Urge que a sociedade passe a prestar mais atenção ao que discutem seus vereadores
de Rodrigo Lopes
Prefeito de Porto Alegre |
O texto foi redigido e, seguiu, então, para a sanção do prefeito Sebastião
Melo, que teve 15 dias úteis para se manifestar. Não o
fez. O documento voltou para Câmara e, após quatro meses de tramitação, sem
alarde, foi promulgado.
E, assim, Porto Alegre vira motivo de
chacota nacional, de vergonha.
Estamos homenageando um dia que entrou para a história da infâmia
no Brasil. No 8 de janeiro não foi apenas o governo Lula atacado. A agressão na
Praça dos Três Poderes, em Brasília, foi às instituições brasileiras, aos
prédios mais importantes da República - além do Planalto, o Congresso e o
Supremo Tribunal Federal (STF). Foi um ataque criticado pela direita e pela
esquerda, e só elogiado por extremistas.
Se alguém quisesse criar o Dia do Patriota, ok, que se fizesse, uma vez que se julgue necessário. Mas fazê-lo no 8 de janeiro é uma
provocação, uma afronta ao Estado de Direito. Será que ninguém na Câmara
percebeu isso? Onde estavam os vereadores de Porto Alegre, que bradam a defesa
da democracia? Onde estava o prefeito Melo quando o texto ficou sobre sua mesa
por 15 dias úteis?
Há um alerta aí: a sociedade precisa ficar mais atenta ao que
ocorre nos legislativos municipais - e aqui cabe o mea-culpa da imprensa, a
quem cabe fiscalizar. Quantos projetos inúteis surgem na Câmara diariamente?
Quantos seguem pelos trâmites burocráticos do Legislativo sem nenhum
questionamento, muitos dos quais servem apenas para regozijo de seus autores e
agrado aos amigos?