Segundo o informe da Abin, cinco comunidades do aplicativo de mensagens Telegram reuniram, no total, 2,8 mil integrantes dispostos a integrar o movimento golpista. A ideia dos grupos era estimular “narrativas de deslegitimação” das instituições, de acordo com o levantamento.
Os neonazistas brasileiros apresentam sem pudor
© Fornecido por Correio do Brasil
Supremacistas brancos ligados a grupos
neonazistas, munidos da bandeira que simboliza a ideologia de ultradireita
associaram-se aos movimentos golpistas que eclodiram no país, após o resultado
das eleições de 2022. A informação consta de relatório da Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) vazado nesta quarta-feira para a mídia conservadora.
Segundo o informe da Abin, cinco comunidades do
aplicativo de mensagens Telegram reuniram, no total, 2,8 mil integrantes
dispostos a integrar o movimento golpista. A ideia dos grupos era estimular
“narrativas de deslegitimação” das instituições, de acordo com o levantamento.
O
relatório da Abin foi elaborado entre 25 de novembro e 1º de dezembro de 2022.
O período, vale destacar, foi marcado pelo crescimento da tensão social no
país, com diversos casos de manifestantes bolsonaristas fechando estradas e
ocupando QGs do Exército, na exigência de uma atuação contra o resultado
legítimo que deu a vitória a Lula (PT) contra Jair Bolsonaro (PL).
Eleições
Até o início do ano passado, as células neonazistas
experimentaram um expressivo crescimento no país. Estimuladas pelo discurso de
ódio disseminado pelo ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL), em razão
da ascensão da extrema-direita, esses grupos cresceram mais de 270%, desde
2019, segundo um estudo elaborado pela antropóloga Adriana Dias, ex-professora
da Unicamp.
Após as eleições de 2022, houve, segundo a Abin, um aumento do
engajamento dos grupos.
“Até o pleito eleitoral de 2022, não se identificava histórico
de envolvimento sistemático de grupos supremacistas e neonazistas com pautas
políticas e manifestações. Apesar disso, em monitoramento de grupos virtuais
utilizados para disseminação de conteúdo supremacista na conjuntura eleitoral,
observou-se aumento da interação e da visualização”, aponta o relatório.
Cid confessa
Entre os eixos de atuação dos grupos neonazistas após as
eleições, segundo a Abin, estão o levantamento de suspeitas sem provas de
fraude nas urnas, apoio aos bloqueios em estradas e a disseminação de panfletos
fazendo referência à “luta contra comunistas”.
Em linha com o que o setor de inteligência do governo apurou, os
depoimentos que o tenente-coronel Mauro Cid prestou à Polícia Federal
(PF), nos últimos dias, corroboram com as informações colhidas. Ao mesmo
tempo, acenderam a luz de alerta entre militares de alto escalão que integraram
o governo anterior para o risco de ver integrantes do oficialato brasileiro
imiscuído com a ideologia nazista.
Cid, segundo apurou a mídia conservadora, tem colaborado com a
PF, fornecendo detalhes cruciais sobre reuniões e conversas que faziam parte de
um plano para efetivar o golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder, mesmo
após a derrota nas urnas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas
eleições presidenciais do ano passado. Os depoimentos também abrangem outros
temas, incluindo o escândalo das joias sauditas que o ex-mandatário tentou se
apropriar.
Generais
Com base no depoimento de pessoas próximas a Cid, até agora ele
não apontou nomes, especificamente, mas começa a detalhar os participantes das
tratativas, incluindo militares, ex-ministros e funcionários do governo
Bolsonaro.
O próximo passo, segundo as apurações, será detalhar quem são os
militares e outros ex-ministros e funcionários do governo Bolsonaro que
participaram das tratativas que se deram, entre outras localidades, no Palácio
da Alvorada em dezembro passado. Entre os nomes listados por Cid estariam os
dos generais Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
- GSI) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa).