Todos generais, eles estiveram à frente de estatais e ministérios entre 2019 e 2022
Por Igor Carvalho e Ananias Oliveira — Brasil de Fato
No dia 3 de abril de 2018, às vésperas do Supremo
Tribunal Federal (STF) analisar
um pedido de habeas corpus do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que
estava preso na época, o general da reserva Eduardo Villas Bôas, que comandou o
Exército entre 2014 e 2019, publicou dois tuítes pressionando e ameaçando a
corte.
Militares do entorno de Bolsonaro dominam a relação de indiciados pela PF em relatório obre tentativa de golpe no país. (Foto: Marcos Corrêa/ Presidência da República) |
No dia seguinte ao tuíte, o STF não acatou o habeas corpus
pedido pela defesa de Lula e o petista seguiu preso, impedido de disputar a
eleição presidencial de 2018, que terminou com a vitória de Jair Bolsonaro
(PL), aliado do general Villas Bôas.
Kids Pretos e Bolsonaro
Em fevereiro de 2021, a Fundação Getúlio Vargas publicou o
livro “General Villas Bôas: conversa com o comandante”, onde o militar narra
sua vida. Em um trecho, ele admite que o tuíte ameaçando o STF teria passado
pelas mãos de outros cinco generais: Guilherme Cals Theophilo Gaspar de
Oliveira, Augusto César Nardi de Souza, Paulo Humberto Cesar de Oliveira, Mauro
César Lourena Cid e Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira.
Em comum, os generais integraram o Comando de Operações
Especiais (Copesp), que forma os agentes de forças especiais do Exército, os
chamados “Kids Pretos”, que são considerados a elite das Forças Armadas do
país.
Os Kids Pretos ganharam destaque na imprensa no último dia
19 de novembro, quando a Polícia Federal prendeu integrantes do grupo de elite
por planejarem a morte de Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e
Alexandre de Moraes, ministro do STF.
Além de serem Kids Pretos, o quinteto de generais tem outro
traço em comum. Todos ganharam cargos no governo do ex-presidente Jair
Bolsonaro. Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira foi ministro-chefe da
Casa Civil. Ele é irmão do general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira,
que foi indiciado no relatório da Polícia Federal por tentativa de golpe.
Paulo Humberto Cesar de Oliveira presidiu o Instituto de
Previdência Complementar dos Correios (Postalis). Bolsonaro quis colocá-lo à
frente do Exército em 2019, mas ele recusou o convite e preferiu seguir no
comando da estatal.
Pai de Mauro Cid, que era ajudante de Bolsonaro no Palácio
do Planalto, o general Mauro César Lourena Cid assumiu a direção da Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami, nos
Estados Unidos.
Augusto César Nardi de Souza se tornou chefe de Assuntos
Estratégicos do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Ministério da
Defesa ainda em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro.
Por fim, o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, que
foi chefe de três pastas no governo Bolsonaro: Casa Civil, Secretaria de
Governo e Secretaria-Geral da Presidência da República.
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