Por Saulo Basso dos Santos
Presidente da Amapergs Sindicato
Presidente da Amapergs Sindicato
"A fala do Governador Eduardo Leite (PSDB) à
GloboNews faz
parecer ao restante do País que os servidores públicos do Rio Grande do Sul
vivem em uma ilha idílica de fartura e conforto. Desse modo, é preciso refutar
de forma veemente a afirmação infeliz do chefe do Poder Executivo Estadual
gaúcho.
Antes de criticar e dar a entender que os
servidores públicos do RS fazem parte de uma casta de privilegiados e
abastados, o Governador Eduardo Leite deveria reconhecer, humildemente, que
esses profissionais, trabalhadores, estão há seis anos com salários em atraso,
precisando recorrer, de forma esdruxula, a empréstimos no Banrisul, um banco em
que o Estado é acionista majoritário, para contrair empréstimos para receber
13º salário ou mesmo o seu vencimento do mês. Tudo isso a custa de juros.
Muitos juros que não deixaram de ser cobrados nem em meio a maior crise de
saúde pública de todos os tempos.
Esquece o chefe do
Poder Executivo que em sua gestão os problemas fiscais do Estado só fazem
agravar, bem ao contrário do que prometera durante campanha eleitoral, quando a
época bradou que bastava “levantar a bunda da cadeira e trabalhar” para
“ajustar o fluxo de caixa e colocar em dia as contas”.
De forma proposital, parece, o Governador Eduardo
Leite cria um sofisma, segundo o qual os servidores públicos do RS são os
responsáveis pela crise. Ao contrário, são vítimas. Sem qualquer
estrutura e a mínima segurança sanitária, em meio à pandemia do
novo coronavírus, servidores não se furtam de exercer suas funções. Exemplo
cabal é a área da segurança pública, na qual os servidores penitenciários estão
atuando, de forma integral, e muitas vezes sem
qualquer proteção básica. O mesmo ocorre em outras áreas, como
saúde, para ficar em mais um exemplo.
O Governador do RS, Eduardo Leite, também esquece a
falta de estrutura que os servidores públicos encontram para realizar suas
funções. Não raro, são locais que sequer é providenciado pelo empregador – o
Estado do RS – limpeza, material de higiene básico, ferramentas, proteção.
O discurso do Governador Leite nada mais é do que
uma ignomínia. Como chefe do Executivo, na verdade, deveria, primeiro,
responder com sinceridade e de forma objetiva o que fez para resolver as
demandas do RS. E não utilizar de subterfúgios e litania como outros políticos
e gestores inovadores de plantão já o fizeram. Parece-me que, até aqui, a
solução não apareceu. E a culpa, definitivamente, não é do servidor público.”