General da
reserva Mário Fernandes relatou conversa a Mauro Cid, auxiliar de Bolsonaro
Por André
Richter
Da Agência Brasil
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
O general da
reserva Mário Fernandes, um dos presos na Operação Contragolpe, da Polícia
Federal, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro deu aval para um plano
golpista até 31 de dezembro de 2022.
A conversa
consta no relatório de inteligência da operação, deflagrada nesta terça-feira
(19) para prender cinco militares que pretendiam impedir a posse do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e do vice, Geraldo Alckmin, eleitos em outubro de
2022.
No áudio
enviado a Mauro Cid, Fernandes disse ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que
o ex-presidente teria dito a ele que a “ação” poderia ocorrer até o último dia
do mandato.
“Cid, boa
noite. Meu amigo, antes de mais nada me desculpa estar te incomodando tanto no
dia de hoje. Mas, porra, a gente não pode perder oportunidade. São duas coisas.
A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o
dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode,
que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas, porra,
aí na hora eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu
tantas oportunidades”, disse Fernandes.
Durante o
governo Bolsonaro, o general ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da
Presidência da República e foi responsável, segundo a PF, pela
elaboração do arquivo de word intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, com
planejamento “voltado ao sequestro ou homicídio” do ministro
Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e de Lula e Alckmin.
Segundo a PF,
o documento foi impresso no Palácio do Planalto e levado para o
Palácio da Alvorada, residência oficial de Jair Bolsonaro. O ex-presidente não
é citado no caso como investigado.
“A
investigação, mediante diligências probatórias, identificou que o documento
contendo o planejamento operacional denominado Punhal Verde Amarelo foi
impresso pelo investigado Mário Fernandes no Palácio do Planalto, no dia
09/11/2022 e, posteriormente, levado até o Palácio do Alvorada, local de
residência do presidente da República, Jair Bolsonaro”, completou a PF.
Outro lado
O
ex-presidente Jair Bolsonaro não se pronunciou sobre a operação da Polícia
Federal. Pelas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou que
“pensar em matar alguém não é crime”.
“Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido. Sou autor do projeto de lei 2109/2023, que criminaliza ato preparatório de crime que implique lesão ou morte de 3 ou mais pessoas, pois hoje isso simplesmente não é crime. Decisões judiciais sem amparo legal são repugnantes e antidemocráticas”, declarou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário