O novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza, trocou o comando da superintendência da corporação no Rio de Janeiro, área de interesse do presidenteJair Bolsonaro e seus filhos. A mudança foi uma das primeiras ações do novo chefe da PF após ser empossado nesta segunda, 4, cerca de 20 minutos depois de ser nomeado ao cargo.
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Oliveira poderá ser ouvido pela Polícia Federal no inquérito que apura desvio de finalidade e tentativa de "interferência política" de Bolsonaro na corporação. Nesta segunda, o procurador-geral da República Augusto Aras pediu ao Supremo que autorizasse o depoimento do novo diretor-executivo.
Em agosto do ano passado, Oliveira teve envolvimento com crise deflagrada entre o presidente e o ex-ministro Sérgio Moro pela troca de comando na PF. Além dele, deverão ser ouvidos no caso o ex-diretor-geral da PF, Maurício Valeixo e o superintendente no Amazonas, Alexandre Saraiva, nome que havia sido indicado por Bolsonaro para o comando da corporação no Rio.
Aras quer que os delegados prestem informações acerca de "eventual patrocínio, direto ou indireto, de interesses privados do Presidente da República perante o Departamento de Polícia Federal, visando ao provimento de cargos em comissão e a exoneração de seus ocupantes".
Ao anunciar demissão do governo Bolsonaro, o ex-ministro Sérgio Moro afirmou que Bolsonaro havia expressado não apenas o desejo de trocar a chefia da PF, como o de superintendentes, como o do Rio de Janeiro. Fontes confirmaram ao Estado que o ex-ministro citou essas declarações em depoimento à Polícia Federal no último sábado, 2.
"O problema é que nas conversas com o presidente e isso ele me disse expressamente, que o problema não é só a troca do diretor-geral. Haveria intenção de trocar superintendentes, novamente o do Rio, outros provavelmente viriam em seguida, como o de Pernambuco, sem que fosse me apresentado uma razão para realizar esses tipos de substituições que fossem aceitáveis", disse Moro, ao pedir demissão do governo.A Polícia Federal do Rio foi responsável por atuar em um dos casos de maior repercussão no Estado: a operação Furna da Onça, que levou à prisão diversos deputados estaduais. A operação mirou, entre outros fatos, as "rachadinhas" de servidores e deputados da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A operação não mirou Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), senador e filho do presidente investigado pela prática, mas levou à produção de relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que detectou a movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz. O caso foi revelado pelo Estado.
Bolsonaro tentou trocar o comando da PF no Rio em agosto do ano passado. À época, o presidente disse que "ficou sabendo" que o então superintendente Ricardo Saadi seria substituído pelo delegado Alexandre Silva Saraiva, chefe da PF em Manaus. Saraiva é próximo dos filhos do presidente.
O presidente também afirmou que a troca seria motivada por "questões de produtividade", surpreendendo a cúpula da PF, que contradisse o presidente ao afirmar que a substituição de Saadi "á estava planejada, não tinha qualquer relação com desempenho" e que o nome que assumiria o comando seria o delegado Carlos Henrique Oliveira.
Em resposta, Bolsonaro ameaçou manter a indicação de Saraiva,dizendo que "dá liberdade para os ministros todos, mas quem manda sou eu" e provocando crise com o então ministro Sérgio Moro e o diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo.
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