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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Terrorismo em Brasília é pior do que a invasão no Capitólio

De Rosane de Oliveira/ZH

O que ocorreu em Brasília ontem não tem precedentes na história da democracia brasileira. É muitíssimo mais grave do que o que aconteceu nos Estados Unidos na invasão do Capitólio por simpatizantes do ex-presidente Donald Trump, que se recusava a aceitar o resultado da eleição.

No Capitólio, mais de 900 pessoas foram presas e estão enfrentando processo. As forças de segurança agiram rápido e abortaram a tentativa de Trump de tomar o poder à força, impedindo a sessão que confirmou a vitória de Joe Biden. Os atos terroristas no Brasil atingiram os três Poderes. São chocantes as imagens do vandalismo no plenário do Supremo Tribunal Federal, no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto. Vidros quebrados, salas alagadas, cadeiras quebradas. Não foi uma manifestação espontânea. Teve articulação, teve planejamento, teve financiadores, teve executores. Quem são e a serviço de quem estavam é o que os inquéritos deverão apurar agora.

A Polícia do Distrito Federal não foi apenas omissa. Foi conivente. Não por acaso, o secretário da Segurança Pública, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, estava fora de Brasília. Onde? Em viagem aos Estados Unidos, mais especificamente na Flórida, local escolhido por Bolsonaro para se refugiar com a esposa e a filha. O governador Ibaneis Rocha, que nomeou Anderson Torres, sabendo de quem se tratava, tem sua parcela de culpa pelo que aconteceu. Como pode o secretário da Segurança que assumiu há menos de 10 dias tirar férias, sabendo-se que o clima em Brasília era tenso?

Ninguém pode dizer que foi surpreendido pela invasão dos prédios públicos. Foi anunciada nas redes sociais, com ônibus saindo de diferentes pontos do país. O governo do DF não viu, e a "inteligência" do governo federal não detectou o perigo. Porteira aberta aos golpistas.

O que se viu foi mais do que uma tentativa fracassada de golpe de Estado. Terroristas ultrajaram a bandeira do Brasil, usando-a como adereço no ataque às instituições. Vilipendiaram o brasão da República, arrancado do prédio do Supremo Tribunal Federal para colocá-lo sobre uma cadeira de ministro do lado de fora. Afrontaram as instituições que sustentam a democracia. Blasfemaram contra o Hino Nacional ao cantá-lo em celebração aos destroços do Congresso.

Conseguiriam o efeito contrário ao pretendido golpe: a união dos governadores, que ofereceram ajuda ao governo federal para restabelecer a paz em Brasília e o repúdio de instituições internacionais e de governos dos Estados Unidos, Europa e América Latina.

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