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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Joias, vacina e fake news: veja como estão outros casos em que Bolsonaro é investigado

Ex-presidente, acusado de tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, organização criminosa, peculato, corrupção e lavagem de dinheiro, foi indiciado no caso das joias e no da suposta fraude no cartão de vacina

Na noite de terça-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro passou de indiciado a denunciado no âmbito da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. A denúncia foi apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR), na figura do procurador-geral, Paulo Gonet.

Além deste processo, ele também é alvo de inquéritos, como o do caso das joias sauditas e o da fraude na carteira de vacinação, em que ele foi indiciado pela Polícia Federal. Ambos aguardam decisão da PGR. Outras investigações seguem em trâmite, como o da CPI da Covid, que segue junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ainda não foi encaminhado à procuradoria.

Caso das joias

O indiciamento ocorreu na esteira da Operação Lucas 12:2, que apontou indícios de que Bolsonaro, seu ex-ajudante de ordens - Mauro Cid - e outros dois assessores do ex-chefe do Executivo "atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-presidente para posteriormente serem vendidos no Exterior". A PF atribui a Bolsonaro e a seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, os crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Segundo a corporação, os dados analisados no bojo do inquérito indicam a possibilidade de o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência — responsável pela análise e definição do destino (acervo público ou privado) de presentes oferecidos por autoridade estrangeira ao presidente — "ter sido utilizado para desviar, para o acervo privado, presentes de alto valor, mediante determinação" de Bolsonaro.

As joias mencionadas são presentes recebidos pelo ex-presidente, enquanto chefe de Estado, por autoridades da Arábia Saudita e do Bahrein. No inquérito, a PF apresenta provas de que alguns desses itens foram retirados do Brasil durante missões oficiais e depois foram comercializados em lojas nos Estados Unidos.

O processo foi encaminhado à PGR em julho de 2024, que ainda avalia se apresenta denúncia, se pede novas diligências à PF ou se solicita o arquivamento.

Fraude no cartão de vacinação

Bolsonaro foi indiciado em inquérito que investiga a fraude de cartões de vacinação da covid-19. A PF atribui os crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação ao ex-presidente, Cid, ao deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), além de outras 14 pessoas.

Conforme o material entregue à PGR, o objetivo do grupo era burlar as restrições sanitárias relacionadas ao coronavírus. O foco eram as medidas impostas por poderes públicos que obrigavam o registro de vacinação contra o vírus.

De acordo com os dados fraudados, Bolsonaro teria se vacinado em Duque de Caxias (RJ). A defesa alega que ele não participou do esquema, pois não tinha necessidade do comprovante de vacinação, por ter passaporte diplomático. Apesar disso, foram registrados acessos e emissão do certificado de imunização no aplicativo ConecteSUS com IP do Palácio do Planalto, horas antes do ex-presidente viajar para os Estados Unidos.

Em abril de 2024, a PGR pediu uma nova apuração da PF para saber se os certificados foram utilizados no momento do embarque. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, considera que a informação é importante para determinar quais crimes podem ter sido cometidos.


CPI da Covid

Além dos inquéritos apresentados pela PF à PGR, ainda há o da CPI da Covid que corre no STF. Este terceiro está parado desde junho de 2023, quando o ministro André Mendonça pediu vistas do processo.

O inquérito foi aberto a partir do relatório final da CPI no Congresso. Ele investiga eventuais crimes cometidos por Bolsonaro durante a pandemia.


Decisão do TSE: inelegibilidade

Além dos indiciamentos, ex-presidente já acumula uma condenação. Ele está inelegível até 2030, após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em junho de 2023, a maioria dos ministros reconheceu a prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, para espalhar desinformação sobre o sistema eletrônico de votação, e atacar o tribunal na tentativa de ter ganhos eleitorais, por parte de Bolsonaro.


Outras investigações

Inquérito nº4.878 — Vazamento ilegal

Instaurado por determinação do Tribunal Superior Eleitoral, apura ação de Bolsonaro em vazamento de informações sigilosas sobre inquérito da PF que investiga ataque hacker à Corte em 2018.

Inquérito nº 4.874 — Milícias digitais

Originado no extinto inquérito que apurava atos antidemocráticos, investiga atuação de Bolsonaro em uma rede que usa redes sociais para disseminar desinformação.

Inquérito nº 4.831 — Interferência na PF

Apura influência de Bolsonaro sobre a cúpula da Polícia Federal após quatro trocas no comando da instituição, com suposto objetivo de blindar familiares e aliados políticos.

Inquérito nº 4.781 — Fake news

Instaurado de ofício em 2019 pelo então presidente do STF Dias Toffoli, apura disseminação de mentiras e ameaças contra ministros da Corte. Não há investigação formal de Bolsonaro.

quarta-feira, 6 de março de 2024

Depoimento de general enterra de vez Bolsonaro, diz analista

Os ex-comandantes confirmaram ter participado da reunião na qual foi discutida uma minuta golpista. O encontro foi revelado pelo ex-ajudante de ordens da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cid, em seu acordo de delação premiada.

Por Redação - de Brasília

Os ex-comandantes do Exército Freire Gomes e da Aeronáutica Carlos Baptista Júnior situaram, frontalmente, o ex-presidente Jair Bolsonaro na trama golpista do 8 de Janeiro, investigada pela Polícia Federal (PF). Em longos depoimentos, ambos concederam longos e detalhados pormenores da tentativa frustrada de um golpe de Estado, no país, e preencheram “lacunas importantes do caso”, segundo envolvidos nas apurações, que falaram em condição de sigilo à colunista Bela Megale, do diário conservador carioca ‘O Globo’, nesta segunda-feira.

Os ex-comandantes confirmaram ter participado da reunião na qual foi discutida uma minuta golpista. O encontro foi revelado pelo ex-ajudante de ordens da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cid, em seu acordo de delação premiada. A informação de que Freire Gomes confirmou reuniões sobre um documento com teor golpista foi revelada pelo canal norte-americano de TV ‘CNN Brasil’.

Em seu depoimento, na sexta-feira, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, o general respondeu todas as perguntas dos investigadores. Os agentes da PF ainda tinham dúvidas se o ex-comandante seria tratado como investigado ou testemunha. Essa decisão seria tomada de acordo com o grau de colaboração do depoimento. A avaliação foi a de que Freire Gomes decidiu ajudar as investigações e permanece no processo como testemunha.

‘Misericórdia’

Da mesma forma o brigadeiro Baptista Júnior, que também concedeu um longo depoimento à PF, há poucas semanas, na qual trouxe informações importantes aos policiais. Já o ex-comandante de Marinha Almir Garnier, apontado como o único dos três que teria aceitado aderir ao golpe, permaneceu em silêncio na PF e hoje é um dos investigados.

Para o colunista Marcelo Godoy, do diário conservador paulistano ‘O Estado de S. Paulo’ (OESP), no entanto, o depoimento de Marco Antonio Freire Gomes à PF é visto como o “tiro de misericórdia” contra Bolsonaro. “Não só pelas informações que revela, esclarece ou confirma, mas também pelo significado que tem a palavra do ex-comandante do Exército. Ela traz parte do peso institucional da voz do Grande Mudo da República. E a expectativa de ser o fim da agonia para a Força Terrestre”, escreveu Godoy em sua coluna.

Pressionado

Freire Gomes confirmou não só a discussão sobre a ‘minuta do golpe’ com Bolsonaro e a participação em reuniões no Palácio do Planalto, onde a tentativa de subverter a ordem democrática era planejada. Ele corroborou o depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, chefe da Ajudância de Ordens da Presidência da República, que assinou um acordo de delação com a Polícia Federal”, acrescentou.

O tenente-coronel Cid sempre levava as novidades do Planalto até o general, sobre as discussões em curso sobre a pauta golpista, segundo sua delação à PF. “Às 15h30 do dia 9 de dezembro de 2022, ele contou que Bolsonaro fora pressionado ‘por vários atores a tomar uma medida mais radical’: as prisões dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do STF; além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG)”, detalha Godoy.

Cid garantiu, porém, “que Bolsonaro permanecia ‘na linha do que fora discutido com os comandantes das Forças e com o ministro da Defesa (Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira)”, adicionou o colunista.

 Aventura

Hoje, ele mexeu muito naquele decreto, né. Ele reduziu bastante. Fez algo mais direto, objetivo e curto e limitado”, escreveu Cid em uma mensagem a Freire Gomes.

Ouvido como testemunha, o general não se manteve calado durante as mais de oito horas do depoimento. Revelou, segundo Godoy, “que não desmontou os acampamentos em frente ao Exército por causa de Jair Bolsonaro”.

O general vivia um drama pessoal. Sua mãe, Maria Freire Gomes, estava enferma ao mesmo tempo em que o filho enfrentava outra situação que o deixava atormentado: as pressões do governo para que embarcasse uma aventura. Gomes sabia que a maioria ordeira e silenciosa no Exército era contrária à bagunça institucional, que levaria à divisão da instituição, tão necessária ao golpe”, resumiu.