Galvão, que dirige o instituto desde setembro
de 2016, se manifestou neste sábado, 20, sobre os comentários feitos na
sexta-feira 19 por Bolsonaro em café da manhã com a imprensa estrangeira. Na
ocasião, o presidente questionou os dados fornecidos pelo Inpe sobre as taxas
de desmatamento
da Amazônia e disse que eles são mentirosos.
“Se toda essa devastação de que vocês nos acusam de estar fazendo e ter feito no passado, a Amazônia já teria sido extinta seria um grande deserto”, disse Bolsonaro.
“A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos”, afirmou. “Até mandei ver quem é o cara que está à frente do Inpe para vir se explicar aqui em Brasília, explicar esses dados aí que passaram na imprensa”, disse. “No nosso sentimento, isso não condiz com a realidade. Até parece que ele está a serviço de alguma ONG, que é muito comum.”
As declarações do presidente ocorreram um dia
depois de a imprensa destacar que dados do sistema Deter-B, do Inpe, que faz
alertas em tempo real de focos de desmatamento para orientar a fiscalização,
mostraram que a área perdida de floresta até meados deste mês já é a segunda
maior da série histórica, medida desde 2015.
Galvão optou por não responder na própria sexta para primeiro “arrefecer o estado de ânimos”, mas hoje deu sua posição. “A primeira coisa que eu posso dizer é que o sr. Jair Bolsonaro precisa entender que um presidente da República não pode falar em público, principalmente em uma entrevista coletiva para a imprensa, como se estivesse em uma conversa de botequim. Ele fez comentários impróprios e sem nenhum embasamento e fez ataques inaceitáveis não somente a mim, mas a pessoas que trabalham pela ciência desse país”, afirmou.
“Ele tomou uma atitude pusilânime, covarde, de fazer uma declaração em público talvez esperando que peça demissão, mas eu não vou fazer isso. Eu espero que ele me chame a Brasília para eu explicar o dado e que ele tenha coragem de repetir, olhando frente a frente, nos meus olhos”, continuou o engenheiro, que iniciou a carreira no Inpe em 1970, fez doutorado em Física de Plasmas Aplicada pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT) e é livre-docente em Física Experimental na USP desde 1983.