Português marcou o único gol da partida em cobrança de falta
Seria injusto exigir mais do Grêmio. Não se enfrenta impunemente um
elenco estelar e um clube com orçamento sete vezes maior. Na decisão do
Mundial Interclubes dos Emirados, neste sábado, em Abu Dhabi, no maior
jogo de sua história centenária, o time gaúcho caiu sem apelação por 1 a
0 para o Real Madrid, que ficou com o título pela sexta vez, a terceira
no formato atual de disputa. O gol também fez parte de um roteiro
lógico e foi marcado por Cristiano Ronaldo.
Começa, agora, a longa viagem de
volta, que se encerrará às 12h de segunda-feira (18), no Salgado Filho. A
amargura pela derrota não empana o brilhantismo da temporada. A missão
que agora cabe à direção é renovar com o técnico Renato Portaluppi e
fortalecer o elenco para 2018.
Nos
minutos iniciais, o Grêmio bem que tentou adiantar suas linhas de
marcação. Foi em vão, porque, mesmo pressionado, o Real Madrid soube
sair de trás com tranquilidade, com Casemiro e Kroos conduzindo a bola e
logo conectando com Marcelo e Modric.
Foi
assim quando o jogo tinha menos de um minuto e Cristiano Ronaldo foi
lançado pela esquerda. Deu-se, então, o primeiro sinal de que o Grêmio
não venderia barato o resultado. Geromel avançou na direção do português
e o atingiu com uma falta dura, por trás, que fez o time inteiro cobrar
um cartão amarelo que não viria.
Com uma posse de bola superior a 70%, o
Real só não conseguia criar tantas chances quanto no jogo contra o Al
Jazira. Mesmo assim, com rapidez e técnica, submetia a defesa a um
assédio constante, que só não teve maior consequência maior pela boa
colocação de Geromel e Kannemann nos confrontos com Cristiano Ronaldo e
Benzema.
Aos 10 minutos, o
zagueiro Varane cruzou todo o campo sem ser marcado, e deu a Benzema,
que chutou sobre a marcação. Aos 16, quem errou o chute foi Cristiano
Ronaldo, depois de Kross vencer Ramiro. Aos 19, Modric criou pela
esquerda, teve seu cruzamento afastado pela zaga e, na volta, Carvajal
bateu para escanteio.
A
pressão parecia insustentável e, aos 20, Grohe salvou nos pés de
Benzema. Aos 21, depois de saída errada de Cortez, Isco concluiu muito
alto. Ficavam claras as diferenças entre uma equipe formada por
globetrotters e outra, em que Luan, a maior estrela, parecia nervoso,
errava passes e, quando conseguiu ficar com a bola, era caçado pelas
faltas, sobretudo de Casemiro.
O gol espanhol parecia iminente a cada
avanço. Como aos 21 minutos, momento em que Modric driblou Jailson com
facilidade, mas finalizou mal. No primeiro sinal de vida do ataque, aos
26 minutos, Casemiro recebeu amarelo por "tesoura" em Luan. Na
cobrança, Edilson quase marcou.
Por
instantes, a pressão do Real Madrid diminuiu, permitindo ao Grêmio
executar algumas trocas de passe. Resultado disso foi a jogada bem
combinada entre Edilson e Ramiro, que terminou com o cruzamento do
volante na direção de Fernandinho, que forçou Carvajal a ceder
escanteio. Em poucos minutos, voltou a avalanche espanhola.
Aos
37, Cristiano Ronaldo ficou na frente de Grohe, mas, antes que
chutasse, viu Kannemann desviar. Por fim, aos 38, Cristiano Ronaldo
quase acertou cobrança de falta. Suportar 45 minutos de pressão foi, sem
dúvida, uma vitória do Grêmio.
Como
se poderia imaginar, o quadro inalterado no começo do segundo tempo. O
Real seguiu no ataque, preferencialmente pela esquerda, com Marcelo
mais acionado. Ramiro chegou a reclamar de pênalti aos cinco minutos, em
dividida com Sergio Ramos.
Mas
não houve dúvida na falta de Jailson sobre Cristiano Ronaldo logo em
seguida. Na cobrança, o português acertou o canto direito de Marcelo
Grohe, em bola que passou no meio da barreira e traiu o goleiro do
Grêmio.
Em circunstância normal, o time que sofre um gol parte em busca da
reação. Só que não era o caso. O Real Madrid tornou-se ainda mais
perigoso, esbanjando técnica e rapideza, ante o olhar impotente dos
jogadores gremistas. Cristiano ainda marcaria outro gol, de pé direito,
mas Benzema, que lhe fez o passe de cabeça, estava impedido.
Modric acertou a trave, Casemiro
forçou Grohe a defesa difícil em arremate de fora da área. Renato trocou
o apático Lucas Barrios por Jael em busca do milagre, que não viria,
nem mesmo com a entrada de Everton, um pouco mais tarde, no lugar de
Ramiro.
O Real, já com Bale
em campo, teve nova oportunidade aos 36, mas Grohe brilhou. O que
voltaria na conclusão alta e forte de Bale, pouco depois. Ao todo, foram
19 arremates do time de Zidane contra um do Grêmio. Como poderia ser
diferente o final da decisão?