terça-feira, 17 de dezembro de 2024
domingo, 25 de fevereiro de 2024
Ato na Avenida Paulista não muda situação jurídica de Bolsonaro
Ex-presidente precisa explicar em depoimento suas investidas contra o Estado Democrático de Direito
De Rosane de Oliveira
Convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a pretexto
de se defender, a manifestação na Avenida Paulista, em 25 de fevereiro, não
muda a sua situação jurídica. Não é em um ato com pessoas
vestidas de verde e amarelo que ele precisa explicar a tentativa de golpe em
2022 e a série de eventos em que atentou contra o Estado
Democrático de Direito.
O foro é
outro: provavelmente antes do dia 25, Bolsonaro e os generais Braga Netto e
Augusto Heleno serão intimados a depor sobre suas investidas contra o
sistema eleitoral e a tentativa de virar a mesa para
impedir a eleição e, depois, a posse do presidente
eleito em outubro de 2022.
O vídeo da reunião em que se fala abertamente em fazer alguma
coisa para impedir a vitória de Lula foi a base da Operação Tempus Veritatis,
mas não é o único elemento. Bolsonaro será interrogado sobre outras tentativas
de melar a eleição para continuar no poder.
Não era
"um golpe contra ele mesmo", como dizem seus apoiadores, mas um
conjunto de manobras que incluíam criar o clima de caos que
justificaria a decretação de estado de sítio. Nos planos,
convém lembrar, estavam as prisões dos ministros Alexandre
de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, e
do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
O que Bolsonaro quer no dia 25 de fevereiro na Paulista é uma
demonstração de força. Uma fotografia para alimentar a narrativa de
que, se for preso, a multidão vai se rebelar e teremos o tal "clima de
guerrilha", mencionado na reunião de julho.
O pedido para que os apoiadores
não levem faixas com ataques a quem quer que seja se
explica pelo medo de que os pedidos de intervenção militar sejam um desses
tiros que saem pela culatra.
ALIÁS
Infiltrar
agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas campanhas dos
adversários é outro ponto chave na operação da Polícia Federal. Tanto Bolsonaro
sabia da gravidade da sugestão do general Augusto Heleno que sugeriu falarem a
sós.