De Signei José Bruzska
Quando Rodrigo foi preso, na fronteira do Brasil com o Paraguai, os
jornais deram amplo destaque à notícia. Afinal, depois muitos anos de
investigação e procura policial, finalmente havia sido preso o “Barão da
Maconha”, traficante internacional, dono de um “império do crime”, apontado
como um dos principais fornecedores de drogas para o sul do Brasil.
“Um duro golpe no crime organizado”, sintetizavam as notícias.
Um forte esquema policial e de segurança foi montado para que fosse
efetivada a transferência do mega traficante para a Penitenciária de Alta
Segurança de Charqueadas, incluindo o uso de aeronave.
Algum tempo depois, em uma tarde de outono, do lado externo dos muros da
mesma penitenciária de alta segurança de Charqueadas, sem qualquer vigilância,
absolutamente sozinho, observei que um senhor, já de idade avançada, lidava com
afinco em um tratorzinho cortador de grama. Andava para lá e para cá, aparando
a grama com esmero, cuidando para que nenhuma ponta dos arbustos ficasse sem a
devida poda. Cumprimentei-o de longe, pelo belo serviço que estava realizando e
imediatamente perguntei para os policiais militares que me acompanhavam na
prisão quem era aquele trabalhador:
É o Rodrigo, doutor, o famoso Barão da Maconha.
Posteriormente também pude constatar e provar que o “Barão das Drogas”
foi o melhor fazedor de bolinhos fritos da PASC, aqueles que chamamos de
“bolinhos de chuva”. Os bolinhos que ele fazia eram leves como plumas, em
formato perfeitamente arredondado, polvilhados com açúcar e canela.
O Barão jamais trouxe problemas ao sistema penitenciário gaúcho. Não cometeu nenhuma falta disciplinar. E tempos depois, quando o Tribunal de Justiça revogou um benefício no regime semiaberto, ele se apresentou espontaneamente no balcão da VEC para terminar de cumprir sua pena.