Operação sigilosa das polícias Penal, Civil e Militar transferiu Rafael Telles da Silva, conhecido como Sapo, na manhã desta quinta-feira (28). Ele é rival do grupo criminoso do qual Jackson Peixoto Rodrigues, baleado na Pecan 3, fazia parte
De Vitor Rosa
Rafael Telles da Silva havia sido removido para a Pasc após o ataque e, nesta quinta (28), foi enviado a presídio federal. divulgação / Brigada Militar/Divulgação |
O suspeito de ordenar a morte do
preso Jackson Peixoto Rodrigues dentro da Penitenciária
Estadual de Canoas foi enviado para uma penitenciária federal. Rafael
Telles da Silva, conhecido como Sapo, foi transferido em uma
operação sigilosa das polícias Penal, Civil e Militar na manhã desta
quinta-feira (28). A RBS TV apurou que o provável destino
é Brasília.
Sapo é apontado como um dos chefes de uma organização
criminosa baseada em Porto Alegre, rival do grupo do qual Jackson fazia
parte. Identificado pela Polícia Civil como envolvido no crime, ele havia
sido removido para a Penitenciária
de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) após o ataque.
Nas primeiras horas do dia, o homem foi levado em um
comboio da Pasc até o aeroporto Salgado Filho. De lá, embarcou em uma
aeronave com destino ao sistema penitenciário federal.
A Secretaria dos Sistemas Penal e Socioeducativo se
manifestou sobre a tranferência por meio de nota: "A Polícia Penal informa
que no dia 7 de outubro foi deferida a inclusão de Rafael Teles da Silva no
Sistema Penitenciário Federal (SPF). No último dia 21, a Secretaria Nacional de
Políticas Penais confirmou e agendou a remoção para esta quinta-feira (28/11),
o que ocorreu dentro do previsto. O apenado já deixou o Rio Grande do Sul.
A decisão judicial para transferir Sapo foi tomada cerca de
10 dias antes do assassinato de Jackson, mas só foi efetivada nesta quinta. A
determinação levou em conta a posição do homem no grupo criminoso.
O outro preso, que seria o executor do crime,
é Luís Felipe de Jesus Brum, 21 anos. Ele é integrante da mesma
organização criminosa que Sapo e foi preso, em junho deste ano, por suspeita de envolvimento no assalto ao aeroporto de
Caxias do Sul. Luís Felipe permanece no sistema penitenciário do RS.
Preso escreveu carta antes de morrer
Em carta
escrita um dia antes de ser morto, Jackson pediu transferência do
local temendo "alguma falha na segurança". Ele se dirige,
em terceira pessoa, ao diretor da penitenciária.
"Solicita que seja dada uma atenção de extrema urgência,
porque, como é sabido de todos, o requerente é inimigo histórico desse grupo.
E, pelo fato de permanecer tão próximo e teme em haver alguma falha na
segurança, pede que seja dada esta atenção", disse.
O detento apontou ainda que era separado apenas por uma
portinhola de outros apenados, inimigos da organização criminosa da qual
Jackson fazia parte. Foi justamente através
da portinhola que foram efetuados os disparos que atingiram o
detento.
Jackson, morto no sábado (23), tinha ligação com 29 homicídios, incluindo decaptações e esquartejamentos. Polícia do Paraguai / Divulgação |
Arma teria ingressado por drone
Conforme a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo, a
suspeita é de que a arma que matou Jackson tenha ingressado no presídio por
meio de um drone. Na madrugada anterior ao episódio, houve registro de sobrevoo
na região.
A arma utilizada no ataque dentro da cadeia, uma pistola
9 milímetros, foi apreendida. A Polícia Civil abriu um inquérito para
apurar as circunstâncias do crime.
O governador em exercício do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza
(MDB), anunciou o afastamento
de um diretor e quatro servidores do Complexo Prisional de Canoas após
o ocorrido.
O preso morto dentro da cadeia foi identificado como Jackson
Peixoto Rodrigues, 41 anos. Nego Jackson, como era
conhecido, era apontado como chefe de uma organização criminosa do RS.
Conforme dados do Comando de Policiamento Metropolitano,
Jackson tem ligação com 29 homicídios. São assassinatos, com decapitações e esquartejamentos,
em que ele teria participação como mandante ou executor. A lista de
antecedentes criminais do homem ainda inclui tráfico de drogas, lavagem de
dinheiro e associação criminosa.
Em 2017, "Nego Jackson" foi preso pela polícia do
Paraguai. Ele foi capturado na cidade de Pedro Juan Caballero com outros três
comparsas. Na ocasião, o chefe de polícia do RS declarou que o criminoso era
o procurado número 1 do Estado.