Polícia prendeu dois suspeitos em dezembro e agora age contra pessoas que atuariam na lavagem do dinheiro obtido por meio de extorsão
Foram
cumpridos na manhã desta quinta-feira (16) seis mandados de busca e apreensão,
além de ordens para quebra de sigilo bancário, de suspeitos de integrarem uma quadrilha que sequestrava pessoas após encontros
marcados por meio de aplicativos de relacionamento. A investigação da Polícia
Civil iniciou em dezembro de 2022, quando dois suspeitos de integrar a quadrilha foram presos em
flagrante em Porto Alegre. Eles estavam com uma vítima sequestrada.
O objetivo da operação desta quinta é buscar mais provas contra três pessoas
que emprestavam suas contas bancárias para depósito dos valores obtidos com os
pedidos de resgates. Os mandados são cumpridos em Porto Alegre, Alvorada e
Gravataí. Estas pessoas são investigadas por lavagem de dinheiro, mas os
agentes também tentam confirmar se elas participaram das extorsões com
restrição de liberdade, os chamados sequestros relâmpago.
Uma destas investigadas é a esposa
de um dos suspeitos presos em flagrante. A casa dela, no bairro Jardim
Carvalho, na Capital, foi alvo de mandado nesta quinta.
As demais ordens judiciais são
cumpridas nos bairros Aparício Borges e Lomba do Pinheiro, também em Porto
Alegre, no bairro Parque Ipiranga, em Gravataí, e no bairro Aparecida, em
Alvorada.
Em um dos locais foi recapturado
um foragido por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. A
participação dele nas extorsões será verificada.
O
titular da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações
Criminais (Deic), delegado João Paulo de Abreu, diz que foram três casos de
sequestros relâmpago após encontros marcados por apps de relacionamento registrados
no Estado até agora, mas há outros casos que foram evitados pela ação policial.
A delegacia trabalha para evitar que estes crimes, já recorrentes na capital paulista, se
intensificassem no Rio Grande do Sul.
Sequestros
Abreu
diz que o grupo criava perfis falsos em sites de relacionamento e marcava
encontros com vítimas, geralmente pessoas com posses e residentes em bairros
nobres de Porto Alegre.
Segundo
o delegado, em geral, os criminosos combinam de encontrar os alvos, de carro,
em via pública, em locais de pouco movimento. O sequestrador começa a rodar com
a vítima e, em seguida, um comparsa embarca no veículo. Nos três casos
registrados, as extorsões ocorreram dentro de um carro em movimento.
Os
criminosos sacam dinheiro das contas bancárias e, em pelo menos um dos casos,
também exigiram pagamentos via Pix para familiares dos sequestrados. Uma das
vítimas perdeu o celular e R$ 2 mil e outra R$ 8 mil em dinheiro.
No
terceiro caso, em que a polícia conseguiu interromper a ação, os suspeitos já
haviam retirado em poucos minutos R$ 1 mil de uma vítima. Todo o sequestro
relâmpago durava em torno de duas horas.
Prisões
Este
caso que foi interceptado pela polícia é o que deu a origem à operação desta
quinta, com a prisão em flagrante de suspeitos, que mantinham uma vítima dentro
de um veículo. A investigação conseguiu, a partir da quebra de sigilo
telefônico, acompanhar o movimento do carro pela Avenida Bento Gonçalves, no
dia 12 de dezembro de 2022. Dois homens, de 23 e 27 anos de idade, sem
antecedentes criminais, foram presos com um simulacro de arma de fogo.
"A vítima, um homem, estava não só apavorada, mas constrangida por toda a
situação em que se envolveu. Destaco que conseguimos estancar estes casos que
estavam chegando ao Estado. Os presos foram indiciados e denunciados, mas se
restringiram a falar somente em juízo" — diz Abreu.
Os
nomes dos dois presos não foram divulgados. A investigação continua e o Deic
acredita que o grupo seja composto de pelo menos cinco pessoas, mas não
descarta que haja mais integrantes. Nos três sequestros relâmpago investigados,
registrados em um período de 10 dias em dezembro de 2022, foi usado um veículo
Gol de cor preta.
Como prevenir
O delegado João Paulo de Abreu
destaca alguns cuidados que as pessoas podem tomar para evitar riscos ao marcar
encontros por apps de relacionamento:
·
Peça o maior número de dados possível das pessoas com quem estiver
interagindo.
·
Se possível, verifique o local do encontro antecipadamente.
·
Marque sempre em locais com grande movimentação.
·
Jamais entre no carro de alguém com quem apenas manteve contato
online.
·
Informe sobre o encontro a pessoas de sua confiança.
·
Oriente sua família a sempre procurar a polícia em casos de
extorsão.
O delegado Abreu ressalta que,
além do dano patrimonial, com a perda de dinheiro ou bens, há o risco de dano
psicológico e até físico. Ele destaca que, em São Paulo, por exemplo, houve
casos de assassinato durante sequestros envolvendo encontros marcados online.
Um empresário gaúcho foi vítima
desse golpe, em 2022, na capital paulista. Segundo o Deic, ele e uma outra
pessoa, que também estava sendo extorquida, passaram pelo menos um dia em um
cativeiro. Eles só foram soltos depois de fazer transferências via Pix.
No Rio Grande do Sul, casos
semelhantes devem ser denunciados ao Deic pelo telefone 0800 510
2828 ou pelo WhatsApp e Telegram: (51)
98444-0606, além do site da Polícia Civil.