Senadora Eliziane Gama, que faz a leitura do relatório, também cita os ex-ministros general Augusto Heleno, general Walter Braga Netto e Anderson Torres
A
senadora Eliziane Gama, relatora da CPI do 8 de Janeiro, ao
iniciar a leitura do relatório final produzido ao longo de mais de quatro meses
de investigações e mais de 20 depoimentos pediu o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, dos
ex-ministros general Augusto Heleno, general Walter Braga Netto e Anderson
Torres.
Eliziane Gama aponta que o
ex-presidente estava cercado por movimentos golpistas —que chegaram ao ápice no
dia 8 de janeiro, com a destruição do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo
Tribunal Federal.
Sen, Eliziane Gamas diz que o ex-presidente tem responsabilidade Agente Senado |
"Jair Bolsonaro nunca foi um conservador no sentido tradicional do termo, nunca tendo defendido a manutenção das instituições, a prudência que deveria nortear a figura conservadora nunca havia acompanhado a sua figura, e dela se manteve distante quando ocupou a relevantíssima figura de presidente da República" — afirmou a senadora.
Segundo ela, o então presidente
tem responsabilidade direta, "como mentor moral, por grande parte dos
ataques perpetrados a todas as figuras republicanas que impuseram qualquer tipo
de empecilho à sua empreitada golpista".
O documento, segundo Eliziane, é
baseado nos depoimentos e nas centenas de documentos que chegaram à comissão de
inquérito. A relatora pediu o indiciamento de 61 pessoas,
entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro por associação criminosa, violência
política, abolição violenta do Estado democrático de direito e golpe de Estado.
Para a
relatora, “os golpes modernos à esquerda e à direita, não usam tanques, cabos
ou soldados. O golpe deve fazer uso controlado da violência. É preciso,
sobretudo, que o golpe não pareça golpe”.
"Começam por uma guerra
psicológica, a base de mentiras, de campanhas difamatórias, da disseminação do
medo, da fabricação do ódio. É tanta repetição, repetição, repetição,
potencializada pelas redes sociais, pelo ecossistema digital, que muitos perdem
o parâmetro da realidade. O golpe avança pela apropriação dos símbolos
nacionais. O golpe continua pelas tentativas de captura
ideológica das forças de segurança. Por isso é importante
atacar as instituições, descredibilizar o processo eleitoral" — afirma a
senadora.
Nomes citados no
relatório
Eliziane também pede o
indiciamento de integrantes militares do governo Bolsonaro: general Braga
Netto, ex-ministro da Defesa; general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete
de Segurança Institucional; general Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da
Secretaria-Geral da Presidência.
Também
estão na lista de indiciamento nomes próximos a Bolsonaro e que atuaram em
órgãos de segurança no governo anterior, como o ex-ministro da Justiça e
ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, e o
ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques. Eliziane também
sugere o indiciamento da deputada federal Carla Zambelli.
O relatório recomenda ainda a
criação do Memorial em Homenagem à Democracia, a ser instalado na parte externa
do Senado Federal, reforçando que o Brasil é um Estado democrático de Direito e
que, no dia 8 de janeiro de 2023, a democracia foi atacada.
Deputados e senadores da oposição
ainda vão apresentar os votos em separado (relatórios paralelos), com foco em
suposta omissão do governo federal no dia do ataque, nas prisões de
manifestantes e na recusa da acusação de golpe pelo ex-presidente Bolsonaro.