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segunda-feira, 18 de junho de 2018

Venda de informações privilegiadas, extorsões e até homicídios: como agia a quadrilha de farda-BM

Armas foram apreendidas com um dos policiais militares

Grupo de policiais de Porto Alegre era investigado há quase um ano e foi alvo de operação na última segunda-feira

Palhaços, paspalhos”. Risos.
A forma debochada com que se referiam a colegas policiais militares (PMs) que insistiam em fazer o que é dever por lei, como coibir o crime, prender criminosos e apreender drogas e armas, é uma das marcas do grupo suspeito de ser braço de uma facção criminosa do Estado, com base no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre.
Presos ou alvos de buscas e apreensões na manhã da última segunda-feira (11), na Operação Cherrin, PMs que riam de colegas em conversas telefônicas foram investigados por quase um ano. Embalados por certa sensação de impunidade, esqueceram de disfarçar crimes e ostentações. Acabaram símbolo de uma das maiores ações contra a corrupção policial no Rio Grande do Sul. Dez PMs foram presos e, até o momento, são pelo menos 25 sob suspeita de prestarem serviços à facção Bala na Cara em detrimento dos interesses da sociedade.
A maior parte dos investigados é lotada ou passou pelo 11º Batalhão da Polícia Militar (BPM) e representa quase 10% do efetivo total da unidade situada na zona norte de Porto Alegre. Somente um dos presos não teve passagem pelo batalhão. Sete estavam atualmente na guarnição, um atuava em Guaíba e outros dois no 20º BPM, também na mesma região da Capital. Sete são soldados, dois são sargentos e um é tenente da reserva. Os salários deles variam entre R$ 5,1 mil e R$ 13 mil. Juntos, custam mais de R$ 1 milhão por ano ao Estado em remunerações.
Apropriação de armas e de drogas durante ocorrências, comércio de armamento, tráfico de entorpecentes, venda de informações privilegiadas e extorsões estão entre os delitos investigados. Até a possibilidade de envolvimento em homicídios por encomenda é verificada pelas autoridades. Aliás, foi por meio dos criminosos da facção que foram obtidos os principais indícios da atuação suspeita por parte dos policiais militares.
A partir de horas de gravações telefônicas com diálogos dos traficantes, autorizadas pela Justiça, foi possível decifrar o que os militares faziam.
Ao abordar criminosos – de um grupo diverso daquele que recebia proteção oficial – com armas e drogas, os PMs suspeitos se apropriavam de armas e drogas que poderiam ser revendidas à facção amiga ou até em outros negócios.

Proteção à facção da capital

Alguns policiais foram presos durante as buscas porque tinham em casa armas apreendidas em ocorrências policiais. Os militares eram beneficiados com os valores da revenda dos materiais. 
O grupo de PMs suspeito se dividia no que a investigação passou a chamar de “células autônomas”. A atuação era compartimentada, cada um tinha tarefas diferentes e atuava por territórios.
O grande mote da atuação, conforme autoridades, era dar proteção aos negócios da facção e fornecer armas. Proteger significava ações omissivas em determinados momentos, como deixar de agir da maneira que deveria, ou até mesmo atuar de forma mais ostensiva em relação a adversários do grupo. Não é descartada a possibilidade de mortes por interesse da facção protegida. Outra situação flagrante era o repasse de informações privilegiadas sobre operações policiais planejadas contra o grupo criminoso ou investigações em andamento.
Em contrapartida pelos serviços prestados, os PMs passaram a ter acréscimo patrimonial, bens incompatíveis com a renda. Algumas vezes, ao receber dinheiro dos traficantes, contavam as notas dentro de viaturas, parados na rua, sem disfarçar. 

Aquisições de carros luxuosos entraram na mira da Corregedoria

Informações relatando esse tipo de situação chegaram à Corregedoria. A investigação monitorou aquisições, principalmente, de carros luxuosos, já que negociações e comentários foram flagrados nas escutas. Alguns chegavam a exibir as conquistas, como boas viagens, nas redes sociais.
"A comunidade não distingue quais os PMs estiveram envolvidos. A imensa maioria dos brigadianos é correta. É honesta. Mas esse punhado de gente faz um estrago grande" – lamenta um oficial, que atuou no 11ª BPM.
Após as prisões, a preocupação agora é a de recuperar a confiança dos moradores com o batalhão. No ano passado, o 11º BPM recebeu R$ 4 milhões entre veículos e armas por meio de doação de empresários.

Não é prática disseminada”, diz MP

Trabalho conjunto da Corregedoria da Brigada Militar e do Ministério Público resultou na ação da última segunda-feira, que prendeu 10 PMs e oito pessoas relacionadas à facção e apreendeu R$ 240 mil, 126 celulares, 10 armas e 1,4 mil munições de diversos calibres. 
O desnudamento do que ocorria nas vielas do bairro Bom Jesus, berço da facção, começou a ser feito ano passado, a partir de maio, depois de um caso de peculato. Durante abordagem, um PM teria pego R$ 4 mil que estavam em posse de uma pessoa ligada a jogos de azar. 
Revoltada, a vítima denunciou o caso a autoridades. O policial foi preso e, a partir do conteúdo do celular dele, as ligações com criminosos passaram a ser rastreadas. Apesar de afastado do trabalho e respondendo a processo na Justiça Militar, o PM foi novamente preso na Cherrin. Ele é um dos cinco principais investigados.
Um detalhe importante da investigação: não se trata de mais uma apuração sobre os inúmeros crimes perpetrados pela facção. O trabalho nasceu na Justiça Militar e sempre teve como foco a atuação dos militares, a interação com a facção, a troca de favores, a venda de trabalhos, o fornecimento de armas e a proteção prestada pelos servidores públicos ao grupo criminoso que trafica drogas, rouba e mata, espalhando o terror na Capital, na Região Metropolitana e no Interior.
O grupo criminoso é ligado ao traficante Luís Fernando da Silva Soares Júnior, o Júnior Perneta ou Museo, que em maio foi capturado no Paraguai.
"Esses policiais são exceção. Não é prática disseminada dentro da Brigada Militar. O Ministério Público confia na instituição Brigada Militar" – diz o promotor que coordenou a investigação, Nilson de Oliveira Rodrigues Filho, da 2ª Vara Criminal.

Contrapontos

Procurado pela reportagem, o comandante do 11º BPM, tenente-coronel Douglas da Rosa Soares, salientou que procurou a Corregedoria da Brigada Militar logo após ter conhecido do envolvimento de policiais com criminosos, há mais de um ano. A partir daí, o comando passou a apoiar as investigações, que culminaram nas prisões dos 10 PMs.
"Nosso objetivo foi ser transparente. Porque é inadmissível ter policial corrupto no serviço."

Os investigados

Soldados do 11° BPM que ingressaram na corporação em 10/8/2009 Vitor Ronaldo Pereira Hernandez
Tinha mandado de prisão por associação com organização criminosa
O que diz a defesa: o advogado Marcio Rosano Dias de Souza informou que só deve se manifestar sobre o caso após ter acesso aos autos do processo.
Romário Soares Corrêa
Tinha mandado de prisão por associação com organização criminosa (encontrado com armas e drogas)
O que diz a defesa: não foi localizada.
Italo Vitcoscki Bevilaqua
Tinha mandado de prisão por associação com organização criminosa e comércio de armas 
O que diz a defesa: os advogados Carlos Eduardo Galant Lopes e Gabriela John dos Santos Lopes afirmaram que ainda não tiveram acesso à íntegra do processo.

"Estamos aguardando para tomar ciência de toda a situação e começar a estudar o que pode ser feito" — afirmou Gabriela.
Alisson Fernando Frizon
Tinha mandado de busca e apreensão (foi encontrado com drogas)
O que diz a defesa: não foi localizada.
Tiago Aquino de Souza
Tinha mandado de busca (associação com organização criminosa e armas)
Gabriel Luis Corrêa da Costa
Tinha mandado de busca e apreensão e foi encontrado com drogas
O que diz a defesa de Tiago e Gabriel: o advogado Fabio Cesar Rodrigues Silveira observa que ainda não teve acesso aos autos, o que foi negado pela Justiça. Entretanto, deve pedir a liberdade do seu cliente.

"Vamos seguir tentando a liberdade dos nossos clientes, apesar da excepcionalidade de estarem negando o direito básico de saberem do que são acusados" — observou o advogado.
3º sargento André Ricardo Simplício Soares
Tinha mandado de busca e apreensão e foi encontrado com drogas
Data de ingresso: 02/10/1993
O que diz a defesa: a advogada Andrea Ferrari salienta que o seu cliente nega “veementemente” envolvimento com o grupo criminoso. Ela observou que vai pedir a liberdade do sargento, mas está tendo dificuldades para obter acesso aos autos.
Soldado Roger Lopes da Silva, do 31° BPM
Não há informações sobre o tipo de mandado
Estava lotado: 31ºBPM. Foi do 11º BPM entre 2010 e 2015
Data de ingresso: 10/8/2009
O que diz a defesa:  O advogado David Leal da Silva observa que ainda não teve acesso aos autos e, por isso, desconhece o motivo de Roger estar preso. Ele ainda defende um dos cinco civis presos.

"Se analisarmos a legislação pertinente e a própria súmula vinculante número 14 do STF, é fácil de perceber que é totalmente inadequada toda situação em que nos encontramos. Meus clientes foram presos na segunda-feira, estão dispostos a contribuir com a justiça, tanto é que prestaram depoimento na delegacia, mas até agora não se sabe do que realmente se trata."
Ainda segundo o advogado, as armas encontradas com Roger estão "devidamente registradas" Roger também é defendido pela advogada Raiza Hoffmeister.
3º sargento Daniel dos Santos Fagundes
Não há informações sobre o tipo de mandado
Data de ingresso: 12/07/1994
Estava lotado: 20º BPM. Não pertenceu ao 11º BPM
O que diz a defesa: o advogado Fabio Cesar Rodrigues Silveira observa que ainda não teve acesso aos autos:

"Vamos seguir tentando a liberdade dos nossos clientes, apesar da excepcionalidade de estarem negando o direito básico de saberem do que são acusados."
1º tenente da reserva Rogério Oliveira Cardoso
Não há informações sobre o tipo de mandado
Data de ingresso: 12/06/1989
Estava lotado: 20º BPM. Atuou no 11º BPM até 1998
O que diz a defesa: não foi localizada.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Os presos com as maiores condenações no RS

Sentenças ocorreram por assalto a carro-forte, estupro de crianças, homicídios e tráfico de drogas

Os dez presos com o maior tempo de condenação no Rio Grande do Sul têm perfis distintos: assaltante de carro-forte, estuprador de crianças, homicidas e traficante de drogas. Juntos, somam mais de dois mil anos de pena.
Por lei, o tempo de cumprimento da pena não pode ser superior a 30 anos. Caso ocorram novas condenações, as penas serão unificadas para que o limite máximo seja atendido. Entretanto, o professor de direto penal e procurador de Justiça Criminal do Ministério Público, Gilberto Thums, observa que, mesmo com isso, os presos podem ultrapassar os 30 anos encarcerados.
"É plenamente possível que o preso permaneça 50 anos na cadeia. Mas ele não está preso por um crime só ou pelos crimes que ele foi inicialmente condenado, são mais outras condenações. Ninguém fica preso mais de 30 anos por causa de um crime" — salienta o professor da Fundação do Ministério Público (FMP). 
Thums explica que a unificação das penas altera o dia da contagem da pena e, com isso, o prazo de 30 anos começa a valer partir dali. Para o professor, o limite de 30 anos é considerado como "luz no túnel" para o preso, uma "esperança" para ganhar liberdade.
Por outro lado, o preso pode conseguir a redução da pena ao trabalhar ou estudar enquanto está preso. Cada três dias de trabalho significa a redução de um dia da sentença. A possibilidade é conhecida como remição da pena. 

Veja lista com os 10 presos que receberam as maiores penas no RS

Número 1 - Adriano da Silva

Idade: 40 anos

Pena: 264 anos e 5 meses

Conhecido por "serial killer de Passo Fundo", Adriano da Silva foi sentenciado pela morte de nove meninos na região norte do estado. Os crimes ocorreram entre agosto de 2002 a janeiro de 2004. Dos nove assassinatos, seis ocorreram em Passo Fundo e outros três em Sananduva, Soledade e Lagoa Vermelha. 
O criminoso tinha o costume de asfixiar as vítimas até a morte e depois ocultar o corpo. Para atrair as vítimas, oferecia dinheiro ou algum trabalho em lugar ermo, como um moinho desativado ou uma fazenda. Normalmente escolhia vítimas de origem humilde.
O homem também se valia da força e de técnicas de artes marciais para imobilizar as vítimas. Em 2006, ele afirmou à justiça que cometia os crimes por "vício de matar". 
Silva é paranaense, onde foi sentenciado pelo roubo seguido de morte de um taxista em 2001. Ele  cumpriu seis meses de pena, mas acabou fugindo da prisão, vindo para o Rio Grande do Sul, onde passou a usar nomes falsos. Para esse latrocínio, a pena foi fixada em 27 anos de prisão. 
Hoje ele está preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), a 58,5 quilômetros de Porto Alegre. Até o momento já cumpriu 15 anos de prisão.

Número 2 - Edgar da Silva Freitas

Idade: 46 anos

Pena: 263 anos

Conhecido por Jacaré, Edgar da Silva Freitas já acumula 29 condenações que lhe renderam 263 anos de prisão.  A primeira sentença saiu em agosto de 1992, quando ele tinha 20 anos. Foi condenado a seis meses no regime semiaberto por um crime contra a administração pública. Menos de dois meses depois, em 9 de abril, saiu condenação por furto, a ser cumprida no regime semiaberto.  
Antes daquele mês terminar, Jacaré acabou matando uma pessoa. Mas a sentença só acabou saindo em 1995. Além desse, há outros dois assassinatos em sua ficha criminal, cometidos em 1992 e 1995. Para esses crimes, as penas variam entre cinco a oito anos.  
Ele também se envolveu em um latrocínio (roubo seguido de morte) ocorrido em 2007 em Carazinho, no norte do Estado. Com esse e outros crimes associados, Jacaré acabou acumulando inicialmente 70 anos de pena - a maior condenação de todo histórico criminal. Além dele, outras três pessoas participaram do crime, um deles um adolescente de 15 anos. O grupo roubou R$ 200 e um relógio de um homem, que depois foi morto. 
Além de assassinatos e roubos, Jacaré também responde por um estupro. O crime ocorreu em 1999, na região central do Estado, e rendeu 12 anos de prisão. 

Número 3 - Antônio Nunes Pereira 

Idade: 40 anos

Pena: 205 anos e três meses

Conhecido por Toninho, era líder das gangues dos mixarias, ligada ao tráfico de drogas na zona leste de Porto Alegre. Tem envolvimento na morte de ao menos dez pessoas e acumula 13 condenações. Em 2003, matou um homem enquanto dormia. Segundo a sentença, a vítima estava cuidando de uma casa de um desafeto do grupo quando foi assassinada. "Impuseram verdadeiro Estado paralelo, mantendo a população da localidade amedrontada. Diversas famílias tiveram de deixar a região", observa a decisão judicial. Por esse crime, foi condenado a 16 anos e seis meses por homicídio qualificado, cometido por motivo torpe, vingança, e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima.
Outra vítima foi morta no meio da rua por não pagar dívida com o tráfico de drogas. O crime ocorreu em setembro de 2004. O mesmo aconteceu com Jorge Luís Macedo Mauer, em setembro de 2003. Antes de ser assassinato, a vítima foi torturada, sendo amarrada, colocada no porta-malas de um carro e levada para um local isolado, segunda denúncia do MP. Ali foi espancada com chutes e pontapés e morto. A companheira dele afirmou que o homem foi assassinado por dívida de R$ 50. 
A última morte ocorreu em abril de 2005. Na época, Toninho matou a tiros um adolescente com a ajuda de cinco comparsas na Quinta do Pontal, zona leste de Porto Alegre. Segundo a denúncia do Ministério Público, a vítima pertencia a mesma facção dos seis envolvidos e tinha "conhecimento de diversos fatos delituosos". Por esse crime, foi condenado a 19 anos de prisão. 

Número 4 - Osmar Gilvan Silva de Lima

Idade: 48 anos

Pena: 204 anos e sete meses

Considerado um dos assaltantes mais perigosos do Rio Grande do Sul, conta com 25 condenações por crimes cometidos em diversas cidades gaúchas e catarinenses. Em pelo menos dois roubos, também estuprou as vítimas. Um dos casos ocorreu em 1997, em Giruá, no norte do Estado. Só pelo estupro foi condenado a 10 anos de prisão e foi sentenciado a mais 17 anos de reclusão por formação de quadrilha e roubo; somando 27 anos. O outro caso de estupro, em meio a um assalto, ocorreu em 1999, em Catuípe, no noroeste do Estado. Pelos crimes foi condenado a sete anos e seis meses de detenção. 
Em roubo em Abelardo Luz, no oeste de Santa Catarina, também teve envolvimento em um sequestro. Devido aos crimes, foi condenado a mais de 12 anos de prisão.
Além dos roubos, o criminoso responde por dois processos por tráfico de droga. Um deles foi por uma situação ocorrida em janeiro de 2005. Na época, foram encontradas duas pedras de crack, pesando 64 gramas, na porta da cela em que cumpre pena na Pasc. Quatro meses depois foi apreendido com ele 70 gramas de maconha, que seria negociada por com outros presos da Pasc. A droga foi encontrada em um buraco embaixo da cama, coberto  com uma tampa de concreto. 
Hoje, Osmar está preso no regime fechado na Pasc. Por trabalhos feitos na penitenciária, já conseguiu reduzir 682 dias da pena. Entretanto, em sua ficha criminal constam 292 dias em que esteve na condição de foragido. 

Número 5 - Nelson Paz dos Santos

Idade: 49 anos

Pena: 204 anos e quatro meses

Cometeu série de roubos e sequestros entre o final da década de 1980 e começo da década de 1990. Por um dos crimes, ocorrido na região de Alegrete, foi condenado a 37 anos de prisão - considerada a maior pena de seu histórico criminoso. Pelo último roubo antes de ser preso, em maio de 1990, foi condenado a 12 anos e seis anos de reclusão.
Após ficar 22 anos preso, obteve indulto, deixando a penitenciária em maio de 2011. Menos de dois meses depois, participou com comparsas de um assalto à praça de pedágio de Farroupilha, na serra gaúcha. O crime ocorreu durante a madrugada, com uso de fuzis e pistolas. O grupo levou dinheiro das cabines e de um cofre, que foi aberto com explosivos. Na fuga, houve perseguição e troca de tiros com policiais, mas o grupo acabou preso em um matagal no interior de Caxias do Sul. Só pelo roubo, foi sentenciado a mais de oito anos de prisão. Ainda foram acrescidos a pena cinco anos de prisão pelo crime de resistência à prisão e mais três anos por formação de quadrilha. 
Até agora, Santos já cumpriu 32 anos da pena, de acordo com o relatório do Tribunal de Justiça, e cumpre a condenação na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), na Região Carbonífera. Em março do próximo ano deve ter progressão de pena, o que precisa ser analisado pelo judiciário antes de ser atendido.

Número 6 - José Carlos dos Santos

Idade: 38 anos

Pena: 188 anos e 10 meses

A habilidade que José Carlos dos Santos adquiriu pilotando retroescavadeiras teria sido um dos motivos que levou o candelariense a se envolver no ataque a carros-fortes no início dos anos 2000. A técnica mais usada pelo bando consistia em arremessar um caminhão contra o blindado, em local ermo, e bloquear a via com outro veículo para impedir a chegada da polícia. Em poucos anos, Seco deixaria de lado o apelido de "Zé das Retros" e se tornaria o foragido número 1 do Estado por conta dos ataques a bancos e carros-fortes
A prisão do assaltante ocorreu em 13 de abril de 2006, em um posto de combustíveis às margens da BR-386, em Paverama, no Vale do Taquari. Em um cenário de guerra, o criminoso e um comparsa dentro de um Audi, embretados no posto, trocaram tiros de fuzis com quatro policiais civis. A poucos metros, clientes de um restaurante se jogaram no chão para não serem atingidos pelos tiros. Os dois assaltantes acabaram baleados e capturados. Por este confronto, Seco foi condenado a 28 anos e quatro meses de prisão. 
Três dias antes, na noite de 10 de abril, um bando liderado por Seco tinha atacado a sede da transportadora de valores Proforte, em Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. Um caminhão-guincho foi arremessado contra a parede do bunker, o que permitiu que os criminosos invadissem o local e roubassem R$ 4 milhões. Armados com fuzis, dispararam na direção de uma viatura da Brigada Militar, mataram o capitão André Sebastião Santos dos Santos, 34 anos, com um tiro na cabeça, e feriram outra policial.  
Pelo ataque à transportadora e a morte do oficial, Seco foi condenado a 36 anos e três meses de prisão. Mas ele acumula nove condenações por crimes cometidos em diferentes cidades gaúchas, como Veranópolis, na Serra, onde um ônibus com estudantes foi usado para interceptar um carro-forte, em 2005. O assaltante, que passou mais de uma década na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), integrou em julho do ano passado a leva de criminosos que foram encaminhados para presídios federais, durante a Operação Pulso Firme

Número 7 - Sandro Alixandro de Paula

Idade: 34 anos

Pena: 186 anos e 10 meses

Natural de Mato Grosso do Sul, já acumula 25 condenações, a maioria por roubo. Em um dos assaltos por pouco não matou três policiais militares. O crime ocorreu em Marau, no norte do Estado em 2003. Segundo a denúncia do Ministério Público, ele e três comparsas _ um deles uma mulher – tentaram cometer um assalto. Os criminosos fugiram quando perceberam aproximação policial. Houve perseguição e na fuga, disparam em direção aos PMs, que revidaram. De Paula conseguiu fugir com três comparsas, mas a mulher acabou presa. Só por esse crime foi condenado a 19 anos e nove meses de prisão. 
Também foi condenado por extorquir vítimas de roubo de veículo, por pelo menos dez vezes, em um esquema coordenado dentro da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ). Do lado de fora da prisão, a extorsão também ocorria próximo de estações de trem em Canoas. O esquema tinha a participação de um policial militar, que acessava o sistema de Consultas Integradas - a partir da senha de um colega - e obtinha dados de veículos roubos e furtados na época. Uma das vítimas chegou a entregar R$ 6,5 mil. Por esse crime, a sentença foi de mais de 10 anos de prisão. 


Número 8 - Paulo Sérgio Guimarães da Silva

Idade: 47 anos 

Pena: 184 anos e 10 meses 

O serial killer Paulo Sérgio Guimarães da Silva, o Titica, que ficou conhecido como o Maníaco da Praia do Cassino, em Rio Grande, acumula 184 anos e 10 meses de condenação, pelo assassinato de sete pessoas, um estupro, três roubos e duas tentativas de roubo. Os crimes foram cometidos entre dezembro de 1998 e março de 1999, na praia do Cassino, no litoral sul do Estado. Uma adolescente, de 14 anos, foi atingida por um disparo na nuca e ficou tetraplégica. O caso levou pânico à cidade por meses 
Em 11 de dezembro de 1998, os estudantes Felipe Martins dos Santos, 21 anos, e Bárbara Oliveira da Silva, 22, foram mortos com três tiros de revólver calibre 38 cada um. Os corpos foram deixados ao lado do Palio do rapaz na beira da praia do Cassino. Em 10 de março de 1999 os servidores da Justiça Federal do município Márcio Rodrigues Olinto, 30 anos, e Anamaria Xavier Soares, 31, foram feitos reféns e levados para Pelotas, onde foram mortos com disparos de pistola na nuca. Dez dias depois, o estudante Petrick de Castro Almeida, 18 anos, é morto com um tiro na nuca quando caminhava à noite na beira da praia do Cassino com uma amiga. A adolescente sobreviveu, mas fica tetraplégica. Seis dias após, o vendedor de revistas de Porto Alegre Sílvio Luiz Kleinberg Ibias, 36 anos, e a professora de Rio Grande Adriana Nogueira Simões, 28, foram mortos com tiros de pistola, e os corpos, abandonados nos molhes da Barra de Rio Grande. 
O pescador se dizia inspirado no motoboy paulista Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, condenado a 124 anos de cadeia por estupros e assassinatos de mulheres. No dia em que foi capturado, o Maníaco do Cassino relatou com detalhes à polícia, como tinha assassinado suas vítimas. O pescador da cidade de Rio Grande contou que após matar, esperava a polícia chegar ao local do crime para ver o que as pessoas da comunidade iriam comentar. Capturado em abril de 1999, ele foi transferido para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC), onde segue preso. 

Número 9 - Alcione Romero Garcia

Idade: 52 anos

Pena: 171 anos e 9 meses 

Tem 31 condenações por crimes cometidos em Porto Alegre, sendo 27 delas por crimes ocorridos principalmente entre os anos de 2004 e 2005. Das condenações, 26 são por roubo e extorsão.
Em um dos crimes, levou mais de R$ 20 mil em joias de um apartamento no bairro Bela Vista, na Zona Norte. Na época, Alcione e um comparsa renderam a zeladora do prédio e, para ter acesso à moradia, fizeram com que ela chamasse uma das funcionárias do apartamento até a entrada do edifício. Quando a mulher desceu, outras duas empregadas de outros apartamentos chegaram ao prédio. Todas foram rendidas e levadas até a moradia, onde havia outra faxineira. Inicialmente elas foram mantidas no quarto do casal e depois, três delas foram trancadas em um banheiro. As outras duas acompanharam os criminosos até a saída para fuga. Além de joias, a dupla levou relógios, filmadora, máquina fotográfica e computador de mão, um casaco de couro e tênis. Por esse crime, Alcione foi condenado a dez anos de prisão. 
Em 2014, o Ministério Público pediu a unificação das penas de oito processos. A justificativa para os pedidos era a semelhança entre os crimes e a ocorrência em datas próximas. Dois deles ocorreram com diferença de três dias, um no bairro Moinhos de Vento, e outro, no Rio Branco.
O Ministério Público salientou semelhanças entre os crimes: com uso de arma de fogo, ameaça às vítimas e roubo de bens, e sempre com a companhia de um comparsa e de outras pessoas não identificadas. Entretanto, os desembargadores do Tribunal de Justiça (TJ-RS) entenderam que as similaridades "não autorizam o reconhecimento da continuidade delitiva, tendo em vista que, claramente, concretizou-se uma situação de reiteração delitiva".  Hoje, está na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).  

Número 10 - Cleber Renato Vilela de Oliveira

Idade: 60 anos

Pena: 165 anos e 10 meses 

Cumpre pena desde 1977, mas já escapou da prisão diversas vezes, quando aproveitava para cometer crimes. Em janeiro de 1988, matou uma pessoa na região de Bagé e, um mês depois, participou de um assalto que resultou na morte outra pessoa. Pelos dois crimes, foi condenado a 39 anos de prisão.
Em outra fuga, estuprou três mulheres na Galeria Malcon, no Centro de Porto Alegre, em um intervalo de pouco mais de um mês, entre novembro e dezembro de 2003. As vítimas eram abordadas pelo homem, levadas até uma sala vazia e obrigadas a manter relações sexuais com ele. Segundo a denúncia do Ministério Público, as mulheres eram ainda ameaçadas por Oliveira, que estava armado. Uma das vítimas chegou a ser vendada durante o estupro. Além dos crimes sexuais, ele também roubou dinheiro, celular e pertences das vítimas. Só foi capturado no final de janeiro de 2004. 
Oliveira foi condenado a mais de 17 anos de prisão pelos estupros, oito anos por atentado violento ao pudor e 13 anos por roubo. Após o crime, uma das vítimas chegou a processar o Estado uma vez que o crime ocorreu após fuga do sistema prisional. Entretanto, os desembargadores do TJ-RS entenderam que não ficou comprovado "nexo causal entre a fuga do apenado e o estupro, tão pouco ficou demonstrada a culpa do Estado". Com isso, a vítima teve que pagar ainda R$ 800 das custas processuais. 
Por já ter cumprido mais de 30 anos de prisão, a defesa pediu diversas vezes a progressão de regime de Oliveira. Entretanto, todos foram negados. A última recusa veio do Superior Tribunal de Justiça, em 16 de abril deste ano. Hoje ele está preso no Presídio Regional de Bagé.