sexta-feira, 17 de março de 2023
quarta-feira, 8 de março de 2023
Novas revelações sobre joias complicam situação de Bolsonaro e de ex-ministro de Minas e Energia
Presentes milionários não são usuais nas relações diplomáticas
De Rosane de Oliveira
A cada nova revelação sobre o caso dos diamantes da Arábia Saudita mais
se complica a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro e
do seu ex-ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque. Como efeito dominó,
uma pedra vai derrubando a outra e a mentira, que tem pernas curtas, aparece
antes mesmo da conclusão dos inquéritos abertos. A pergunta que se sobrepõe a
todas as outras neste momento é: por que o governo da Arábia Saudita ofereceu
presentes tão valiosos ao ex-presidente e à primeira-dama Michelle Bolsonaro?
Os presentes
que os chefes de Estado e de governo trocam nas visitas oficiais são, em geral,
de valor simbólico. Livros, quadros, esculturas feitas em série, vasos, potes,
facas, copos... Mesmo quando são oferecidas pedras (e as de Soledade e Ametista
do Sul já foram bastante ofertadas por governantes brasileiros), não chegam a
um dos pingentes de um colar da grife suíça Chopard, uma das mais valiosas do
mundo.
É Chopard o conjunto retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos que
o então presidente Bolsonaro usou mundos e fundos para tentar liberar antes de
deixar o governo. Na tentativa derradeira, mandou um avião da FAB a São Paulo
para resgatar os diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões. Repita-se: não se
tratou de uma troca protocolar de presentes, mas de um mimo enviado pelos
sauditas em uma visita do ministro de Minas e Energia. A troco de quê? Isso os
inquéritos terão de responder.
Na verdade foram dois mimos. A caixa masculina chegou ao seu
destinatário, Jair Messias Bolsonaro, devidamente protocolada, mais de um ano
depois de ter entrado no Brasil sem despertar a desconfiança dos agentes da
Receita Federal. Veio na bagagem do ministro, não foi declarada e permaneceu
num cofre até ser entregue ao presidente da República no apagar das luzes do
governo.
Bolsonaro, que
na primeira reação disse que estava sendo crucificado pro um presente que não
pediu nem recebeu, terá de reavivar a memória. Porque há um documento mostrando que
recebeu a caixa com um relógio, um masbaha (espécie de rosário árabe) uma
caneta e um par de abotoaduras da marca suíça Chopard. Quanto valem? Não se
sabe. Onde estão? De acordo com seu ex-braço direito, o tenente-coronel Mauro
Cid, foram incorporados ao acervo pessoal de Bolsonaro “para não deixar nada
para Lula” e levados para um depósito junto com outras caixas da mudança.
Os adereços
femininos, que a olhos desacostumados com joias verdadeiras passariam por
bijuterias de Carnaval, valem uma Mega Sena acumulada por três sorteios. Dariam
um belo apartamento na Vieira Souto ou na Delfim Moreira (onde estão os metros
quadrados mais caros do Rio de Janeiro). Pagariam centenas de casas populares.
Ou milhares de cestas básicas.
domingo, 5 de março de 2023
Governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente joias de R$ 16,5 milhões para Michelle, diz jornal
Conforme O Estado de S. Paulo, os itens feitos em diamante estariam na mochila de um ex-assessor do então presidente e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo
O governo Jair Bolsonaro tentou
trazer para o Brasil de forma ilegal, em outubro de 2021, um conjunto com
colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em R$ 16,5
milhões. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo,
as joias da marca Chopard seriam um presente do governo da Arábia Saudita para
o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
A reportagem relata que estavam na mochila de um ex-assessor de Bolsonaro e
foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no retorno de uma
missão oficial do então presidente.
Ainda conforme
a apuração do jornal, o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, que
integrava a comitiva, teria retornado para a alfândega ao saber da apreensão
das joias. Albuquerque teria tentado usar o cargo para liberar os diamantes,
dizendo aos fiscais que o conjunto de diamantes eram um presente do governo saudita
para Michelle. A informação foi confirmada pelo ex-ministro ao Estadão.
Apesar do
esforço, a Receita Federal manteve
a apreensão. Qualquer item que ultrapasse o valor de US$ 1 mil precisa ser
declarado ao ingressar no Brasil. Para retirar o bem, seria preciso pagar o
imposto de importação equivale a 50% do valor do produto, além de multa de 25%
pela tentativa frustrada de entrar no país sem declarar as joias. No caso, a
retirada formal dos itens custaria cerca de R$ 12,3 milhões.
De acordo com o Estadão, o governo Bolsonaro fez quatro tentativas
para recuparar as joias apreendidas — todas fracassadas. A mais recente teria
ocorrido em 29 de dezembro, nos últimos dias da gestão passada, quando um
funcionário do governo, identificado como "Jairo", teria ido até
Guarulhos com avião da Força Aérea Brasileira (FAB). No aeroporto, ele teria
informado que estava lá para retirar o presente, mas não conseguiu a liberação.
Um dia antes,
em 28 de dezembro, o próprio Bolsonaro enviou um ofício à Receita Federal
solicitando que os bens fossem destinados à Presidência da República.
O governo poderia receber as joias caso fossem reconhecidas como
presente oficial para o presidente e a primeira-dama, mas, neste caso, ficariam
para o Estado brasileiro após o término da gestão Bolsonaro.
Em postagem no
stories do Instagram, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro negou que seja dona
das joias.
"Quer
dizer que eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe
mesmo hein? Estoi rindo da falta e cabimento dessa imprensa vexatória",
postou.