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segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Da crise nas prisões, explosões de assassinatos e roubos de veículo à queda nos indicadores: veja um retrato do crime nos últimos 10 anos

GZH ouviu os secretários de segurança dos três últimos governos, incluindo o atual, para avaliar a evolução da criminalidade no Estado entre janeiro de 2011 e dezembro de 2020

O Rio Grande do Sul encerrou 2020 com números históricos no combate à criminalidade. A taxa de homicídios chegou a 14,8 para cada 100 mil habitantes e, pela primeira vez desde 2010, ficou abaixo de 15, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). Cenário bastante diverso do enfrentado entre 2016 e 2017, quando os gaúchos foram aterrorizados por onda de assassinatos e assaltos com morte. Naquele período, a mesma taxa de homicídios chegou a 26,4 e um latrocínio era registrado a cada dois dias no Estado.

Para analisar como o crime oscilou em uma década (entre janeiro de 2011 e dezembro do ano passado), GZH ouviu chefes da segurança dos três últimos governos. O procurador do Ministério Público Airton Michels, que ocupou o cargo por quatro anos, entre 2011 e 2014, na gestão de Tarso Genro (PT), o vereador de Porto Alegre Cezar Schirmer (MDB), que assumiu a pasta em 2016 no governo de José Ivo Sartori (MDB), e o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior (PTB), que acumula as funções no governo de Eduardo Leite (PSDB). A reportagem não conseguiu contato com o ex-secretário Wantuir Jacini.  

Os três retomaram as políticas adotadas por seus governos —  por vezes contrastantes entre as gestões — , avaliaram o cenário atual e discorreram sobre os desafios a serem enfrentados na segurança pública do Estado, como o combate ao crime organizado e o sistema prisional.

O início do trajeto 

Quando assumiu o cargo de secretário da segurança do Estado em janeiro de 2011, Airton Michels foi chamado "xerife das cadeias". A alcunha fazia eco à larga experiência na gestão prisional do então diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que já havia sido chefe da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) do RS. Solucionar dilemas num abarrotado sistema carcerário era meta do governo. O objetivo tinha alvo: o Presídio Central, em Porto Alegre, que amargava o título de "pior presídio do Brasil".

Construído na década de 1950, com deficiências estruturais graves, com esgoto a céu aberto, o prédio chegou a espremer cerca de 5 mil presos. As celas perderam o sentido, os detentos passaram a ocupar os corredores, e a separação dentro da cadeia passou a ser feita com base na distribuição das facções.

"Era um criatório do crime, não uma solução. Nos quatro anos, focamos em gerar vagas prisionais no Estado. Mas não é solução para (apenas) um governo" — reconhece Michels.

Às 10h de 14 de outubro de 2014, o secretário deu a marretada simbólica na parede do pavilhão C da cadeia. A expectativa era de que a demolição tirasse a casa prisional do mapa carcerário gaúcho. Mas a obra parou, os presos voltaram a inflar, e a prisão só mudou de nome. Hoje chamada Cadeia Pública de Porto Alegre, acumula 3,4 mil presos, num espaço para 1,8 mil.

"Não derrubei todo o Central porque perdemos a eleição" — diz o ex-secretário.

Mas o sistema carcerário não era o único problema enfrentado naquele momento. Quando assumiu a gestão em 2011, o cenário dos homicídios no Estado era semelhante ao atual - 1.668 haviam sido registrados em 2010. Mas o Estado viu os indicadores de crimes, como assassinatos e roubos, subirem. Em dezembro de 2012, foram criados o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa e seis delegacias especializadas na Capital para investigarem assassinatos, e o governo investiu no policiamento comunitário nas periferias, em parcerias com municípios. Houve também melhoria na remuneração dos servidores, que protestavam pelos baixos salários. Ainda assim, o crime ascendeu, e 2014 encerrou com 675 homicídios a mais do que em 2011.

"Estava ocorrendo em todo o Brasil. Havia um fenômeno, uma exacerbação que já se formava em 2014, de reforço grande das facções, que começaram a se matar" — avalia Michels.

No RS as facções também se proliferavam e as disputas por territórios se tornavam mais sangrentas, especialmente na Região Metropolitana. Dali em diante, a escalada da violência se intensificou. Em 2015, o RS registrava em média 49 roubos de veículo por dia — metade desses na Capital. Foi este cenário que o delegado federal aposentado Wantuir Jacini encontrou quando assumiu a pasta da segurança em janeiro de 2015.

Descontrole

Considerado um perfil técnico, por conta da experiência profissional e dos oito anos como secretário de segurança do Mato Grosso do Sul, Jacini traçou como meta impedir o ingresso de celulares nas cadeias para evitar o comando de crimes por trás das grades, mas não obteve êxito. Em dezembro de 2015, seis coletivos foram incendiados na zona sul da Capital, em represália a uma ação policial. O episódio levou a novas pressões para que o governo solicitasse apoio da Força Nacional. O ano de 2016 seguiu com aumento dos principais crimes, especialmente na Região Metropolitana.

domingo de Dia dos Pais, 14 de agosto, deu início a uma série de fatos que seriam o estopim do descontrole vivido naquele momento. Com 30 minutos de diferença, uma médica de 32 anos foi morta na frente da irmã por assaltantes que tentavam levar seu carro na zona norte de Porto Alegre e um porteiro de 57 anos foi assassinado ao tentar defender o filho de um roubo na Zona Sul. Na sequência, cerca de 50 pessoas foram mortas na Grande Porto Alegre num intervalo de 12 dias. Em 25 de agosto, dois homens foram decapitados e uma mulher de 44 anos foi morta num assalto enquanto esperava o filho na saída da escola, no bairro Higienópolis. Aquela era a 25ª vítima de latrocínio na Capital e o crime foi a gota d'água.

Horas depois, o secretário pediu exoneração e, no dia seguinte, o governador Sartori viajou a Brasília para solicitar apoio da Força Nacional, o que se concretizou em 28 de agosto, com a chegada de 120 policiais. Com a saída de Jacini, o governo precisou buscar outro nome para a segurança. O anúncio se deu em 2 de setembro, sob críticas. Prefeito de Santa Maria em dois mandatos, Cezar Schirmer não tinha experiência na área policial e teve a carreira marcada pelo incêndio da Boate Kiss, em janeiro de 2013. A primeira medida do novo secretário foi pedir trégua de 90 dias aos gaúchos antes de cobrarem resultados.

"O maior desafio era assumir em circunstâncias extremamente adversas e com baixa aceitação da população, da imprensa. Mas sou movido por desafios. Tinha convicção de que era possível transformar rapidamente aqueles indicadores" —  recorda Schirmer.

Reação

O Estado buscou apoio federal e parcerias para comprar equipamentos, como armas e coletes, além de viaturas. A chegada da Força Nacional, bem equipada, também teve impacto positivo na opinião pública - a ideia inicial era empregá-los na guarda dos presídios, mas foram mantidos no policiamento. Aliado a isso, o governo passou a investir os recursos próprios na tentativa de suprir a carência de policiais.

Outra frente, com apoio de vários órgãos, deu-se no enfrentamento às facções criminosas, que protagonizavam crimes violentos e execuções brutais. Naquele momento, já havia também um maior movimento de interiorização das facções, que ganharam força no Interior - algo que seguiu acontecendo nos anos seguintes. Como resposta, em julho de 2017 foram transferidos 27 líderes de organizações criminosas na Operação Pulso Firme. Era a primeira vez que o Estado fazia envio em massa de detentos para penitenciárias federais.

"Foi um marco no enfrentamento do crime e um sinal para as facções de que o medo tinha que mudar de lado. Quem tem que ter medo é o crime. Quando o poder público recua, o crime ocupa espaço. Quando o poder público avança, o crime recua" —  avalia Schirmer.

Ainda em 2017, foi criado programa para estreitar a cooperação entre Estado e município na segurança e incentivar a implantação de videomonitoramento e cercamento eletrônico, como estratégia para evitar crimes, especialmente assaltos e roubos de veículos. Naquele ano, indicadores como roubos e latrocínios começaram a apresentar queda, mas o recuo acentuado, envolvendo homicídios e roubos de veículos, aconteceu em 2018. A taxa de assassinatos caiu de 26,4 por 100 mil habitantes para 20,9.

Período atual

Às 7h, todas as manhãs, Ranolfo recebe um boletim com os crimes violentos registrados no Estado nas últimas 24 horas. Vice-governador, acumula a pasta da Segurança Pública desde o início do governo, em janeiro de 2019. Delegado de polícia desde 1998, foi diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e chefe da Polícia Civil por quatro anos (2011 a 2014).

Monitorar onde o crime vem concentrando as ações para costurar uma resposta é uma das estratégias adotadas pela atual gestão. Ranolfo afirma que a aposta tem sido em três “i”: inteligência, integração e investimentos. Para isso, em fevereiro de 2019, o governo lançou o RS Seguro, um programa dividido em quatro eixos, para conter a violência no Estado.

Uma das premissas do programa, para combater o crime, é o foco na territorialidade. Foram selecionados 18 municípios mais violentos para aplicar estratégias como mapeamento da criminalidade e maior integração entre polícias – em 2020, esse número foi ampliado para 23 cidades. Também receberam reforço de efetivo, e reuniões mensais de Gestão Estatística em Segurança (Geseg) são realizadas para analisar resultados e planejar alternativas.

"Tudo isso é evidência científica: que horas aconteceu o roubo, em qual local, que dia. Podemos analisar o que está dando certo e o que não deu resultado, para corrigir" — avalia Ranolfo.

A estratégia deu resultado e a maior parte dessas cidades puxou o indicador de assassinatos e de outros crimes, como roubos de veículos, para baixo. Outro crime que assolava especialmente municípios do Interior também apresentou queda significativa nesse período: os roubos a banco. 

A Operação Angico da Brigada Militar é umas das estratégias que têm permitido antecipar o movimento de quadrilhas especializadas em ataques a banco, frustrando planos dos criminosos. Em 2020, pela primeira vez em toda a série de contabilização, o Estado fechou um ano com menos de 50 ocorrências. No mesmo ano, a taxa de homicídios se consolidou abaixo de 15 pela primeira vez em 11 anos e outros indicadores foram mantidos em baixa.

"A maneira de aferir segurança pública em todo o mundo é através da taxa de homicídio. Ao conquistarmos essa redução inédita, depois de alguns anos muito difíceis, é um indicativo de que o nosso programa RS Seguro está dando certo" — disse o vice-governador à imprensa nesta quinta-feira, quando os dados foram apresentados.

Embora o governo não credite a queda dos indicadores à menor circulação de pessoas durante o período de distanciamento social, por entender que os grupos criminosos seguiram agindo, a pandemia ainda pode trazer impactos à segurança pública em 2021. Um dos receios é sobre como a crise econômica poderá refletir nos índices de violência. O tema demanda atenção dos órgãos de segurança.

"O desemprego gera desdobramentos na segurança. Monitoramos isso em todo o ano de 2020. Das 27 unidades federativas, 22 tiveram aumento de homicídios. Em 2021, não se sabe até quando a pandemia vai avançar, se a economia vai ser retomada na integralidade. Isso tudo pode ter reflexo na área da segurança. Até agora, no RS, posso afirmar que não teve" —  afirma Ranolfo. 

Desafios da segurança

Investimentos

Manter investimentos e tentar repor o déficit histórico de servidores na área da segurança pública, num cenário de crise, é considerado um dos principais desafios da pasta. Ao longo da década, houve períodos tensos nos quais agentes da segurança protestavam e pressionavam o governo por melhores remunerações. Em 2011, os PMs alegavam ter o pior salário do Brasil, com um inicial de pouco mais de R$ 1 mil.

De lá para cá, a situação melhorou, com reajustes aprovados na gestão Michels, mas, em 2015, as categorias voltaram a protestar, desta vez por conta do congelamento e do parcelamento de salários, devido à crise enfrentada pelo RS. Em novembro de 2020, após quase cinco anos, salários voltaram a ser pagos em dia. Para 2021 e 2022, há um calendário de chamamento de 3.112 servidores da segurança pública. A defasagem na BM é de pouco menos de 50% e, na Civil, de cerca de 40%.

"Não é a situação ideal, mas temos que pelo menos ir mantendo os efetivos e o investimento. Depois de 57 meses, conseguimos colocar o salário em dia.  A abnegação dos servidores também precisa ser destacada. Mesmo recebendo parcelado, atrasado, em meio a uma pandemia, eles seguiram trabalhando com qualidade" —  reconhece Ranolfo.

Uma aposta para manter os investimentos em veículos e armamentos é o Programa de Incentivo ao Aparelhamento da Segurança Pública (Piseg). Em um ano, foram obtidos quase R$ 10 milhões em arrecadação por meio de compensações de ICMS de empresas. 

Outra forma de garantir os investimentos é por meio de apoio das bancadas. Em janeiro, as primeiras viaturas semiblindadas foram entregues à Polícia Civil — os 45 veículos foram adquiridos com verbas obtidas pela bancada parlamentar gaúcha na Câmara Federal, num investimento de R$ 6,1 milhões. O governo pretende entregar mais 73 viaturas semiblindadas até fevereiro para BM e PC.

"É importante para proteger o operador de segurança. Dar segurança a quem faz segurança" — afirma Ranolfo.

Crime organizado

Mesmo de dentro das prisões, as organizações criminosas coordenam o crime do lado de fora. Este é um dos gargalos da segurança. Ainda que os embates entre as facções tenham reduzido, não significa que perderam força. Um dos fatores atribuídos à redução dos enfrentamentos é uma espécie de profissionalização do crime, mais interessado no lucro do que nos conflitos.  

Os dois últimos governos aderiram à transferência de presos para penitenciárias federais. Além da Operação Pulso Firme, em 2017, no ano passado duas etapas da Império da Lei removeram mais 27. Mas a medida é temporária, já que eles regressarão ao Estado em algum momento e outros podem ascender na facção. As polícias também monitoram, nos últimos anos, a aproximação entre essas facções do RS e criminosos de fora do Estado.

Neste cenário, descapitalizar os grupos é a forma de atingir a cadeia do crime até o topo. Um movimento percebido pela polícia é a aquisição de bens e propriedades, no Interior, para mascarar esses valores. Em agosto de 2019, foi inaugurada a Divisão de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro.

Combater e controlar o crime organizado é também uma forma de manter os indicadores de homicídios em queda.

"A atuação da inteligência tem sido muito forte, em mapear as organizações criminosas, saber quem é quem. Todo homicídio é estudado, com troca de informações com a Polícia Civil. Não aceitamos esse discurso de que isso é morte do tráfico. Não pode ter morte nenhuma. Não interessa se é do tráfico. Buscamos entender se é uma guerra entre organizações ou se é só cobrança de dívidas. E o que pode acontecer a partir daquela morte, se pode gerar outras. Isso nos permite dar uma pronta resposta" — afirma o comandante-geral da Brigada Militar, Rodrigo Mohr Picon.

Sistema prisional

A superlotação de unidades prisionais e a dificuldade em barrar o acesso a celulares e drogas dentro das cadeias ainda é um gargalo a ser enfrentado. A complexidade do tema fez o governo desmembrar o sistema prisional da segurança pública em 2019. Nos últimos dois anos, um dos dilemas enfrentados foram presos mantidos em viaturas e delegacias da Região Metropolitana. Muitas vezes custodiados por PMs, à espera de vaga no sistema.

Em agosto de 2020, com quase nove meses de atraso, a inauguração da Penitenciária de Sapucaia do Sul, com vaga para 600 detentos, permitiu desafogar esses locais. A prisão vem funcionando como um centro de triagem. 

O governo projeta a construção de outro espaço, o Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), em Porto Alegre, com 700 vagas disponíveis para a "passagem" de presos antes da entrada no sistema. Segundo o secretário da Administração Penitenciária, Cesar Faccioli, o projeto está em fase final de contratação do responsável pela obra. O governo espera iniciar a construção em breve e finalizar em cerca de oito meses, ainda neste ano.

Uma das metas, diz Faccioli, é também reestruturar a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), para que volte a ser considerada de alta segurança. O uso de tecnologia para conter o ingresso de ilícitos é uma das apostas da gestão. Foram instalados oito scanners corporais, e cinco bloqueadores de celular estão em processo de aquisição - a única unidade que conta com o bloqueio de sinal telefônico é a Penitenciária Estadual de Canoas.  

Violência doméstica

O combate à violência doméstica evoluiu na última década no país e no Estado. No RS, em 2012 foi criada a Patrulha Maria da Penha da Brigada Militar para fiscalizar as medidas protetivas. Em 2017, o feminicídio entrou para o Código Penal como qualificadora do homicídio — ou seja, quem comete esse tipo de crime está sujeito a pena mais severa.

O ano mais crítico para esse tipo de crime foi em 2018, quando 116 mulheres foram mortas no RS. Em 2019, foi criado o projeto Sala das Margaridas, implantado em 22 delegacias, onde mulheres são atendidas em espaço reservado. Atualmente, há 23 delegacias especializadas da Polícia Civil. As patrulhas da BM foram ampliadas para 108 cidades. 

Nos últimos dois anos, houve redução e o Estado chega a 2020 com 76 casos. O feminicídio é o único indicador da violência doméstica não subnotificado. Entre os demais crimes, estima-se que somente 10% sejam registrados. A maioria das vítimas se cala.

"Nos últimos anos, a discussão do tema fez com que evoluísse e a Lei Maria da Penha foi um divisor de águas. Fez a sociedade entender que o feminicídio não é passional, é repugnante. O que nós buscamos é equidade. Não queremos morrer pelo fato de sermos mulheres. Infelizmente, isso ainda acontece, por conta do sentimento de posse sobre elas. Evoluímos, sim, mas temos a evoluir ainda. A tendência é de que as próximas gerações colham esses frutos" — analisa a delegada Nadine Anflor, primeira mulher a se tornar chefe da Polícia Civil do RS.

sábado, 3 de agosto de 2019

Dez frases que marcaram as últimas duas semanas de Bolsonaro. Muitas fezes para esse presidente do Brasil, melhor que as frases do Lula

Ela estava indo para a guerrilha do Araguaia quando foi presa em Vitória. E depois (Míriam Leitão) conta um drama todo, mentiroso, que teria sido torturada, sofreu abuso etc. Mentira. Mentira.
Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora, passar fome, não. Você não vê gente mesmo pobre pelas ruas com físico esquelético como a gente vê em alguns outros países pelo mundo.
Com toda a devastação que vocês nos acusam de estar fazendo e de ter feito no passado, a Amazônia já teria se extinguido. Inclusive já mandei ver quem está à frente do Inpe para que venha explicar em Brasília esses dados. Nosso sentimento é que isso não coincide com a verdade, e parece até que está a serviço de alguma ONG.
Daqueles governadores "de paraíba", o pior é o do Maranhão (Flávio Dino, do PCdoB). Tem que ter nada com esse cara.
Só os veganos que comem só vegetais (consideram importante a questão ambiental). Outros países com baía não tão exuberante como a de Angra conservam o meio ambiente. Se quiséssemos fazer uma maldade, cometer um crime, nós iríamos à noite ou em um fim de semana qualquer na baía de Angra e cometeríamos um crime ambiental, que não tem como fiscalizar.
Ele (Glenn Greenwald) não se encaixa na portaria. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, malandro, para evitar um problema desse, casa com outro malandro e adota criança no Brasil. Esse é o problema que nós temos. Ele não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não.
Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele. Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões naquele momento.
45ºC, um calorão enorme, o cara sobe lá no coqueiro, corta as folhas de carnaúba, daí vai procurar o lugar para fazer pipi e daí tem que ter banheiro químico? Não pode fazer pipi no pé da árvore? Uma tremenda de uma multa em cima dele.
E você acredita em Comissão da Verdade? Você acredita no PT? Por que não começou com Celso Daniel? Nós queremos desvendar crimes. A questão de 64 não existem documentos de matou, não matou, isso aí é balela.
Pergunta para as vítimas dos que morreram lá o que eles acham.

Bolsonaro é denunciado na PGR por mudança na Comissão de Mortos e Desaparecidos

Presidente exonerou quatro membros da comissão e nomeou notórios defensores do regime militar
Cristiane Sampaio
Brasil de Fato | Brasília (DF)
A bancada do Psol na Câmara dos Deputados ingressou, nesta sexta-feira (2), com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra as novas nomeações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP).
O presidente e a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, substituíram quatro integrantes da Comissão, que tem um total de sete componentes. Foram exonerados: a presidenta do colegiado, a procuradora da República Eugênia Augusta Gonzaga Fáver; a advogada e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Rosa Maria Cardoso da Cunha; o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS); e o militar João Batista da Silva Fagundes, ex-deputado federal pelo estado de Roraima.
No lugar deles, foram nomeados, respectivamente, Marco Vinicius Pereira de Carvalho, que atua como assessor especial de Damares e preside o PSL no município de Taió (SC); o coronel da reserva do Exército Weslei Antônio Maretti; o deputado federal Filipe Barros (PSL-PR); e Vital Lima Santos, que trabalha na chefia de gabinete do Ministério da Defesa.
Barros é um dos vice-líderes do governo na Câmara e tem demonstrado forte alinhamento com as pautas de Bolsonaro, além de ter comemorado, por exemplo, o aniversário do golpe militar de 1964.
Em uma postagem feita pelas redes sociais, ele chegou a se referir à data como “o dia que o Brasil foi salvo da ditadura comunista".
O parlamentar também já chamou de “revisionismo” as críticas à tortura e às mortes praticadas pelo regime. Além disso, defendeu, por meio de um pedido oficial feito à PGR, a prisão temporária do fundador do site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, jornalista responsável pelas reportagens da “Vaza Jato”.
Também conhecido por defender a ditadura militar, o coronel Maretti costuma exaltar a memória do coronel Brilhante Ustra, conhecido pelas práticas de tortura na época do regime. Ele também já chegou a afirmar que "quem tem armas automáticas não precisa dar muitas explicações".
Outras pautas conservadoras marcam a trajetória do coronel, como, por exemplo, o apoio dado por ele ao movimento que pressionou pela cassação do mandato do deputado Jean Wyllys depois de o então parlamentar ter cuspido em Jair Bolsonaro, em 2016, após um insulto do pesselista.
Retaliação
A alteração dos componentes, publicada na edição do Diário Oficial da União (DOU) de quinta-feira (1º), se deu uma semana após a CEMDP reconhecer a morte de Fernando Santa Cruz, pai do atual presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, como "não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro”, segundo o documento oficial.
Após o posicionamento da comissão, Bolsonaro afirmou, durante uma entrevista na segunda-feira (29), que poderia “contar como o pai dele desapareceu”. “Ele não vai querer ouvir a verdade”, disse o chefe do Executivo, colocando em xeque a versão de que Fernando Santa Cruz foi perseguido e moro pela ditadura militar. A manifestação do presidente foi fortemente repudiada por diferentes atores políticos, entidades da sociedade civil e outros atores.
Para o líder do Psol, a troca de membros da Comissão seria uma espécie de represália do presidente ao colegiado pela emissão do documento.  Isso foi feito dez dias atrás. Não é uma coincidência”, pontua o líder do Psol na Câmara Federal, deputado Ivan Valente.


‘Estado de exceção’

Procurado pelo Brasil de Fato para comentar o caso, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), líder do PT na Câmara, disse que não se sentiu surpreso com a exoneração por conta do que chamou de “perfil extremista” do presidente Bolsonaro. O parlamentar classificou a nomeação de adeptos do regime militar para a comissão como a “antessala pra um Estado de exceção no Brasil”. 
É algo abominável, um acinte, um desrespeito, uma afronta ao povo brasileiro e a toda a nossa história. Você imagina qual seria a situação se, no Chile, uma comissão pra investigar tudo que aconteceu com os mortos e desaparecidos da ditadura chilena fosse composta por pessoas que são simpatizantes do governo Pinochet”, comparou, em referência ao ditador sanguinário que governou o país atino de 1974 a 1990.
O líder do Psol ressalta que a troca feita pelo presidente se soma a outras iniciativas conservadoras de Bolsonaro em defesa do regime militar.
Ele está tentando reescrever a história de uma ditadura que perdurou por 21 anos com assassinatos, desaparecimentos, tortura, censura, querendo dizer que não houve nada disso. É de um negacionismo histórico. Isso tem um prejuízo enorme pra memória e pra justiça no nosso país. Essa situação não pode perdurar. Nós entendemos que é preciso que haja um levante da sociedade civil brasileira, do Poder Legislativo, do Judiciário que detenha essas violências, as mentiras e as fake news. Temos um compromisso com a história, e o que ele quer fazer é negar tudo isso”, finaliza Valente.
:: Familiares de vítimas da ditadura vão à OEA contra declarações de Bolsonaro ::
Comissão  
Criada por lei em 1995, Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos tem a função de ajudar a localizar os corpos de vítimas da ditadura militar, emitir parecer sobre pedidos de indenizações feitos por familiares, entre outras atribuições. Por esse motivo, o Psol argumenta que os novos indicados não teriam perfil para os cargos. O partido acusa Bolsonaro de cometer improbidade administrativa, abuso de poder e desvio de finalidade, em especial este último ponto.  
Ela é uma comissão que tem política de Estado, não de governo. A segunda questão é que os nomes que ele nomeou são de pessoas que não têm nenhuma afinidade com o tema. Pelo contrário, eles negam as funções originárias da própria Comissão. Ele não pode nomear pra uma comissão que está pesquisando, desde 25 anos atrás, onde estão os mortos e desaparecidos e colocar pessoas que exatamente vão negar que houve mortos e desaparecidos políticos, que teve repressão, que teve tortura”, argumenta Ivan Valente.
Edição: Rodrigo Chagas