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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Michael Arroyo - Novo reforço do Grêmio

Se o Brasil fosse sério, Temer, Lula, Dilma e vários políticos... todos estavam na cadeia

Procurador da Lava-Jato fala em represália de Temer à PF na suspensão de passaportes

Carlos Fernando dos Santos Lima vê conexão entre falta de verba para o documento e carência de recursos para a Operação Lava-Jato

O mais antigo integrante da força-tarefa dos procuradores da República que atuam na Operação Lava-Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima, atribui a uma manobra do governo Michel Temer a suspensão na emissão de passaportes por parte da Polícia Federal (PF). O documento deixou de ser emitido ontem em todo o país (exceto situações emergenciais), por falta de previsão orçamentária.
"O governo Temer sufoca a Polícia Federal. Nem dinheiro para a emissão de um documento necessário como o passaporte. Imagine como está a continuidade das diversas investigações pelo país", alfinetou o procurador, em sua página no Facebook.
Lima lembrou a redução da equipe responsável pela Lava-Jato e disse que isso pode prejudicar as investigações pelo país. 
"A quem isso interessa?", continuou ele, na rede social.
Foi na terça-feira que a PF informou que está suspensa a confecção de novas cadernetas de passaportes solicitadas, devido à insuficiência de orçamento. Os documentos que já tinham sido pedidos até esse dia serão emitidos. Conforme os federais, a medida decorre da insuficiência do orçamento destinado às atividades de controle migratório e emissão de documentos de viagem.
O agendamento online do serviço e o atendimento nos postos da PF continuarão funcionando normalmente. Não há, porém, previsão para entrega do passaporte solicitado, enquanto não for normalizada a situação orçamentária.
Delegados federais ouvidos por Zero Hora também acreditam que se trata de represália governamental, destinada a jogar a população contra a PF. A desconfiança ocorre porque desde o ano passado o diretor da Polícia Federal (PF), Leandro Daiello, vinha avisando o governo do presidente Michel Temer de que precisaria de verba suplementar, caso contrário os serviços de confecção de passaporte entrariam em colapso. Em vão, segundo os policiais.
A interrupção da emissão de passaportes atrapalha o turismo e pessoas que precisam viajar a negócios ou estudo. A PF informa que a solução depende de rúbrica específica no orçamento da instituição, ou seja, não pode ser remanejada verba para emissão de passaporte oriunda de outros setores da Federal.
Conforme a PF, o Ministério do Planejamento terá que enviar um pedido de verba suplementar ao Congresso e, a partir daí, transferir os recursos necessários para a retomada dos serviços.
A falta de dinheiro para emissão de passaportes foi anunciada um dia depois de a PF concluir que o presidente Temer cometeu o crime de obstrução de investigação de organização criminosa. Isso consta em relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). O caso, segundo o inquérito federal, envolve suporte de Temer à "manutenção de pagamentos ilegítimos a Eduardo Cunha (deputado federal cassado e preso), pelo empresário Joesley Batista, ao tempo em que deixou de comunicar autoridades competentes de suposta corrupção de membros da Magistratura Federal e do Ministério Público Federal que lhe fora narrada pela mesmo empresário".

terça-feira, 27 de junho de 2017

Escrivão da PC foi atingido por tiro na cabeça quando cumpria mandado de busca

Mulher de policial estava na mesma operação, quando criminoso, atrás de uma porta, disparou contra servidor

Vídeo a Mulher de agente morto em operação revela trauma, mas afirma que seguirá na polícia:
Jovens e charmosos, Rodrigo e Raquel fariam bonito no cinema, mas respiravam vida real: sua rotina, como policiais civis, era tentar garantir segurança pública num país atormentado pelo crime. Namoravam e brincavam dentro e fora do serviço, na 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí. Criavam quatro filhos e atuavam com as mesmas funções, não só na burocracia infernal do cartório policial, mas também na parte mais aventureira da profissão, aquela em que o sujeito sai com arma e algemas, atrás de delinquentes. Na sexta-feira, vestiram coletes à prova de balas e, mais uma vez unidos, bateram à porta de um esconderijo de bandidos num edifício de classe média na cidade. Depararam com quadrilheiros decididos a resistir, que reagiram à bala. Só Raquel voltou.

Rodrigo Wilsen da Silveira, escrivão, 39 anos, tombou com um disparo na cabeça, que o colete não protegia. Morreu nos braços da companheira, a também escrivã policial Raquel Biscaglia. Desesperada e ainda em meio aos tiros, ela tentou arrastar o companheiro ferido para fora do apartamento, transformado num campo de batalha. Gritava para que fosse socorrido, mas ele morreu ali. Os colegas tiveram de recolher a arma de Raquel, que estava em choque. Foi apenas com a chegada de um psicólogo da Polícia Civil, enviado de helicóptero, que ela foi convencida a deixar o local e levada à casa dos pais do companheiro, igualmente traumatizados.

Às 5h30min, Rodrigo e Raquel, munidos de mandados judiciais, começaram buscas num apartamento suspeito de centralizar distribuição de drogas na Vila Planaltina, em Gravataí. Era um dos seis alvos de uma operação que contava com 30 policiais civis e oito guardas municipais. Eram mandados de busca e apreensão contra o tráfico de drogas.

Estavam com Rodrigo e Raquel mais dois policiais civis e dois agentes da Guarda Municipal. Eles foram recebidos na sala principal do apartamento por uma idosa, nervosa. Alguém abriu a porta de um quarto, fechou e começou a disparar – tiros de pistola 9 mm e revólver .38 foram dados do quarto até a sala. Os policiais, atordoados, revidaram. Um solitário projétil dos criminosos acertou em cheio Rodrigo. Os agentes se reagruparam e intimaram os bandidos a se render. A dona do imóvel, que seria a traficante, saiu de outro quarto com uma criança e foi presa, assim como os outros cinco ocupantes do apartamento, quatro deles com antecedentes criminais.

Namoro entre armas e viaturas

O porto-alegrense Rodrigo gostava de ação. Fez concurso em 2010 e debutou na Polícia Civil em 2012. A carreira ia tão bem que, apesar de não ser veterano, já era chefe de investigações onde trabalhava, a 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí, a mesma onde iniciou a profissão. Esse é também o único posto de trabalho na carreira de Raquel. Natural de São Gabriel, ela virou policial em 2014. Foi em Gravataí que, de uns dois anos para cá, os dois se conheceram, amaram e dividiram funções – e investigações. Criavam juntos os dois filhos pequenos dele e os dois dela. Faziam plantão unidos, iam e voltavam juntos do serviço. Rezavam também, pois ambos eram muito religiosos.

Os elogios são unanimidade no caso de Rodrigo da Silveira.

"Não tenho dúvida de que ele se tornaria um dos melhores policiais gaúchos. Extremamente preparado e conhecedor da função" – resume um colega, o comissário Mário Viegas, 55 anos e 37 de profissão, que foi uma espécie de tutor na Polícia, para Rodrigo.
A escrivã Márcia Marques, líder da turma formada em 2012 e atualmente lotada em Alvorada, diz que a conquista do posto de chefe de Investigação da DP só comprova o quão dedicado Rodrigo era.
"Um cara pacífico e sempre proativo. Ver isso acontecer com alguém que ingressou na Polícia Civil junto comigo dá uma sensação de vulnerabilidade horrível. Quem sabe se tivéssemos escudos e outros equipamentos de segurança para operações, ele agora estivesse vivo" – comenta ela.
O homem apontado como seu matador foi identificado como autor dos disparos, pelos próprios presos). Maicon de Mello Rosa, o Maiquinho, coleciona passagens criminais desde jovem. Só em 2013, foi apontado como envolvido em tráfico de drogas, duas tentativas de homicídio e um assalto. Foi preso três vezes desde então. Condenado, fugiu cinco vezes da prisão (leia mais na página 8). Os agentes não sabiam que ele estava no apartamento, na hora em que entraram no imóvel no Condomínio Paseo Centralle, centro de Gravataí. Tudo indica que, desesperado com a possibilidade de voltar à cadeia, Maiquinho disparou ao ver os policiais.

Drogas, armas e carros roubados apreendidos
Acuados após a morte do policial, os cinco ocupantes do apartamento se renderam e foram presos. Com eles, foram apreendidas armas, munição, drogas e dois veículos – um roubado. O delegado Rafael Sobreiro, que coordenava a ação, definiu o dia como “o mais difícil da carreira”.

"O Rodrigo nunca vai ser esquecido. Era uma pessoa diferenciada, um policial acima da média, que tombou como um herói, defendendo a sociedade" – lamentou o delegado.
Conforme Sobreiro, não havia mandados de prisão, apenas de busca e apreensão eram cumpridos. A operação que mobilizou 30 servidores teria bom resultado, não fosse a morte uma sombra permanente na atividade policial. Foi assim que lembrou o chefe da Polícia Civil no Estado, Emerson Wendt, em coletiva de imprensa na qual não conteve as lágrimas.
"Ser policial é isso. É como se assinássemos um contrato com cláusula de vida" – resumiu Wendt.
EDUARDO TORRES e HUMBERTO TREZZI / ZH

O governo do RS, ou governicho, Sartori tentará votar nesta terça-feira projetos do pacote

Piratini não conseguiu fechar ajuda da União, extinguir fundações ou aprovar propostas no primeiro semestre

O governo de José Ivo Sartori chega ao fim dos primeiros seis meses de 2017 — a um ano e meio da conclusão do mandato — colecionando impasses. Por diferentes razões, não conseguiu assegurar o socorro financeiro da União nem concluir a extinção de seis fundações estaduais. Também não teve votos suficientes para aprovar os projetos remanescentes do pacote de ajuste fiscal, que devem voltar ao plenário nesta terça-feira, na derradeira tentativa de zerar a pauta até o recesso parlamentar.
Aliados de Sartori evitam falar em "semestre perdido" e destacam anúncios recentes nas áreas de segurança e educação — como a promessa de construir três novas prisões e liberar verbas para reformas em escolas —, mas o sentimento é de que a gestão patinou em temas considerados estruturais.
"Foi um primeiro semestre pouquíssimo produtivo. O governo não teve apoio na Assembleia e ficou muito tempo girando em torno de assuntos que não avançaram. Andou em círculos. Agora, precisa ter foco e acelerar o passo para ver se ainda dá para fazer alguma coisa em 2017, porque 2018 é ano eleitoral. Tudo fica mais difícil" — avalia Celso Bernardi, presidente estadual do PP.
Aposta do Piratini para voltar a pagar salários em dia, o acordo com a União é a principal fonte de preocupação para Bernardi e os demais apoiadores de Sartori. Em janeiro, a expectativa da Secretaria da Fazenda era aderir ao regime de recuperação fiscal até maio, mas o auxílio foi condicionado à venda de estatais, e a situação se complicou. Hoje, a adesão está indefinida.
Quanto ao fechamento de seis fundações e da Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas, decisões judiciais postergaram os planos do Piratini de concluir o semestre levando a cabo a redução do Estado. O processo deveria estar concluído em julho, com a demissão de cerca de 800 servidores, mas passou a ser mediado pela Justiça do Trabalho, e as audiências estão longe do fim.
Outro revés de Sartori nos últimos seis meses foi a fragmentação da base aliada. Desde dezembro, quando garantiu a aprovação de 14 dos 15 textos levados à votação, a articulação política falha. A principal perda foi a deserção do PDT, que se prepara para lançar candidato próprio ao Piratini em 2018.
Sem votos suficientes, o governo protelou, semana após semana, a votação do pacote. Até o início de junho, não conseguiu aprovar nenhum projeto de impacto. A emenda à Constituição que dispensaria plebiscito para privatizar CEEE, Sulgás e Companhia Riograndense de Mineração (CRM) acabou arquivada, e as pretensões do Piratini de ouvir a população sobre o assunto ainda neste ano naufragaram. Ainda assim, o líder do governo na Assembleia, Gabriel Souza (PMDB), diz ver na derrota uma vitória:
"A decisão pelo plebiscito foi um ato de coragem do governador e revelou à sociedade quais são os partidos contrários a esse instrumento. Mostrou quem é quem."
No que depender de Sartori, que já age como candidato à reeleição, a consulta popular será realizada em outubro de 2018. Outra decisão do governador, segundo o chefe da Casa Civil, Fábio Branco, é usar as três próximas sessões legislativas antes que os parlamentares entrem em recesso, em 17 de julho, para finalizar a votação do pacote — e, assim, quebrar a imagem de paralisia:
"As dificuldades do primeiro semestre não se deram por falta de empenho do governo, mas por uma impossibilidade de avançar. Se até agora tivemos poucos resultados na Assembleia, quero garantir que vamos limpar a pauta, até para podermos planejar o segundo semestre."
Na oposição, o ultimato é encarado com ceticismo.
"O governo disse tantas vezes que iria colocar em votação e não cumpriu, que já não acreditamos mais. Por que agora seria verdade?" — questiona o deputado Pedro Ruas (PSOL).
A situação do pacote de Sartori

Dos 11 textos remanescentes do pacote de ajuste fiscal, apenas uma proposta de emenda à Constituição (PEC) foi aprovada em primeiro turno neste semestre — precisa passar por nova votação para aprovação definitiva. Confira a situação de cada projeto.
Data de pagamento: a PEC 257/2016 revoga o artigo constitucional que estabelece o último dia do mês para pagamento dos servidores, bem como a data de 20 de dezembro para o 13º salário. Situação: sem votação.
Plebiscito para privatizações: a PEC 259/2016 retira da Constituição Estadual a necessidade de plebiscito para os casos de alienação, transferência do controle acionário ou extinção de CEEE, CRM e Sulgás. Situação: arquivada em junho deste ano.
Cedência para sindicatos: a PEC 256/2016 elimina a remuneração, por parte do Estado, de servidores que não desempenham funções nas quais foram nomeados após concurso por estarem cedidos a entidades de classe. Situação: sem votação.
Adicionais por tempo de serviço: a PEC 258/2016 extingue o direito aos adicionais por tempo de serviço dos servidores estaduais aos 15 anos (15%) e aos 25 anos (10%). Situação: sem votação.
Fim da licença-prêmio: a PEC 242/2015 extingue a licença-prêmio por assiduidade e cria a licença-capacitação. A intenção do Piratini é "conter a expansão de um dos principais itens das despesas do Tesouro". Situação: sem votação.
Créditos fiscais presumidos: o PL 214/2015 limita a apropriação de créditos fiscais presumidos pelas empresas, entre 2016 e 2018, ao valor correspondente a 70% do total. Significa reduzir em 30% os benefícios. Situação: pode ser votado nesta terça-feira.
Averbação de licenças: o PLC 243/2016 proíbe averbação da licença especial em dobro para PMs. Hoje, os PMs podem optar por não tirar licenças para se aposentar mais cedo. Com a proibição, o tempo de serviço aumentará em três anos. Situação: pode ser votado nesta terça-feira.
Plantões da Susepe: o PLC 245/2016 elimina o regime de plantão da Susepe de 24 horas de trabalho por 72 ou 96 horas de folga nos presídios. Estabelece jornada de 40 horas semanais igual à dos demais servidores. Situação: pode ser votado nesta terça-feira.
Sobras de recursos de poderes: o PL 254/2016 converte os saldos dos recursos financeiros de órgãos e poderes não usados até o fim de 2016 para o fundo de reforma do Estado. Projeto enfrentou resistência do Judiciário. Situação: arquivada em maio.
Regras de aposentadoria: a PEC 261/2016 altera o conceito de tempo de serviço pelo de contribuição na Constituição Estadual. A regra impossibilita formas de contagem de tempo fictícias para a aposentadoria. Situação: pode ser votada nesta terça-feira.
Brigada nos presídios: a PEC 255/2016 exclui a guarda externa dos presídios das atribuições da Brigada. Segundo o Piratini, outras categorias podem fazer a atividade, liberando PMs para o policiamento ostensivo. Situação: aprovada em primeiro turno em 13 de junho.

Sem privatização, socorro é incerto

Desde o início de 2017, as dúvidas em torno da adesão do Estado ao plano de recuperação fiscal proposto pela União se ampliaram. Na última semana, o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, voltou a ouvir de técnicos do Tesouro Nacional, em Brasília, que não haverá acordo se o Rio Grande do Sul não oferecer ativos como contrapartida. A oferta depende de privatizações.
"Estamos sem saída" — disse Feltes, ao final do encontro.
Para atender à exigência federal, o Palácio Piratini tentou colocar em votação, ao longo de todo o primeiro semestre, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que dispensaria a necessidade de plebiscito para vender CEEE, Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e Sulgás. Por falta de votos, após meses de tentativas infrutíferas, a PEC nem sequer foi a plenário.
Mesmo assim, o governo esperou até o fim de maio para mudar a estratégia e enviar uma proposta de decreto legislativo (PDL) à Assembleia, pedindo a convocação de consulta popular para novembro. Por exigência legal, teria de ser aprovado até 15 de junho. Não foi.
Com base em parecer da Procuradoria-Geral da Assembleia, o presidente da Casa, Edegar Pretto (PT), devolveu a proposta, argumentando que o Piratini deveria, primeiro, apresentar projeto de lei especificando o que faria com as empresas. Contrariado, o governo acabou cedendo à manobra e protocolando o novo texto, mas perdeu a chance de ouvir a opinião da população neste ano. O projeto segue tramitando.
"Infelizmente, faltou foco. O governo deveria ter convocado esse plebiscito em 2016, nas eleições municipais. Esperou demais e deu no que deu" — lamenta Celso Bernardi, presidente estadual do PP.
Agora, a consulta deverá ficar para 2018. Até lá, o socorro federal só se tornará possível se o Ministério da Fazenda recuar na exigência dos ativos.
"O Tesouro Nacional está se portando de maneira inflexível, mas, quando o assunto se esgotar entre os técnicos, vamos levar essa questão ao alto escalão, para tentar uma saída política. Não vejo por que o Estado não possa fechar um acordo envolvendo apenas a suspensão da dívida com a União. Para isso, não são necessários ativos" — sustenta o líder do governo na Assembleia, Gabriel Souza (PMDB).
Em caso de êxito, o pagamento das parcelas seria suspenso por três anos. A carência na dívida significaria fôlego momentâneo de R$ 9,5 bilhões ao caixa — valor a ser cobrado ao fim do período, com juros e correção. O secretário da Fazenda diz que, sem esse respiro, a situação financeira ficará pior, mas reconhece que o alívio seria insuficiente para sanar as contas.

Extinção de órgãos depende de acordos

Nenhum funcionário foi demitido até agora, embora a autorização para a extinção de seis fundações e da Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (Corag) tenha sido aprovada em dezembro passado pela Assembleia. Os desligamentos foram suspensos por decisão judicial e dependem de acordos coletivos para avançar.
Depois de duas rodadas de negociação direta sem resultados, o processo passou a ser mediado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT). As audiências começaram com a Fundação Piratini. Para o próximo dia 17, está marcada reunião para tratar do caso da Corag. Não há prazo para a conclusão das conversas. Enquanto isso, as entidades seguem funcionando.
O governo obteve aval do Legislativo para encerrar 12 estruturas estaduais. Cinco delas foram fechadas, como a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária e a Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, mas resultaram em apenas 26 servidores desligados e 62 cargos de chefia cortados.
A maioria das dispensas previstas envolve os sete órgãos cujo futuro está em discussão - entre os quais, Fundação de Economia e Estatística e Fundação Zoobotânica. Inicialmente, o governo trabalhava com a estimativa de 1,2 mil desligamentos, mas o número previsto caiu para cerca de 800, a partir do entendimento de que parte dos servidores tem estabilidade assegurada.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Quando teria de ganhar contra o Corinthians, o Grêmio perde de 1 x 0 na Arena

Só agora o Grêmio perde a primeira partida e diante do maior público deste campeonato na Arena...

O goleiro do Grêmio sofreu um gol na meia das pernas, frango...

A melhor chance de gol para o Grêmio foi o pênalti, mas o Luan é muito ruim, bateu fraco e perdeu...

O time do Corinthians tem um bom goleiro, que há anos era do Grêmio, e nunca foi titular...

Se o time tivesse jogado um pouco melhor, o Grêmio teria ganhado do Corinthians... 

Vamos ver depois, se o Grêmio ganhar um, só um título de Campeão, o melhor seria a Libertadores, mas tem a Copa do Brasil e, logicamente, o Brasileirão...

sábado, 24 de junho de 2017

Filósofo José Arthur Giannotti fala sobre política, Temer, Lava-Jato e Justiça

Mario Sergio Conti conversa com o filósofo José Arthur Giannotti, professor da USP. O professor fala de política, governo Temer, Lava-Jato e Justiça. Giannotti considera que a crise é gravíssima, não atinge apenas a representatividade dos políticos, mas ameaça à Democracia e os fundamentos do Estado brasileiro.

O vídeo: https://globosatplay.globo.com/globonews/v/5943538/

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Cigarros contrabandeados viram “moeda”

A região produtora de fumo foi atingida diretamente pelo avanço das facções criminosas. Uma ação que até agora, porém, é observada nas ruas, comentada entre os moradores e a polícia, mas sem se transformar em denúncia. Traficantes estariam obrigando os pequenos comerciantes de bairros periféricos de Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Lajeado, principalmente, a vender somente cigarros de uma marca específica, trazida em contrabando do Paraguai. Nas ruas, além da tradicional assinatura da facção Os Manos nos muros, encontra-se o logotipo “Grupo R7 filter cigarretes”, para marcar o território.

"Temos muitas informações de comerciantes coagidos a vender somente estes cigarros. Por outro lado, usuários de drogas também teriam a ordem nos pontos de tráfico para só fumar estes cigarros. A situação que constatamos na região é de que, quem não se enquadra nas regras da facção, sofre as retaliações. Já temos uma alta de 20% nos homicídios este ano" – aponta o delegado Juliano Stobbe, de Lajeado.
Segundo Stobbe, o fato de a região ter uma economia pujante é atrativo para a facção da Região Metropolitana.
"Sabidamente, aqui está um mercado consumidor de cocaína" – aponta.
O uso dos cigarros contrabandeados, vendidos quase à metade do preço dos cigarros legais, é a novidade. A polícia ainda investiga a situação, com o auxílio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas a suspeita é de que o fomento ao contrabando seja a forma de capitalizar os traficantes locais.
"A região fica no caminho para a Região Metropolitana pela BR-386. É a principal rota da droga e do contrabando do Paraguai. É bem provável que a facção esteja usando isso como forma de fazer caixa e garantir o controle desse ponto estratégico" – explica o delegado.
A presença dos logotipos pela região começou a ser percebida no início deste ano. Desde então, pelo menos duas apreensões dos cigarros já foram feitas.

O medo nas ruas

"É perturbador chegar ao local onde está um corpo e saber que conhecia aquele guri. Saber que ele morreu daquela forma violenta. A gente não quer se envolver, mas como chegamos quase na hora do crime, é difícil não ouvir alguma coisa, saber como aconteceu. Isso é muito ruim. Mudou muito a nossa rotina."

Quem conta a mudança é um dos funcionários da funerária de São José do Norte, na Região Sul, pedindo para não ser identificado. O município de 27 mil habitantes vive dias de tensão desde o começo do ano. Em apenas quatro meses, 14 pessoas foram assassinadas – 13, conforme a Polícia Civil, por crimes decorrentes da disputa entre facções. É quase o triplo de todos os homicídios registrados em 2016 no município.

A prefeitura chegou a decretar situação de emergência. Dois policiais reforçaram a equipe da delegacia local e a Brigada Militar fez algumas ações com o Pelotão de Operações Especiais (POE), de Rio Grande. Desde o mês passado não houve novos homicídios, mas quem disse que o medo diminuiu?

"Tivemos uma tentativa de homicídio da forma como a população mais teme. Foi uma senhora atingida nas pernas quando andava pela rua no momento em que um homem atirava contra outro. Isso assusta ainda mais as pessoas" – aponta o delegado Ronaldo Coelho.
São José do Norte tornou-se este ano um último ponto sob disputa na Região Sul. Em plena expansão, um grupo criminoso de Rio Grande, ligado à facção Os Manos, teria financiado jovens traficantes locais para controlar a cidade. Isso acabou afugentando os rivais, que teriam recebido amparo dos Bala na Cara para tentar retomar os pontos.

Conforme a polícia, um traficante atualmente preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) conseguiu arregimentar um pequeno império. Tem controle absoluto na prisão e nas ruas de Rio Grande e aliou-se ao grupo local conhecido como Os Tauras, de Pelotas, para também ter influência na outra grande cidade da região.

A área concentra uma rota importante para a entrada de armas no Estado. A negociação com a facção na Região Metropolitana incluiria, conforme apontou mais de uma investigação policial do Vale do Sinos, o envio de carros roubados para o Sul, como moeda de troca por armas do Uruguai.

Bando “exporta” o seu estilo

Aconteceu na saída da Rodoviária de Porto Alegre um dos capítulos da disputa de controle orquestrada por uma facção criminosa em São Borja, na Fronteira Oeste, em novembro passado. Bruno Dornelles Ribeiro, 24 anos, que fugia da cidade, acabou morto a tiros logo depois de desembarcar na Capital.

Conforme a apuração da Polícia Civil, o atirador era de Canoas e foi contratado a partir da cadeia, em Uruguaiana. Dias depois, o cunhado de Bruno, Pedro Antônio Martins Pereira, o Dóia, 45 anos, também foi executado, mas em São Borja. Era a eliminação de um foco de resistência aos Bala na Cara que persistia na região.
"São dois grupos que travavam uma guerra pelo controle do tráfico em uma parte da cidade junto ao porto. Não temos nenhuma investigação que demonstre até agora uma articulação mais organizada da facção criminosa para o uso do porto, apesar de encontrarmos muitas pistolas argentinas nas ruas" – aponta o delegado Marcos Vianna.
A guerra de São Borja é muito semelhante às provocadas em áreas da Capital onde os Bala na Cara iniciaram sua atuação. Geralmente, um gerente do tráfico local é municiado para tomar o controle da quadrilha e passar a traficar com a facção. Neste caso, a polícia acredita que a ordem para as mortes tenha partido de um traficante da região, um dos gerentes nos pontos de tráfico mantidos em São Borja. Preso, passou um período em Charqueadas e voltou de lá como integrante da facção. Atualmente está preso em Uruguaiana.

Uma das suspeitas da polícia é de que o controle dos Bala na Cara em São Borja seja uma alternativa ao que já foi constatado em outras investigações com relação a Santana do Livramento, onde um criminoso preso na Região Metropolitana exercia o controle da entrada de armas no Estado em nome da facção.

O maior contragolpe contra o crime

Em abril deste ano, uma ação conjunta entre Polícia Civil, Ministério Público e Susepe transferiu 13 líderes do tráfico do presídio de Caxias do Sul para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). A ação, denominada Serrania, de acordo com o diretor do Departamento de Segurança e Execução Penal da Susepe, Ângelo Carneiro, é considerada o modelo ideal adotado atualmente para barrar o avanço das facções criminosas no Interior.

"Detectamos na Serra e em outras regiões uma facção que estava criando ramificações importantes a partir dos presídios. Agimos diretamente no foco do problema, tirando as lideranças do meio das massas. Hoje, na Pasc, eu asseguro que é possível isolar os presos e desarticular essas associações" – destaca.
A Serra concentra um dos braços mais independentes da facção Os Manos. A investigação constatou que as lideranças haviam se unido e tomavam o controle tanto da cadeia quanto das ruas. Essa facção seria um dos motivos para a explosão dos homicídios em Caxias do Sul no ano passado, quando 150 pessoas foram assassinadas na cidade.

Agora, porém, a polícia investiga a possibilidade de consequências nas ruas da ação de abril. No último final de semana, quatro pessoas foram vítimas de uma chacina em uma casa que era usada como ponto de tráfico de drogas no bairro Pioneiro. Uma das linhas de investigação apura a possibilidade de criminosos ligados aos Bala na Cara terem executado o crime para tentar tomar o ponto dos rivais.

"Comprovando o aporte de mais uma facção criminosa e em disputa pelo mercado, nós alcançamos o mesmo patamar da Região Metropolitana. Precisamos nos preparar para este tipo de investigação, não somente do tráfico de drogas isolado, mas também quanto ao modo de ação destas facções" – alerta o delegado Rodrigo Kegler Duarte, da Delegacia de Homicídios de Caxias do Sul.
Outra linha de investigação demonstraria que a ação de abril foi insuficiente para desarticular a facção. Seria uma represália do grupo contra traficantes locais que, na ausência dos líderes, teriam passado a traficar de maneira independente. Neste ano, Caxias do Sul já registrou 53 assassinatos.

Região era investimento da facção

No começo do ano passado, temendo uma consequência trágica, a mãe do adolescente Luís Ricardo Rodrigues da Silva, 16 anos, retirou-o da Região Metropolitana, onde o envolvimento com uma facção criminosa tornou o seu destino muito arriscado. Mandou o rapaz para Santa Maria, na Região Central.

No dia 1º de junho de 2016, o adolescente foi executado no bairro Itararé. O inquérito ainda não foi encaminhado à Justiça, mas a Delegacia de Homicídios local já teria identificado a autoria. A suspeita é de que ele tenha sido morto a mando dos Bala na Cara.

Há pelo menos dois anos a polícia tenta barrar o fortalecimento do grupo na cidade. Mesmo assim, o bando conseguiu se estabelecer sobretudo na região oeste de Santa Maria, reduto de um traficante. No primeiro trimestre deste ano, 13 pessoas foram assassinadas. Uma estatística que vem se mantendo nos últimos três anos, mas com uma característica peculiar.

"Nos crimes relacionados à facção, notamos que os atiradores geralmente vêm de outros lugares, a mando e orientados por criminosos locais" – explica o delegado Gabriel Zanella, da Delegacia de Homicídios de Santa Maria.
Outro sinal da presença do crime organizado na cidade, de acordo com o titular da Delegacia de Furtos, Roubos e Capturas de Santa Maria, delegado Sandro Meinerz, é a alta nas apreensões de maconha. Neste ano, 250kg da droga foram apreendidos só pela Polícia Civil. Nos últimos cinco anos, foram duas toneladas.
"Quando deflagramos a Operação Palco, em 2015, havia um plano bastante ousado de investimento da facção nessa região. Tentaram se estabelecer no Beco da Tela, que não é muito distante do centro da cidade. Despejariam drogas e colocariam integrantes da Região Metropolitana para tomar o controle dos pontos" – relata.
Por trás do financiamento estava o assaltante José Carlos dos Santos, o Seco, vinculado aos Bala na Cara, que teria conhecido o traficante local, em Charqueadas. A partir de lá, comandavam a tomada da cidade na Região Central.
"Eles não conseguiram cumprir o plano que tinham, de dominar toda a região e controlar diversas áreas da cidade. Mas na mais empobrecida de Santa Maria, exercem poder. Tudo isso alimentado pelo que atraía o investimento do Seco: o potencial de consumo de maconha da cidade" – explica o delegado.

A guerra invadiu o cenário interiorano

Passava do meio-dia de segunda-feira, 24 de abril, quando três homens armados com pistolas 9mm desembarcaram de uma caminhonete em uma das ruas de chão batido do bairro Getúlio Vargas, próximo à área central de Santo Augusto, na Região Noroeste. Dispararam dezenas de vezes contra quem estava na frente de uma das casas de madeira. Mataram Irineu Camargo, 69 anos, um dos mais conhecidos moradores da cidade, famoso pelos salames que a família produz. Deixaram feridos ainda a mulher dele e o filho, de 33 anos, conhecido como Pelezinho no futebol amador local, e que hoje vive o drama de perder os movimentos de uma das mãos. Eles não eram o alvo dos bandidos. E sim um vizinho, que tomava chimarrão com Irineu naquele momento.

"Ninguém consegue esquecer. Todo mundo caminha na rua olhando para os lados, cuidando os movimentos. Nunca se sabe quando uma desgraça pode acontecer de novo" – conta uma moradora de 27 anos, que prefere não ser identificada, por medo de represálias.
Recentemente, moradores perceberam a movimentação de duas caminhonetes com placas da Região Metropolitana e acionaram a Brigada Militar. Os policiais logo chamaram reforço regional e, em alguns minutos, todos no município percebiam as viaturas por todos os lados. Era alarme falso. O susto foi porque os atiradores que mataram Camargo eram de Novo Hamburgo e agiram, segundo o delegado Gustavo Fleury, a mando de um traficante local, atualmente foragido.

A Região Noroeste virou ponto estratégico para a facção Os Manos. O grupo fornece, da Região Metropolitana, crack e cocaína para abastecer o tráfico local. Em troca, recebe maconha que é trazida da fronteira local com a Argentina. Para adquirir a droga no lado estrangeiro, são comuns as trocas por motos roubadas no lado brasileiro. Os roubos de veículos aumentaram 166% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado no Noroeste. De acordo com o delegado que investiga o caso, o estopim para a tentativa de matar o vizinho de Irineu Camargo em Santo Augusto foi justamente uma moto roubada.

Facções avançam no Rio Grande do Sul

Articulados a partir de presídios, criminosos que espalham terror pela Região Metropolitana estão expandindo sua influência pelo Interior. Em busca de vantagens no mundo do crime, estão fatiando o Estado

Só há um muro na rua de casas simples, piso de paralelepípedos, típica do interior, no bairro Madre Tereza, em Santo Antônio da Patrulha. É a parede lateral do salão de uma igreja. Pois foi ali que a chegada das facções criminosas deixou sua marca. Em tinta azul: “14-18-12”, marca dos Manos, com referência a artigos da antiga lei de drogas. Abaixo, em preto: “BNC”, iniciais de Bala na Cara.

Desde o começo do ano, este é um ponto sob disputa dos dois principais grupos criminosos originários da Região Metropolitana. A algumas quadras da pichação, Pedro Conceição, 19 anos, e o sobrinho João Pedro Conceição, quatro anos, foram executados em um ataque contra a casa de madeira da família em 29 de maio. Noventa e três cápsulas deflagradas foram recolhidas. O tio, de 55 anos, que estava junto, não sabe explicar exatamente o que aconteceu. Desde aquela noite, não consegue dormir. A família assistia a um filme quando criminosos invadiram a casa e abriram fogo:
"Me joguei no chão e rezei. Foi o que deu para fazer naquela hora" – conta.
Conforme o delegado Valdernei Tonete, as vítimas não eram os alvos do bando. Pedro não tinha envolvimento com a criminalidade. A vida dele, segundo o tio, era dedicada a cuidar de cavalos e galinhas que ficaram no pátio da casa. As mortes engrossaram uma conta macabra no município de 43 mil habitantes: nove pessoas já foram assassinadas neste ano. É o mesmo número registrado em todo o ano passado. A mãe e os oito irmãos de Pedro, entre eles a mãe de João Pedro, foram embora da cidade.
"Está todo mundo apavorado porque poderiam ter atirado em qualquer casa. Moro há 20 anos aqui e nunca vivi nada parecido" – diz uma moradora de 44 anos, que pede para não ser identificada.
Santo Antônio da Patrulha é o palco mais recente de um novo estilo de avanço da criminalidade pelo Estado. Desde o ano passado os homicídios saltaram no Litoral Norte, sobretudo em Capão da Canoa, que teve aumento de 66% nos assassinatos no primeiro trimestre deste ano. Os Bala na Cara e Os Manos disputam entre si o controle e fatiam o Rio Grande do Sul. Em pelo menos sete regiões, fora da Metropolitana, há relatos da presença deles.

Com 13 mil habitantes, Santo Augusto, no Noroeste, vive em pânico depois de uma investida com tiros a esmo que resultaram na morte de um idoso de 69 anos sem envolvimento com a criminalidade. Os homicídios saltaram 60% na região em relação aos cinco primeiros meses de 2016. No Sul, São José do Norte já perdeu 13 jovens na disputa este ano. É quase o triplo de todo 2016. Nos vales do Taquari e Rio Pardo, elas já interferem no mercado de cigarros.

Mais de 15 ações de presos se organizando já foram detectadas

A situação se agravou no início deste ano a partir de uma espécie de “doutrinação” de criminosos próprios de cada região depois de presos e em contato com líderes da Região Metropolitana. O objetivo vai além da possibilidade de exclusividade na venda de drogas em uma determinada área. Os tentáculos das facções criam cadeias de comércio ilegal e controle de rotas de drogas e armas no Estado. E quando encontram regiões fragilizadas pela falta de policiais nas ruas, a criminalidade dispara. Na Região Noroeste, o roubo de veículos aumentou 166% no primeiro trimestre deste ano em relação a 2016.

Articuladas a partir dos presídios, as facções têm na superlotação do sistema o combustível ideal para arregimentar mais integrantes. Este é um dos motivos para o avanço no Litoral Norte. Segundo a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), a Penitenciária Modulada de Osório – única casa prisional na região – está com ocupação 120% acima da capacidade: tem vaga para 800 e está com 1.758 presos.

Para as facções, a vantagem de ter aliados no Litoral é tanto logística – para eventuais fugas – quanto comercial, já que o fornecimento da droga é feito a partir da base da facção. Aos traficantes locais, a sociedade é a garantia de segurança para manter seus pontos. De acordo com o diretor de Polícia do Interior, delegado Fernando Sodré, a presença de facções cada vez em mais regiões do Estado é a maior preocupação atual do departamento. O foco é detectar as fontes de lucratividade e descapitalizar os grupos criminosos com ações contra a lavagem de dinheiro, por exemplo. Mas, admite, é insuficiente:
"A articulação acontece nas cadeias. Tanto com presos do Interior levados à Região Metropolitana, quanto o contrário. A prioridade de qualquer ação pública hoje tem de estar centrada em assumir o controle do sistema prisional. Com as cadeias lotadas, fica quase impossível separar o joio do trigo."
O diretor do Departamento de Segurança e Execução Penal da Susepe, Ângelo Carneiro, admite que a superlotação é um fator facilitador. Números da superintendência apontam cadeias lotadas em todas as regiões onde foram detectadas movimentações.
"Todo e qualquer grupo nas nossas prisões está mapeado. É um trabalho permanente do nosso serviço de inteligência e de troca de informações com a Brigada Militar, Polícia Civil, Polícia Federal e até a Agência Brasileira de Inteligência (Abin)" – detalha.
Segundo ele, mais de 15 ações de facções se organizando no Interior já foram detectadas e sufocadas. Para o sociólogo Juan Fandino, do Núcleo de Estudos sobre Violência da UFRGS, o fenômeno atual começou a ser gerado quando o crime chegou ao Interior. A dependência da estrutura das grandes facções, agora, é consequência quase natural.
"Nesse momento as facções estão no seu apogeu, têm mais dinheiro e buscam lucro. Não são os criminosos daqui que vão para lá, mas eles que exercem a influência e garantem a dependência das demais regiões de toda a estrutura que criaram" – explica.
O Estado precisa agir, aponta o especialista, para evitar que as facções se perpetuem:
"A facção se fortalece do esgotamento da reserva moral de uma comunidade, temos visto isso nas periferias de Porto Alegre e nos presídios superlotados, onde exercem controle total. Comunidades empobrecidas, sem assistência plena do Estado se tornam terrenos férteis para a estrutura criminosa."
EDUARDO TORRES/ZH
COMO BARRAR O AVANÇO
-Novos presídios: a principal fonte de disseminação das facções para o Interior está nos presídios. A organização dos grupos criminosos é facilitada pela superlotação e ausência de estrutura alternativa nas cadeias. No último dia 12, o governo estadual anunciou a construção de três novos, em Viamão, Alegrete e Charqueadas. De acordo com o diretor do Departamento de Segurança e Execução Penal da Susepe, Ângelo Carneiro, o objetivo é que as novas casas prisionais, com capacidade para 924 presos, sigam o modelo já adotado na Penitenciária Estadual de Canoas. Lá, o preso usa uniforme, estuda, trabalha e tem direito a visita diferenciada. Não tem superlotação o que, de acordo com Carneiro, facilita o acompanhamento do tratamento penal de cada preso.
-Isolamento de lideranças: a estratégia adotada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) para barrar a guerra de facções na Região Metropolitana foi a transferência cada vez mais frequente de líderes dos grupos para penitenciárias federais. A construção de um presídio nesses moldes no Estado aumentará o poder de barganha para o envio de mais presos a serem isolados fora do Rio Grande do Sul.
-PMs nas ruas: o crescimento das facções criminosas em regiões como a Noroeste encontra um agravante perigoso. Alguns dos municípios afetados pelo problema sequer contam com policiamento ostensivo suficiente. No mês passado, o governo estadual anunciou que nenhum município do RS terá menos que três policiais militares em serviço a partir deste mês. A meta é, a partir do final do ano, aumentar este número para cinco brigadianos.
-Regionalização: as apurações policiais sobre o avanço das facções levaram o Departamento de Polícia do Interior a criar grupos regionais de investigação específicos. A intenção, de acordo com o delegado Fernando Sodré, é otimizar esforços entre os diversos municípios de cada região e detectar toda a rede formada pelos grupos criminosos, ao invés de investigar isoladamente.
-Parcerias: ação considerada exemplar na tentativa de frear o avanço das facções, a Operação Serrania, desencadeada no Presídio Estadual de Caxias do Sul foi conjunta entre a Polícia Civil, Ministério Público, Brigada Militar e Susepe. Nas áreas de fronteiras, a parceria dos órgãos estaduais se dá com a Polícia Federal. E em áreas como os vales do Taquari e Rio Pardo, a Polícia Civil e a Brigada Militar atuam com a Polícia Rodoviária Federal para tentar coibir o contrabando que municia traficantes locais.

terça-feira, 13 de junho de 2017

Top of Mind indica Grêmio como o clube mais lembrado no Rio Grande do Sul

Tricolor superou o Inter em todas as regiões e classes sociais

O Grêmio foi mais uma vez o time mais lembrado na pesquisa Top of Mind 2017, da Revista Amanhã, divulgada na manhã desta terça-feira (13). De acordo com a publicação, o Tricolor superou o Inter em todas as regiões e classes sociais.
"O gremista, sabidamente, é um dos mais engajados do país, fato que o mantém ativo e, incondicionalmente, fiel à causa clubística" — disse à revista Beto Carvalho, executivo de marketing do Grêmio.
A diferença do Grêmio para o Inter tem crescido nos últimos anos — 48% a 42,2% em 2015; 49% a 42,8% em 2016; 53,3% a 39,4% em 2017. O Grêmio foi o clube mais lembrado no Top of Mind pela 21ª vez.

Números de 2017:

Total: Grêmio 53,3% x 39,4% Inter
Classes A/B: Grêmio 53,8% x 41,1% Inter
Classe C: Grêmio 54,4% x 39,2% Inter
Classes D/E: Grêmio 50,5% x 38,8% Inter
Região Metropolitana: Grêmio 56,1% x 41,7% Inter
Interior: Grêmio 51,1% x 37,6% Inter

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Piratini anuncia construção de presídios no RS

Governador Sartori confirmou que Estado terá mais três complexos, além de nova central de triagem

Por: Mateus Ferraz e Marcelo Kervalt/ZH
O governador José Ivo Sartori anunciou, na manhã desta segunda-feira (12), medidas para o sistema penitenciário gaúcho. Conforme o governador José Ivo Sartori, três presídios serão construídos no Rio Grande do Sul, além de um centro de triagem em Porto Alegre.
Charqueadas terá um presídio federal de segurança máxima, em área de 25 hectares, próximo à RS-401. A capacidade será para 208 apenados, de alta periculosidade. O investimento estimado no complexo é de R$ 40 milhões e é resultado da adesão ao Plano Nacional de Segurança Pública.
Sartori também confirmou a construção de presídio estadual em Viamão, com capacidade para 430 lugares, em área de 10 hectares. Os R$ 26 milhões das obras serão custeados com recursos federais.
O terceiro presídio anunciado pelo governador será em Alegrete. Em processo de licitação, o complexo estadual terá custo de R$ 16,5 milhões e será financiado pelo Estado e pela União. Com capacidade para 286 apenados, o lugar ficará em uma área de 10 hectares, próximo ao posto da Polícia Rodoviária Federal.
Ao todo, serão 924 novas vagas em penitenciárias.

Já o centro de triagem da Capital poderá abrigar 96 detidos. O investimento será de R$ 2,9 milhões, com recursos do Estado. O centro ficará em área anexa à Cadeia Pública de Porto Alegre e, segundo Schirmer, substituirá o ônibus-cela Trovão Azul.
"Não podemos descansar nem recuar. O enfrentamento da criminalidade precisa desse esforço diário, constante e concreto" — disse o governador durante a coletiva de imprensa.
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"Piratini anuncia construção de presídios no RS"... Em Charqueadas será o empregado o dinheiro para construção de Presídio Federal e está em processo de licitação, porém quanto às demais cidades, sequer há processo de licitação em andamento, nem dinheiro, como é o caso do presídio de Viamão. O presídio de  Alegrete é antigo, assim como os de Passo Fundo, Lageado, Bento Gonçalves, Canoas, etc. Assim, percebe-se que está mal a Segurança Pública e a Susepe.

Vejam o vídeo: