em caminhada pelas ruas da região central, até chegar na Esquina Democrática.
A partir das 19h, marcharam em sentido contrário, pela Avenida Júlio de Castilhos e desviaram pela Loureiro da Silva, em direção ao Largo Zumbi dos Palmares. Alguns manifestantes usam guarda-chuvas e capas de chuva para driblar o mau tempo que atingia a Capital. EPTC e Brigada Militar monitoram o ato.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Vivemos as consequências do descaso com a educação, afirma professor

Para Aquillino Dalla Santa Neto, professor de Filosofia, é preciso destacar qual a maior causa de violência no país

Há muito tempo fala-se em "ressocialização de presos". No entanto, especialistas e autoridades do setor têm consciência de que um feito dessa magnitude só será possível a partir de projetos que, por falta de planejamento e vontade política, deixam de ser desenvolvidos e implementados nos sistemas prisionais.
Diante disso, enganam-se aqueles que acreditam que a criminalidade poderia ser reduzida e combatida somente com a construção de mais presídios, visto que a insegurança está associada à questão estrutural, e não à carência de vagas em penitenciárias.
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), existem no Brasil mais de 655 mil detentos, sendo que, desse total, 55% estão na faixa entre 18 e 29 anos, representando 19% da população brasileira.
Quanto aos índices de escolaridades da população carcerária, 53% possuem Ensino Fundamental incompleto, 12% Fundamental completo, 11% Médio incompleto, 7% Médio completo e 2% entre Superior completo e incompleto. Tratando-se do nível educacional do país, tais percentuais não significam nada, considerando ainda que 6% são analfabetos e 9% mal sabem ler e escrever.

"A insegurança está associada à questão estrutural, e não à carência de vagas em penitenciárias."

Paralelamente a isso, é improvável que programas na área da educação possam contribuir em futuras ações na prevenção da criminalidade, se considerarmos os levantamentos feitos por entidades do setor, as quais concluíram que mesmo após três anos da criação do Plano Nacional de Educação (PNE), de cujas 20 metas estabelecidas e a serem alcançadas até 2024 apenas 20% foram cumpridas.
Entre as principais metas estão: alfabetizar todas as crianças até o final do 3º ano do Ensino Fundamental, oferecer educação em tempo integral no mínimo em metade das escolas públicas, melhorar a qualidade da educação e aprendizagem e garantir aos professores de educação básica uma formação de nível superior.
Ainda sobre o levantamento, verificou-se que um dos casos mais graves é o fato de que só 10% dos municípios do país cumpriram a principal meta, ou seja: "Universalizar até 2016 a educação infantil na pré-escola para crianças de quatro a cinco anos e ampliar a oferta de creches atendendo no mínimo 50% das crianças de zero a três anos".
Mesmo que tais números frustrem ainda mais a sociedade, é preciso destacar qual a maior causa de violência no país, assim como os entraves existentes em diminuir a onda de crimes e o ingresso de menores no submundo da marginalidade, atribuído a um sistema petrificado e um sistema imutável, no qual, sob o mesmo céu, vivemos as consequências do descaso com a educação brasileira.

quarta-feira, 1 de março de 2017

O governicho do Sartori e secretários

Governo do RS reduz investimento em saúde, educação e segurança

Gastos com áreas consideradas prioritárias tiveram queda real de até 11,2% em 2016, quando considerada a inflação do período

Por: Juliana Bublitz/ZH

O governo do Estado fechou 2016 com queda nos percentuais aplicados em três áreas prioritárias: saúde, educação e segurança. Em termos reais, os valores injetados nesses setores também caíram tanto em relação a 2014, último ano da gestão de Tarso Genro (PT), quanto na comparação com 2015, quando José Ivo Sartori (PMDB) assumiu o comando do Palácio Piratini.
Os dados integram a mensagem enviada pelo governador à Assembleia no início de fevereiro. Tradicionalmente, o documento apresentado todo ano contém o resumo das ações adotadas no período e a síntese da situação financeira do Estado.
A área que apresentou a maior redução foi a da educação. Embora o índice tenha se mantido acima do exigido pela Constituição Federal (25% da receita líquida de impostos e transferências), ficou 3,5 pontos percentuais abaixo do registrado em 2014. Em números absolutos, os R$ 8,54 bilhões aplicados no ano passado significaram redução de 11,2%, considerando a inflação do período.
Na saúde e na segurança, o decréscimo real foi menor, de 5% e de 6,3%, respectivamente, mas nem por isso menos preocupante.
Na avaliação de Ronald Krummenauer, diretor-executivo da Agenda 2020, uma ONG ligada às federações empresariais, o quadro é resultado de "decisões irresponsáveis tomadas no passado", que comprometeram as finanças.
"O mais grave é perceber que estamos fragilizando as áreas que deveriam ser as mais importantes" — avalia Krummenauer.
Líderes de entidades ligadas aos setores afetados alertam para o impacto dos números na vida da população. No caso da saúde, o presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Paulo de Argollo Mendes, cita a perda de mais de 400 leitos hospitalares reservados a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) nos últimos dois anos.
"Infelizmente, estamos vendo uma deterioração grave e progressiva da situação" — diz o presidente do Simers. 
O presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Brigada Militar (Abamf), Leonel Lucas, relaciona a redução de verbas na segurança à explosão da criminalidade no Estado. Quanto à educação, o coordenador de comunicação do Cpers-Sindicato, Enio Manica, adverte que "não há como ter qualidade sem investimentos".
"Se continuar assim, as coisas só vão piorar" — conclui Manica.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

RS fica abaixo da média nacional em indicador de alfabetização do MEC


Apenas 7,53% dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental atingiram o melhor nível de escrita, segundo a Avaliação Nacional da Alfabetização

O RS está mal na educação, assim com a saúde, segurança pública, estradas...os políticos são dos piores do Brasil


O Rio Grande do Sul está entre os Estados com menor nível de estudantes em fase de alfabetização capazes de escrever no nível desejado para sua idade. É o que aponta a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA) 2014, divulgada nesta quinta-feira pelo Ministério da Educação (MEC).

Com 3 mil habitantes, Centenário é destaque em alfabetização no RS
Apenas 7,53% dos estudantes do 3º ano do Ensino Fundamental gaúcho conseguem articular bem os textos — porcentagem menor que a média nacional, que é de 9,88%. É o pior índice da região Sul: no Paraná, a porcentagem quase dobra (15,53%), enquanto Santa Catarina tem o melhor índice do Brasil (22,25%).

A avaliação consiste na aplicação do teste de desempenho do estudante, realizado entre todos os alunos matriculados no 3º ano do Ensino Fundamental das escolas públicas. O objetivo é aferir o nível de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa e Matemática das crianças.


Nas demais áreas de avaliação, o Estado foi melhor: em leitura, 12,20% dos estudantes atingiram o melhor nível definido pelo MEC — valor pouco acima da média nacional, mas ainda assim o pior entre os Estados da região Sul.

Já em matemática, 29,32% das crianças ao final do ciclo de alfabetização atingiram os níveis esperados, enquanto a média nacional é de 25,15%. Ainda assim, o Rio Grande do Sul puxa a média regional para baixo: Paraná e Santa Catarina ficaram acima do Estado também nesse indicador.


Confira as taxas de alfabetização da região Sul e a média brasileira (em % do maior nível de alfabetização definido pelo MEC):

Leitura
Santa Catarina 17,62%
Paraná 13,40%
Rio Grande do Sul 12,20%
Brasil 11,20%

Escrita
Santa Catarina 22,25%
Paraná 15,53%
Brasil 9,88%
Rio Grande do Sul 7,53%

Matemática
Santa Catarina 32,95%
Paraná 32,55%
Rio Grande do Sul 29,32%
Brasil 25,15%

* Zero Hora