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domingo, 20 de agosto de 2023

Filme da Barbie

O tão aguardado live-action da Barbie, dirigido por Greta Gerwig (Lady Bird) finalmente chega aos cinemas depois de se tornar um fenômeno cultural antes mesmo de sua estreia. E a espera valeu a pena. Com quase duas horas de duração, a obra mostra logo de cara por que vale o preço dos bilhetes. Primeiro, o que mais chama a atenção são os cenários e figurinos, já que eles foram explorados ao máximo nos trailers e nas peças publicitárias.

Como já era de se esperar, somos bombardeados pela cor rosa. O tom pink está presente na casa, no carro, nas ruas, nos móveis, nos postes, no chuveiro e em tudo mais que é possível e, como não poderia deixar de ser, a Barbie Típica (Margot Robbie) também desfila os figurinos mais marcantes da boneca. Esse cuidado com a produção e o cenário mostra o quanto Gerwig caprichou, não deixando o filme ficar com cara de produção barata.

Aliás, barato é o que o longa não foi, mas certamente fez valer cada centavo dos US$ 145 milhões investidos — isso sem falar do caminhão de dinheiro dedicado ao marketing. Tudo parece muito bem encaixado e a grande sacada foi não transformar os brinquedos em algo tão real assim. Do chuveiro não sai água ao carro não tem motor, tudo remete às brincadeiras de boneca que a gente fazia quando criança. A Barbielândia é essa reprodução da infância e isso salta aos olhos e é somente quando Barbie vai parar no Mundo Real é que as coisas começam a mudar.

Por falar nisso, essa transição se dá quando a boneca de plástico começa a ter pensamentos de morte. Isso faz com que sua realidade perfeita se altere e ela tenha que lidar com problemas humanos, como celulite nas pernas e pés retos ao invés daqueles arqueados.

Desesperada para entender o que está acontecendo e mudar essa situação, ela procura a Barbie Estranha/Ginasta (Kate McKinnon), uma versão rabiscada e flexível que funciona como espécie de guru da Barbielândia. Após consultar seus livros, a tal Estranha orienta a loirinha a encarar uma viagem para o mundo dos humanos a fim de encontrar a menina que está brincando com ela e fechar o portal que foi aberto entre as duas realidades.

Quem também embarca nessa aventura é Ken (Ryan Gosling), um boneco um tanto quanto carente que tenta encontrar seu lugar na Terra. Ao chegar no mundo dos seres humanos, no entanto, os dois se deparam com muito mais problemas e questões sociais do que poderiam imaginar existir em seu mundinho cor de rosa.

Críticas sociais marcam o tom do filme

Desde o início do filme, Barbie provoca no público reflexões sobre as questões sociais abordadas, mas é justamente quando os dois bonecos vão parar no Mundo Real que as críticas ficam ainda mais fortes. Encantado com o patriarcado, Ken se deslumbra ao perceber que quem manda aqui são os homens, não importa o que eles façam. Mesmo sendo menos qualificado, menos inteligente ou menos educado que uma mulher, um homem tem mais chance de conseguir tudo na vida.

Sendo assim, Ken logo se adapta a essa realidade e consegue, em pouco tempo, destilar todo tipo de machismo possível. Um bom momento do longa acontece quando ele pergunta se pode falar com o médico responsável, sendo que a médica (uma mulher) está bem na sua frente.

Para Barbie, no entanto, esse choque não é nada agradável e ela fica totalmente perdida com a nova realidade, já que vivia em um local dominado pelas mulheres. E não demora muito para que a boneca sofra assédio nas mãos de um homem qualquer, provando que nem corpos plásticos estão livres do abuso físico.

Outra crítica importante é justamente sobre esse padrão de beleza inatingível, que foi por muitos anos estimulado pela própria Mattel, empresa fabricante da boneca. Quando cruza com uma idosa, Barbie passa um tempo observando suas rugas e marcas de expressão — algo que ela nunca tinha visto, já que não existe uma Barbie senhora. É então que ela solta; “você é linda”, no que a mulher responde: “eu sei”. Essa quebra de expectativa arranca risadas no público, mas também faz pensar o que a sociedade entende como beleza.

O que fica claro, então, é que Greta Gerwig soube escolher bem o que criticar, mas também acertou em como fazê-lo. A diretora dissolveu as alfinetadas durante o filme para que ele não ficasse cansativo, mas ainda assim tivesse um forte caráter questionador.

Até críticas de cor e raça entraram na trama, quando a humana Gloria, vivida pela descendente de hondurenhos America Ferrera, passa horas explicando uma determinada solução e Barbie depois a resume, num claro exemplo do branco salvador.

A Mattel também entrou no jogo e, embora seja a patrocinadora do filme, também se deixou ser criticada, já que aparece como uma empresa que pensa bonecas para os desejos femininos, mas cuja alta cúpula é formada única e exclusivamente por homens.

Barbies e Kens agradam, mas Glória rouba a cena

Falando agora um pouco em personagens, como já era esperado, tanto Margot Robbie quanto Ryan Gosling agradam como Barbie e Ken. Apesar de interpretar apenas "mais um Ken", Gosling entrega tanto carisma e humor que acaba se sobressaindo e dando ao público o melhor da Ken-energia. Sua experiência em musicais, vide La La Land, também contribuiu para que ele tivesse as melhores performances nas cenas em que canta e dança.

Simu Liu (Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis) é outro Ken que não faz feio, assim como Ncuti Gatwa (astro de Sex Education Doctor Who), embora este tenha menos destaque do que merecido.

Já na parte das Barbies, com carisma, talento e dedicação, Robbie mostra por que é a melhor boneca que o filme poderia ganhar e nos faz até esquecer que esse papel um dia foi pensado para Amy Schumer. A loirinha consegue, ao mesmo tempo, se mostrar rígida como uma boneca e flexível como um ser humano, chamando atenção especialmente nas cenas mais emotivas.

Issa Rae (Insecure) e Emma Mackey (Sex Education) também agradam, mas aparecem pouco, assim como Dua Lipa e sua Barbie Sereia, cuja participação seresume a dar apenas um tchauzinho para a câmera. Quem rouba a cena mesmo é Gloria, vivida por Ferrera. A atriz já tinha mostrado seu talento na famosa série Betty, A Feia, e aqui não deixa a desejar.

Ela vive uma humana que trabalha na Mattel e ajuda Barbie a voltar para a Barbielândia. Ao lado da atriz juvenil Ariana Greenblatt (Amor e Monstros), que vive sua filha Sasha, ela se torna uma das coadjuvantes mais importantes do longa e não deixa a peteca cair mesmo quando tem que entregar falas complexas em meio a um universo cômico.

Bobo, engraçado e profundo

Voltando ao texto, Barbie tem, sim, muitas críticas importantes, mas não deixa de ser bobo na medida certa e engraçado ao ponto de arrancar gostosas risadas. O enredo escrito pela própria Greta Gerwig em parceria com seu marido Noah Baumbach (História de Um Casamento) soube dosar comédia e drama para conquistar os espectadores, quebrando o estigma de que histórias da boneca serviriam apenas para crianças. Na verdade, até faz sentido a trama não ser destinada aos pequenos.

Outros grandes acertos da dupla, no entanto, foram não ter esquecido a origem de tudo e ter colocado boas cenas com Rhea Perlman como Ruth Handler, a criadora da boneca, e escolhido a vencedora do Oscar Helen Mirren como narradora, uma "personagem" carismática que quebra a quarta parede e conversa com o público em alguns momentos e só reforça a proximidade do público com esse mundo cor de rosa.

Por fim, o que não faltam são elogios para provar que Barbie é sim um forte candidato a filme do ano e até mesmo ao Oscar de 2024. Embora tenha algumas falhas, como os números musicais mais extensos do que deveriam ser e alguns bons coadjuvantes deixados muito de lado, o filme consegue conquistar pelo texto bem escrito e pela execução primorosa. Valeu a pena ter esgotado quase toda a tinta rosa do mundo e também vale a pena gastar alguns trocados no ingresso do cinema.

quinta-feira, 18 de maio de 2023

TSE cassa mandato de Deltan Dallagnol na Câmara com base na Lei da Ficha Limpa

Os ministros concluíram que a candidatura do ex-procurador, que coordenou a força-tarefa da operação Lava-Jato em Curitiba, foi irregular; parlamentar cassado pode recorrer ao TSE e STF

Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu nesta terça-feira (16), por votação unânime, declarar o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) inelegível e cassar seu mandato com base na Lei da Ficha Limpa.

A decisão deve ser cumprida imediatamente. Deltan ainda poderá recorrer ao próprio TSE e ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas já sem o mandato.

Os ministros concluíram que a candidatura do ex-procurador da República, que coordenou a força-tarefa da operação Lava-Jato em Curitiba, foi irregular. Ele foi eleito com 344.917 votos, a maior votação no Paraná. Os votos recebidos por Dallagnol serão transferidos para a legenda.

A Lei da Ficha Limpa estabelece que juízes e membros do Ministério Público estão proibidos de se candidatarem caso tenham solicitado exoneração ou aposentadoria voluntária enquanto estiverem enfrentando processos disciplinares. Essa restrição tem duração de oito anos. 

Durante a análise das duas ações, os ministros consideraram uma delas que foi apresentada pela Federação Brasil da Esperança, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesse processo, alegava-se que, embora Deltan Dallagnol não estivesse enfrentando processos disciplinares no momento em que solicitou seu desligamento do Ministério Público Federal (MPF), ele estava sujeito a reclamações administrativas e sindicâncias, que seriam consideradas equivalentes.

Ao solicitar sua exoneração em novembro de 2021, o ex-procurador estava enfrentando reclamações e sindicâncias relacionadas a suspeitas de envolvimento em grampos clandestinos, violação de sigilo funcional, improbidade administrativa, abuso de poder e quebra de decoro. Entre essas investigações, uma delas foi aberta a pedido do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar se Dallagnol conduziu uma investigação não autorizada sobre a movimentação patrimonial de ministros da referida Corte.

O Partido da Mobilização Nacional (PMN), que também busca a inelegibilidade do ex-procurador, alega que ele solicitou sua exoneração "muito antes do momento exigido pela legislação eleitoral" com o objetivo de impedir o avanço dos procedimentos administrativos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e, assim, contornar as regras de inelegibilidade.

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná havia rejeitado os pedidos. O Ministério Público Eleitoral também considerou a candidatura do ex-procurador regular.

O advogado Leandro Rosa, responsável por representar Dallagnol nos processos, sustentou que o ex-procurador tomou a precaução de consultar o CNMP antes de solicitar sua exoneração. Além disso, ele defendeu que os procedimentos administrativos em andamento na época não poderiam resultar em sua demissão.

Voto do relator

O ministro Benedito Gonçalves, relator dos processos, disse que a intenção de manobrar a Lei da Ficha Limpa foi "cristalina" e 'capciosa'. Ele foi acompanhado por todos os colegas.

"Referida manobra, como se verá, impediu que os 15 procedimentos administrativos em trâmite em CNMP, em seu desfavor, viessem a gerar processos administrativos disciplinares que poderiam ensejar a pena de aposentadoria compulsória ou perda do cargo" — afirmou.

Um dos argumentos citados no voto é que Dallagnol já havia sido punido com censura e advertência quando pediu exoneração e que essas sanções seriam consideradas "maus antecedentes" em outros procedimentos administrativos, o que na prática aumentaria a chance de demissão.

Outro ponto levado em consideração foi a antecedência com que Dallagnol pediu desligamento do MPF. O então procurador deixou a instituição em novembro de 2021, quase um ano antes da eleição. A legislação eleitoral exige uma "quarentena" de apenas seis meses.

"O pedido de exoneração teve o propósito claro e específico de burlar a incidência da inelegibilidade" — afirmou Gonçalves. — "Foram inúmeras as apurações iniciadas com esteio em indicações robustas de práticas irregulares."

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Bolsonaro afirma à PF que não deu ordens para a inserção de dados de vacinação no sistema do Ministério da Saúde

O ex-presidente disse que nunca determinou e nem soube da colocação de informações falsas no ConecteSUS; ele declarou ainda que nem teria razão de fazer isso. Ele está mentindo!

O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro na sede da Polícia Federal (PF) em Brasília foi concluído no final da tarde desta terça-feira (16) após duas horas e meia e sessenta perguntas – todas respondidas. Segundo informações do g1, Bolsonaro disse que nunca determinou e nem soube da inserção de dados falsos no ConecteSUS. Ele declarou ainda que nem teria razão de fazer isso.

O ex-presidente foi interrogado no inquérito que apura um possível esquema de adulteração de cartões de vacinação, que teria favorecido ele, sua filha Laura, o ex-assistente Mauro Cid e seus familiares.

Dado o envolvimento de vários personagens na operação, a PF indagou Bolsonaro sobre cada um deles, visando compreender a natureza de suas relações. Ele foi questionado se tinha conhecimento do esquema e se ele próprio havia dado a ordem para acessar o sistema do Ministério da Saúde, onde os dados relacionados à vacinação contra a covid-19 foram inseridos e posteriormente removidos.

Outros questionamentos

De acordo com informações do jornal O Globo, o delegado responsável pelo inquérito, Fábio Shor, não questionou o ex-presidente apenas sobre as fraudes nos cartões de vacinação dele e de sua filha Laura. Perguntou também sobre questões relativas à preparação dos atos antidemocrático de 8 de janeiro.

Shor quis saber ainda se ele tinha conhecimento das conversas de teor golpista entre Mauro Cid, Aílton Barros e Elcio Franco nas articulações das manifestações golpistas e sobre os acampamentos bolsonaristas em frente aos quarteis.

Em relação ao caso das vacinas, Bolsonaro negou categoricamente sua participação no esquema de fraude de cartão de vacinação e reiterou que não deu qualquer ordem para que isso fosse feito, nem ao tenente-coronel Mauro Cid nem ao seu assessor Max Guilherme, ambos detidos desde a semana passada. 

Após o interrogatório, o depoimento está sendo revisado pela equipe de defesa do ex-presidente, composta por quatro advogados que o acompanham na Polícia Federal: Paulo Cunha Bueno, especialista em direito criminal, é um dos membros do grupo; Daniel Tesser é especializado em Direito Aduaneiro e também faz parte da equipe; Marcelo Bessa é responsável por acompanhar os processos do ex-presidente nos tribunais superiores; além deles, o ex-chefe da Secom, Fábio Wajngarten, que também é advogado, desempenha o papel de cuidar da comunicação de Bolsonaro.

Terceiro depoimento

Este é o terceiro depoimento de Jair Bolsonaro à PF desde março, quando o ex-presidente retornou dos Estados Unidos, onde havia viajado em dezembro de 2022. Bolsonaro já foi interrogado em inquéritos relacionados ao caso das joias apreendidas pela Receita Federal, bem como na investigação sobre os atos de 8 de janeiro, quando simpatizantes radicais invadiram e vandalizaram as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

quinta-feira, 4 de maio de 2023

O que se sabe sobre a operação da PF que fez buscas na casa de Bolsonaro e identificou fraudes em cartão de vacinação

Ação da Polícia Federal cumpriu seis mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão, em Brasília e no Rio de Janeiro, na manhã desta quarta-feira (3)

 Ao longo da manhã, a corporação cumpriu seis mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão, em Brasília e no Rio de Janeiro. Um dos alvos de buscas foi uma casa do ex-presidente, na capital federal. 

O foco da operação da PF é sobre a inserção de dados falsos de vacinação contra covid-19 no sistema do Ministério da Saúde. O celular do ex-presidente foi apreendido — inicialmente, havia a notícia de que o aparelho da ex-primeira-dama Michelle também havia sido apreendido, mas a PF corrigiu a informação. 

Confira o que já se sabe sobre as diligências realizadas nesta quarta-feira.

 O que está sendo investigado 

Batizada de Venire, a investida desta quarta-feira apura uma suposta "associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas SI-PNI e RNDS do Ministério da Saúde", conforme informou a PF.

 De acordo com a PF, os envolvidos teriam emitido certificados falsos de vacinação contra a covid-19, para burlar restrições sanitárias relativas à pandemia.  Os crimes teriam sido cometidos entre novembro de 2021 e dezembro de 2022.  

 "A apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19", disse a PF. 

Quais crimes estão sob investigação

A ofensiva aberta nesta quarta mira supostos crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores, segundo a PF.

Por que os dados de vacinação teriam sido alterados 

Conforme a PF, com a mudança dos dados, os beneficiários puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlar as restrições sanitárias vigentes no Brasil e nos Estados Unidos. 

A investigação da Polícia Federal indicou que o objetivo do grupo com essas modificações seria sustentar em público o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a covid-19. 

Também conforme a PF, estes fatos poderiam configurar em tese os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. 

Quem teria sido beneficiado

A inserção de dados falsos teria beneficiado Jair Bolsonaro, sua filha de 12 anos, o tenente-coronel Mauro Cid, além da filha e da esposa do antigo ajudante de ordens. 

Segundo relatório da Polícia Federal, os registros de vacinação de Bolsonaro e da filha de 12 anos foram inseridos no sistema em 21 de dezembro passado, pouco antes de viajarem para os Estados Unidos. 

"Após a data de inserção dos dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, o usuário associado ao ex-presidente Jair Bolsonaro emitiu o certificado de vacinação contra a covid-19, por meio do aplicativo ConecteSUS", afirma o relatório da PF.  

Chamou atenção dos policiais federais, ainda, o intervalo de tempo entre a data em que os investigados teriam tomado as vacinas e a data em que os dados foram inseridos no sistema. No caso de Bolsonaro, por exemplo, ele teria recebido as doses em agosto e outubro, conforme dados que constam no relatório da PF. Mas o registro só entrou no sistema em dezembro.   

O que disse Bolsonaro

Durante a manhã, Bolsonaro disse a jornalistas, na saída de sua casa, em Brasília, que não foi vacinado, e negou que tenha adulterado qualquer documento

"Não existe adulteração da minha parte. Não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso" — enfatizou. 

Questionado sobre a suspeita de que teria utilizado um documento falso para conseguir entrar nos Estados Unidos, o ex-presidente afirmou que "nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum". Sobre a filha, o ex-presidente também afirmou que ela não se vacinou. 

"Minha filha Laura não tomou vacina" — confirmou o ex-presidente, argumentando que decidiu não imunizar a sua filha pois ela teria "um atestado" que a dispensaria desta necessidade. 

Durante a manhã, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fez uma publicação nas redes sociais afirmando que, em sua casa, só ela teria se vacinado.

Bolsonaro teria sido intimado a depor ainda nesta quarta-feira, mas informou à corporação que não compareceria à oitiva, conforme apuração do jornal  Folha de S. Paulo.

Quem foi preso  

·        Mauro Cid Barbosa, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

·        o sargento Luis Marcos dos Reis, ex-membro da equipe de Mauro Cid;

·        o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros;

·        Max Guilherme, policial militar que atuou na segurança de Bolsonaro;

·        o militar do Exército Sérgio Cordeiro, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro;

·        João Carlos de Sousa Brecha, secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ).

Quem autorizou as buscas na casa de Bolsonaro 

A Operação Venire foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito das milícias digitais. Nesta tarde, Moraes retirou o sigilo da decisão que autorizou as buscas na residência de Bolsonaro.

Ao permitir a operação, Moraes considerou "plausível" a linha de investigação que sugere que Bolsonaro possa ter inserido informações falsas sobre vacinas para obter vantagens. Além disso, o ministro mencionou a possibilidade de haver uma "organização criminosa" que altera dados de vacinação.  

Segundo o ministro, os sinais de delito são "significativos" e a suposta associação criminosa não somente buscou obter vantagens pessoais, mas também desacreditar o sistema de imunização do país.

Em razão da operação da PF desta quarta, Moraes autorizou a busca e apreensão do passaporte de Bolsonaro para evitar que o ex-presidente saia do país durante as investigações.

Onde Bolsonaro estava na data da suposta vacina

De acordo com o relatório da PF acerca da investigação, Bolsonaro não esteve no local e no município em que teria sido imunizado (Duque de Caxias, no RJ), na data que consta na sua carteira de vacinação. 

Conforme auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU), que embasa a investigação da PF, "o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro não esteve no município de Duque de Caxias (RJ) no dia 13/08/2022, data em que teria tomado a primeira dose da vacina da fabricante Pfizer. Permaneceu na cidade do Rio de Janeiro até seu retorno para Brasília (DF), às 21h25min daquele dia". 

O que a CGU vinha investigando

Em fevereiro, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius Carvalho, já havia afirmado que era preciso concluir apuração sobre a possibilidade de adulteração do cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) antes de decidir por divulgar o documento ou manter o sigilo de cem anos imposto pelo governo passado.

A CGU já investigava, na época, se havia algum tipo de adulteração no cartão de vacinação de Bolsonaro. Segundo apuração, o processo verificava se houve inserção ou mesmo retirada de dados do cartão do ex-presidente.

quarta-feira, 8 de março de 2023

Novas revelações sobre joias complicam situação de Bolsonaro e de ex-ministro de Minas e Energia

Presentes milionários não são usuais nas relações diplomáticas

De Rosane de Oliveira

A cada nova revelação sobre o caso dos diamantes da Arábia Saudita mais se complica a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro e do seu ex-ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque. Como efeito dominó, uma pedra vai derrubando a outra e a mentira, que tem pernas curtas, aparece antes mesmo da conclusão dos inquéritos abertos. A pergunta que se sobrepõe a todas as outras neste momento é: por que o governo da Arábia Saudita ofereceu presentes tão valiosos ao ex-presidente e à primeira-dama Michelle Bolsonaro?  

Os presentes que os chefes de Estado e de governo trocam nas visitas oficiais são, em geral, de valor simbólico. Livros, quadros, esculturas feitas em série, vasos, potes, facas, copos... Mesmo quando são oferecidas pedras (e as de Soledade e Ametista do Sul já foram bastante ofertadas por governantes brasileiros), não chegam a um dos pingentes de um colar da grife suíça Chopard, uma das mais valiosas do mundo.  

É Chopard o conjunto retido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos que o então presidente Bolsonaro usou mundos e fundos para tentar liberar antes de deixar o governo. Na tentativa derradeira, mandou um avião da FAB a São Paulo para resgatar os diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões. Repita-se: não se tratou de uma troca protocolar de presentes, mas de um mimo enviado pelos sauditas em uma visita do ministro de Minas e Energia. A troco de quê? Isso os inquéritos terão de responder.  

Na verdade foram dois mimos. A caixa masculina chegou ao seu destinatário, Jair Messias Bolsonaro, devidamente protocolada, mais de um ano depois de ter entrado no Brasil sem despertar a desconfiança dos agentes da Receita Federal. Veio na bagagem do ministro, não foi declarada e permaneceu num cofre até ser entregue ao presidente da República no apagar das luzes do governo.  

Bolsonaro, que na primeira reação disse que estava sendo crucificado pro um presente que não pediu nem recebeu, terá de reavivar a memória. Porque há um documento mostrando que recebeu a caixa com um relógio, um masbaha (espécie de rosário árabe) uma caneta e um par de abotoaduras da marca suíça Chopard. Quanto valem? Não se sabe. Onde estão? De acordo com seu ex-braço direito, o tenente-coronel Mauro Cid, foram incorporados ao acervo pessoal de Bolsonaro “para não deixar nada para Lula” e levados para um depósito junto com outras caixas da mudança. 

Os adereços femininos, que a olhos desacostumados com joias verdadeiras passariam por bijuterias de Carnaval, valem uma Mega Sena acumulada por três sorteios. Dariam um belo apartamento na Vieira Souto ou na Delfim Moreira (onde estão os metros quadrados mais caros do Rio de Janeiro). Pagariam centenas de casas populares. Ou milhares de cestas básicas.

domingo, 5 de março de 2023

"Sirvam nossas façanhas"

De Mario Marcos: Sirvam nossas façanhas | (wordpress.com)



Governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente joias de R$ 16,5 milhões para Michelle, diz jornal

Conforme O Estado de S. Paulo, os itens feitos em diamante estariam na mochila de um ex-assessor do então presidente e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo

O governo Jair Bolsonaro tentou trazer para o Brasil de forma ilegal, em outubro de 2021, um conjunto com colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, as joias da marca Chopard seriam um presente do governo da Arábia Saudita para o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. A reportagem relata que estavam na mochila de um ex-assessor de Bolsonaro e foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no retorno de uma missão oficial do então presidente.

Ainda conforme a apuração do jornal, o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, que integrava a comitiva, teria retornado para a alfândega ao saber da apreensão das joias. Albuquerque teria tentado usar o cargo para liberar os diamantes, dizendo aos fiscais que o conjunto de diamantes eram um presente do governo saudita para Michelle. A informação foi confirmada pelo ex-ministro ao Estadão.

Apesar do esforço, a Receita Federal manteve a apreensão. Qualquer item que ultrapasse o valor de US$ 1 mil precisa ser declarado ao ingressar no Brasil. Para retirar o bem, seria preciso pagar o imposto de importação equivale a 50% do valor do produto, além de multa de 25% pela tentativa frustrada de entrar no país sem declarar as joias. No caso, a retirada formal dos itens custaria cerca de R$ 12,3 milhões.

De acordo com o Estadão, o governo Bolsonaro fez quatro tentativas para recuparar as joias apreendidas — todas fracassadas. A mais recente teria ocorrido em 29 de dezembro, nos últimos dias da gestão passada, quando um funcionário do governo, identificado como "Jairo", teria ido até Guarulhos com avião da Força Aérea Brasileira (FAB). No aeroporto, ele teria informado que estava lá para retirar o presente, mas não conseguiu a liberação.

Um dia antes, em 28 de dezembro, o próprio Bolsonaro enviou um ofício à Receita Federal solicitando que os bens fossem destinados à Presidência da República.

O governo poderia receber as joias caso fossem reconhecidas como presente oficial para o presidente e a primeira-dama, mas, neste caso, ficariam para o Estado brasileiro após o término da gestão Bolsonaro.

Em postagem no stories do Instagram, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro negou que seja dona das joias.

"Quer dizer que eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein? Estoi rindo da falta e cabimento dessa imprensa vexatória", postou.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

O Barão das drogas

De Signei José Bruzska

Quando Rodrigo foi preso, na fronteira do Brasil com o Paraguai, os jornais deram amplo destaque à notícia. Afinal, depois muitos anos de investigação e procura policial, finalmente havia sido preso o “Barão da Maconha”, traficante internacional, dono de um “império do crime”, apontado como um dos principais fornecedores de drogas para o sul do Brasil.

Um duro golpe no crime organizado”, sintetizavam as notícias.

Um forte esquema policial e de segurança foi montado para que fosse efetivada a transferência do mega traficante para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, incluindo o uso de aeronave.

Algum tempo depois, em uma tarde de outono, do lado externo dos muros da mesma penitenciária de alta segurança de Charqueadas, sem qualquer vigilância, absolutamente sozinho, observei que um senhor, já de idade avançada, lidava com afinco em um tratorzinho cortador de grama. Andava para lá e para cá, aparando a grama com esmero, cuidando para que nenhuma ponta dos arbustos ficasse sem a devida poda. Cumprimentei-o de longe, pelo belo serviço que estava realizando e imediatamente perguntei para os policiais militares que me acompanhavam na prisão quem era aquele trabalhador:

É o Rodrigo, doutor, o famoso Barão da Maconha.

Posteriormente também pude constatar e provar que o “Barão das Drogas” foi o melhor fazedor de bolinhos fritos da PASC, aqueles que chamamos de “bolinhos de chuva”. Os bolinhos que ele fazia eram leves como plumas, em formato perfeitamente arredondado, polvilhados com açúcar e canela.

O Barão jamais trouxe problemas ao sistema penitenciário gaúcho. Não cometeu nenhuma falta disciplinar. E tempos depois, quando o Tribunal de Justiça revogou um benefício no regime semiaberto, ele se apresentou espontaneamente no balcão da VEC para terminar de cumprir sua pena.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Quadrilha que sequestrava pessoas após encontros marcados por apps de relacionamento é alvo de operação policial

Polícia prendeu dois suspeitos em dezembro e agora age contra pessoas que atuariam na lavagem do dinheiro obtido por meio de extorsão

Foram cumpridos na manhã desta quinta-feira (16) seis mandados de busca e apreensão, além de ordens para quebra de sigilo bancário, de suspeitos de integrarem uma quadrilha que sequestrava pessoas após encontros marcados por meio de aplicativos de relacionamento. A investigação da Polícia Civil iniciou em dezembro de 2022, quando dois suspeitos de integrar a quadrilha foram presos em flagrante em Porto Alegre. Eles estavam com uma vítima sequestrada.

O objetivo da operação desta quinta é buscar mais provas contra três pessoas que emprestavam suas contas bancárias para depósito dos valores obtidos com os pedidos de resgates. Os mandados são cumpridos em Porto Alegre, Alvorada e Gravataí. Estas pessoas são investigadas por lavagem de dinheiro, mas os agentes  também tentam confirmar se elas participaram das extorsões com restrição de liberdade, os chamados sequestros relâmpago.

Uma destas investigadas é a esposa de um dos suspeitos presos em flagrante. A casa dela, no bairro Jardim Carvalho, na Capital, foi alvo de mandado nesta quinta.

As demais ordens judiciais são cumpridas nos bairros Aparício Borges e Lomba do Pinheiro, também em Porto Alegre, no bairro Parque Ipiranga, em Gravataí, e no bairro Aparecida, em Alvorada.

Em um dos locais foi recapturado um foragido por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. A participação dele nas extorsões será verificada.

O titular da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado João Paulo de Abreu, diz que foram três casos de sequestros relâmpago após encontros marcados por apps de relacionamento registrados no Estado até agora, mas há outros casos que foram evitados pela ação policial. A delegacia trabalha para evitar que estes crimes, já recorrentes na capital paulista, se intensificassem no Rio Grande do Sul.

Sequestros

Abreu diz que o grupo criava perfis falsos em sites de relacionamento e marcava encontros com vítimas, geralmente pessoas com posses e residentes em bairros nobres de Porto Alegre.

Segundo o delegado, em geral, os criminosos combinam de encontrar os alvos, de carro, em via pública, em locais de pouco movimento. O sequestrador começa a rodar com a vítima e, em seguida, um comparsa embarca no veículo. Nos três casos registrados, as extorsões ocorreram dentro de um carro em movimento.

Os criminosos sacam dinheiro das contas bancárias e, em pelo menos um dos casos, também exigiram pagamentos via Pix para familiares dos sequestrados. Uma das vítimas perdeu o celular e R$ 2 mil e outra R$ 8 mil em dinheiro.

No terceiro caso, em que a polícia conseguiu interromper a ação, os suspeitos já haviam retirado em poucos minutos R$ 1 mil de uma vítima. Todo o sequestro relâmpago durava em torno de duas horas.

Prisões

Este caso que foi interceptado pela polícia é o que deu a origem à operação desta quinta, com a prisão em flagrante de suspeitos, que mantinham uma vítima dentro de um veículo. A investigação conseguiu, a partir da quebra de sigilo telefônico, acompanhar o movimento do carro pela Avenida Bento Gonçalves, no dia 12 de dezembro de 2022. Dois homens, de 23 e 27 anos de idade, sem antecedentes criminais, foram presos com um simulacro de arma de fogo.

"A vítima, um homem, estava não só apavorada, mas constrangida por toda a situação em que se envolveu. Destaco que conseguimos estancar estes casos que estavam chegando ao Estado. Os presos foram indiciados e denunciados, mas se restringiram a falar somente em juízo" — diz Abreu.

Os nomes dos dois presos não foram divulgados. A investigação continua e o Deic acredita que o grupo seja composto de pelo menos cinco pessoas, mas não descarta que haja mais integrantes. Nos três sequestros relâmpago investigados, registrados em um período de 10 dias em dezembro de 2022, foi usado um veículo Gol de cor preta.

Como prevenir

O delegado João Paulo de Abreu destaca alguns cuidados que as pessoas podem tomar para evitar riscos ao marcar encontros por apps de relacionamento:

·        Peça o maior número de dados possível das pessoas com quem estiver interagindo.

·        Se possível, verifique o local do encontro antecipadamente.

·        Marque sempre em locais com grande movimentação.

·        Jamais entre no carro de alguém com quem apenas manteve contato online.

·        Informe sobre o encontro a pessoas de sua confiança.

·        Oriente sua família a sempre procurar a polícia em casos de extorsão. 

O delegado Abreu ressalta que, além do dano patrimonial, com a perda de dinheiro ou bens, há o risco de dano psicológico e até físico. Ele destaca que, em São Paulo, por exemplo, houve casos de assassinato durante sequestros envolvendo encontros marcados online.

Um empresário gaúcho foi vítima desse golpe, em 2022, na capital paulista. Segundo o Deic, ele e uma outra pessoa, que também estava sendo extorquida, passaram pelo menos um dia em um cativeiro. Eles só foram soltos depois de fazer transferências via Pix.

No Rio Grande do Sul, casos semelhantes devem ser denunciados ao Deic pelo telefone 0800 510 2828 ou pelo WhatsApp e Telegram: (51) 98444-0606, além do site da Polícia Civil.

Gados golpistas

 


O perigo das apostas

Publicado em  por  https://mariomarcos.wordpress.com/

Fiz um pequeno texto nessa terça-feira, nas redes sociais, de alerta sobre os perigos representados pela invasão de empresas de apostas no Brasil, especialmente no futebol.

Elas começam a dominar programas esportivos, clubes de futebol, espaços comerciais – que, perigosamente, se misturam aos jornalísticos. Estão por tudo, distribuindo muito dinheiro.

E onde circula dinheiro fácil, vocês sabem, é um campo fértil para corrupção – como o futebol italiano e outros descobriram há bem pouco tempo.

Pois bem, no final do mesmo dia em que fiz a nota, casualmente, estourou um escândalo no futebol de Goiás envolvendo apostas suspeitas em três jogos da Série B.

O Ministério Público investigou e já tem nomes envolvidos. Jogadores recebiam 150 mil reais para provocar pênaltis, por exemplo (tudo pode ser apostado, do número de faltas ao de escanteios). Os nomes não foram divulgados ainda, mas os promotores já chegaram aos corruptos e corruptores.

Os vigaristas das apostas agem assim – e, muitas vezes, as próprias empresas são vítimas. Não tentam a corrupção nos grandes jogos, nos clássicos, mas naqueles menos badalados, sem uma grande atenção da imprensa.

Só são flagrados quando alguém desconfia dos valores envolvidos ou de um lance incomum. Neste caso de Goiás foi um pênalti, que despertou a desconfiança de um dirigente.

O perigo não está apenas nas empresas, mas no mundo que se forma em volta delas.

Preparem-se: vem mais por aí.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

OMS confirma surto do vírus de Marburg, um dos mais letais do mundo

Nove mortes e 16 casos suspeitos foram reportados na Guiné Equatorial. Vírus é da mesma família do ebola, e taxa de mortalidade média é de 50%.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) convocou nesta terça-feira (14/02) uma reunião de urgência para tratar do surto do vírus de Marburg na Guiné Equatorial, que já provocou a morte de nove pessoas e obrigou o país africano a declarar estado de alerta sanitário.

Da mesma família do ebola, o vírus é um dos mais perigosos do mundo. A taxa de mortalidade dos infectados é de, em média, 50%, mas pode chegar a 88% dependendo da variante do vírus e dos cuidados de saúde prestados ao doente.

Em um comunicado enviado à agência de notícias Lusa, o Ministério da Saúde da Guiné Equatorial diz ter detectado uma "situação epidemiológica atípica" em distritos de Nsok Nsomo, depois da morte de pessoas com sintomas de febre, fraqueza, vômitos e diarreia com sangue. O vírus foi confirmado por meio de amostras enviadas para análise no Senegal.

Até ao momento, as autoridades já relataram nove mortos e 16 casos suspeitos, dos quais 14 são assintomáticos e dois têm sintomas leves. Além disso, 21 pessoas estão em isolamento e sob vigilância por terem tido contato com os mortos, e outras 4.325 estão em quarentena em suas casas.

As mortes ocorreram entre 7 de janeiro e 7 de fevereiro, segundo o ministro da Saúde da Guiné Equatorial, Ondo'o Ayekaba. Uma morte suspeita em 10 de fevereiro está sendo investigada.

A Guiné Equatorial fica na África Central e é um dos nove Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da qual o Brasil também faz parte.

A área afetada pelo surto localizava-se numa região rural de floresta densa, perto das fronteiras com Gabão e Camarões.

Ajuda da OMS

A OMS disse que enviará profissionais para a Guiné Equatorial para ajudar no combate à doença. Também serão fornecidos equipamentos de proteção para a equipe médica.

"O vírus de Marburg é altamente contagioso. Graças à ação rápida e decisiva das autoridades da Guiné Equatorial na confirmação da doença, a resposta de emergência pode chegar rapidamente para salvar vidas e parar o vírus o mais rapidamente possível", disse Matshidiso Moeti, diretora regional da OMS para África.

O vírus de Marburg

O vírus de Marburg causa febre hemorrágica e é transmitido por morcegos a primatas e seres humanos. Entre humanos, o contágio ocorre por meio de fluidos corporais de pessoas infectadas ou por superfícies e materiais, como roupas de cama.

O vírus leva o nome de uma pequena cidade alemã às margens do rio Lahn, onde o vírus foi documentado pela primeira vez, em 1967. Na época, ele causou surtos simultâneos da doença em laboratórios em Marburg, na Alemanha, e em Belgrado, na então Iuguslávia (hoje Sérvia). Sete pessoas morreram expostas ao vírus enquanto realizavam pesquisas com macacos.

Desde então já houve surtos e casos esporádicos em países como Angola, Gana, Guiné-Conacri, República Democrática do Congo, Quênia, África do Sul e Uganda.

Em um surto de 2004 em Angola, 90% das 252 pessoas infectadas morreram. Em 2022, duas mortes pelo vírus de Marburg foram relatadas em Gana.

Até hoje não há vacinas ou medicamentos autorizados para a doença, mas o tratamento de reidratação para aliviar os sintomas pode aumentar as chances de sobrevivência.

le/bl (Lusa, AFP, AP)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Gol contra no Gauchão, de Mario Marcos

Que tal a imagem do futebol gaúcho?

No domingo, em rede nacional, aquele espetáculo deplorável do gramado artificial do Passo d’Areia.

Na noite de segunda-feira, o gramado horroroso, cheio de remendos, do Estádio do Vale, também mostrado pela TV.

Imagens como aquelas desestimulam o público, que busca alternativas, e desvaloriza o Campeonato Gaúcho ainda mais.

O maior gol de Tévez, de Mario Marcos

De mariomarcos.wordpress.com 

Meu primeiro grande salário foi quando fui do Boca ao Corinthians. A primeira coisa que fiz foi dizer ao meu representante: não quero esse dinheiro, só quero que você tire minha família inteira de Fuerte Apache (bairro pobre de Buenos Aires, na Cidadela). Compre 15 casas fora do bairro e tire toda a minha família de lá. Foi muito emocionante porque ainda por cima mandei meu pai, que é mestre de obra, comprar e pintar tudo para que ficasse bem arranjado. Aí fizemos um churrasco surpresa em casa e dei a chave a cada um, sem que soubessem de nada."

(Carlos Tévez, ex-atacante, hoje técnico do Rosário Central, um dos muitos jogadores que nunca esqueceram de suas origens)