Ao inaugurar parcialmente a quinta penitenciária federal do Brasil, o ministro da Segurança Pública Raul Jungmann afirmou que a questão prisional é o principal problema da segurança pública, mas tem sido ignorada durante a campanha presidencial.
Raul Jungmann - Min. Segurança Pública |
Instalada em uma área de 12,3 mil metros quadrados, a penitenciária vai abrigar presos condenados e provisórios com relação com facções criminosas e, também, réus colaboradores que corram risco de vida no sistema estadual.
A unidade, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo, também terá espaço para receber brasileiros extraditados de outros países. A ala inaugurada terá capacidade para 52 detentos, mas ainda não se sabe quais presos serão transferidos para a capital federal.
“A questão prisional é o maior problema da segurança pública. São 720 mil apenados, número que cresce 8,3% ao ano, e 70 facções criminosas, entre grandes e pequenas, que comandam o crime de dentro dos presídios. Mas esse tema não dá voto. Da porta para dentro da cadeia, a sociedade não se preocupa mais”, afirmou o ministro.
No início de seu discurso, Jungmann pediu um minuto de silêncio em nome doa agentes penitenciários federais assassinados por facções criminosas. Embora as outras unidades federais – em Mossoró (RN), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO) – não tenham nome, o ministro sugeriu que a de Brasília seja batizada com o nome de algum dos agentes mortos pelo crime organizado.
De acordo com o ministro, o sistema prisional brasileiro, majoritariamente estadual, é comandado pelas facções que o transformaram em um escritório do crime. No entendimento de Jungmann, como o Estado não consegue garantir a vida dos detentos, esses grupos organizados exercem essa função. “Estamos recrutando integrantes para as facções e estamos graduando esses criminosos”, afirmou o ministro.
Nova lei
Jungmann também abordou em seu discurso a necessidade de mudança de lei para evitar que os detentos em presídios federais consigam se comunicar e repassar ordem para integrantes das facções que estão fora do sistema prisional.O jornal O Estado de S. Paulo em setembro que a Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil analisa uma proposta de projeto de lei para liberar a gravação de conversas entre detentos de penitenciárias federais e seus advogados.
A mesma proposta também visa impedir a visita íntima para líderes de facções e presos que estão no isolamento.
Segundo Jungmann, o ministério da Segurança fez alguns ajustes na proposta de lei e devolveu à Casa Civil para que o presidente Michel Temer decida sobre o envio para o Congresso Nacional. Atualmente, as visitas intimas estão proibidas e as conversas com advogados são gravadas com base apenas em decisões judiciais
Na quinta-feira, 11, o Setor de Inteligência da PF e do Depen mapearam e desarticularam dois planos do Primeiro Comando da Capital (PCC) para realizar atentados contra agentes públicos e explodir bombas em prédios públicos. A ação, segundo os investigadores, era uma retaliação do PCC a proibição das visitas e a gravação das conversas.