Justiça, MP e governo
decidiram por uma saída conciliatória que não penalize o Estado com multa
diária de R$ 500
O novo presídio de Passo
Fundo, no norte gaúcho, ainda não tem prazo para ser
construído, mas nos últimos dias houve um avanço após autoridades decidirem
optar por um acordo em vez da aplicação de multa diária de R$ 500 se a casa
prisional não fosse construída em 18 meses. A decisão não foi aplicada porque
houve uma audiência de conciliação entre governo estadual, Justiça e Ministério
Público (MP) para viabilizar verbas junto a Caixa Econômica
Federal. Após estas novas etapas, se os prazos não forem cumpridos, a multa
pode vir a ser aplicada. Além disso, também foi discutida a reforma do atual
presídio do município.
A juíza da 1ª Vara da Fazenda Pública de Passo
Fundo, Rossana Gelain, explicou que existe desde o dia 18 de maio de 2017 uma decisão judicial, ajuizada pelo MP para o
cumprimento de prazo mediante multa para construção de uma nova cadeia no
município devido às condições precárias e a superlotação do presídio regional.
No início do ano, 17 presos fugiram e a direção do estabelecimento foi
substituída.
A Promotoria passou a exigir o cumprimento da
medida por parte do Executivo para que iniciasse a obra do novo empreendimento
no limite entre os municípios de Passo Fundo e Carazinho. Como as ações não estavam tendo
o efeito pretendido, ainda mais com a troca do governo no início deste ano, foi
marcada para final de agosto uma audiência pública. O resultado foi buscar
outros trâmites legais e, pelo menos no momento, não aplicar a decisão
judicial, garantindo tempo para obter verbas para a construção do novo presídio
e, assim, realizar o processo licitatório no menor tempo possível.
"A questão da multa e prazo não voltou a ser debatida porque há uma decisão transitada em julgado nesse sentido, mas o Ministério Público e nós todos, na reunião, entendemos que havia necessidade de se estabelecer outras premissas, de comum acordo entre as partes, porque há trâmites legais que não se resolveriam, talvez, em 18 meses. Além disso, a multa, nesse momento, além de onerar o poder público, não traria o resultado pretendido" — destaca a juíza Rossana.Os representantes do MP estiveram, junto com a magistrada, na audiência de agosto, além do secretário da Administração Penitenciária (Seapen), Cesar Faccioli, e o superitendente dos Serviços Penitenciários (Susepe), César da Veiga. O principal objetivo do encontro foi viabilizar a documentação necessária para encaminhar a solicitação de verba à Caixa. Rossana diz que os documentos foram entregues no dia 3 deste mês e agora está sendo aguardado o retorno do banco. Ainda não foi definido se será um presídio masculino ou feminino, o que depende da necessidade no momento em que a obra for concluída. A multa de R$ 500 por dia e o prazo de 18 meses só serão aplicados futuramente se o governo, após todos os trâmites do financiamento e da licitação, não cumprir o acordo, sob pena de eventual crime de desobediência.
Atual presídio
Durante a mesma audiência
de conciliação, a Justiça informou que foi decidida a realização de um laudo
técnico sobre uma reforma emergencial do
presídio regional, que tem capacidade para pouco mais de 300 vagas
mas enfrenta problemas de superlotação. O governo tem de apresentar uma data
para realizar a manutenção da parte elétrica do imóvel enquanto não inicia a
reforma geral do local. O Executivo está trabalhando para agilizar todos os
prazos e serviços. Enquanto isso, o poder Judiciário decidiu por um prazo de 90
dias para os projetos complementares da reforma geral.