Cigarros contrabandeados viram “moeda”
A região produtora de fumo foi atingida diretamente pelo avanço das
facções criminosas. Uma ação que até agora, porém, é observada nas ruas,
comentada entre os moradores e a polícia, mas sem se transformar em
denúncia. Traficantes estariam obrigando os pequenos comerciantes de
bairros periféricos de Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires e Lajeado,
principalmente, a vender somente cigarros de uma marca específica,
trazida em contrabando do Paraguai. Nas ruas, além da tradicional
assinatura da facção Os Manos nos muros, encontra-se o logotipo “Grupo
R7 filter cigarretes”, para marcar o território.
"Temos muitas
informações de comerciantes coagidos a vender somente estes cigarros.
Por outro lado, usuários de drogas também teriam a ordem nos pontos de
tráfico para só fumar estes cigarros. A situação que constatamos na
região é de que, quem não se enquadra nas regras da facção, sofre as
retaliações. Já temos uma alta de 20% nos homicídios este ano" – aponta o
delegado Juliano Stobbe, de Lajeado.
Segundo Stobbe, o fato de a região ter uma economia pujante é atrativo para a facção da Região Metropolitana.
"Sabidamente, aqui está um mercado consumidor de cocaína" – aponta.
O
uso dos cigarros contrabandeados, vendidos quase à metade do preço dos
cigarros legais, é a novidade. A polícia ainda investiga a situação, com
o auxílio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas a suspeita é de que o
fomento ao contrabando seja a forma de capitalizar os traficantes
locais.
"A região fica no caminho para a Região Metropolitana
pela BR-386. É a principal rota da droga e do contrabando do Paraguai. É
bem provável que a facção esteja usando isso como forma de fazer caixa e
garantir o controle desse ponto estratégico" – explica o delegado.
A
presença dos logotipos pela região começou a ser percebida no início
deste ano. Desde então, pelo menos duas apreensões dos cigarros já foram
feitas.
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