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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Depois de duas década...Estado inaugura prisão com 420 vagas em Bento Gonçalves

A inauguração da Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves, entregue à comunidade na manhã de ontem, substitui a atual prisão do município, considerada uma "bomba-relógio no coração da cidade" pelas autoridades da Serra. 
A unidade é uma das mais modernas do Estado, com uso de uniformes, sem a entrada de artigos de higiene por meio de familiares, comando de abertura de celas a distância e monitoramento diferenciado.
O governador Eduardo Leite chegou à casa prisional por volta das 10h10min. Em discurso, ressaltou que é preciso focar na reinserção do preso à sociedade.
"Essa é uma unidade não apenas com estrutura física melhor, mas com nova cultura, desde o uso de uniformes às relações com a sociedade" - afirmou Leite.
A obra é reivindicação antiga da comunidade - as negociações começaram em 2004. A cobrança ocorre pela proximidade do presídio antigo à área central do município. O prédio deve ser demolido. A ideia, conforme o prefeito Guilherme Pasin, é construir uma Central de Polícia no terreno, onde as delegacias ficarão concentradas.
Um dos diferenciais é que a abertura e fechamento das celas são feitos a distância pelo agente. Em outros locais, como no Presídio Central, na Capital, os detentos ficam com as chaves.
"Há um segundo piso, onde o agente, por um mecanismo manual, faz o fechamento e abertura, libera água para o banho e todo o regramento básico que deve ter uma prisão" - destacou o vice-governador e o secretário da Segurança do RS, Ranolfo Vieira Júnior.
Para o secretário de Administração Penitenciária, César Faccioli, a casa prisional inova ao tratar o detento de maneira diferente:
"Inauguramos um centro de reciclagem de trajetórias de vida. Temos o compromisso de devolver à sociedade um ser humano recuperado e melhor. Essa recuperação passa pela oportunidade de trabalhar e de reconquistar a dignidade. Estamos buscando parcerias até com empresas do setor vinícola para produzir sucos de uva e em busca de demais atividades."
Ocupação
Responsável pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), César da Veiga ressalta que foi feito investimento de R$ 31 milhões e que o local busca a mudança de conceito.
"É preciso recuperar o presidiário e isso passa por modificações e qualificação dentro da casa prisional" - explica Veiga.
O local será ocupado gradualmente pelos 362 detentos da antiga prisão. Eles serão transferidos de 10 em 10, mas a Susepe não detalha o cronograma. Os primeiros chegam à nova prisão hoje. 
ALINE ECKER/ZH

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Penitenciária de Caxias do Sul: a maior cadeia da Serra completa uma década e alcança superlotação histórica

Grande número de presos é uma das explicações para os problemas da penitenciária

No ano em que completa uma década, a Penitenciária Estadual de Caxias do Sul está próxima de abrigar mil detentos. Para comparação, em 2012, a população carcerária total de Caxias do Sul era de 980 detentos, dos quais 588 recolhidos na cadeia que é conhecida pelo nome de sua localidade, o Apanhador. A superlotação da casa prisional, projetada para 432 detentos, é apontada como a explicação de todos os problemas vividos: da falta de oferta de estudo e trabalho até ser lar de facções que comandam a venda de drogas na cidade.
A falta de controle pelo Estado dentro das galerias foi apontada por três juízes enviados pelo Tribunal de Justiça em abril de 2017. Os magistrados criticaram o modelo de galeria aberta (em que os detentos não ficam recolhidos em celas) e compararam com o Presídio Central. O alerta era que, se o Estado não reagisse, o fortalecimento das facções colocaria Caxias no mesmo patamar de insegurança de Porto Alegre ou do Rio de Janeiro.


A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) admite que o modelo de galeria aberta não é o ideal, só que não há possibilidade de mudança. Além da superlotação, o problema é estrutural. Não há um sistema automático de abertura e fechamento das celas e há apenas oito chuveiros por galeria, em um espaço comum. Nas duas horas de pátio, como prevê a legislação, não seria suficiente para todos os apenados fazerem a higiene.
"Não tem perspectiva para mudar. Precisaria muita adequação, inclusive reforço de gradeamento e segurança. Talvez uma divisão em quatro subgalerias. No meu ponto de vista, eles estão acostumados a esse formato e uma mudança iria tensionar a cadeia. Precisa uma reforma estrutural e de segurança. É algo bem delicado" — aponta Jeferson Rossini, diretor da penitenciária desde maio de 2017.
Os atuais 903 detentos são a maior população da história do Apanhador, mas ainda está dentro dos critérios da Vara de Execuções Criminais (VEC). Uma interdição deve ser analisada quando se ultrapassar o limite de oito presos por cela.
"Um presídio bom precisa ter trabalho, estudo e tratamento contra a drogadição, o que infelizmente não temos. O Estado não pode dar um tratamento mais rígido devido à superlotação. Celas fechadas, hoje, seriam uma calamidade. Colocaria, em risco os agentes e os apenados" — analisa a juíza Milene Rodrigues Fróes Dal Bó, da VEC Regional.
Apesar dos problemas, a penitenciária do Apanhador é considerada tranquila. Os servidores e apenados ouvidos pela reportagem não apresentaram reclamações. A exceção foi a necessidade de mais agentes penitenciários diante do aumento constante da população carcerária.
"Somos ocorrência zero de indisciplina, fuga e rebeliões. O diferencial é os colegas, este trabalho e o perfil dos agentes que trabalham. A galeria aberta também é um fator de distensionamento, que acalma os apenados. Pode assustar pelo aspecto de segurança, mas o fato é que temos uma cadeia tranquila" — ressalta a chefe de segurança Paula dos Santos Pola, que fez parte da turma de agentes que inaugurou o Apanhador em novembro de 2008.