“Salário parcelado, além de ser uma indecente quebra de contrato, provoca um enorme constrangimento financeiro”
"A dignidade ultrajada, por Claudir Nespolo
Receber salário parcelado,
além de ser uma indecente quebra de contrato, provoca um enorme constrangimento
financeiro. Desorganiza a dinâmica familiar, acarreta endividamento,
insegurança, afeta em cheio a autoestima da pessoa etc. Como os servidores irão
honrar os compromissos domésticos recebendo salário a conta-gotas? Como encarar
a família, os vizinhos, os amigos mais próximos, sendo manchetes de jornais
como descartáveis e até vadios? De onde tirar ânimo para iniciar uma jornada de
trabalho depois de meses de ameaças e agora sabendo que os seus salários virão
parcelados?
Não é possível que a solução para a crise das finanças do RS seja o
achincalhamento dos servidores. É obrigação de Sartori e dos poderes
Legislativo e Judiciário encontrar outras saídas. O governo está usando a forma
mais cruel e vil para convencer a sociedade da inviabilidade do Estado e
justificar os projetos de aumento linear de impostos, extinção de fundações e
as iminentes privatizações. Para isso, não há qualquer escrúpulo em sacrificar
os servidores públicos e prejudicar áreas como educação, saúde e segurança, tão
essenciais à população.
A histórica crise das finanças não será resolvida com Estado mínimo nem com
gestão privada da coisa pública. Só será efetivamente enfrentada se houver um
combate sistemático da sonegação fiscal, com ações eficazes de fiscalização,
assim como a revisão das isenções e renúncias fiscais. É urgente abrir novos
canais de renegociação da dívida do Estado com a União. É possível, sim,
discutir mecanismos tributários que não incidam sobre o consumo, mas sobre a
renda, o patrimônio e as grandes fortunas. É fundamental reorientar o Estado em
torno de um modelo de desenvolvimento baseado na promoção da indústria,
agricultura, comércio e serviços. Tudo isso com democracia, diálogo social e
transparência. Para isso, o governador precisa se convencer, mesmo que com
muita pressão popular, de que os serviços públicos são vitais para os mais
pobres, que o patrimônio do povo gaúcho é necessário para o Estado e os
servidores são indispensáveis."
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