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quinta-feira, 24 de março de 2022

“Denúncias de tortura nos presídios são tratadas com descaso pelo governo Leite”, diz Luciana Genro

O caso dos agentes penitenciários acusados de agressões e torturas psíquicas e físicas contra apenados e apenadas em Passo Fundo ainda não foi resolvido. Pautada pela deputada estadual Luciana Genro (PSOL) na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos ainda em outubro do ano passado, a situação segue sem desdobramentos significativos para sua resolução e servidores denunciam o descaso da Susepe e do estado em dar andamento no processo administrativo.

O assunto esteve novamente em debate na Comissão de Direitos Humanos nesta quarta-feira (09/03). Um  relatório do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, com mais de 200 páginas, reúne depoimentos e descrições chocantes sobre as ações praticadas pelos agentes penitenciários contra esses apenados e apenadas, muitos ainda aguardando sentença.

As denúncias estão documentadas em um relatório do Poder Judiciário e embasadas nos depoimentos de quem viveu essas situações absurdas. Existe uma comprovação, com o aval de uma comissão reconhecida pelo Tribunal de Justiça, de pessoas que foram arrastadas enquanto algemadas, eletrocutadas, lactantes e gestantes que foram privadas até de alimentação e uma delas perdeu o bebê por causa de subnutrição! E até agora pouco se sabe sobre que ações serão tomadas pela Susepe,” cobrou a deputada Luciana Genro.

Profissionais que trabalham honestamente não aguentam mais assistir seus colegas desonrando a categoria. Diferente do que o estado tem alegado, servidores penitenciários que (por medo de represálias) preferem não se identificar, contam que os agentes denunciados por tortura voltaram a trabalhar no mesmo local.

Mais do que isso: um deles, por exemplo, além de voltar a prestar serviço no lugar que praticou tortura, passou a fiscalizar contratos e ganhar pontos para uma futura promoção. Os servidores que denunciam essa situação explicam que, na prática, é como se essa pessoa estivesse recebendo uma bonificação futura, ao invés de responder pelos seus atos.

Contam, ainda, que o Instituto Penal de Passo Fundo sofre com o péssimo desempenho de alguns maus profissionais, que sujam o nome de uma categoria que tem muitos trabalhadores que atuam de forma correta.

A 4ª Região Penitenciária está em frangalhos! Estão tentando abafar esse caso gravíssimo. Torturadores tiveram que ser afastados pela Justiça, com a limitação de 90 dias, e depois a Susepe, a Secretaria de Segurança Pública, o vice-governador e o governador se omitem e mentem que eles foram realocados. É falta de vontade política,” afirmou um dos servidores, que conversou com a nossa equipe sob a condição de anonimato.

Ele revela que o grupo denunciado por tortura era conhecido internamente como “os touca-ninja” e, como eles seguem no mesmo local, sem qualquer consequência pelas suas atitudes, se sentem ainda mais fortalecidos para intimidar detentos e colegas, que temem retaliações após as denúncias.

CCDH vai cobrar Superintendência da Susepe

Na reunião desta quarta-feira (09/03) a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa ouviu, a convite da deputada estadual Luciana Genro (PSOL), o presidente do Conselho da Comunidade do Sistema Penitenciário, Vinícius Francisco Toazza. Ele vem atuando para dar visibilidade a essas denúncias e cobrar, com urgência, providências do governo.

O que aconteceu em Passo Fundo é, infelizmente, uma realidade nas casas prisionais do estado. A pena da prisão deve servir para reprovar a conduta do sujeito, sim, mas também para ressocializar. Mas o que registramos são casos de tortura, agressões, violência em todos os níveis e isso precisa parar,” desabafou Vinícius.

Na reunião, Luciana Genro afirmou ser necessária uma ação imediata da Comissão junto a Susepe para que os responsáveis pelos casos em Passo Fundo respondam pelas suas ações, mas também para que situações como essas não voltem a acontecer. A Comissão oficiará, com urgência, o superintendente da Susepe para dar explicações.

No início de janeiro o mandato da deputada oficiou o Secretário de Segurança Pública, o Secretário de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo – responsável pela SUSEPE e o Juiz de Direito da VEC Regional de Passo Fundo, baseado na Lei de Acesso à Informação.

Somente a SSP respondeu aos questionamentos, dizendo que os agentes foram realocados em outro estabelecimento, exceto o Delegado Penitenciário Regional, que segue no mesmo local aonde as denúncias foram registradas.

Esse não é um caso isolado, precisamos de uma ação imediata da Susepe. Devemos garantir que esse caso seja exemplar e possamos agir para acabar com a tortura nas cadeias do Rio Grande do Sul. Queremos saber quais ações serão tomadas para que esses agentes parem e também para que se previna situações como a de Passo Fundo”, finalizou Luciana.