De Sul 21
O ataque surpresa do Hamas tem sido interpretado como uma tentativa de frustrar os acordos que Israel costurou com o mundo árabe nos últimos anos.
Essa é a avaliação de três especialistas entrevistados pela Agência Brasil e que acompanham a história do conflito entre Israel e Palestina.
Desde 2020, Israel firmou os chamados Acordos de Abraão com Emirados Árabes Unidos, Bahreim, Marrocos e Sudão e caminhava pra fechar acordos com a Arábia Saudita e sob a mediação dos Estados Unidos. Com isso, Israel esperava estabilizar as relações com os países árabes e isolar o seu maior rival: o Irã, aliado histórico do Hamas.
O cientista político e professor de Relações Internacionais Maurício Santoro, que é colaborador do Centro de Estudos Político Estratégicos da Marinha, analisa que tentativa de frustrar esses acordos explica o ataque do Hamas. Além disso, o especialista acrescentou que a ofensiva serviu para enviar mensagem ao povo israelense, repetindo o ataque de 50 anos atrás, quando eclodiu a Guerra de Yom Kippur e Israel sofreu um ataque surpresa.
Para além da mensagem política, os acordos de Israel com árabes que buscam normalizar as relações diplomáticas no Oriente Médio também teriam motivado o ataque.
"Conseguir firmar esses acordos muda os cenários estratégico da região. Israel passaria a ter uma base mais sólida entre países árabes para confrontar seu adversário mais ferrenho, que é o Irã. Então, um cenário que representasse Israel fazendo acordo com os países árabes i isolando o Irã seria péssimo par o Hamas". argumentou.
A ssessora do Instituto Brasil e Israel Karina Stange Caladrin, que também é pesquisadora do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), lembrou que o Hamas tem como objetivo último o fim do Estado de Israel e que, por isso, tem atacado os acordos árabe e israelenses dos últimos anos.
"O Hamas via nisso (Acordos de Abraão) um enfraquecimento da causa Palestina e uma perda de aliados. O Hamas condenou os acordos. Então, o ataque serve para clamar pelo apoio dos árabes à questão Palestina", destacou.
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