Construção de cadeias fica só nos projetos
Em um ano marcado por massacres em penitenciárias superlotadas, as
promessas de criação de vagas não se concretizaram
Além disso, 84 obras previstas no Plano Nacional de Apoio ao
Sistema Prisional (PNASP), de 2011, estão pendentes – 39 paralisadas.
Naquele ano, o governo da presidente cassada Dilma Rousseff (PT) liberou
R$ 1,1 bilhão para o sistema. Criariam 39.659 vagas em presídios.
Segundo o Departamento Penitenciário
Nacional (Depen), das 42 mil vagas previstas, cerca de 2,4 mil foram
finalizadas. “O Depen havia identificado 51 obras críticas. Muitas já
foram retomadas e alguns dos convênios serão rescindidos”, disse o
diretor-geral, Jefferson de Almeida. Segundo ele, somadas, as vagas do
PNASP e do Funpen chegariam a 65 mil, “o que não resolveria o problema”.
Superlotação
Além disso, o total de vagas ainda tem caído
desde 2014, quando chegou ao ápice de 376 mil – hoje são 368 mil. A
taxa nacional é de 197 presos para cada 100 vagas. “Não adianta dizer
que precisa construir mais cadeias porque o ritmo de encarceramento não
diminuiu nas últimas décadas. Se fosse zerar o déficit que há hoje,
precisaria construir amanhã mais 1,4 mil unidades prisionais, o que é
impossível”, afirmou Thandara Santos, do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública.
“A questão é olhar a porta de entrada, o
fluxo de encarceramento. Só reduzindo o ritmo se poderá colher daqui
alguns resultados para oferecer dignidade às pessoas”, disse ela.
No País, 80% das unidades prisionais têm
menos vagas do que aprisionados. A situação mais grave é a do Amazonas,
onde houve em janeiro uma chacina com mais de 50 mortes.
O Estado aprisiona, em média, 48 pessoas em
espaço destinado a 10. “A taxa avaliza que, de fato, era um barril de
pólvora fomentado pelo próprio Amazonas”, disse Rafael Custódio, da ONG
Conectas.
Nesta semana, representantes do governo amazonense pediram à
União a permanência até junho de agentes da Força Nacional – deslocados
para o Estado em janeiro para conter o caos no sistema penitenciário
local. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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