Equipamentos já deveriam estar sendo usados para monitorar apenados, mas em fevereiro foi identificada uma falha
Depois de um adiamento de quase três
meses, as novas tornozeleiras eletrônicas para monitoramento de apenados
começarão a ser colocadas nesta semana, no Estado. A informação, não confirmada
oficialmente pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe),
é de fontes ligadas ao órgão.
Em fevereiro passado, o governo gaúcho fechou um contrato que prevê o
uso de até R$ 40 milhões para a compra de até 10 mil tornozeleiras, dependendo
da demanda. O vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira
Júnior, que a época respondia também pelo sistema penitenciário, anunciou que
os equipamentos começariam a ser colocados em apenados no início de março.
O prazo, porém, foi
dilatado, com o final de maio como nova previsão. O motivo foi a identificação
de um problema por parte de agentes: os chips que vieram nas tornozeleiras, embora usados
em outros países, não funcionariam no Brasil. Com essa constatação, os equipamentos foram enviados
novamente à empresa responsável, para adaptação.
Enquanto isso, as antigas tornozeleiras
continuaram sendo utilizadas, embora o contrato do Estado com a empresa
fornecedora tenha se encerrado no final do ano passado. Sobre esses
equipamentos, pairam críticas, como o fato de serem facilmente burlados pelos
apenados, com o uso de papel-alumínio.
Foi o que fez, há três anos, um jovem de 22 anos
preso por receptação de veículo roubado na zona sul de Porto Alegre. Ele
circulava por diferentes regiões da cidade sem que os servidores responsáveis
pelos monitoramento percebessem.
Outro crítica ao equipamento ainda em uso é a facilidade com que é
rompido, como fez, há quase um ano, André da Silva Dutra, conhecido como
Gordo Dé, apontado como líder de facção em Porto Alegre.
No dia 9 de junho do ano passado, ele saiu do Presídio Central, às
19h45min teve o equipamento instalado e, e, às 20h24min (39 minutos depois), já
em Viamão, rompeu o equipamento. Desde então, é considerado foragido do
sistema.
A nova tornozeleira, produzida pela
Georastreamento Inteligência e Logística, de Domingos de Martins, do Espírito
Santo, tem menor chance de ser rompida, de acordo com estudos. Segundo a
empresa, a tecnologia é semelhante à usada na Suíça, sendo uma peça única de
material rígido, com formato que se assemelha a um anel. A abertura e o
fechamento é de forma automática e será controlada pela Susepe. O peso é de até
200g.
Com a implantação das novas tornozeleiras, o Estado pretende reduzir a
chamada "nuvem", que é uma relação de presos que deveriam estar sendo
monitorados eletronicamente, mas, devido à falta de equipamentos, estão em
casa, sem o controle do Estado. De acordo com a Vara de Execuções Criminais
(VEC) de Porto Alegre, somente na região sob sua jurisdição, há 723 apenados
nessa situação.
Histórico
O uso de tornozeleiras no Rio Grande do Sul começou em 2010, por
iniciativa do juiz da VEC de Porto Alegre Sidinei Brzuska. Foram instalados
equipamentos inicialmente em 15 apenados do regime semiaberto.
O magistrado justificou o
projeto com o argumento de que o Rio Grande do Sul tinha déficit de vagas nos
presídios em todos os regimes carcerários. Um condenado por assalto, de 26
anos, foi o primeiro a ir para casa com o equipamento.
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