Powered By Blogger

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Vistoria do Presídio de Canoas - o "Marcos Rolim como especialista e segurança pública"



Têm vários agentes penitenciários que são especialistas nos presídios. Não o Marcos Rolim

Coluna da Rosane de Oliveira

"Uma alternativa para permitir que o primeiro módulo do Presídio de Canoas possa ser ocupado em dezembro foi apresentada ontem pelo prefeito Jairo Jorge, que visitou o prédio em companhia do ex-deputado Marcos Rolim, especialista em segurança pública. Jairo Jorge propôs a construção de um acesso provisório, para não atrasar ainda mais a transferência dos primeiros 400 presos. Com o atraso no repasse de recursos pelo Estado, o acesso definitivo não ficaria pronto antes de três meses.
O secretário da Segurança, Wantuir Jacini, diz que faltam apenas detalhes para a transferência. Até os uniformes já foram encomendados. A SSP encaminhou também a locação de bloqueador de celulares. O entendimento dos técnicos é de que, como a tecnologia fica defasada em pouco tempo, é melhor alugar do que comprar os bloqueadores.
Convidado a analisar a estrutura e sugerir aperfeiçoamentos, Rolim percorreu celas, áreas de convivência e cozinha do módulo 1 da penitenciária. Assim que receber as avaliações de Rolim, Jairo Jorge vai compartilhar as observações com o governador Sartori para, juntos, tomarem as providências necessárias".

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Contra os funcionários públicos - os governichos Sartori e Feltes

Piratini não garante repasse integral aos demais poderes

Secretário da Fazenda admitiu que pode não ter dinheiro suficiente para que Judiciário, MP, Legislativo, TCE e Defensoria Pública paguem o 13º.

Presídio Canoas I será entregue até dezembro


Com atraso de mais de um ano

Caroline Paiva/JC
Unidade no bairro Guajuviras receberá 393 detentos
Com atraso de mais de um ano, a inauguração do Complexo Prisional de Canoas, no bairro Guajuviras, parece finalmente estar próxima de acontecer. Em uma reunião entre a Secretaria da Segurança Pública (SSP) e a prefeitura de Canoas, na sexta-feira, foram acertados os últimos detalhes para a abertura da primeira de quatro unidades do complexo, o Presídio Canoas I. A estimativa é abrir as portas para receber presos em dezembro.
Segundo o prefeito Jairo Jorge, as obras do Presídio Canoas I estão 80% concluídas, mas, até a semana passada, somente 20% dos recursos estaduais tinham sido liberados, um montante de R$ 400 mil, o que causou o atraso. A prefeitura manteve o trabalho em andamento, através de recursos próprios. "Agora, o governo do Estado nos repassou R$ 1 milhão. Portanto, acreditamos que, em 40 dias, tudo esteja pronto", afirma.
A construtora ainda precisa finalizar os acessos asfálticos internos da unidade. Enquanto isso, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) conclui trâmites burocráticos para a colocação de bloqueadores de sinal de telefonia celular na cadeia. Os dispositivos serão instalados através de um contrato de prestação de serviços e terão assistência 24 horas.
Durante a reunião, o secretário estadual de Segurança Pública, Wantuir Jacini, assegurou que o governo do Rio Grande do Sul está preocupado em manter o foco da unidade na ressocialização dos presos, através do trabalho e do estudo.
"Queremos evitar que, em alguns anos, o presídio se torne um Presídio Central de Porto Alegre ou um Carandiru. Sempre nos preocupamos que o local não fosse dominado por facções, então, estamos fazendo esse trabalho de buscar presos que pretendam, mesmo, se recuperar e contribuir dentro da prisão", explica Jairo Jorge.
A gestão do Presídio Canoas I será compartilhada entre a prefeitura e o governo do Estado. A SSP garantiu que nenhum policial militar será retirado das ruas de Canoas para fazer a segurança do presídio. Pelo contrário a Brigada Militar deve aumentar o efetivo da região. Dentro da unidade, serão em torno de 100 trabalhadores da segurança pública, entre agentes penitenciários e policiais militares.
Jairo Jorge visitará o Presídio Canoas I amanhã e, na quinta-feira, terá uma reunião técnica junto à Susepe para fazer uma "check list" do necessário para entregar a cadeia, preferencialmente, no início de dezembro. O local abrigará 393 detentos, muitos deles transferidos do Central. As outras três unidades do Complexo Prisional de Canoas (uma delas administrativa) estão 99% prontas, mas ainda precisam da conclusão dos acessos internos. "São 400 ou 500 metros de ligação. A prefeitura está ajudando nesse projeto, devemos fazê-lo no prazo mais curto possível. O governo do Estado levaria um ano para fazer, e nós estamos prevendo um tempo de quatro ou cinco meses. No final do primeiro semestre do ano que vem, devemos ter os acessos terminados", estima.
Quando finalizado, o complexo terá 2.808 vagas, sendo 2.352 em celas coletivas, 15 para portadores de necessidades especiais e 48 vagas em celas individuais nas alas disciplinares.
Conforme nota da SSP, que não quis dar entrevista, o fornecimento de energia elétrica no local já foi estabelecido e o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI), homologado.
A unidade se encontra equipada e mobiliada. As obras do presídio têm custo de R$ 18 milhões, dos R$ 100,5 milhões contratados para o complexo. As celas são construídas em módulos pré-fabricados com concreto especial e à prova de fogo.

Armamento para traficantes era encomendado direto do Central


Criminoso uruguaio mantinha de dentro da cadeia rota de contrabando da Fronteira Oeste à Região Metropolitana para abastecer facções em troca de drogas. Ao mês, movimentaria R$ 370 mil
A partir de Santana do Livramento, a Polícia Civil desarticulou esquema de tráfico internacional de armas vindas de Rivera, no Uruguai, para a Região Metropolitana. Até R$ 82 mil por mês em armamento seriam movimentados pela quadrilha alvo da Operação Cerberus, deflagrada ontem. A rota seria comandada pelo uruguaio Ernesto Andres Vargas Villanueva, o Cachorrinho, de dentro do Presídio Central na Capital.

O detento já foi investigado por relação com assaltantes e é considerado parceiro de facções no RS, sobretudo Os Manos.
"Costumava negociar com a Vila Maria da Conceição, mas, com o enfraquecimento do líder, criou novas parcerias" – explica Eduardo Finn, delegado da Divisão de Assessoramento Especial do Departamento de Polícia do Interior.
A estimativa é de que a quadrilha movimentava mais de R$ 370 mil mensais com o envio de pistolas, fuzis, dinamites e munições para traficantes do Estado, e com as drogas que seguiam o caminho contrário como parte do pagamento.
"Armas, que no Uruguai tinham um preço, chegavam a ser vendidas por 300% a mais na Região Metropolitana" – conta o delegado.
 Canal para entrada de fuzis tchecos e canadense
Interceptação telefônica revelada ontem pela polícia mostra um fornecedor uruguaio negociando fuzil fabricado no Canadá com suposto líder de facção em Porto Alegre. Segundo Finn, a quadrilha teria importante canal para repasse de fuzis canadenses e tchecos à Região Metropolitana. Desde 2013, pelo menos nove fuzis 5.56, tchecos e canadenses, foram apreendidos na Capital.
"Ainda não temos a relação concreta de clientes e de onde foram parar as armas trazidas, mas negociações por fuzis canadenses e tchecos existiram. Provavelmente, era o Cachorrinho quem os repassava em Porto Alegre" – afirma Finn.
A origem dos fuzis seria desvio das Forças Armadas uruguaias e contrabando a partir do país vizinho. Ao menos um fornecedor foi identificado: o ex-policial uruguaio Juan Jose Arocena teve pedido de prisão encaminhado à Interpol. Em seu nome, haveria mais de uma centena de armas que seriam enviadas ao Brasil.
Eduardo Torres/ZH

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Autoridades e sociedade civil debatem propostas de melhoria do sistema prisional

Em um seminário promovido pela Subcomissão do Sistema Prisional do Rio Grande do Sul, na manhã desta quarta-feira (21), parlamentares, autoridades da área judiciária e representantes da sociedade civil discutiram propostas de melhoria do sistema, como a de autonomia da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), a construção de casas prisionais menores e adoção de uma política de incentivo fiscal a quem empregar apenados.

O relator da subcomissão, deputado Jeferson Fernandes (PT), apresentou um resumo do relatório final elaborado pelo órgão técnico nos últimos 120 dias e já aprovado pela Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (clique aqui para ler o documento completo). Ele explicou, logo no início da apresentação, que sua preocupação na condução dos trabalhos foi a de evitar o corporativismo, a partidarização, o preconceito e o sensacionalismo, tratando o tema com profundidade em vez de ressaltar os fatos pitorescos.
Disse que o Brasil é o quarto país que mais prende no mundo, com 607 mil presos, segundo dados de 2014, ficando atrás de Estados Unidos (2,2 milhões presos), China (1,6 milhão presos) e Rússia (673 mil). A taxa da população prisional para cada 100 mil habitantes, por sua vez, é de 300 no Brasil, 698 nos Estados Unidos, 119 na China e 468 na Rússia. O país é “recordista mundial” em superlotação nos presídios, com taxa de ocupação de 161%, contra 102% nos Estados Unidos e 94% na Rússia (não foram fornecidos dados sobre a China). Também possui mais presos ainda não condenados (41%, contra 20,4% nos Estados Unidos e 17,9% na Rússia).
Em relação à variação da população prisional nestes países, nos últimos cinco anos, Jeferson informou que, enquanto os índices caíram nos Estados Unidos (-8%), na China (-9%) e na Rússia (-24%), no Brasil o número aumentou (33%). Para o parlamentar, isso se deve à legislação sobre drogas, que permite a prisão de usuários. Quase 50% dos apenados no Rio Grande do Sul respondem por tráfico de drogas. Os demais foram presos por homicídio (4,6%), furto (7%), roubo (6,9%), latrocínio (6%), porte ilegal de armas (9%) e outros crimes (19,6%). Entre as mulheres o número de presas por tráfico é de 76%.
Ainda conforme os dados apresentados pelo parlamentar, o Rio Grande do Sul possui 31 mil pessoas presas atualmente (contra 28 mil no ano passado). Em 2014, a Susepe contava com 4.069 servidores, dos quais 2.298 eram agentes penitenciários, o que representa uma média de 12,2 presos por agente, quando o número recomendado, segundo órgãos internacionais, é de cinco presos por agente.
Propostas
A subcomissão apresentou ainda 21 propostas, descritas no documento final para a melhoria do sistema prisional. São elas:
1 - Organizar conferências regionais nos territórios que sediam as unidades prisionais no RS; e no prazo de 1 ano, uma conferência estadual, como forma de envolver as comunidades locais no processo de cumprimento das penas, nos seus diferentes regimes, visando a ressocialização.
2 – Efetivar convênio entre o Estado e a APAC -  Canoas para dar início a essa experiência, que vem se mostrando exitosa principalmente no estado de MG.
3 – Criar convênio entre o Estado e universidade(s) com o objetivo de aprofundar estudos e assessorar as políticas públicas de ressocialização.
4 - Priorizar a execução das obras patrocinadas pelos Conselhos da Comunidade.
5 - Avaliar e definir as unidades prisionais que têm condições estruturais e de pessoal para colocar em funcionamento oficinas de trabalho e convênios com empresas privadas e órgãos públicos.
6 - Dotar de infraestrutura externa o Complexo Prisional de Canoas, para que se inicie a ocupação das mais de 2.800 vagas nele construídas
7 - Dar continuidade ao programa “Fornecer”, para compras governamentais, como forma de diminuir os custos e melhorar a qualidade nas áreas de alimentação.
8 – Realizar levantamento dos projetos desenvolvidos por voluntários e incentivar sua expansão para mais unidades prisionais.
9 - Criar uma política de tratamento penal, com a participação dos profissionais de psicologia, assistência social e do jurídico da Susepe.
10 - Fortalecer a política educacional implantada nos NEEJAS.
11 – Fortalecer a política de saúde executadas nas UBS e atender a saúde mental.
12 - Estruturar um programa estadual de prevenção e tratamento ao uso de drogas no âmbito prisional.
13 - Nomear técnicos superiores que já realizaram concurso. 
14 – Realizar concurso público para agentes penitenciários e agentes administrativos e resolver a falta de médicos no IPF.
15 - Autorizar realização de horas extras naquelas funções consideradas essenciais, como é o caso do Núcleo de Segurança e Disciplina da Susepe.
16 – Desenvolver programa de formação continuada dos servidores da Susepe, atendimento psicológico dos mesmos e promoção de avaliações participativas com toda a categoria.
17 -  Apoiar a realização das “Audiências de Custódia” e que sejam implementadas em todas as Comarcas do RS.
18 – Realizar mutirão jurídico para examinar as prisões provisórias e a falta de defesa técnica.
19 -  Fortalecer a estrutura funcional e de pessoal nas VECs e viabilizar maior contato com seus respectivos colegas das Varas Criminais responsáveis pelas prisões provisórias.
20 - Aprovar Projeto de Lei, a ser protocolado na AL, que visa reajustar 1% das custas judiciais e destinar o valor correspondente a um fundo de uso exclusivo para o sistema prisional.
21 – Estabelecer em lei uma Política Estadual para o Sistema Prisional, a exemplo do que já fez Minas Gerais.
Participaram do seminário, os deputados Pedro Ruas (PSOL) e Bombeiro Bianchini (PPL), que também integraram a subcomissão, representantes da OAB, Ajuris, Susepe, Defensoria Pública, Instituto Psiquiátrico Forense, Polícia Civil, Judiciário e outros.
Manifestações
Durante as manifestações, foram descritas as dificuldades que os órgãos de justiça e segurança pública do Estado enfrentam e formas de se avançar no tema. Representante do Conselho Regional de Psicologia avaliou que seria bom para o Estado se as casas prisionais fossem menores e apontou a necessidade de políticas públicas para os egressos do sistema. Alexandre Bobadra, do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado do Rio Grande do Sul (Amapergs), falou da responsabilidade dos agentes em atender a mais de 30 mil seres humanos e pediu mais investimentos na área.
O vereador Alberto Kopittke, de Porto Alegre, disse que o trabalho da subcomissão derruba duas ideias do senso comum: a primeira é a separação entre direitos humanos e segurança pública; e, a segunda, a de que mais presos é igual a menos crimes.
A defensora pública Ana Paula Pozzan falou sobre os atendimentos realizados pela Defensoria, seja no contato com os familiares, seja indo até o cárcere ou por mutirões.
Para o professor Celso Rodrigues, do IPA, as universidades poderiam assumir o compromisso de capacitar mão-de-obra para atender aos apenados, uma vez que muitos estudantes são dotados de grande espírito de abnegação, mas ainda não têm a formação técnica necessária. Ele também sugeriu o fortalecimento do papel dos conselhos das comunidades, a expansão de práticas restaurativas e a elaboração de política pública efetiva, abrangente e constante para os egressos do sistema prisional.
Silvana Machado de Oliveira, da Ouvidoria Setorial de Direitos Humanos da Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos, questionou o porquê de não se adotar o uso de tornozeleiras de forma mais ampla e defendeu o trabalho e a ocupação dos apenados.
A diretora do Instituto Psiquiátrico Forense, Patricia Goldfeld, descreveu a situação do órgão, que conta com apenas 11 psiquiatras para atendimento de emergência e perícias, o que deve determinar sua extinção, caso nada seja feito.
Fabio Castro, do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm), relatou os problemas enfrentados pela categoria e chamou a atenção para o fato de as delegacias estarem abrigando presos em razão da falta de vagas nos presídios. Disse temer que algo esporádico venha a se tornar rotineiro e apontou o perigo desta situação, tanto para os profissionais que trabalham nas delegacias como para as pessoas que acorrem a elas para serem atendidas.
O juiz Paulo Irion defendeu que a Susepe fosse transformada em uma secretaria autônoma de administração penitenciária. Também o juiz Sidinei Brzuska defendeu a ideia, bem como a de uma política tributária que estimulasse o emprego de apenados. O magistrado ainda chamou a atenção para o baixo percentual de presos por homicídio, próximos ao de um país escandinavo, mas que, na verdade, não corresponde à realidade do que se vê.


Reunião ordinária
Em reunião ordinária da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, antes do seminário, os parlamentares combinaram a realização de uma visita à Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas em atenção a pedido de reeducandos do Módulo I-B do estabelecimento, que relatam problemas sérios no local e pedem auxílio ao Legislativo. A visita deverá se dar na segunda-feira (26), às 9h.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Caos do sistema carcerário

Impasse mantém presos em DPs

Falta de vagas em cadeias para receber detidos que já têm condenação impede remoção de detentos provisórios para o Presídio Central. Em alguns casos, alimentação é fornecida por familiares ou comprada com dinheiro arrecadado por agentes

Pela segunda vez no ano – a primeira foi em julho –, presos estão sendo mantidos em delegacias da Polícia Civil (DPs) na Região Metropolitana por falta de vagas no Presídio Central de Porto Alegre. O problema se agravou na última semana, gerando tumultos entre detidos e desconforto entre autoridades, sem previsão de solução imediata do impasse.

Depois de um dia inteiro de silêncio, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado informou ontem à noite que está encaminhando presos a presídios estaduais. Destacou que trabalha para concluir as obras da Penitenciaria Canoas 1 e planeja demolir pavilhões do Central, substituindo por novas estruturas.
"As remoções que estão acontecendo são por conta e risco da SSP. Nas cadeias da Região Metropolitana, não há vagas. Continuamos aguardando por perspectivas concretas para o Central. Não bastam promessas no papel" – afirmou o juiz Paulo Augusto Oliveira Irion, da Vara de Execuções Criminais (VEC) da Capital.
Estrutura precária nas carceragens

A Defensoria Pública tentou intervir, pleiteando a remoção imediata de presos para cadeias e, em último caso, a soltura deles. Mas a solicitação foi negada pela VEC. Conforme o juiz Irion, o pedido foi redigido de modo inadequado porque não apontaria quem era o responsável pelo problema, no caso, a SSP.

Até ontem à tarde, havia oito presos na 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), no Palácio da Polícia Civil, um na carceragem da 3ª DPPA, dois na DPPA de Canoas e dois na DPPA de Gravataí. Os detidos dormem sob retalhos de papelão, não há chuveiro e sanitários são precários. Para presos na Capital, o almoço e o jantar têm sido fornecidos pelo Central. Em alguns casos, parentes dos detidos têm levado comida e até policiais estão comprando lanches. Durante o final de semana, o número chegou a 28 presos. A redução ocorreu por força de liminar que determinou remoções para cadeias de Arroio dos Ratos, Charqueadas e Caxias do Sul, e a soltura de seis detidos para responder em liberdade.

Por meio de nota, a Associação dos Delegados de Polícia do RS (Asdep) afirmou que pessoas que comparecem às DPs para depor ou registrar ocorrência “têm sua segurança colocada em risco”, e pediu “urgência” na reversão do quadro.


José Luís Costas/ZH

Adiamento de reajustes da segurança pública

Por Juliano Rodrigues

Um dos principais focos das reuniões do governador José Ivo Sartori com integrantes da cúpula do governo nas últimas semanas voltou a ser a situação dos reajustes salariais da segurança pública, aprovados pela Assembleia em 2014. No primeiro semestre, o governo estudou a possibilidade de adiar o pagamento da parcela de maio do aumento, mas acabou desistindo por não contar com apoio suficiente no Legislativo para uma medida tão impopular e por prever que o desgaste seria ainda maior com o envio posterior de outras propostas, como o tarifaço. Agora, com a parcela de novembro no horizonte, embora o cenário continue desfavorável, o Piratini enxerga a necessidade de, ao menos, tentar discutir o assunto com os partidos da base.
Existe uma possibilidade, ainda remota, de o governo enviar, na próxima leva de projetos para a Assembleia, uma proposta revogando a lei que concedeu aumentos que totalizam R$ 4 bilhões até 2019. Essa seria a atitude mais extrema do leque de opções de Sartori, que inclui também um parcelamento dos percentuais de reajuste por um tempo ainda maior. No núcleo do Piratini, não há um consenso sobre o assunto. De um lado, integrantes do governo defendem a revogação da lei como forma de combater o déficit de R$ 4,6 bilhões previsto para 2016 (os reajustes têm impacto de R$ 1 bilhão nesta conta). Do outro, há os que consideram quase impossível angariar apoio na Assembleia para uma medida do tipo, já que muitos deputados acreditam que se sacrificaram pelo governo ao votar a favor do aumento de ICMS e não estariam dispostos a repetir a dose. Portanto, seria inútil enviar um projeto fadado a ser derrotado, podendo apenas causar desgaste ao governo.
Nesta semana, novas reuniões serão realizadas para discutir o assunto, mas o Piratini está convencido de que, mais cedo ou mais tarde, esse assunto terá de ser enfrentado. As próximas parcelas dos reajustes de policiais civis, brigadianos, agentes da Susepe e técnicos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) devem ser pagas em novembro, janeiro (delegados) e em maio.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Com presídio interditado, presos causam tumulto em delegacia do RS

Em virtude da falta de vagas em presídios, presos são levados à delegacias.
Situação das transferências começou a ser normalizada durante a tarde

Do G1 RS
O acumulo de presos em delegacias por conta da interdição do Presídio Central de Porto Alegre e pela falta de vagas em outras casas prisionais provocou um tumulto entre presos abrigados na 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA), em Porto Alegre. O Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil teve de ser acionado para acalmar os ânimos. Mais de 40 pessoas foram levadas para delegacias nesta quarta-feira (14).

"Tivemos algumas alterações na DPPA, os presos começaram a bater em grades, mas foi tudo resolvido com a chegada das equipes do GOE tempo que estava demorando o encaminhamento para o sistema prisional e da alimentação, que foi trazida do Presídio Central, mas foi um caso pontual, que foi resolvido rapidamente", disse o diretor do Departamento de Polícia Metropolitano, delegado Marcelo Moreira.

A interdição ocorre por meio de uma decisão judicial automática, que sempre entra em vigor quando a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) não consegue transferir quem está preso há mais de 24 horas no Presídio Central - que não recebe mais detentos condenados.


Indagado se a confusão teria sido motivada pela aproximação de facções rivais dentro da delegacia, Moreira disse que não tinha essa informação, mas ao mesmo tempo, afirmou que as delegacias não têm estrutura que permita separar presos de grupos rivais.

Não existem muitas celas e não tem como ficar escolhendo onde cada um dos presos vai ficar, até porque as celas são locais de contenção rápida que não permitem o pernoite”, explicou.


Após o horário do almoço, mais de 40 presos tinham sido levados para delegacias, inclusive aqueles que foram detidos em uma operação do Deic contra o roubo de cargas em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Neste ano, uma ação da polícia chegou a ser cancelada por conta da falta de vagas no sistema prisional gaúcho.

No meio da tarde foi autorizada a transferência de presos para as casas prisionais. Apenas os que possuem condenação permanecem nas delegacias. “Temos que alocar ainda cinco ou sete presos que ficaram sem destino, estamos aguardando a Susepe definir o que vai ser feito”, afirmou Moreira.


Por meio de nota, a Susepe informou que "dos 42 presos em delegacias, 34 já começaram a ser transferidos nesta tarde para o Presídio Central de Porto Alegre, por serem provisórios. No entanto, oito ainda permanecem em delegacias, por possuírem condenações. A Susepe estuda a realocação destes", finaliza o texto.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

PGR quer garantir salário mínimo ao preso que trabalha

Secretaria de Comunicação Social/Procuradoria-Geral da República

Com o objetivo de assegurar a dignidade humana e a igualdade, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defende que presos que trabalham têm direito ao salário mínimo. Atualmente, a Lei de Execução Penal (7.210/1984), que disciplina o assunto, estabelece que o trabalho realizado por preso tem como piso três quartos da remuneração mínima. Essa diferenciação, segundo Janot, é uma espécie de sanção, além de violar princípios fundamentais estabelecidos na Constituição.

O posicionamento do PGR está expresso em manifestação enviada recentemente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nesse parecer, Janot reitera a arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 336 oferecida pela Procuradoria-Geral da República em fevereiro deste ano. A ação questiona o artigo 29, caput, da Lei de Execução Penal por estabelecer remuneração inferior ao salário mínimo. Por ser a legislação de 1984, ou seja, anterior à Constituição, que é de 1988, ela deve ser questionada por ADPF e não por ação direta de inconstitucionalidade.

Na manifestação, Janot argumenta que a lei, ao definir o trabalho como direito e dever social do preso, reconhece sua relevância como instrumento de reintegração do condenado ao convívio social, além de ser fundamental para manter disciplina no ambiente carcerário e para diminuir a taxa de reincidência. No entanto, viola a dignidade da pessoa humana e o princípio da isonomia, quando reduz sua remuneração a três quartos do salário mínimo, direito assegurado constitucionalmente ao trabalhador.

Segundo o PGR, definir piso do trabalho de pessoas condenadas criminalmente abaixo do patamar que a Constituição considera como mínimo para atendimento das necessidades vitais básicas tem caráter sancionatório. “O direito dos cidadãos presos ao trabalho não constitui sanção, mas instrumento educativo e social destinado a garantir meio de reinseri-los na sociedade e de ocupar-lhes a mente e a energia, a fim de reduzir tensões no sistema prisional e permitir-lhes desenvolver-se e refletir sobre seus atos”, sustenta.

Igualdade - Um dos argumentos para atribuição de salário mínimo inferior é ser um instrumento econômico para fomentar a contratação, mas, para Janot, o Estado não pode violar direitos fundamentais sob a justificativa de trazer vantagens à contratação de presos. “A instituição do salário mínimo visou justamento a assegurar à parte vulnerável da relação de emprego patamar mínimo de remuneração como forma de proteção à dignidade humano”, completa.

Qual a diferença entre o trabalho realizado por pessoa livre daquele realizado por presidiário”, questionou Janot na inicial da ação. Para responder a questão, o PGR argumentou que o trabalho é o mesmo e que os valores decorrentes do princípio da isonomia não autorizam a existência de norma que imponha tratamento desigual sem que a situação justifique a necessidade da diferenciação.

O entendimento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre o assunto foi publicado no Informativo de Teses Jurídicas do PGR nº 17.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Dilma sanciona lei que separa presos por gravidade do crime

Texto sancionado altera trechos da Lei de Execução Penal.
Nova regra leva em conta se preso cometeu crime hediondo, por exemplo

Do G1, em Brasília
A presidente Dilma Rousseff sancionou na terça-feira (6) lei que prevê a separação de presos na cadeia de acordo com a gravidade dos crimes cometidos. A decisão foi publicada no Diário Oficial nesta quarta (7).
O texto sancionado modifica um artigo da Lei de Execução Penal. Pelas novas regras, os presos provisórios (que aguardam julgamento) serão separados de acordo com as seguintes categorias:
- acusados de cometer crimes hediondos ou equiparados;
- acusados de cometer crimes que envolvem violência ou grave ameaça à pessoa;
- os demais;
Os presos condenados (já julgados) serão separados por quatro categorias:

- os que cometeram crimes hediondos ou equiparados;
- reincidentes em crimes que envolveram violência ou grave ameaça à pessoa;
- primários em crimes que envolveram violência ou grave ameaça à pessoa;
- os demais;
Além disso, a lei também prevê que presos que tiverem “a integridade física, moral ou psicológica” ameaçada ficará “segregado em local próprio.”

Hoje, a Lei de Execução Penal prevê menos categorias de separação dos presos. Pelas regras atuais, que serão substituídas, o preso provisório fica separado daquele já condenado, o preso primário fica separado do reincidente e fica em dependência separada o preso que, quando cometeu o crime, era funcionário da Administração da Justiça Criminal.

LEI Nº 13.167, DE 6 DE OUTUBRO DE 2015

Altera o disposto no art. 84 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de Execução Penal, para estabelecer critérios para a separação de presos nos estabelecimentos penais

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte  Lei:
Art. 1º  O art. 84 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 - Lei de Execução Penal, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 84.  ...............................................................
§ 1º  Os presos provisórios ficarão separados de acordo com os seguintes critérios:
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou equiparados;
II - acusados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções diversos dos apontados nos incisos I e II.
.............................................................................
§ 3º  Os presos condenados ficarão separados de acordo com os seguintes critérios:
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou equiparados;
II - reincidentes condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
III - primários condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou contravenções em situação diversa das previstas nos incisos I, II e III.
§ 4º  O preso que tiver sua integridade física, moral ou psicológica ameaçada pela convivência com os demais presos ficará segregado em local próprio.” (NR)
Art. 2º  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 6 de outubro de 2015; 194º da Independência e 127º da República.