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sábado, 28 de janeiro de 2023

Furto, agressões e ato obsceno: veja crimes cometidos em acampamento de golpistas em Brasília

O acampamento montado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, na frente do Quartel-General do Exército, em Brasília, para contestar o resultado eleitoral e pedir um golpe militar registrou ao menos 73 crimes. A informação consta do relatório divulgado pelo gabinete do interventor federal na Segurança Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli.

Em dois meses, desde a instalação, em 1.º de novembro, até o desmonte, em 9 de janeiro, o acampamento registrou em média mais de uma ocorrência por dia. Na lista, há 20 crimes contra a honra, 19 furtos, 13 lesões corporais, seis crimes de dano, três acidentes de trânsito com vítima e um ato obsceno. Outras 11 notificações não foram especificadas no documento divulgado nesta sexta-feira, 27.

O interventor federal atribuiu “centralidade” aos manifestantes do QG nos atos golpistas do dia 8, quando bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, com rastro de destruição pelo Palácio do PlanaltoCongresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Cappelli, o acampamento era um ambiente “onde circularam criminosos”, e eventos como a tentativa de explosão de bomba e bloqueio de aeroporto passaram “de uma forma ou de outra” pelo local.

Crimes no acampamento

A incidência mais comum, de crimes contra a honra, refere-se a atos de calúnia, difamação ou injúria. O crime de calúnia pode render de seis meses a dois anos de prisão e multa, segundo o Código Penal, enquanto a difamação tem pena de detenção de três meses a um ano e multa. A injúria pode render de um a seis meses de prisão ou multa e pode ter a pena aumentada caso haja emprego de violência ou discriminação.

O crime de lesão corporal é punido com três meses a um ano de prisão. A pena é aumentada quando a violência resulta em um quadro grave ou é cometida contra a mulher. Já o dano é considerado crime contra qualquer “coisa alheia”, não especificada no documento, e pode render detenção de um a seis meses ou multa – o dano é qualificado quando é cometido contra o patrimônio público.

Também não foram fornecidos mais detalhes sobre os furtos, os acidentes de trânsito com vítima e o ato obsceno descritos na peça.

Falhas de segurança

Ao longo de 62 páginas, o relatório da intervenção federal detalha a ação dos radicais e aponta falhas no trabalho da Secretaria de Segurança Pública do DF para desmobilizar os manifestantes. A avaliação é de que o acampamento dos bolsonaristas na frente do QG do Exército teve uma “complexa e engenhosa organização”, com cozinhas coletivas, banheiros com chuveiro quente, geradores de energia e uso de rádios-comunicadores.

Essa estrutura teria servido de “apoio logístico e local de concentração” para os radicais que atacaram as sedes dos Poderes, em 8 de janeiro. “O acampamento, desde a sua instalação, foi elemento crucial para o desenvolvimento das ações de perturbação da ordem pública que culminaram nos atos”, aponta o material.

O governo do DF chegou a organizar um plano de ação para retirar os manifestantes do acampamento, mas a operação foi cancelada por determinação do Exército.

O interventor afirma ainda que, apesar de informações sobre o risco de protestos terem sido encaminhadas por órgãos de inteligência e pela Polícia Militar do DF, o efetivo de agentes mobilizado pelo comando estadual foi “insuficiente” para conter os manifestantes.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Eles são brasileiros

De Mario Marcos - http://mariomarcos.wordpress.com 

Ao longo dos tempos nos habituamos a ver e sofrer com o drama de populações devastadas pela fome, em várias regiões do mundo. Sempre pareceu um drama distante de nós.

Pois bem, o que se viu no fim de semana mudou tudo.

Levados a Roraima por um pedido desesperado de socorro, equipes do governo constataram parte dos Yanomamis devastada pela fome, a subnutrição, as doenças e o abandono. Houve mais de 500 mortes de crianças como a da foto. Dezenas de outras precisaram de socorro imediato, de emergência, em busca de sobrevivência. Adultos que não conseguiam nem se equilibrar de pé lembravam cenas das zonas de guerra ou devastadas pela fome.

É uma população abandonada nos últimos anos e cercada por garimpeiros ilegais, protegidos pelo governo anterior – aquele do presidente que dizia que o país deveria ter feito como a 7ª Cavalaria americana que devastou populações indígenas -, que destruíram o ambiente, contaminaram a água com mercúrio e espalharam doenças pela região.

Pelo menos agora há uma situação de emergência e equipes de ministérios alojadas na região para salvar os Yanomamis.

Foi um genocídio.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Presos por ataques golpistas receberam verba pública e de bolsonaristas nas eleições

Bolsonaristas que foram presos em Brasília por suposta participação nos ataques golpistas de 8 de janeiro tiveram campanhas eleitorais em 2022 irrigadas por verba pública.

Pelo menos 10 desses bolsonaristas se candidataram para a disputa do ano passado, sendo que 7 receberam a soma de R$ 180,8 mil dos fundos eleitoral e partidário. Uma parte desse recurso foi distribuída aos presos por candidaturas de outros políticos, como do novo governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).

O grupo bolsonarista alcançou 5.800 votos e ninguém se elegeu. Cinco deles garantiram vagas de suplente e uma candidata renunciou durante a campanha.

O PL, legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, abrigou cinco dos bolsonaristas presos que se candidataram em 2022. Patriota, PMN, PRTB, Solidariedade e Democracia Cristã são as legendas dos demais.

Atual vereadora de Bom Jesus (SC), derrotada na disputa a deputada estadual em SC, Odete Correa (PL-SC) arrecadou a maior cifra entre os candidatos presos, R$ 58,9 mil. Ela conseguiu 564 votos e uma vaga de suplente.

A maior parte da verba levantada por Odete, R$ 35 mil, tem como origem repasses feitos pela candidatura da ex-governadora e deputada federal eleita Daniela Reinehr (PL-SC).

A bolsonarista presa ainda recebeu R$ 13,9 mil da campanha do governador Jorginho Mello (PL-SC), além de R$ 10 mil de Valdir Colatto (PL-SC), novo secretário estadual de Agricultura.

Daniela Reinehr disse que "repassou valores, durante a campanha eleitoral, para quase todas as mulheres candidatas a deputada estadual pelo partido".

O levantamento foi realizado pela reportagem a partir do cruzamento dos dados divulgados pela Seape (Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ao todo, 65 bolsonaristas presos se candidataram em eleições gerais ou municipais desde 2000, 26 deles em mais de uma ocasião.

A bolsonarista Maria Elena Passos (PL-ES), que se tornou suplente de deputada estadual, também teve parte da campanha bancada por outros candidatos. Ela recebeu R$ 6,5 mil da candidatura do senador eleito Magno Malta (PL-ES), além de R$ 30 mil da direção nacional do PL.

O jornalista Adrian Paz (PRTB-MG), candidato derrotado a deputado estadual e preso no DF, publicava fotos nas redes sociais no acampamento golpista em frente ao quartel-general do Exército. Em dezembro de 2022 ele exibiu cartazes, em diversos idiomas, afirmando que o Brasil havia sido "roubado".

Outra política presa após os atos golpistas, Stela Maria Atanazio (Democracia Cristã-SP) está no grupo de 60 bolsonaristas que deixar a cadeia com uso de tornozeleira eletrônica, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Atanazio recebeu cerca de R$ 13,8 mil do partido, mas conseguiu somente 247 votos e foi derrotada na disputa a deputada federal.

Rogério Souza Lima (PL-BA) teve o melhor resultado entre os bolsonaristas que foram presos. Com 2.005 votos, ele se tornou suplente de deputado estadual.

Ao menos dois bolsonaristas do grupo que se candidatou em 2022 divulgaram vídeos do momento da invasão das sedes dos três Poderes.

Oziel Lara dos Santos (Patriota-SC), que usou o nome "Fuzileiro Oziel Santos" ao perder a disputa a deputado estadual, transmitiu nas redes sociais a depredação do Palácio do Planalto.

No vídeo, ele afirmou que o povo estava "revoltado". "É uma cena de guerra aqui. Nós, militares da reserva, avançamos na frente. O STF já foi tomado", disse ainda.

Apesar de cobrar golpe e ação militar contra Lula, Oziel disse que a "maioria dos patriotas não faz isso", ao se referir ao vandalismo no Planalto. Ele recebeu R$ 10 mil da legenda durante a campanha eleitoral.

Já o advogado Thiago Queiroz (PL-MG) comemorou, em vídeos, a destruição dentro do Congresso Nacional. Em 2022 ele recebeu R$ 35 mil do partido, mas perdeu a disputa a deputado estadual.

"Tudo quebrado, sobrou nada. Vou ter de levar alguma coisa de lembrança", afirmou o advogado em vídeo gravado no Congresso Nacional, divulgado pelo site Patos Notícias.

Ainda foi preso o candidato a deputado federal Gennaro Vela Neto (PL-PR). Ele recebeu R$ 24 mil do partido, teve 640 votos e ficou no posto de suplente.

Bolsonarista que renunciou na disputa para segunda suplente de senador, Regina Aparecida Silva (PMN-RR) também foi presa no DF.

A candidata derrotada a deputada distrital Edna Borges Correa (Solidariedade-DF) teve apenas 106 votos. Ela foi detida sob suspeita de participar dos atos golpistas.

O partido disse que expulsou Edna de seus quadros.

Já o PL disse que abriu processos internos e vai expulsar filiados que "comprovadamente" praticaram atos violentos. Os outros partidos de bolsonaristas presos não se manifestaram. 

‘Bolsonaro esperava voltar para o Brasil na glória de um golpe’, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que Jair Bolsonaro estava contando com um golpe para voltar dos Estados Unidos e reassumir o poder. Em entrevista à Globonews, Lula prometeu se reaproximar dos militares, mas quer as Forças Armadas despolitizadas. O presidente também acusou a Polícia Militar do Distrito Federal de negligência e afirmou que os serviços de inteligência das Forças Armadas e da Presidência não funcionaram para evitar os atos do dia 8 de janeiro, quando os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal foram invadidos e depredados.

Fiquei com a impressão que era o começo de um golpe de estado. Me dava a impressão de que Bolsonaro sabia de tudo o que estava acontecendo e estava esperando voltar para o Brasil na glória de um golpe”, disse o petista.

Depois de ter declarado publicamente que tinha perdido a confiança de parte dos militares e avisar que as Forças Armadas, Lula terá encontro com os comandantes das três Forças ainda esta semana. Numa tentativa de se reaproximar da caserna, o presidente disse que já encomendou ao Exército, Marinha e Aeronáutica uma lista do que precisam em recursos e estrutura para se modernizar, um discurso que costuma agradar os oficiais da cúpula. Lula reiterou, no entanto, que não quer ver os militares envolvidos com a política.

O importante é despolitizar as Forças Armadas. O soldado, o sargento e o coronel é do Estado. Não é Exército do Lula, do Bolsonaro, eles têm que defender o Estado brasileiro, a Constituição. Eu quero conversar com eles (os comandantes) abertamente. Quero manter uma relação civilizada. Convivi dignamente com as três Forças. Não quero ter problemas com as Forças, nem que elas tenham problema comigo. Quero que a gente volte à normalidade” disse Lula, acrescentando: “As pessoas estão aí para cumprir as suas funções e não para fazer política. Quem quiser fazer política tira a farda, renuncia ao seu cargo, cria um partido político e vai fazer política. Mas enquanto estiver a serviço nas Forças Armadas, enquanto estiver na Advocacia Geral da União, no Ministério Público, essa gente não pode fazer política”.

Lula contou que, no dia 8 de janeiro, ao acompanhar pelo computador de Araraquara, as imagens de invasão dos prédios públicos, ligou para o general Gonçalves Dias, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e cobrou: “Onde estão os soldados?”.

O petista admitiu que ficou irritado com a falta de ação do setor de segurança. Acusou a PM do DF de ter sido negligente, deixando os extremistas invadir os prédios, mas também apontou sua raiva para o setor de inteligência do governo. Para ele, falharam as inteligências do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e também do GSI. “Houve um erro elementar: minha inteligência (de governo) não existiu”, declarou.

O petista relatou que na sexta-feira que antecedeu à tentativa de golpe recebeu informações de que havia apenas 150 acampadas na frente do QG do Exército e estava tudo tranquilo. No fim de semana, no entanto, como revelou o Estadão, caravanas de ônibus se dirigiram a Brasília aumentando para 4 mil o número de extremistas na frente do quartel militar. Lula afirmou que no dia da ocupação havia 8 mil pessoas participando dos atos golpistas.

Apesar da insatisfação com a atuação dos militares, Lula saiu em defesa do ministro da Defesa, José Múcio. “Zé Múcio é meu amigo, eu confio, tem muita habilidade política. Tem gente que quer sair logo na porrada. Não é assim”. Também indicou que não pretende trocar os comandantes das Forças. “Você não pode substituir o jogador porque ele perdeu um gol. Tem que ver onde houve um erro nosso, negligência. Foi pego todo mundo de surpresa. O alerta é que a gente não pode mais ficar desprevenido”.

Lula defendeu apuração de todos os responsáveis pela invasão e a efetiva punição dos culpados. “Se Bolsonaro tiver participação direta no que aconteceu ele tem que ser punido”, afirmou. O petista disse, no entanto, que se opõe a ideia de se criar uma CPI para investigar a tentativa de golpe.

Segundo ele, participaram dos atos bolsonaristas, mas também profissionais que estavam preparados para invadir e ocupar prédios públicos com intenção de derrubar o governo eleito. O presidente afirmou que a sociedade brasileira precisa de paz e que o discurso de ódio não fez bem ao País. “Nos últimos quatro anos, o que nós vimos foi ódio disseminado todos os dias. A quantidade de fake news, as coisas mais absurdas que eu jamais acreditei que as pessoas pudessem acreditar”.

Na entrevista, Lula voltou a reclamar que não pode ocupar o Palácio da Alvorada. Seu antecessor teria deixado a residência sem condição de habitabilidade. “Deve ser o único caso da história em que o presidente não tem casa para morar”, disse, contando que ao visitar o prédio não havia nem cama no quarto e que as instalações estavam “semidestruídas”.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Terrorismo em Brasília é pior do que a invasão no Capitólio

De Rosane de Oliveira/ZH

O que ocorreu em Brasília ontem não tem precedentes na história da democracia brasileira. É muitíssimo mais grave do que o que aconteceu nos Estados Unidos na invasão do Capitólio por simpatizantes do ex-presidente Donald Trump, que se recusava a aceitar o resultado da eleição.

No Capitólio, mais de 900 pessoas foram presas e estão enfrentando processo. As forças de segurança agiram rápido e abortaram a tentativa de Trump de tomar o poder à força, impedindo a sessão que confirmou a vitória de Joe Biden. Os atos terroristas no Brasil atingiram os três Poderes. São chocantes as imagens do vandalismo no plenário do Supremo Tribunal Federal, no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. Vidros quebrados, salas alagadas, cadeiras quebradas. Não foi uma manifestação espontânea. Teve articulação, teve planejamento, teve financiadores, teve executores. Quem são e a serviço de quem estavam é o que os inquéritos deverão apurar agora.

A Polícia do Distrito Federal não foi apenas omissa. Foi conivente. Não por acaso, o secretário da Segurança Pública, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, estava fora de Brasília. Onde? Em viagem aos Estados Unidos, mais especificamente na Flórida, local escolhido por Bolsonaro para se refugiar com a esposa e a filha. O governador Ibaneis Rocha, que nomeou Anderson Torres, sabendo de quem se tratava, tem sua parcela de culpa pelo que aconteceu. Como pode o secretário da Segurança que assumiu há menos de 10 dias tirar férias, sabendo-se que o clima em Brasília era tenso?

Ninguém pode dizer que foi surpreendido pela invasão dos prédios públicos. Foi anunciada nas redes sociais, com ônibus saindo de diferentes pontos do país. O governo do DF não viu, e a "inteligência" do governo federal não detectou o perigo. Porteira aberta aos golpistas.

O que se viu foi mais do que uma tentativa fracassada de golpe de Estado. Terroristas ultrajaram a bandeira do Brasil, usando-a como adereço no ataque às instituições. Vilipendiaram o brasão da República, arrancado do prédio do Supremo Tribunal Federal para colocá-lo sobre uma cadeira de ministro do lado de fora. Afrontaram as instituições que sustentam a democracia. Blasfemaram contra o Hino Nacional ao cantá-lo em celebração aos destroços do Congresso.

Conseguiriam o efeito contrário ao pretendido golpe: a união dos governadores, que ofereceram ajuda ao governo federal para restabelecer a paz em Brasília e o repúdio de instituições internacionais e de governos dos Estados Unidos, Europa e América Latina.

Eduardo Leite é govenador ou lobista?

 


Governo do RS investiga saída de ônibus do Estado para atos golpistas em Brasília

Secretário estadual da Segurança Pública destacou que apuração tenta identificar organizadores, financiadores e pessoas envolvidas nos ataques às sedes dos três poderes

O secretário da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron, afirmou que autoridades estaduais investigam a saída de caravanas de ônibus do Estado para participação nos atos antidemocráticos que provocaram destruição em Brasília, no domingo (8). Em entrevista ao Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta segunda-feira (9), Caron afirmou que conversou com os chefes da Polícia Civil (PC) e da Polícia Federal (PF), e que a PC gaúcha já abriu inquéritos sobre a situação:

"São duas linhas que nós temos que ter aqui. Uma delas é a Brigada Militar, que está pronta e a postos para dar uma resposta firme e exemplar tão logo seja necessário. E a outra vertente de atuação é exatamente com a Polícia Civil que vem realizando investigações. A Polícia Federal também tem seus inquéritos para que a gente possa identificar organizadores, financiadores e pessoas envolvidas nesses fatos criminosos que ocorreram ontem (domingo) em Brasília e todas essas apurações referentes a essa situação aqui."

O secretário destacou que pediu prioridade ao chefe de polícia do Estado para o rápido andamento dessas investigações no sentido de responsabilizar os envolvidos nos ataques às sedes dos três poderes. Caron afirmou que ainda não tem os números exatos de ônibus que saíram do Estado, mas destacou que os órgãos de segurança trabalham para identificar a participação de gaúchos nas manifestações:

"As nossas inteligências monitoraram e a ideia agora é identificar quem participou do financiamento, quem estruturou e deu apoio para que tudo isso acontecesse e também verificar entre as pessoas presas no Distrito Federal quais são os gaúchos envolvidos. Para que a gente busque também a responsabilização em relação ao que ocorre aqui, uma vez que toda essa situação em nível nacional está ligada e temos o objetivo de identificar eventuais gaúchos envolvidos na organização desses atos criminosos que ocorreram em Brasília para que sejam devidamente responsabilizados em inquérito policial."

Caron informou que a inteligência da segurança pública do Estado monitora cerca de 10 concentrações de manifestantes contra o governo federal em solo gaúcho neste momento. As forças de segurança estão, segundo ele, agindo no sentido de cumprir a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para dispersar esses atos.

Envio de ajuda ao DF

O secretário da Segurança Pública do Estado também reforçou que o Piratini ofereceu o envio de agentes do batalhão de choque da Brigada Militar ao Distrito Federal

"Eu já dialoguei, já informei ao colega que assumiu a segurança pública do DF na data de ontem informando da disponibilidade do Rio Grande do Sul em colaborar com a situação que acontece no Distrito Federal com envio de 73 homens do choque da Brigada Militar. Estamos aguardando que eles deem o OK para que as equipes viagem para atuar no Distrito Federal em apoio aos órgãos federais."

Oito de janeiro: a data da vergonha no Brasil

De JULIANA BUBLITZ

Protagonizadas por grupos radicais de extrema direita que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro, os ataques terroristas deflagrados ontem em Brasília são lamentáveis, inaceitáveis e precisam ter os autores identificados e responsabilizados. À violência impõe-se o rigor da lei. Não há mais desculpas. Ao invadir as sedes dos três poderes - Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal -, os extremistas atentaram contra a democracia. Repetiram o filme vergonhoso que vimos na invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, dois anos atrás. Lá, como aqui, o ato ocorreu após a derrota do então chefe de Estado na eleição presidencial e foi levado a cabo por seguidores inconformados. A crise no Brasil era "pedra cantada". Desde que Bolsonaro foi vencido nas eleições e silenciou por semanas diante do radicalismo, ameaças de atentados pipocaram em Brasília. As autoridades erraram ao não responder aos criminosos à altura. Também falharam ao optar por uma atitude omissa diante dos acampamentos supostamente pacíficos montados em frente aos quartéis, por pessoas que insistem em pedir golpe militar. É bom lembrar que, em dezembro passado, foi dentro de um desses ajuntamentos, no próprio Distrito Federal, que um aloprado decidiu planejar um crime. Uma bomba foi instalada em um caminhão carregado com querosene e só não explodiu no Aeroporto Internacional de Brasília por incompetência. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva agiu certo, ontem, ao decretar intervenção federal na capital brasileira e exigir a identificação e punição dos responsáveis pelas invasões - incluindo os financiadores por trás do movimento golpista. Chega. Como já escrevi muitas vezes aqui, não é com violência que se expressa o descontentamento com um resultado eleitoral. Cada um de nós tem direito a externar posições políticas, mas isso é muito diferente do que vimos ontem. É com oposição consciente, fiscalização cerrada e organização política para retomar o poder outra vez pelo voto. Sempre pelo voto. Quando a democracia está em jogo, como está agora, não há margem para contemporizar. Não há meio-termo. Temos um Brasil antes e um Brasil depois do 8 de janeiro de 2023, que ficará na história como o dia da vergonha nacional.