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terça-feira, 7 de novembro de 2023

Mauro Cid detalha funcionamento de ‘gabinete do ódio’ de Bolsonaro em delação, diz jornal

Foto: Wilton Junior/Estadão
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, detalhou, em seu acordo de delação premiada, como funcionava o “gabinete do ódio” do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o jornal O Globo, a Polícia Federal (PF) teria exigido que Cid detalhasse o papel de cada ex-assessor do ex-chefe do Executivo no esquema montado no Palácio do Planalto para atacar adversários políticos via redes sociais.

A citação aos integrantes do gabinete do ódio teria sido uma das exigências para que o acordo fosse homologado em setembro. De acordo com o jornal, Cid relatou ainda a relação dos membros do grupo com os integrantes do clã Bolsonaro. A existência do “gabinete do ódio” foi revelada pelo Estadão em 2019.

A delação de Cid já revelou informações sobre a venda ilegal das joias sauditas, a fraude nos cartões de vacina no sistema do Ministério da Saúde e a tentativa de golpe de Estado após a divulgação dos resultados das eleições do ano passado.

Como ajudante de ordens, Mauro Cid teve acesso livre ao Palácio do Planalto, estando ao lado do Bolsonaro em entrevistas, lives, reuniões e até mesmo em salas de cirurgias, sendo o braço-direito e secretário particular de Bolsonaro nos quatro anos do governo passado. As memórias dele e os acessos que teve aos locais tornam a delação um problema para o ex-chefe do Executivo.

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, em uma operação da PF que investiga a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19 no sistema de saúde. Após ter o pedido de delação premiada homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Cid foi liberado de um quartel onde estava detido no dia 9 de setembro.

Entenda os próximos passos do projeto que aumenta penas para diversos crimes e que será analisado pelo Senado

Texto foi aprovado pela Câmara dos Deputados, na semana passada, por 269 votos a 87

De GZH

Chegará ao Senado nesta semana o projeto de lei (PL) 3780/23, que aumenta as penas para os crimes de furto, roubo, receptação de produtos roubados, latrocínio (roubo com morte) e que transforma em ação penal pública incondicionada o crime de estelionato. A matéria foi aprovada em 31 de outubro na Câmara dos Deputados por 269 votos favoráveis e 87 contrários.

O texto aprovado na Câmara é um substitutivo do deputado Alfredo Gaspar (União-AL) para o PL 3780/23, do deputado Kim Kataguiri (União-SP) e outros.

Antes de o texto chegar ao Senado, GZH ouviu os representantes gaúchos na Casa sobre o tema. Para o senador Luis Carlos Heinze (PP), é fundamental endurecer as penas. Heinze acredita que o PL 3780/23 é um caminho para inibir novos crimes e também representa um avanço na questão da receptação e do crime por meio de dispositivo digital.

"Vamos discutir o texto na Casa, podemos aprimorar, mas ampliar a penalidade é uma resposta importante para um país que não suporta mais a impunidade" — argumenta Heinze.

O senador Hamilton Mourão (Republicanos) afirma que o criminoso é um "indivíduo que pesa os prós e os contras" e o que pode lhe acontecer se optar por uma conduta delituosa.

"O que acontece é que, na Justiça criminal aqui no Brasil, a nossa legislação penal é branda. Então o criminoso tem que compreender: uma vez que ele incorra em um crime, ele terá uma punição severa" — sustenta Mourão.

Já o senador Paulo Paim (PT) diz que irá aguardar pelo efetivo trâmite na Casa para emitir sua análise.

Como ocorre a tramitação

Os projetos enviados pela Câmara chegam ao Senado e recebem parecer de admissibilidade quando estão de acordo com as leis nacionais e com a Constituição, sendo analisados pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Nela, é designado um senador para ser o relator.

O parecer é redigido, apresentado e votado em sessão na comissão. Se aprovado, o texto segue para outras duas comissões que analisam a matéria. No caso deste projeto, a mais provável é a Comissão de Segurança Pública. Outras possíveis são Comissão de Assuntos Sociais e Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.

Urgência

Para pular estas etapas, os senadores poderão definir que o trâmite ocorra em regime de urgência, possibilitando que o texto salte diretamente para proposição de emendas e debates, atos finais antes da votação. Para ser aprovado, precisa da maioria simples dos presentes em sessão. Estando em plenário os 81 senadores, são necessários 41 votos a favor.

Se forem feitas mudanças no Senado, as alterações precisam ser aprovadas ou retiradas em nova votação na Câmara. Se o texto for aprovado na mesma forma, passa para a apreciação do presidente da República, que pode sancionar integralmente ou vetar a totalidade ou partes do projeto.

O que muda

Furto

  • A pena geral de furto passa de reclusão de um a quatro anos para dois a seis anos, majorando em metade da pena se o crime é praticado durante a noite.

Golpe virtual

  • Furto por meio de fraude com o uso de dispositivo eletrônico, os golpes virtuais, tem pena aumentada de reclusão de quatro a oito anos para quatro a 10 anos.

Furto de veículo transportado a outro Estado ou para o Exterior

  • Passa de três a oito anos para quatro a 10 anos.

Furto de gado e outros animais de produção

  • Passa de dois a cinco anos para quatro a 10 anos.

Furto de animais domésticos

  • Cria pena de quatro a 10 anos.

Furto de dispositivo eletrônico ou informático

  • Cria pena de quatro a 10 anos.

Furto qualificado

  • A pena continua de dois a oito anos. Passam a ser considerados qualificados os furtos de equipamento ou instalação prejudicando o funcionamento de serviços de telecomunicações, energia elétrica, abastecimento de água, saúde e transporte público. Nessa qualificação seria enquadrado, por exemplo, o furto de fiação elétrica.

Roubo

  • A pena geral de quatro a 10 anos passa para seis a 10 anos, com aumento de um terço para duas novas situações semelhantes à do furto: equipamentos ou instalações ligadas a serviços públicos e roubo de dispositivo eletrônico ou informático.

Roubo com lesão grave

  • Passa de sete a 18 anos para 16 a 24 anos.

Latrocínio (roubo com morte)

  •  Passa de 20 a 30 anos para 24 a 30 anos. 

Receptação

  • Passa de um a quatro anos para dois a seis anos. Quando a receptação for de animal de produção, a pena passa de dois a cinco anos de reclusão para três a oito anos.

  • Cria a tipificação de receptação de animal doméstico, com pena de três a oito anos de reclusão.

  • Passa a ser qualificada a receptação de equipamentos ou instalações retiradas de serviços públicos (como fios retirados de linhas de trem). A pena será o dobro da pena geral de dois a seis anos de reclusão.

Fios de telefone

  • Interromper serviço telefônico, telegráfico ou radiotelegráfico, atualmente com previsão de detenção de um a três anos, passa a ter pena  de reclusão de dois a quatro anos, com pena em dobro se o crime é cometido por ocasião de calamidade pública ou roubo ou destruição de equipamento instalado em torres de telecomunicação.

Estelionato

  • Passa a ser ação penal pública incondicionada, o que significa que o Estado processará o criminoso, sem necessidade da vítima manifestar vontade de punir autor. A pena  continua de um a cinco anos de reclusão.

Golpes na internet

  • Cria tipo penal de estelionato qualificado, abrangendo os golpes aplicados por meio da internet ou redes sociais, como phishing (quando alguém clica em links falsos que roubam dados ou dinheiro), golpe do Pix e outros.

  • A pena será de quatro a oito anos por esse tipo de fraude cometida com informações fornecidas pela vítima ou terceiro induzido a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos, envio de e-mail fraudulento, duplicação de dispositivo eletrônico ou aplicação de internet ou qualquer meio análogo.

Lavagem de dinheiro pelo crime organizado

  • Cria tipificação específica de fraude bancária, definida como a cessão, gratuita ou com pagamento, de conta bancária para que nela transitem recursos destinados ao financiamento de atividade criminosa ou vindos dessa atividade.

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Renato: "Suárez só fica se acontecer um milagre"

 Por mariomarcos.wordpress.com 

Mais uma vez, ele decidiu. E mais uma vez os mais de 40 mil torcedores que estavam na Arena, no sábado, depois da vitória sobre o Bahia, gritaram “Fica, Suárez”, já imaginando certamente como seria complicado ver o time sem seu principal jogador na próxima temporada.

Suárez desconversou quando o assunto apareceu na entrevista, nem confirmou aquilo que os jornais da Montevidéu dão como certo: ele teria um acordo já assinado com o Miami para ser companheiro de Messi em 2024.

Renato é que não dissimulou. Para ele, Suárez não fica:

"Um jogador acima da média e um privilégio trabalhar com ele. Mas não vamos sonhar, ele já tem planos para 2024, deixou bem claro há alguns meses. Gostaria muito que ele continuasse, mas não vamos iludir o nosso torcedor. Acho muito difícil e acho que já tem contrato lá fora. Falei antes do jogo que não adianta ficar iludindo o torcedor. Na minha opinião, ele não vai ficar. Nosso desejo é o desejo do torcedor, mas ele só fica se acontecer um milagre, que depende do próprio Suárez. Não vou ficar apostando nisso nem iludindo nosso torcedor."

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

"As cantinas não foram criadas para o Estado ou as facções ganharem dinheiro", diz o juiz Sidinei Brzuska sobre esses comércios

Magistrado, que atuou por 23 anos na Vara de Execuções Criminais da Capital, afirma que considera "difícil recuar do que está posto hoje"
O juiz Sidinei Brzuska trabalhou por 23 anos na Vara de Execuções Criminais (VEC) de Porto Alegre. Ao longo destes anos, dedicou horas para visitar presídios e penitenciárias e para ouvir relatos de detentos. Em suas redes sociais, expôs fotos das mazelas a fim de provocar e promover debates sobre temas nem sempre bem vistos pela sociedade. Não foi diferente com as cantinas.
Abaixo, confira trechos da entrevista de Brzuska a partir da reportagem feita pelo Grupo de Investigação da RBS (GDI) sobre como as facções utilizam produtos das cantinas oficiais para engordam o caixa do crime:
 Como surgiu a ideia de implantar cantinas em presídios e penitenciárias?
O artigo da Lei de Execução Penal (LEP) que trata disso foi escrito com base em uma realidade do início dos anos 1980. Maioria da população brasileira vivia em áreas rurais. As penitenciárias ficavam distante. Familiares que fossem fazer visita enfrentavam viagem longa, difícil, e quando chegassem na prisão tinham de se alimentar, se hidratar. A ideia da cantina era esta. Não é ideia de o Estado faturar dinheiro nem facção.
Por que isso não se implementou?
Isso se desvirtuou mais ou menos dentro da mesma ideia que fez nascerem as milícias do Rio, de que bandido bom é bandido morto e que não vamos tratar "vagabundo" bem. Essas cantinas propostas quase que ingenuamente pelo legislador na lei de 1984 nunca foram implantadas e os presídios foram abandonados. Vem essa questão de degradação muito forte no país.
Como foi no RS?
Vínhamos nessa lógica de que bandido tem de se dar mal. E até aquele momento os presos não viam a cadeia como algo deles. E o que não é meu eu não cuido, quebro, queimo. Assim como a população de Porto Alegre, que não vê o Dilúvio como algo seu, então, joga lixo. E essa sistemática de quebrar e queimar retroalimentava o pensamento de que bandido não merecia ganhar colchão ou ter melhorias. Quando a Brigada Militar assumiu o Presídio Central (em 1995), surgiu na cadeia uma pessoa que viu a possibilidade de ganhar dinheiro no caos. Um preso que passou a dizer para os outros: "Passamos maior tempo do nosso tempo aqui dentro, recebemos nossa família, nossos filhos, temos de cuidar disso aqui". Ele vendeu a ideia de melhorias para a direção, em troca de acabar com os motins e os estragos. Criou uma ala que tinha colchão, coberta, papel higiênico, coisas que as outras não tinham. E começou a cobrar para receber presos ali. Como a comida era ruim e insuficiente, negociou entrada de fogareiros, fogões, geladeira. Mas como tudo isso dava muito trabalho para os guardas revistarem, o Estado teve a ideia de ele mesmo prestar o serviço e isso foi regulado por uma portaria da Susepe. Foi assim que as cantinas oficiais começaram. O aluguel do metro quadrado da cantina do Central se tornou o mais caro de Porto Alegre.
E agora, no ponto que chegou, com controle de subcantinas pelas facções, qual a solução?
O grande problema é o Estado tratar mal o familiar dos presos. A cantina acaba servindo como forma de captação e engrossamento das facções. Estou preso e minha mãe sai lá da cidade dela às 5h da manhã, pega trem, ônibus, fica na fila, passa pela revista e aí vai me encontrar lá pelas 10h, 11h da manhã. Até aí ninguém do Estado apareceu para dar uma água ou pão para minha mãe. Quem dá? Quem administra a galeria. Quem alimenta minha mãe é dos Manos? Eu sou dos Manos. É dos Bala na Cara? Eu sou dos Bala. A comida é a forma de arregimentar. O Estado não é acolhedor com esse pobre que visita a cadeia ou que está dentro da cadeia.
Não tem solução então?
Não acredito, pois passa por acolhimento. O Estado não dá uma cobertura para os visitantes se abrigarem em dia de chuva. Difícil recuar do que está posto hoje. A lista de itens permitidos não é tão grande, mas vai ver o que as cantinas vendem, é muita, muita coisa.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Por uso político do 7 de Setembro, TSE torna Bolsonaro inelegível pela segunda vez

Cinco ministros julgaram procedentes as ações contra o ex-presidente e quatro deles também condenaram o candidato à vice-presidência Braga Netto

Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou, por cinco votos a dois, nesta terça-feira (31), o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu candidato à vice na eleição presidencial de 2022, o general Walter Braga Netto (PL), por abuso de poder político e econômico e uso eleitoral das comemorações de 7 de setembro de 2022. Com a decisão, os dois ficam inelegíveis  até 2030. Além disso, devem pagar multas de R$ 425 mil e R$ 212 mil, respectivamente.

O julgamento começou em 24 de outubro e terminou nesta terça, na terceira sessão jurisdicional dedicada ao caso. Bolsonaro e Braga Netto foram julgados por três ações que os acusaram de abuso de poder político, uso indevido dos meios de comunicação e conduta vedada nas comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil ocorridas em Brasília e no Rio de Janeiro em 7 de setembro do ano passado. As ações foram movidas pelo PDT e pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).

Como votaram os sete ministros:

·        Benedito Gonçalves: pela condenação de Bolsonaro e Braga Netto;

·        Raul Araújo: considerou as ações improcedentes;

·        Floriano de Azevedo Marques: pela condenação de Bolsonaro e Braga Netto;

·        André Ramos Tavares: pela condenação de Bolsonaro e Braga Netto;

·        Cármen Lúcia: pela condenação de Bolsonaro e Braga Netto;

·        Kassio Nunes Marques: considerou as ações improcedentes;

·        Alexandre de Moraes: pela condenação de Bolsonaro e Braga Netto.

·        Com o entendimento pela condenação seguido pela maioria dos ministros, Bolsonaro está inelegível por oito anos pela segunda vez. Ele poderá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF). O prazo de oito anos continua valendo em função da primeira condenação e não será contado duas vezes. Bolsonaro está impedido de participar de eleições até 2030.

·        Veja como foi o julgamento

·        Primeira sessão (24/10)

·        A sessão começou com a leitura do relatório pelo ministro Benedito Gonçalves, relator do caso. Em seguida, Marilda Silveira, advogada de Soraya, assim como advogado do PDT, Walber de Moura Agra, foram ouvidos. Eles sustentaram que não houve diferença entre evento oficial de governo e evento de campanha em Brasília e no Rio de Janeiro. 

·        Após a acusação, foi a vez do advogado de defesa falar: Tarcísio Vieira contestou o indeferimento do pedido de oitiva de três testemunhas. Por fim, o vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gustavo Gonet Branco, deu procedência à condenação de Jair Bolsonaro por abuso de poder político e econômico. A sessão foi encerrada sem os votos dos ministros.

·        Segunda sessão (26/10)

·        Esta sessão iniciou a decisão dos ministros. Votaram pela condenação do ex-presidente o relator do caso, o corregedor do TSE, ministro Benedito Gonçalves, e o ministro Floriano de Azevedo Marques. Já o ministro Raul Araújo manifestou-se pela rejeição da ação. Ainda faltavam os votos de quatro ministros, inclusive o presidente da Corte, Alexandre de Moraes.

·        O relator propôs a inelegibilidade do ex-presidente por oito anos e a aplicação de multa no patamar máximo de R$ 425.640 — o ex-presidente já foi condenado em outra ação e não pode concorrer até 2030.

·        Terceira sessão (31/10)

·        Ministro André Ramos Tavares votou pela condenação do ex-presidente e do candidato a vice, justificando o "uso parasitário" da estrutura do evento cívico militar pela sua campanha. Tavares foi o primeiro a se manifestar na noite desta terça-feira.

·        Cármen Lúcia acompanhou o relator e julgou as ações procedentes, formando com seu voto a maioria pela inelegibilidade de Jair Bolsonaro, e dando o terceiro voto pela condenação de Braga Netto. Ela afirmou que houve uma apropriação dos símbolos do Dia da Independência, com os eventos de caráter eleitoral planejados com antecedência.

·        Nunes Marques rejeitou as ações, afirmando que os eventos "não tiveram o condão" de infringir a legislação eleitoral, mas aplicou multa de R$ 20 mil a Bolsonaro pelo evento "na sequência" ao ato cívico. Também absolveu integralmente Braga Netto.

·        Alexandre de Moraes foi o último a votar. O presidente da Corte disse que "todos os candidatos que cometessem as condutas vedadas seriam punidas com a celeridade da Justiça Eleitoral". O ministro julgou as ações procedentes e deu voto pela condenação dos candidatos à época.

·        Antes de encerrar a sessão, o ministro Benedito Gonçalves retificou seu voto e pediu a condenação à inelegibilidade de Braga Netto. 

terça-feira, 24 de outubro de 2023

Cid diz em delação à Polícia Federal que Bolsonaro ordenou fraudes em cartões de vacina

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse em seu acordo de delação premiada à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente da República ordenou, no final do seu mandato no Palácio do Planalto, que ele fraudasse os cartões de vacina de covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.

Segundo informações do portal UOL, Cid admitiu a sua participação no esquema e apontou Bolsonaro como o mandante. O portal diz que o ex-chefe do Executivo pediu que os cartões dele e da sua filha, Laura, de 13 anos, fossem fraudados. Segundo o tenente-coronel, os documentos fraudados foram impressos e entregue em mãos ao ex-presidente para que ele usasse quando “achasse conveniente”.

O ex-ajudante de ordens confirmou que os dados falsos de Bolsonaro e de Laura foram inseridos no sistema do Ministério da Saúde por servidores da Prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no dia 21 de dezembro de 2022, nove dias antes do ex-presidente viajar para os Estados Unidos antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Naquela época, as leis americanas exigiam que os viajantes comprovassem a imunização contra a covid-19.

Investigação aponta que Bolsonaro tinha conhecimento das falsificações

No dia 3 de maio, seis aliados de Bolsonaro - entre eles Mauro Cid - foram presos pela Polícia Federal na Operação Venire, que coletou provas de um esquema de fraudes de cartões de vacinação durante o governo do ex-presidente.

A investigação aponta que Bolsonaro e os seus aliados tinham “plena ciência” das falsificações. O objetivo, segundo a PF, era obter “vantagem indevida” em situações que necessitassem comprovação de vacina contra a covid no Brasil e nos Estados Unidos.

Bolsonaro nega ter sido vacinado contra a covid-19

A PF identificou dois registros de vacinação de Bolsonaro no Centro Municipal de Saúde de Duque de Caxias. O ex-presidente teria tomado o imunizante Pfizer em 13 de agosto e em 14 de outubro do ano passado. Nas mesmas datas, seus assessores Max Guilherme Machado de Moura e Sergio Rocha Cordeiro também teriam sido imunizados. Porém, a Controladoria-Geral da União (CGU) checou as agendas do ex-chefe do Executivo e atestou que seria impossível que ele tivesse comparecido na unidade de saúde.

Além de Bolsonaro e Laura, Mauro Cid também teria falsificado o próprio cartão de vacinação e também o da sua mulher, Gabriela Cid, e das suas três filhas.

Em um depoimento para a PF no dia 16 de maio, Bolsonaro negou que ele e a filha teriam sido vacinados contra a covid-19. O ex-presidente também afirmou que não determinou e não tinha conhecimento das fraudes, o que agora é confrontado pela delação premiada de Cid.

Em suas redes sociais, o advogado e assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, rechaçou a hipótese de Bolsonaro ter ordenado a falsificação dos dados de vacinação, como Mauro Cid teria dito à PF. “Chance zero”, disse Wajngarten na rede social X (antigo Twitter), completando: “Mundo todo conhece a posição do Pr @jairbolsonaro sobre vacinação. Como chefe de Estado, o passaporte/visto que ele possui não exige nenhuma vacina. Filha menor de idade jamais necessitou de vacinação, até porque possui comorbidades.”

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

O escândalo da Cia. Carris, ou como criar capitalistas sem capital

A entrega da empresa pública será paga pela própria receita atual e futura da empresa, cujo faturamento em 2023 está previsto em torno de 150 milhões.

 Raul Pont (*)

O governo de Porto Alegre nas mãos de Melo (MDB) e Gomes (PL) entregou a Cia. CARRIS, empresa pública de transporte coletivo de mais de 150 anos, numa operação que vai além da tradição neoliberal desses partidos. De serviçais do capital agora são criadores de capitalistas sem capital, através da entrega do patrimônio público.

Esse comportamento deve ser orientado pela tal “alma gaúcha” que a propaganda do MDB repetiu à exaustão nos últimos dias no rádio e na TV, como o espírito, o cerne do Partido.

Enquanto distrai e ilude as pessoas com a espiritualidade da “alma gaúcha”, tão nobre e indescritível, se desfaz dessas coisas terrenas, materiais e inservíveis do patrimônio público como fez com a CRT (no governo Britto), CEEE e CORSAN (junto com o governo Leite) e agora a CARRIS (governo Melo e Gomes), sempre em favor para quem governa, os capitalistas e especuladores.

No caso da Cia. CARRIS, não se contentaram em favorecer o capital, agora criam capitalistas. Num leilão sem conhecimento e debate públicos, sem transparência, com um único interessado, entrega-se uma empresa pública por um preço vil, muito aquém do valor real das concessões que opera, de seus imóveis e das centenas de ônibus se sua frota, sem receber nada em troca. Nem exigências e condicionamentos de uma política de transporte público para a cidade.

Ora, o maior patrimônio de uma empresa de transporte coletivo é o conjunto de suas concessões onde exerce e exercerá de forma monopólica seu faturamento. Quanto valem as mais de vinte concessões que a empresa atende? Inclusive, nesse caso, a péssima administração da empresa pelos gestores indicados por Melo (MDB) e Gomes (PL) já vinham entregando linhas da Cia. CARRIS para o setor privados sem licitação, sem transparência.

Mas, voltemos ao grande negócio da dupla Melo e Gomes. O favorecimento é tão grande que prevê o abatimento da dívida com a “devolução” dos imóveis atuais da empresa. E as prestações? Aí é mais que um negócio de “pai para filho”, tem outro nome. São 121 prestações, 10 anos, ou seja mais de duas administrações públicas futuras que sofrerão as consequências desses negócios mal feitos. Assim como as concessões de praças, parques e áreas públicas por 20 anos ou mais.

Desse jeito, a entrega da empresa pública será paga pela própria receita atual e futura da empresa, cujo faturamento em 2023 está previsto em torno de 150 milhões. O desgoverno atual segue o mesmo MDB do governo Fogaça que retirou da EPTC o controle da bilhetagem, da venda antecipada e da caixa de compensação da tarifa social, entregando-o para as empresas privadas.

Agora, o município não ganha nada, perde uma referência de gestão para o setor e garante que os felizardos compradores paguem as prestações com menos de 10% das receitas garantidas com as concessões monopólicas das linhas que receberá. Que grande negócio!

Em artigo recente publicado no Sul21, em defesa do transporte público, mostrei que a CARRIS foi recuperada e modernizada nos anos 90. Passou a ser superavitária e ferramenta importante para o conhecimento efetivo pelo poder público no acompanhamento dos custos e das planilhas que estabelecem as tarifas. Assim como, por efeito demonstração, praticar e cobrar via regulação, qualidade e conforto dos veículos, menos poluição, motor traseiro, ar condicionado, equipamentos para acessibilidade, idade da frota, etc…

Por essa política a Cia. CARRIS, na virada do século, foi premiada várias vezes como a melhor empresa de transporte coletivo do país, entre públicas e privadas, pela Associação Nacional do Transporte Público (ANTP).

O governo atual de Melo e Gomes não fiscaliza, não pratica uma política de qualificação do transporte coletivo, não adequa o transporte a nova realidade do crescimento urbano, não força uma mudança no transporte metropolitano com base no planejamento. Contenta-se em atender e afagar o “mercado”.

Não fez a integração metropolitana com o Terminal Triângulo para racionalizar e diminuir o tempo dos deslocamento como estava projetado.

No eixo norte, a integração com o Trensurb não teve a ação da Prefeitura junto a Metroplan e ao governo do Estado, por sinal, outro também defensor e a serviço do “mercado”.

Porto Alegre perdeu os bondes elétricos na febre rodoviária, mas manteve e, até há duas décadas, ampliava seus corredores exclusivos. Preparou a 3ª Perimetral e algumas radiais para isso e o Plano Diretor daquela época já apontava que, agora, estaríamos implantando nesses corredores veículos leves sobre trilhos (VLT), que já são fabricados no Brasil. Em vários lugares do mundo já rodam ônibus elétricos, não poluidores, silenciosos. E, também, já fabricados no Brasil.

Mas, de um governo neoliberal e bolsonarista, serviçal dos interesses do “mercado”, contra o planejamento e a regulação, defensor da especulação imobiliária, não se pode esperar nada mais do que foi feito com a Cia. CARRIS. Um grande negócio! Para quem?

(*) Ex-prefeito de Porto Alegre

Relatora da CPI do 8 de Janeiro pede indiciamento de Bolsonaro e de ex-ministros

Senadora Eliziane Gama, que faz a leitura do relatório, também cita os ex-ministros general Augusto Heleno, general Walter Braga Netto e Anderson Torres

A senadora Eliziane Gama, relatora da CPI do 8 de Janeiro, ao iniciar a leitura do relatório final produzido ao longo de mais de quatro meses de investigações e mais de 20 depoimentos pediu o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, dos ex-ministros general Augusto Heleno, general Walter Braga Netto e Anderson Torres.

Eliziane Gama aponta que o ex-presidente estava cercado por movimentos golpistas —que chegaram ao ápice no dia 8 de janeiro, com a destruição do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

Sen, Eliziane Gamas diz que o ex-presidente tem responsabilidade
Agente Senado

"Jair Bolsonaro nunca foi um conservador no sentido tradicional do termo, nunca tendo defendido a manutenção das instituições, a prudência que deveria nortear a figura conservadora nunca havia acompanhado a sua figura, e dela se manteve distante quando ocupou a relevantíssima figura de presidente da República" — afirmou a senadora.

Segundo ela, o então presidente tem responsabilidade direta, "como mentor moral, por grande parte dos ataques perpetrados a todas as figuras republicanas que impuseram qualquer tipo de empecilho à sua empreitada golpista".

 O documento, segundo Eliziane, é baseado nos depoimentos e nas centenas de documentos que chegaram à comissão de inquérito. A relatora pediu o indiciamento de 61 pessoas, entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro por associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado democrático de direito e golpe de Estado.

Para a relatora, “os golpes modernos à esquerda e à direita, não usam tanques, cabos ou soldados. O golpe deve fazer uso controlado da violência. É preciso, sobretudo, que o golpe não pareça golpe”.

"Começam por uma guerra psicológica, a base de mentiras, de campanhas difamatórias, da disseminação do medo, da fabricação do ódio. É tanta repetição, repetição, repetição, potencializada pelas redes sociais, pelo ecossistema digital, que muitos perdem o parâmetro da realidade. O golpe avança pela apropriação dos símbolos nacionais. O golpe continua pelas tentativas de captura ideológica das forças de segurança. Por isso é importante atacar as instituições, descredibilizar o processo eleitoral" — afirma a senadora.

Nomes citados no relatório

Eliziane também pede o indiciamento de integrantes militares do governo Bolsonaro: general Braga Netto, ex-ministro da Defesa; general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; general Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

Também estão na lista de indiciamento nomes próximos a Bolsonaro e que atuaram em órgãos de segurança no governo anterior, como o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, e o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques. Eliziane também sugere o indiciamento da deputada federal Carla Zambelli.

O relatório recomenda ainda a criação do Memorial em Homenagem à Democracia, a ser instalado na parte externa do Senado Federal, reforçando que o Brasil é um Estado democrático de Direito e que, no dia 8 de janeiro de 2023, a democracia foi atacada.

Deputados e senadores da oposição ainda vão apresentar os votos em separado (relatórios paralelos), com foco em suposta omissão do governo federal no dia do ataque, nas prisões de manifestantes e na recusa da acusação de golpe pelo ex-presidente Bolsonaro.

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Entenda por que acordos de Israel Podem ter motivado ataque do Hamas

De Sul 21

O ataque surpresa do Hamas tem sido interpretado como uma tentativa de frustrar os acordos que Israel costurou com o mundo árabe nos últimos anos.

Essa é a avaliação de três especialistas entrevistados pela Agência Brasil e que acompanham a história do conflito entre Israel e Palestina.

Desde 2020, Israel firmou os chamados Acordos de Abraão com Emirados Árabes Unidos, Bahreim, Marrocos e Sudão e caminhava pra fechar acordos com a Arábia Saudita e sob a mediação dos Estados Unidos. Com isso, Israel esperava estabilizar as relações com os países árabes e isolar o seu maior rival: o Irã, aliado histórico do Hamas.

O cientista político e professor de Relações Internacionais Maurício Santoro, que é colaborador do Centro de Estudos Político Estratégicos da Marinha, analisa que tentativa de frustrar esses acordos explica o ataque do Hamas. Além disso, o especialista acrescentou que a ofensiva serviu para enviar mensagem ao povo israelense, repetindo o ataque  de 50 anos atrás, quando eclodiu a Guerra de Yom Kippur e Israel sofreu um ataque surpresa.

Para além da mensagem política, os acordos de Israel com árabes que buscam normalizar as relações diplomáticas no Oriente Médio também teriam motivado o ataque.

"Conseguir firmar esses acordos muda os cenários estratégico da região. Israel passaria a ter uma base mais sólida entre países árabes para confrontar seu adversário mais ferrenho, que é o Irã. Então, um cenário que representasse Israel fazendo acordo com os países árabes i isolando o Irã seria péssimo par o Hamas". argumentou.

A ssessora do Instituto Brasil e Israel Karina Stange Caladrin, que também é pesquisadora do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), lembrou que o Hamas tem como objetivo último o fim do Estado de Israel e que, por isso, tem atacado os acordos árabe e israelenses dos últimos anos.

"O Hamas via nisso (Acordos de Abraão) um enfraquecimento da causa Palestina e uma perda de aliados. O Hamas condenou os acordos. Então, o ataque serve para clamar pelo apoio dos árabes à questão Palestina", destacou.

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

O governo gaúcho, Eduardo Leite, pretende transferir a administração de presídios para a iniciativa privada

Esse péssimo governador, ele e a maioria dos deputados aprovar para privatizar as companhias estaduais de anergia elétrica, de gás, de abastecimento de água e saneamento, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, do PSDB, pretende entregar à iniciativa privada a administração dos presídios gaúchos.

Na sexta-feira 6, será aberto o edital para construção de uma penitenciária em Erechim, no Noroeste do estado, por meio de uma Parceria Público Privada. Em um terreno de 10,4 hectares, serão erguidos dois módulos, com 26 min metros quadrados casa um, para abrigar até 1,2 mil detentos. A obra tem custo estimado em 150 milhões de reais e contará com financiamento a juros camaradas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A empresa que investir no complexo prisional explorará a concessão por 30 anos.

Em um país com a terceira maior população carcerária do mundo, atrás apenas de EUA e China, a privatização dos presídios é um tema controverso, e um grupo de 87 organizações da sociedade civil, entre elas o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, a Associação Juízas e Juízes pela Democracia, Associação Nacional das Nacional de Prevenção e Combate à tortura, já manifestaram contra a iniciativa.