Ofensiva, realizada na manhã desta segunda-feira, é resposta a ações violentas que voltaram a ocorrer nos últimos meses, dentro e fora das cadeias, principalmente no Interior
GZH
Os criminosos que foram transferidos para
prisões federais na Operação Império da Lei II, nesta segunda-feira (9), são
considerados por autoridades como sendo de alta periculosidade e de muita
influência no crime organizado. GZH apurou a lista com
os nomes dos detentos.
Entre eles
estão Fabrício dos Santos da Silva, o Nenê, e Juraci Oliveira da Silva, o Jura.
Jura é líder
do tráfico no Campo da Tuca, em Porto Alegre,
e acusado de envolvimento na morte do médico Marco Antônio Becker,
vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), ocorrida em 2008.
Já o grupo de Nenê foi, na semana passada, alvo de ação da Polícia
Federal em que foram apreendidos R$ 20 milhões em bens do narcotráfico.
Dos nove transferidos, seis já deviam ter saído do
Estado em março, na primeira etapa da Império da Lei, mas a Justiça não
autorizou. Foi graças a recursos do Ministério Público que foi possível
reverter as negativas.
Veja quem são os presos transferidos
Juraci Oliveira da Silva, o Jura
Desde 2010, quando foi preso em Pedro Juan
Caballero, no Paraguai, ele cumpre pena por tráfico e por homicídio na Pasc. Apontado como o
patrão do tráfico no Campo da Tuca, na zona leste de Porto Alegre, também é
acusado de envolvimento na morte do médico Marco Antônio Becker,
vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), ocorrida em 2008.
Durante um julgamento em que foi absolvido por duas mortes, em 2015, chegou a
admitir que seguia comandando a venda de drogas de dentro da prisão que deveria
ser a mais controlada e de maior segurança do Estado.
A Operação Palco, da Polícia Civil, mostrou
exatamente isso. Jura ganhou o benefício de ser transferido ao regime
semiaberto em janeiro deste ano. Com condenação de 52 anos, com
33 por cumprir, saiu da penitenciária em 29 de janeiro. Mas voltou à Pasc menos de 15 dias depois. Preso em
flagrante por porte de arma durante uma saída do semiaberto para consulta
médica, em 12 de fevereiro, o traficante teve preventiva decretada pela 2ª Vara
Judicial de Charqueadas a pedido do MP daquela cidade.
Em 2018, organizou um churrasco com 121 quilos de
carne que custou R$ 2,6 mil. A nota foi emitida em seu nome. Na primeira edição
da Império da Lei, a Justiça negou a transferência de Jura.
Fabrício Santos da Silva, o Nenê
Líder de uma das células da facção Os Manos, foi recapturado em agosto, em Ciudad del Este, na fronteira do Paraguai com o Brasil, em ação de cooperação entre as polícias federal brasileira e paraguaia. Estava foragido desde 1º de junho, depois de ter rompido a tornozeleira eletrônica que usava desde que foi autorizado a sair da prisão por causa do risco de contágio do coronavírus.
Ele foi um dos detentos que comandou a escavação de um túnel para fuga em massa do
Presídio Central, em 2017. No mesmo ano, foi um dos 27
transferidos para presídios federais na Operação Pulso Firme. Foi encaminhado
para Mossoró, no Rio Grande do Norte, mas retornou ao Rio Grande do Sul três
meses depois.
Com condenação de mais de 70 anos de reclusão, Nenê
ampliou seus negócios mesmo estando preso. Na semana passada, a Operação
Antracnose, da Polícia Federal, mostrou que os muros prisionais não foram
suficientes para impedir que ele agisse. A investigação federal apurou que, em um ano, o grupo
movimentou R$ 140 milhões com a venda de drogas.
O grupo lavava dinheiro em revendas de carros,
oficinas mecânicas, um haras (com gado, além de cavalos) e em uma empresa de
promoção de campeonatos de jogos eletrônicos. Nenê, de sua cela na Pasc,
participava ativamente dos jogos com apostas no mercado ilegal. Foram
sequestrados R$ 20 milhões em bens do narcotráfico na operação da PF.
Ubirajara da Silva Barbosa, o Bira
Considerado umas das principais lideranças da
facção Os Abertos, coordenando a atuação do grupo em Canoas, Bira tem
antecedentes por homicídios, roubos, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Soma, em condenações, 80 anos de pena, dos quais ainda precisa cumprir 49
anos.
É acusado de envolvimento no assassinato do traficante
Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu, dentro da Penitenciária de
Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), em 2015, crime pelo qual foi enviado pela
primeira vez para uma penitenciária federal fora do RS. Voltou ao Estado, mas
foi transferido outras duas vezes — o retorno mais recente ocorreu em fevereiro
deste ano.
Vilmar Gomes de Andrade, o Véio
Outra liderança da facção Os Abertos, Véio comanda
a atuação do grupo nas regiões de Estrela e Lajeado, no Vale do Taquari. Também era alvo da
Império da Lei em março, mas teve pedido de transferência negado na época.
Com antecedentes por dois homicídios, nove
roubos, dois sequestros, associação para o tráfico e associação criminosa, tem
condenações que somam 129 anos de prisão, dos quais ainda restam 113 a cumprir
— o maior total entre os nove transferidos.
Marcio Lourival da Silva, o Careca
Embora não esteja ligado a facções, Careca é um
criminoso considerado pela polícia como especializado em extorsão mediante
sequestro, acumulando sete indiciamentos por esse crime. Com atuação na Região Metropolitana, soma condenações a
28 anos de prisão, dos quais ainda restam cumprir 19.
Era um dos alvos da Império da Lei em março que
teve pedido de transferência negado. Atualmente, estava recolhido na
Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (PMEC).
Vladimir Aparecido Carvalho Grade, o Pérco
Apontado como comparsa de Careca no comando de uma quadrilha de sequestradores com
atuação na região metropolitana de Porto Alegre, Pérco tem
quatro indiciamentos por extorsão mediante sequestro. Também era alvo da
Império da Lei em março e teve pedido de transferência negado à época.
Com condenações que somam 31 anos de pena, dos
quais ainda resta cumprir 17 anos, Pérco também estava na PMEC.
Flávio Daniel Santos da Rosa, o Mano Chinelo
Mano Chinelo acumula 11 indiciamentos por homicídio, além de antecedentes por tráfico de drogas, roubo e lavagem de dinheiro. Estava entre os alvos da Império da Lei em março, mas teve pedido de transferência indeferido.
Tem condenações que somam 10 anos de reclusão, dos
quais ainda precisa cumprir seis anos. Atualmente, estava no Presídio Central.
Rodolfo Silva Charão de Lima, o Charão
Tem uma extensa ficha de antecedentes criminais,
com seis indiciamentos por homicídios, nove por tentativas de homicídio, seis
por tráfico de drogas, dois por roubos e dois por extorsão. Membro da facção
dos Bala na Cara, acumula em condenações 40 anos de prisão, dos quais ainda
precisa cumprir 27 anos.
Charão foi enviado para uma penitenciária federal em
agosto de 2018, mas retornou um ano depois, após ter o pedido de
permanência negado. O MP recorreu e, agora, obteve novamente a transferência do
criminoso para cadeia fora do Rio Grande do Sul.
Lucian de Souza Oliveira, o Doutor
Dono de extensa ficha criminal, tem cinco
indiciamentos por roubo, quatro por tráfico de drogas, quatro por associação
para o tráfico e duas por organização criminosa. Estava recolhido atualmente na
Pasc.
Com condenações que somam cinco anos de prisão,
ainda precisa cumprir dois anos, mas tem crimes ainda pendentes de sentença. É
a primeira vez que ele é encaminhado ao sistema penitenciário federal.