Protestos contra
bloqueios na educação reúnem milhares de manifestantes no país
Protestos contra os cortes no Ministério da Educação (MEC) levaram
milhares de pessoas às ruas em diversas cidades do país nesta quinta-feira
(30). Um dos primeiros atos foi registrado em Brasília, onde milhares de
pessoas se reuniram em frente à Biblioteca Nacional no final da manhã.
De tarde e à noite, as manifestações ganharam força no país e ocorreram
em diversas cidades em todas as regiões. Segundo a União Nacional dos
Estudantes (UNE), havia previsão de mobilizações em 143 municípios do país. É a
segunda vez este mês - a primeira foi em 15 de maio - em que os manifestantes
vão às ruas em defesa dos recursos para a educação.
Na tarde desta quinta, o MEC divulgou uma nota em que afirma
que professores, servidores, funcionários, alunos e até mesmo pais e
responsáveis "não são autorizados a divulgar e estimular protestos durante
o horário escolar".
São Paulo
O Largo da
Batata foi o palco do segundo protesto contra os cortes da Educação em São
Paulo. Desde a tarde milhares de pessoas se reuniram na zona oeste de São
Paulo, para protestar contra o bloqueio de verbas para a educação pelo governo
Bolsonaro. Alguns também pediram a liberdade do ex-presidente Lula, o fim da
reforma da previdência e justiça para a vereadora assassinada Marielle Franco.
O público era
composto, em grande parte, por estudantes, professores, integrantes de
movimentos sociais e de centrais sindicais.
Por volta das
17h, havia 50 mil pessoas no local, segundo organizadores -a UNE que encabeçou
a manifestação. O ato começou por volta das 16h.
Rio de Janeiro
O ato em frente
à Igreja da Candelária, no Centro do Rio de Janeiro, ocupou parte das avenidas
principais Presidente Vargas e Rio Branco. Vermelho é o tom mais frequente nas
camisetas e bandeiras, e grande parte do público é jovem.
Os manifestantes entoam gritos como "Que contradição, tem dinheiro para a milícia mas não tem para a educação" e "Quero estudar para ser inteligente, porque de burro já basta o presidente".
Minas Gerais
Segundo os
organizadores, o protesto reuniu 50 mil pessoas na praça Sete . A polícia
militar não passa estimativas de público.
"A gente sabia que haveria muita gente, mas ficamos felizes de ver que houve essa resposta maior. Sabemos que até o fim conseguir colocar pessoas na rua porque a pauta é importante" — diz Maria Rosaria Barbato, vice-presidente do Sindicato de Professores da UFMG (Apubh).
Ela diz ainda
que o ato dessa quinta foi uma preparação para a greve geral do dia 14 de
junho, contra a reforma da previdência.
Brasília
O ato começou
às 11h com milhares de pessoas em frente à Biblioteca Nacional em Brasília. A
manifestação ocorreu com o apoio da União Nacional dos Estudantes (UNE) e União
Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e de sindicatos dos professores.
Os manifestantes levaram cartazes como "a minha arma é a educação", "eu defendo a UnB (Universidade de Brasília)" e "educar é investir, cortar é regredir.". No ato, os organizadores que discursaram do carro de som também criticam a reforma da Previdência e pedem a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ceará
Na capital cearense, os atos contra cortes
na educação se iniciaram às 14h no bairro Benfica, região caracterizada pela
forte presença universitária. As críticas ao atual governo vão do suposto
envolvimento da família do presidente com milicianos até a reforma da
previdência.
O ato recebe apoio também de estudantes secundaristas e pós-graduandos,
tanto de instituições públicas quanto privadas. Integrantes do corpo docente da
Universidade Federal do Ceará (UFC), IFCE e de escolas do nível básico também
ocupam os espaços na caminhada que deve seguir por 3 quilômetros entre o bairro
Benfica e o Centro.
Além de Fortaleza, mais cidades no Ceará realizaram atos da mesma
natureza, como Barbalha, Tabuleiro do Norte e Aracape. Em Sobral também deverá
ter manifestação no período da noite.
Bahia
Depois de um
percurso de cerca de dois quilômetros, a passeata contra os cortes na educação
em Salvador chegou à praça Castro Alves, onde foi encerrada no início da tarde.
Em cima de um trio elétrico, líderes estudantis fizeram discursos.
Com faixas e
cartazes, manifestantes tiveram como alvo principal o presidente Jair
Bolsonaro, que contingenciou recursos do governo federal para todas as etapas
de ensino.
O protesto na
capital baiana também teve como alvo o governador da Bahia, Rui Costa (PT). Professores
das universidades estaduais, em greve há mais de 40 dias, criticam os cortes no
orçamento e pedem reposição salarial.
"A luta pela educação une toda a esquerda, independentemente de quem é o alvo do protesto" — afirma o Laurenio Sombra, 52 anos, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana.
Houve ainda
faixas em apoio a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT),
preso em Curitiba (PR).
Pernambuco
Após duas
horas de caminhada pelas principais avenidas da área central da capital
pernambucana, a manifestação contra o contingenciamento de recursos da área de
educação foi encerrada com shows de artistas locais. Os organizadores do ato
comunicaram que 70 mil pessoas foram às ruas na tarde desta quinta.
A Polícia
Militar não informou sua estimativa de público. A mobilização, embora
expressiva, foi visivelmente menor do que o protesto realizado no dia 15.
Pará
Oito horas
antes da concentração convocada para ocorrer às 16h na Praça da República, no
centro de Belém,, pelo menos seis prédios de universidades públicas amanheceram
com portões fechados. Parte das aulas e atividades foram suspensas.
Aderiram ao
movimento unidades da Universidade Federal do Pará, da Universidade Federal do
Sul e Sudeste Pará (Unifesspa), do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Pará (IFPA), do Museu Paraense Emílio Goedi, da Universidade
Federal Rural da Amazônia (Ufra) e do Núcleo Pedagógico Integrado da UFPA.
Paraná
Estudantes e
professores que participaram do ato contra o bloqueio de verbas da Educação em
Curitiba instalaram uma nova faixa na fachada do prédio histórico da
Universidade Federal do Paraná (UFPR).
No domingo
(26), uma faixa com a frase "em defesa da Educação" pendurada no
mesmo local havia sido retirada sob aplausos por manifestantes que participaram
do ato pró-governo Bolsonaro. A nova faixa é maior que a anterior e foi
colocada num local mais alto da fachada do prédio da UFPR, numa operação que
contou com andaimes.
Rio Grande do Sul
Segundo
entidades que representam estudantes do Rio Grande do Sul e sindicatos de
professores e técnicos-administrativos, manifestações estavam marcadas em
diversas em cidades como Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Pelotas, Santa Maria e
Viamão.
Em Porto Alegre,
depois da concentração em frente à Faculdade de Educação (Faced) da
UFRGS, às 17h, por volta das 17h30min, os participantes saíram em
caminhada pelas ruas da região central, até chegar na Esquina Democrática.
A partir das
19h, marcharam em sentido contrário, pela Avenida Júlio de Castilhos e
desviaram pela Loureiro da Silva, em direção ao Largo Zumbi dos Palmares.
Alguns manifestantes usam guarda-chuvas e capas de chuva para driblar o mau
tempo que atingia a Capital. EPTC e Brigada Militar monitoram o ato.