Vejam o vídeo:
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/jornal-do-almoco/videos/t/edicoes/v/sem-estrutura-sistema-prisional-gaucho-e-marcado-por-precariedade-e-falta-de-vagas/5407421/
G1/globo/RS/Jornal do Almoço
Cezar Schirmer durante entrevista à Rádio Guaíba |
Foto: Lucas Rivas / Especial / Rádio Guaíba / CP
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O problema é recorrente e vem aumentando bastante. Como não há dinheiro (para investir), os presídios lotam, e a cena é essa - diz.
Quando colocamos excesso de presos, o espaço do Estado se reduz e as facções é que identificam o espaço prisional como de investimento - avaliou.
A comunidade é fundamental na prevenção e na recuperação não só da segurança pública, mas em tudo que envolve o Estado - disse o secretário.SCHIRLEI ALVES
Novas metodologias para as cadeias
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O procurador de Justiça Gilmar Bortolotto sugere
que as novas unidades prisionais, como o Presídio de Canoas comecem a atuar
com metodologia diferenciada. Os presos ainda não vinculados às facções devem
ser separados dos demais. Além disso, a unidade deve promover atividades que
ocupem o tempo do preso e oferecer tratamento aos viciados em drogas. Após
sair da prisão, o detento também deve ter acompanhamento, com oportunidade de
emprego, por exemplo.
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A maioria dos presos são dependentes químicos,
com baixa instrução e jovens. Os espaços novos não podem levar os métodos
velhos, porque o resultado vai ser o mesmo – completou.
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Dentro da mudança de metodologia, o procurador
sugere a criação das Associações de Proteção e Assistência aos Condenados
(Apac), como ocorre em Nova Lima, em Minas Gerais. O envolvimento da
comunidade e o trabalho incentivam a diminuição da reincidência.
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Educação e trabalho para reduzir população prisional
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O juiz da Vara de Execuções Criminais, Sidinei
Brzuska, acredita que a mudança precisa ser pensada a longo prazo. Em
pesquisa que fez nas comarcas onde atuou, o magistrado constatou que a
maioria dos presos tem baixa escolaridade. Os detentos com curso superior no
Presídio Central, por exemplo, correspondem a 0,03% do total.
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A chance da pessoa com curso superior ser presa é
67 vezes menor do que aquele que tem Ensino Fundamental incompleto. O preso
ingressa no sistema na 5ª série e sai com a mesma escolaridade. Não há meta
para aumentar o grau de educação. Ele também chega ao presídio sendo usuário
de droga e continua sendo lá dentro.
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Para o juiz, o governo precisa criar políticas
públicas com o objetivo de manter o aluno na escola o maior tempo possível
(na foto acima, presos trabalham em Canoas). Para isso, a escola precisa ser
atrativa. Depois, esse aluno precisa ter a garantia do primeiro emprego e
conseguir manter-se empregado até, pelo menos, os 25 anos. Na avaliação do
magistrado, a estratégia diminuiria a população carcerária.
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Estamos em constante contato com a Susepe tentando dar vazão a alguns presos, colocando-os no sistema penitenciário. A situação é grave - disse.Um policial da 2ª DPPA, que pediu para não ser identificado, disse que os servidores passam por estresse devido à situação, com presos exigindo remoção mediante ameaças de espancamentos e de mortes dentro das celas.
As madrugadas são verdadeiro inferno. Os presos batem nas grades o tempo inteiro - relatou.
De modo geral, policiais acabam tendo de ficar custodiando presos, em vez de atender a população. Sabemos que a Chefia de Polícia está preocupada, mas temos de denunciar para que o Estado tome alguma atitude.A delegada afirma ainda que, com mais 80 vagas no sistema penitenciário, o problema seria resolvido:
É absurdo o Estado não conseguir uma solução. E a situação só tem piorado.
Seria temerário e, acredito, até irresponsável se disséssemos que teríamos recursos assegurados e garantidos, na medida em que o histórico de atrasos de salários seguramente não induz a percebermos essa possibilidade tão facilmente.
É questão de pertencimento. Quando conheci a história de Heliópolis, a luta dessas pessoas, também me senti responsável por cuidar daqui – diz o estudante Douglas Cavalcante Ripardo, 23 anos.
Já perdi alguns amigos para o crime, não tinha como não ter contato com o lado errado. Teve um tempo que era melhor dizer, quando saía daqui, que morava em outro lugar. Hoje eu posso dizer que quem entra para o crime é porque quer – diz Nívive Ferreira Nascimento, 27 anos.
Moradora de Heliópolis, cursa Publicidade e coordena um projeto piloto do Facebook na favela:
Sinto todos os dias que estou ajudando a evitar mortes.
Não há plano nacional. Não venceremos o problema de segurança pública enquanto as causas não forem enfrentadas e resolvidas. São problemas sociais e do crescimento urbano desordenado. Trabalhar a juventude é um dever municipal – resume.Beltrame lembrou os 60 mil assassinatos que ocorrem por ano no Brasil, conforme divulgado no último Mapa da Violência, e se diz perplexo pela falta de reação.
Naquela época, segurança era sinônimo de autoritarismo e por isso um tema evitado. Hoje, 30 anos depois, é primeiro lugar nos discursos dos candidatos (nas eleições) – aponta.Natural de Santa Maria, Beltrame foi cogitado mais de uma vez para assumir a Secretaria da Segurança gaúcha. O delegado da Polícia Federal afirma que a primeira medida para enfrentar o momento conturbado é a apresentação de política pública ativa e transparente para a população:
A primeira coisa que se tem de fazer, seja pelo governador ou pelo secretário que chegar, é um diagnóstico e mostrar plano para a sociedade. Mostrar a situação em que a sociedade se encontra, que a situação é difícil, mas que há plano. Quando cheguei no Rio de Janeiro, tínhamos 41 homicídios para cada 100 mil pessoas. Hoje, temos 19. Era muito difícil. Mas apresentamos um plano.
A polícia será acionada de qualquer forma, mas, em vez do tradicional 190, pode ser feita de maneira digital e com imagens do ocorrido – aponta o secretário do Rio de Janeiro.