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sábado, 1 de dezembro de 2018

A 33 dias da eleição, União exigiu do Piratini a venda do Banrisul

Os bastidores da reunião na qual ministro da Fazenda afirmou ao vice-governador gaúcho que, sem a privatização do banco, não haverá adesão ao regime

No dia 4 de setembro, vice-governador José Paulo Cairoli ouviu do ministro da Fazenda a necessidade de privatizar o Banrisul
Passava das 17h de terça-feira, 4 de setembro de 2018, quando a comitiva liderada pelo vice-governador José Paulo Cairoli ouviu o ultimato da boca do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia. A 33 dias do 1º turno das eleições, na sala do Conselho Monetário Nacional, em Brasília, Guardia foi taxativo.
"O plano de recuperação do Estado não para em pé. Entreguem o Banrisul que o resto eu resolvo" — disse o economista, sob os olhares complacentes de Delfim Netto, Dilson Funaro, Rubens Ricúpero e outros nomes ilustres da galeria de fotos dos ex-ministros, exposta nas paredes ao redor da mesa de 30 lugares.
Por decisão de José Ivo Sartori (MDB), a instituição bancária ficou fora da proposta de adesão ao programa de ajuste federal e, portanto, da lista de estatais a serem privatizadas. A conclusão de Guardia teve o efeito de uma bigorna despencando sobre os ombros de Cairoli, do secretário estadual da Fazenda, Luiz Antônio Bins, e do procurador-geral do Estado, Euzébio Ruschel — também estavam no local a procuradora Georgine Visentini e o auditor da Receita Estadual Paolo Martinez. Por meses, os três peregrinaram na capital federal e protagonizaram infindáveis discussões na tentativa de enquadrar o Estado no regime de recuperação fiscal. 
"O grupo chegou à reunião achando que estava tudo certo, que finalmente seria concluído o pré-acordo. Ninguém esperava a reviravolta" — conta uma fonte que testemunhou tudo.
O que os técnicos chamam de "pré-acordo" (espécie de carta de intenções elencando as medidas para sanar as finanças) é uma possibilidade prevista na lei complementar nº 159, de 2017, que criou o regime. Conforme a norma, o Estado que se credenciar a essa etapa inicial das negociações pode ser dispensado de privatizar empresas públicas. Para isso, precisa provar que pode reequilibrar as contas sem a venda de ativos ou que o valor da operação é superior ao benefício previsto com a suspensão da dívida por três anos (no caso do Rio Grande do Sul, R$ 10 bilhões). Desde 2017, essa opção foi encarada pela gestão Sartori como uma brecha jurídica a ser explorada, e as tratativas partiram desse pressuposto.
Entre os presentes à audiência com Guardia também estavam o titular da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), Mansueto Almeida, e a secretária-executiva do ministério, Ana Paula Vescovi, conhecidos pelo rigor fiscal. Ambos foram tão inflexíveis quanto o ministro ao exigir a venda do banco, polêmica no Estado.
"Foi pesado. Cairoli ficou p... da cara e disse que não havia nenhuma chance de isso acontecer. Queria até romper relações" — relata um interlocutor próximo.
Em plena campanha eleitoral, o impasse ameaçava a principal promessa de Sartori, repetida à exaustão em entrevistas, debates e na propaganda de rádio e TV. Ao mesmo tempo, a condição imposta pela equipe econômica era impensável para o candidato à reeleição. 
Na noite do dia 4, apesar do desfecho na capital federal, o site oficial do governo estadual estampava a seguinte notícia: "Estado avança nas negociações do Regime de Recuperação Fiscal", omitindo o ocorrido.
O clima ficou tão ruim que, por sugestão do próprio Guardia, foi agendada uma segunda reunião para 11 de setembro. No encontro, foi elaborada a minuta do que foi chamado de "acordo prévio" com a União. Ao final do documento, ficou registrado que não se tratava do "pré-acordo" mencionado acima, mas de um estágio anterior a ele. Embora não tenha nenhuma validade oficial, a certidão seria um paliativo para evitar o pior: a queda da liminar judicial que, desde agosto de 2017, livra o Estado de pagar as parcelas da dívida com a União. 
Nada disso teria vindo à tona não fosse a entrevista concedida por Ana Paula à Rádio Gaúcha na última quarta-feira. Ao afirmar que, sem o Banrisul, havia "impedimento total" à conclusão das tratativas, a técnica tornou público o que a cúpula do Palácio Piratini omitia desde setembro. Ana Paula também destacou que o Estado não cumpriu um dos pré-requisitos básicos de admissibilidade: a comprovação de que despende pelo menos 70% da receita com pessoal e pagamento da dívida. Sem isso, nada feito. 
No Piratini, as declarações da economista, que chegou a ser convidada pelo governador eleito Eduardo Leite (PSDB) para assumir a Secretaria da Fazenda, causaram irritação.
"O que ela ganhou com esse alarde todo? O governo gaúcho sempre deixou claro que o Banrisul não estava em questão. Se era uma condição tão indispensável assim, por que não encerraram a conversa lá no início? Por que seguiram nos recebendo?" — questiona um integrante do governo Sartori.

Longo impasse

A insistência na venda do Banrisul teve início em janeiro de 2017. 
À época, Sartori e Cairoli foram recebidos pelo então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para uma conversa em Brasília. Queriam tratar do regime de recuperação fiscal, que seria instituído por lei quatro meses depois — àquela altura, o Rio de Janeiro já negociava o socorro federal. 
Meirelles resumiu a ideia e ressaltou que as contrapartidas envolveriam alienação de patrimônio. No caso do Rio Grande do Sul, o Banrisul teria de ser incluído no pacote. Sartori, de imediato, disse não. Em entrevistas subsequentes, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, definiu a instituição bancária como a "joia da coroa", ao lado da Corsan. O próprio Meirelles confirmou publicamente o interesse pelo banco.
"O Banrisul vai fazer parte das discussões com o Estado do Rio Grande do Sul e o que mais for necessário"destacou o ministro em 26 de janeiro de 2017.
De fevereiro a abril de 2017, a STN enviou missões técnicas a Porto Alegre para coletar dados na Fazenda. Houve reunião específica para tratar do Banrisul. Depois disso, o foco das atenções mudou, e a tensão envolvendo o banco ficou em banho-maria. 

Discussão sobre despesas com servidores

Praticamente todo o segundo semestre de 2017 foi consumido com discussões intermináveis sobre o tamanho das despesas do Estado com os servidores. Desde o começo dos anos 2000, esses gastos são calculados com base em critérios estabelecidos pelo Tribunal de Contas (TCE). Como a metodologia desconsidera custos com pensões, auxílios e outros dispêndios, o percentual de comprometimento da receita dificilmente extrapola o teto legal, mascarando o real impacto nas contas públicas. Em 2017, por exemplo, o índice não passou de 54,94%, embora, na prática, tenha chegado a 70%. 
Os técnicos da STN sempre souberam disso, mas não aliviaram as cobranças. Pelo contrário, passaram a exigir que a Fazenda republicasse balanços contábeis com o percentual verdadeiro, o que virou um problema. O governo tinha receio de sanções, e os demais poderes nunca tiveram interesse em alterar a fórmula do TCE, já que seriam obrigados a se ajustar. 
Em razão disso, o plano de recuperação entregue em 8 de novembro de 2017 ao presidente Michel Temer não contemplou a exigência. Resultado: foi rejeitado pela STN dias depois. À época, o então secretário da Fazenda, Giovani Feltes, classificou a recusa como "esquizofrênica".
Em meio às dificuldades para resolver o imbróglio relacionado às despesas com pessoal, Sartori e a equipe passaram a apostar no caminho político. Para tanto, pediram ajuda a Padilha e ao presidente Michel Temer.
Como resultado, a Advocacia-Geral da União (AGU) foi escalada em setembro de 2017 para mediar os conflitos por meio de uma câmara de conciliação. Foram inúmeras reuniões. 
No derradeiro encontro, em dezembro de 2017, ficou acertado em ata que o governo gaúcho faria uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF), com o apoio da AGU, em busca de segurança jurídica para corrigir os dados de seus relatórios sem o risco de penalidades. Não deu certo. A AGU voltou atrás, e a busca pelo salvo-conduto nunca foi adiante. 
Em outra frente, a administração de Sartori consultou o Tribunal de Contas do Estado sobre as consequências de republicar os balanços para atender às exigências da STN. Em março deste ano, o conselheiro Cezar Miola informou que, em tese, sanções poderiam ser aplicadas, mas deixou aberta a possibilidade de se rediscutir, no futuro, os critérios adotados pelo TCE. De lá para cá, nada mudou.
Até setembro deste ano, foram mais de 80 viagens a Brasília para tratar do acordo que nunca aconteceu. A partir de janeiro de 2019, com a mudança nos governos estadual e federal, o desafio de Eduardo Leite (PSDB) será ainda maior. O sucessor de Sartori terá de retomar as conversações e, se quiser cumprir a promessa de campanha de não mexer no Banrisul, será preciso convencer o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o banco deve permanecer público — lembrando que Guedes é um defensor ferrenho das privatizações e até criou uma secretaria para esse fim.
Ao mesmo tempo, o tucano terá de agir no STF para assegurar a manutenção da liminar da dívida. Caso a decisão seja revista, a projeção de técnicos da Secretaria da Fazenda é de "caos nas contas". Hoje, a insuficiência de caixa já passa de R$ 1 bilhão por mês. Com as parcelas devidas à União, serão mais R$ 300 milhões.

O que diz o vice-governador José Paulo Cairoli

De acordo com o vice-governador, responsável por conduzir as negociações do governo gaúcho com a União, desde a primeira reunião com Eduardo Guardia, ainda na condição de secretário-executivo do Ministério da Fazenda, foi colocado pelo Piratini que a privatização do Banrisul não estava em discussão. 
Em 4 de setembro, segundo Cairoli, Guardia, agora na posição de ministro, teria dito que havia dificuldades técnicas para adesão ao regime de recuperação fiscal e que "se o banco fosse colocado", o governo federal "buscaria alternativas".
Cairoli ressalta que, para os técnicos da Secretaria do Tesouro Nacional que participam das negociações, é "evidente que o patrimônio do Banrisul reduz a dívida do Estado, e que a área técnica enfatize isso".
Documentos da negociação mostrariam que a situação fiscal do Estado seria regularizada a partir do quarto ano, sem necessidade de venda do Banrisul
Conforme o vice-governador, o acordo prévio para adesão estava pronto para ser assinado durante a eleição mas, por decisão do governador José Ivo Sartori, não foi finalizado para evitar críticas de uso eleitoral. Agora, diz, essa assinatura deve ocorrer em breve. Cairoli aguarda posição de Guardia sobre definição de uma data com o presidente Michel Temer. 

Sartori mentiu na eleição para governador do RS

Rosane de Oliveira

Blefou sobre plano de recuperação fiscal

Integrantes do governo estadual sabiam que o acordo com o governo federal só iria adiante com a privatização do Banrisul

Toda vez que repetia nos debates, entrevistas e propagandas de rádio e TV, em setembro e outubro, que tinha um plano para tirar o Rio Grande do Sul da crise e que esse caminho era a adesão ao regime de recuperação fiscal, o governador José Ivo Sartori estava blefando. Como descobriu a repórter Juliana Bublitz, desde 4 de setembro ele, o vice-governador José Paulo Cairoli e todos os participantes das negociações com o governo federal sabiam que o plano só iria adiante com a privatização do Banrisul, hipótese rechaçada por motivos políticos e pragmáticos. 
O motivo político era a certeza de que falar em vender o Banrisul é perder votos. Desde 1998, quando Olívio Dutra (PT) derrotou o então governador Antônio Britto fazendo do Banrisul o seu cavalo de batalha, o banco dos gaúchos transformou-se numa espécie de vaca sagrada. Olívio dizia que Britto planejava vender o Banrisul – e era verdade. Seria uma forma de reduzir o percentual de comprometimento da receita liquida com o pagamento da divida renegociada com a União, fixado em 13% sem a venda do banco. Isso não era dito na campanha de Britto, mas estava no acordo, como revelou anos depois o ex-ministro José Serra.
Olívio não vendeu o banco e “nem um parafuso”, como gosta de dizer, mas passou quatro anos penando para manter os salários em dia. Cobriu o déficit com recursos do caixa único e a privatização do Banrisul virou tabu pelos 20 anos seguintes. Com o agravamento da crise financeira nos Estados, o governo Temer criou o regime de recuperação fiscal, mas condicionou o socorro ao oferecimento de garantias equivalentes ao valor que se deixa de pagar à União em três anos. 
O Rio de Janeiro ofereceu a Cedae, equivalente da Corsan, e aderiu ao regime. O Rio Grande do Sul, amarrado pela exigência constitucional de só vender ou federalizar estatais com a concordância da população em plebiscito, ofereceu a CEEE, a CRM e a Sulgás, mas sem qualquer garantia de que conseguiria vendê-las. Fracassou na tentativa de tirar da Constituição a exigência do plebiscito e não obteve autorização legislativa para realizar a consulta. 
Eduardo Leite fez campanha defendendo a privatização de estatais, mas sempre ressalvando que Banrisul e Corsan estavam fora. Dizia que gostaria de renegociar o acordo em outras bases, mas não conhecia os termos da negociação. Eleito, pediu ao Ministério da Fazenda para ver a minuta do acordo prévio que Sartori dizia estar pronto para ser assinado e soube que o documento não passava de uma carta de intenções, sem valor legal. A fragilidade do rascunho e a exigência de incluir o Banrisul no rol de garantias foram confirmadas pelo ministro Eliseu Padilha antes da entrevista em que a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, reduziu as ilusões a pó.
E agora, futuro governador? Agora a bola volta ao centro do gramado. As regras, que já eram duras, devem ficar e ainda mais rigorosas com o ultraliberal Paulo Guedes no Ministério da Economia. O Estado não tem outros ativos capazes de substituir o Banrisul. Leite corre o risco de, logo no início do governo, ver derrubada a liminar que mantém suspenso o pagamento da dívida e ter de acrescentar mais R$ 300 milhões por mês à longa lista de despesas que não cabem na receita.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Nas eleições para governador do RS, os candidatos que são contra os servidores públicos não se reelegem

Em 1982 nas eleições diretas para governador, no Rio Grande do Sul (RS), ganhou Jair Soares. O estado tinha um projeto no qual os funcionários públicos tinham dissídio dos salários, em janeiro e julho. Jair como governador trocou os dissídios e passou para maio e outubro, mas um ano depois, com o Projeto Cruzado no Brasil, Soares não deu reposição os aumentos aos funcionários. E com isso, não ganhou nas eleição em 1986, entrou o PMB, Pedro Simon.

O governador Pedro Simon não repassou os reajustes os gatilhos do Cruzado para os aumentos aos servidores. Quando a inflação era pior no Brasil, e não com isso também não ganhou a próxima eleição, e entrou do PDT, Alceu Collares.
Este não deu aumentos aos servidores nos quatro anos de seu mandato, teria um projeto na Assembleia Legislativa com aumento todos os funcionários, e sua pretensão de se reeleger na outra eleição, não realizou-se, ele perdeu, entrou o Paulo Britto PMDB.
No primeiro ano foi bom aos funcionários públicos que ganhavam menores salários. Ele fez um projeto que em dos dois anos daria aumentos dos salários, aos funcionários da segurança, educação, saúde e outros. Britto só pagou o primeiro ano. Todos entraram com processos contra o Governador na Justiça e ganharam, porém até agora tem precatórios. Britto perdeu a próxima eleição, entrou o PT, com Olívio Dutra.
O governador do PT não deu em quatro anos os aumentos dos salários dos servidores. O PT era uma revolução no RS, mas também não venceu a eleição e entrou o PMDB, com Germano Rigotto. Este não pagou aumentos aos servidores nos quatro anos, e não ganhou eleição, entrou o PSDB, Yeda Crusius.
Ela nos seus quatro anos, não cumpriu tudo que deveria nos aumentos e com isso não ganhou nas próximas eleições, e entrou o Tarso Genro, do PT.
Nos seus quatro anos, Genro era bom para a Segurança Pública com subsídios e com aumentos retroativos a seis anos em maio e novembro até 2018. Foi bom, para os salários dos servidores da educação, saúde e outros funcionários, porém foram poucos os aumentos. Perdeu na eleição, entrou o PMDB, com Sartori.
Esse governador Sartori foi o pior para os servidores públicos do Executivo, sendo que até agora está parcelando os salários e sem aumentos e só quer a Recuperação Fiscal em 20 anos.
Logicamente que ontem perdeu a eleição para o PSDB, entrará Eduardo Leite, a partir de janeiro de 2019. Talvez ele seja bom, mas vai encontrar os piores salários do Executivo. Talvez esse governador possa ser o primeiro a ganhar na próxima na eleição.