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quinta-feira, 11 de julho de 2019
terça-feira, 4 de junho de 2019
O trilhão do Guedes vai sair dos mais pobres e vai para os bancos, diz Maria Lúcia Fattorelli
Luís Eduardo Gomes
“O trilhão do Guedes vai sair dos mais
pobres e vai para os bancos”. Foi assim que Maria Lúcia Fattorelli, auditora
aposentada da receita federal e coordenadora do movimento Auditoria Cidadã da
Dívida, avaliou a reforma da Previdência proposta pelo ministro da Economia,
Paulo Guedes, do governo Jair Bolsonaro (PSL). Uma das principais vozes contra
a reforma, Fattorelli esteve em Porto Alegre na segunda-feira (3) para
participar de uma atividade promovida pela Subcomissão de Seguridade Social da
Mulher da Câmara dos Deputados, presidida pela deputada federal Federal
Melchionna (PSOL-RS), na Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Para ela, a
reforma da Previdência tem como objetivos o desmonte do regime solidário de
Previdência, a extinção dos regimes próprios de servidores públicos e a
implementação do sistema de capitalização, em que cada trabalhador contribui
para uma aposentadoria individual e o empregador se desobriga de fazer qualquer
contribuição previdenciária.
Fattorelli
destacou em sua apresentação uma frase dita
pelo ministro Paulo Guedes quando da apresentação da nova diretoria
do BC. Na ocasião, o ministro disse que “precisamos de R$ 1 trilhão para ter
potência suficiente para pagar uma transição em direção ao regime de
capitalização”.
Ela salientou
que a própria justificativa da PEC 06, a reforma da Previdência, indica que, do
R$ 1.072,4 trilhão previsto em economia no prazo de 10 anos, R$ 715 bilhões
sairão do regime geral e R$ 182,2 bilhões dos cortes no Benefício de Prestação
Continuada (BPC) e no abono salarial.
A auditora aposentada destacou que o
“trilhão é só para começar”, uma vez que o custo da transição deverá ser bem
superior. Usando de base o custo da transição no Chile, que já é equivalente a
136% de um PIB chileno em 39 anos — e continua a ser pago –, ela estima que a
transição poderá custar mais de R$ 9 trilhões ao longo do tempo.
Isso ocorre
porque, uma vez que as pessoas deixam de contribuir para o regime solidário e
contribuem para a capitalização, a União passa a não ter mais fontes de
recursos para pagar as aposentadorias atuais e daqueles que ainda se
aposentarão pelo regime antigo, ou pelo menos contarão com algum benefício por
terem contribuído durante anos.
Ela
complementa esse argumento dizendo que, uma vez que esteja em vigor um sistema
em que o empresário está desobrigado de contribuir para a Previdência, os
empregos do regime antigo rapidamente irão se extinguir. “O que vai acontecer é
o contrário do que eles dizem. Se fizer a reforma, o Brasil quebra”, disse. “Se
colocassem as contas na mesa, quem aprovaria? Ninguém, nem o pessoal que
defende o mercado, porque é suicídio”.
domingo, 21 de abril de 2019
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