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   Depoimentos de Mandetta e Teich apontam para o presidente como o principal responsável pela tragédia FOTO: EVARISTO
  SÁ/AFP  | 
 
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   Os caminhos
  percorridos na primeira semana de depoimentos na CPI da Covid, no Senado
  Federal, apontam para a participação efetiva do presidente Jair Bolsonaro na
  tragédia que vitimou mais de 400 mil pessoas no Brasil. A conclusão é
  compartilhada entre senadores que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito
  que investiga as ações e omissões do governo federal durante pandemia do novo
  coronavírus. Para Alessandro
  Vieira (Cidadania-SE), as revelações dos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique
  Mandetta e Nelson Teich mostram o presidente como o
  maior responsável pela crise sanitária que o Brasil enfrenta. "Os depoimentos foram positivos, no sentido de delimitar a cadeia de comando, apontando Bolsonaro como diretamente responsável por escolhas como o investimento em cloroquina e o desestímulo às medidas de restrição", disse o senador em conversa com CartaCapital. Já Humberto Costa (PT-PE) avalia que "Mandetta corroborou com a tese de que o presidente adotou uma linha de favorecer o contágio geral da população para fazer o País chegar a uma imunidade de rebanho, com todas as consequências disso". Na terça-feira 4,
  o primeiro ministro da Saúde do governo Bolsonaro afirmou que o
  presidente levava em conta conselhos dados
  por seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro. Ele ainda
  confirmou que a recomendação de cloroquina para
  tratamento de infecção por coronavírus “não passou pelo Ministério da Saúde”
  e foi feita “à margem” da pasta. “A cloroquina é uma droga com margem de segurança estreita para uso indiscriminado e sem monitoramento. Ela não é um medicamento que ‘se bem não faz, mal não faz’. É um medicamento que tem uma série de reações adversas”, disse. “O automedicamento com cloroquina e com outros medicamentos poderia ser muito perigosa para as pessoas”, acrescentou. Na quarta-feira
  5, foi a vez de Nelson Teich dizer que o motivo para o seu pedido de demissão
  foi a insistência de Bolsonaro com a
  cloroquina. “O problema pontual era a questão da cloroquina”, declarou. “Sem liberdade para conduzir o ministério de acordo com as minhas convicções, optei por deixar o cargo”. Ainda na semana,
  na quinta-feira 6, foi a vez do atual ministro Marcelo Queiroga ser submetido
  às perguntas dos senadores. O titular da
  pasta se recusou a responder sua posição sobre o uso de
  medicamentos sem eficácia comprovada para a Covid-19. "Os depoimentos foram além das expectativas", disse o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que é o relator da CPI, a CartaCapital. A afirmação de
  Calheiros não encontra eco no Palácio do Planalto. A reação de Bolsonaro foi
  com o que ele tem feito de melhor nesses anos de mandato: bravatas. Na sexta-feira
  7, o presidente voltou a ameaçar a edição de um decreto para
  impedir que prefeitos e governadores adotem medidas de distanciamento social. Bolsonaro
  ainda pediu que os “inquisidores da CPI”, em uma referência aos
  senadores da Comissão, não “encham o saco” de
  quem optou pelo uso de medicamentos sem eficácia para tratar a infecção por
  coronavírus. As expectativas
  agora voltam-se para o depoimento do general Eduardo Pazuello, ex-ministro
  que por mais tempo comandou a pasta da Saúde no governo Bolsonaro. A oitiva estava
  marcada originalmente para quarta-feira, mas ele alegou que teve contado com dois
  servidores que testaram positivo para Covid-19. O motivo que o
  impediu de comparecer à CPI não foi levado em conta quando se encontrou
  com Onyx Lorenzoni (DEM),
  Secretário-Geral da Presidência. O vice-presidente
  da Comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que, se Pazuello tentou “fugir” da
  CPI, “essa foi a pior das estratégias”. Pazuello, de qualquer
  forma, será ouvido no próximo dia 19. Os primeiros
  depoimentos complicaram o governo e Bolsonaro sabe o estrago que as
  revelações de Pazuello podem causar.  | 
 













