Powered By Blogger

sábado, 1 de dezembro de 2018

A 33 dias da eleição, União exigiu do Piratini a venda do Banrisul

Os bastidores da reunião na qual ministro da Fazenda afirmou ao vice-governador gaúcho que, sem a privatização do banco, não haverá adesão ao regime

No dia 4 de setembro, vice-governador José Paulo Cairoli ouviu do ministro da Fazenda a necessidade de privatizar o Banrisul
Passava das 17h de terça-feira, 4 de setembro de 2018, quando a comitiva liderada pelo vice-governador José Paulo Cairoli ouviu o ultimato da boca do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia. A 33 dias do 1º turno das eleições, na sala do Conselho Monetário Nacional, em Brasília, Guardia foi taxativo.
"O plano de recuperação do Estado não para em pé. Entreguem o Banrisul que o resto eu resolvo" — disse o economista, sob os olhares complacentes de Delfim Netto, Dilson Funaro, Rubens Ricúpero e outros nomes ilustres da galeria de fotos dos ex-ministros, exposta nas paredes ao redor da mesa de 30 lugares.
Por decisão de José Ivo Sartori (MDB), a instituição bancária ficou fora da proposta de adesão ao programa de ajuste federal e, portanto, da lista de estatais a serem privatizadas. A conclusão de Guardia teve o efeito de uma bigorna despencando sobre os ombros de Cairoli, do secretário estadual da Fazenda, Luiz Antônio Bins, e do procurador-geral do Estado, Euzébio Ruschel — também estavam no local a procuradora Georgine Visentini e o auditor da Receita Estadual Paolo Martinez. Por meses, os três peregrinaram na capital federal e protagonizaram infindáveis discussões na tentativa de enquadrar o Estado no regime de recuperação fiscal. 
"O grupo chegou à reunião achando que estava tudo certo, que finalmente seria concluído o pré-acordo. Ninguém esperava a reviravolta" — conta uma fonte que testemunhou tudo.
O que os técnicos chamam de "pré-acordo" (espécie de carta de intenções elencando as medidas para sanar as finanças) é uma possibilidade prevista na lei complementar nº 159, de 2017, que criou o regime. Conforme a norma, o Estado que se credenciar a essa etapa inicial das negociações pode ser dispensado de privatizar empresas públicas. Para isso, precisa provar que pode reequilibrar as contas sem a venda de ativos ou que o valor da operação é superior ao benefício previsto com a suspensão da dívida por três anos (no caso do Rio Grande do Sul, R$ 10 bilhões). Desde 2017, essa opção foi encarada pela gestão Sartori como uma brecha jurídica a ser explorada, e as tratativas partiram desse pressuposto.
Entre os presentes à audiência com Guardia também estavam o titular da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), Mansueto Almeida, e a secretária-executiva do ministério, Ana Paula Vescovi, conhecidos pelo rigor fiscal. Ambos foram tão inflexíveis quanto o ministro ao exigir a venda do banco, polêmica no Estado.
"Foi pesado. Cairoli ficou p... da cara e disse que não havia nenhuma chance de isso acontecer. Queria até romper relações" — relata um interlocutor próximo.
Em plena campanha eleitoral, o impasse ameaçava a principal promessa de Sartori, repetida à exaustão em entrevistas, debates e na propaganda de rádio e TV. Ao mesmo tempo, a condição imposta pela equipe econômica era impensável para o candidato à reeleição. 
Na noite do dia 4, apesar do desfecho na capital federal, o site oficial do governo estadual estampava a seguinte notícia: "Estado avança nas negociações do Regime de Recuperação Fiscal", omitindo o ocorrido.
O clima ficou tão ruim que, por sugestão do próprio Guardia, foi agendada uma segunda reunião para 11 de setembro. No encontro, foi elaborada a minuta do que foi chamado de "acordo prévio" com a União. Ao final do documento, ficou registrado que não se tratava do "pré-acordo" mencionado acima, mas de um estágio anterior a ele. Embora não tenha nenhuma validade oficial, a certidão seria um paliativo para evitar o pior: a queda da liminar judicial que, desde agosto de 2017, livra o Estado de pagar as parcelas da dívida com a União. 
Nada disso teria vindo à tona não fosse a entrevista concedida por Ana Paula à Rádio Gaúcha na última quarta-feira. Ao afirmar que, sem o Banrisul, havia "impedimento total" à conclusão das tratativas, a técnica tornou público o que a cúpula do Palácio Piratini omitia desde setembro. Ana Paula também destacou que o Estado não cumpriu um dos pré-requisitos básicos de admissibilidade: a comprovação de que despende pelo menos 70% da receita com pessoal e pagamento da dívida. Sem isso, nada feito. 
No Piratini, as declarações da economista, que chegou a ser convidada pelo governador eleito Eduardo Leite (PSDB) para assumir a Secretaria da Fazenda, causaram irritação.
"O que ela ganhou com esse alarde todo? O governo gaúcho sempre deixou claro que o Banrisul não estava em questão. Se era uma condição tão indispensável assim, por que não encerraram a conversa lá no início? Por que seguiram nos recebendo?" — questiona um integrante do governo Sartori.

Longo impasse

A insistência na venda do Banrisul teve início em janeiro de 2017. 
À época, Sartori e Cairoli foram recebidos pelo então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para uma conversa em Brasília. Queriam tratar do regime de recuperação fiscal, que seria instituído por lei quatro meses depois — àquela altura, o Rio de Janeiro já negociava o socorro federal. 
Meirelles resumiu a ideia e ressaltou que as contrapartidas envolveriam alienação de patrimônio. No caso do Rio Grande do Sul, o Banrisul teria de ser incluído no pacote. Sartori, de imediato, disse não. Em entrevistas subsequentes, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, definiu a instituição bancária como a "joia da coroa", ao lado da Corsan. O próprio Meirelles confirmou publicamente o interesse pelo banco.
"O Banrisul vai fazer parte das discussões com o Estado do Rio Grande do Sul e o que mais for necessário"destacou o ministro em 26 de janeiro de 2017.
De fevereiro a abril de 2017, a STN enviou missões técnicas a Porto Alegre para coletar dados na Fazenda. Houve reunião específica para tratar do Banrisul. Depois disso, o foco das atenções mudou, e a tensão envolvendo o banco ficou em banho-maria. 

Discussão sobre despesas com servidores

Praticamente todo o segundo semestre de 2017 foi consumido com discussões intermináveis sobre o tamanho das despesas do Estado com os servidores. Desde o começo dos anos 2000, esses gastos são calculados com base em critérios estabelecidos pelo Tribunal de Contas (TCE). Como a metodologia desconsidera custos com pensões, auxílios e outros dispêndios, o percentual de comprometimento da receita dificilmente extrapola o teto legal, mascarando o real impacto nas contas públicas. Em 2017, por exemplo, o índice não passou de 54,94%, embora, na prática, tenha chegado a 70%. 
Os técnicos da STN sempre souberam disso, mas não aliviaram as cobranças. Pelo contrário, passaram a exigir que a Fazenda republicasse balanços contábeis com o percentual verdadeiro, o que virou um problema. O governo tinha receio de sanções, e os demais poderes nunca tiveram interesse em alterar a fórmula do TCE, já que seriam obrigados a se ajustar. 
Em razão disso, o plano de recuperação entregue em 8 de novembro de 2017 ao presidente Michel Temer não contemplou a exigência. Resultado: foi rejeitado pela STN dias depois. À época, o então secretário da Fazenda, Giovani Feltes, classificou a recusa como "esquizofrênica".
Em meio às dificuldades para resolver o imbróglio relacionado às despesas com pessoal, Sartori e a equipe passaram a apostar no caminho político. Para tanto, pediram ajuda a Padilha e ao presidente Michel Temer.
Como resultado, a Advocacia-Geral da União (AGU) foi escalada em setembro de 2017 para mediar os conflitos por meio de uma câmara de conciliação. Foram inúmeras reuniões. 
No derradeiro encontro, em dezembro de 2017, ficou acertado em ata que o governo gaúcho faria uma petição ao Supremo Tribunal Federal (STF), com o apoio da AGU, em busca de segurança jurídica para corrigir os dados de seus relatórios sem o risco de penalidades. Não deu certo. A AGU voltou atrás, e a busca pelo salvo-conduto nunca foi adiante. 
Em outra frente, a administração de Sartori consultou o Tribunal de Contas do Estado sobre as consequências de republicar os balanços para atender às exigências da STN. Em março deste ano, o conselheiro Cezar Miola informou que, em tese, sanções poderiam ser aplicadas, mas deixou aberta a possibilidade de se rediscutir, no futuro, os critérios adotados pelo TCE. De lá para cá, nada mudou.
Até setembro deste ano, foram mais de 80 viagens a Brasília para tratar do acordo que nunca aconteceu. A partir de janeiro de 2019, com a mudança nos governos estadual e federal, o desafio de Eduardo Leite (PSDB) será ainda maior. O sucessor de Sartori terá de retomar as conversações e, se quiser cumprir a promessa de campanha de não mexer no Banrisul, será preciso convencer o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o banco deve permanecer público — lembrando que Guedes é um defensor ferrenho das privatizações e até criou uma secretaria para esse fim.
Ao mesmo tempo, o tucano terá de agir no STF para assegurar a manutenção da liminar da dívida. Caso a decisão seja revista, a projeção de técnicos da Secretaria da Fazenda é de "caos nas contas". Hoje, a insuficiência de caixa já passa de R$ 1 bilhão por mês. Com as parcelas devidas à União, serão mais R$ 300 milhões.

O que diz o vice-governador José Paulo Cairoli

De acordo com o vice-governador, responsável por conduzir as negociações do governo gaúcho com a União, desde a primeira reunião com Eduardo Guardia, ainda na condição de secretário-executivo do Ministério da Fazenda, foi colocado pelo Piratini que a privatização do Banrisul não estava em discussão. 
Em 4 de setembro, segundo Cairoli, Guardia, agora na posição de ministro, teria dito que havia dificuldades técnicas para adesão ao regime de recuperação fiscal e que "se o banco fosse colocado", o governo federal "buscaria alternativas".
Cairoli ressalta que, para os técnicos da Secretaria do Tesouro Nacional que participam das negociações, é "evidente que o patrimônio do Banrisul reduz a dívida do Estado, e que a área técnica enfatize isso".
Documentos da negociação mostrariam que a situação fiscal do Estado seria regularizada a partir do quarto ano, sem necessidade de venda do Banrisul
Conforme o vice-governador, o acordo prévio para adesão estava pronto para ser assinado durante a eleição mas, por decisão do governador José Ivo Sartori, não foi finalizado para evitar críticas de uso eleitoral. Agora, diz, essa assinatura deve ocorrer em breve. Cairoli aguarda posição de Guardia sobre definição de uma data com o presidente Michel Temer. 

Sartori mentiu na eleição para governador do RS

Rosane de Oliveira

Blefou sobre plano de recuperação fiscal

Integrantes do governo estadual sabiam que o acordo com o governo federal só iria adiante com a privatização do Banrisul

Toda vez que repetia nos debates, entrevistas e propagandas de rádio e TV, em setembro e outubro, que tinha um plano para tirar o Rio Grande do Sul da crise e que esse caminho era a adesão ao regime de recuperação fiscal, o governador José Ivo Sartori estava blefando. Como descobriu a repórter Juliana Bublitz, desde 4 de setembro ele, o vice-governador José Paulo Cairoli e todos os participantes das negociações com o governo federal sabiam que o plano só iria adiante com a privatização do Banrisul, hipótese rechaçada por motivos políticos e pragmáticos. 
O motivo político era a certeza de que falar em vender o Banrisul é perder votos. Desde 1998, quando Olívio Dutra (PT) derrotou o então governador Antônio Britto fazendo do Banrisul o seu cavalo de batalha, o banco dos gaúchos transformou-se numa espécie de vaca sagrada. Olívio dizia que Britto planejava vender o Banrisul – e era verdade. Seria uma forma de reduzir o percentual de comprometimento da receita liquida com o pagamento da divida renegociada com a União, fixado em 13% sem a venda do banco. Isso não era dito na campanha de Britto, mas estava no acordo, como revelou anos depois o ex-ministro José Serra.
Olívio não vendeu o banco e “nem um parafuso”, como gosta de dizer, mas passou quatro anos penando para manter os salários em dia. Cobriu o déficit com recursos do caixa único e a privatização do Banrisul virou tabu pelos 20 anos seguintes. Com o agravamento da crise financeira nos Estados, o governo Temer criou o regime de recuperação fiscal, mas condicionou o socorro ao oferecimento de garantias equivalentes ao valor que se deixa de pagar à União em três anos. 
O Rio de Janeiro ofereceu a Cedae, equivalente da Corsan, e aderiu ao regime. O Rio Grande do Sul, amarrado pela exigência constitucional de só vender ou federalizar estatais com a concordância da população em plebiscito, ofereceu a CEEE, a CRM e a Sulgás, mas sem qualquer garantia de que conseguiria vendê-las. Fracassou na tentativa de tirar da Constituição a exigência do plebiscito e não obteve autorização legislativa para realizar a consulta. 
Eduardo Leite fez campanha defendendo a privatização de estatais, mas sempre ressalvando que Banrisul e Corsan estavam fora. Dizia que gostaria de renegociar o acordo em outras bases, mas não conhecia os termos da negociação. Eleito, pediu ao Ministério da Fazenda para ver a minuta do acordo prévio que Sartori dizia estar pronto para ser assinado e soube que o documento não passava de uma carta de intenções, sem valor legal. A fragilidade do rascunho e a exigência de incluir o Banrisul no rol de garantias foram confirmadas pelo ministro Eliseu Padilha antes da entrevista em que a secretária-executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi, reduziu as ilusões a pó.
E agora, futuro governador? Agora a bola volta ao centro do gramado. As regras, que já eram duras, devem ficar e ainda mais rigorosas com o ultraliberal Paulo Guedes no Ministério da Economia. O Estado não tem outros ativos capazes de substituir o Banrisul. Leite corre o risco de, logo no início do governo, ver derrubada a liminar que mantém suspenso o pagamento da dívida e ter de acrescentar mais R$ 300 milhões por mês à longa lista de despesas que não cabem na receita.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

"Estudar os benefícios aos servidores é obrigação", diz futuro secretário da Fazenda do RS

O Sartori vai na Colônia em Caxias do Sul

O economista Marco Aurélio Cardoso desembarca pela primeira vez em Porto Alegre na semana que vem para dar início à construção de um pacote de medidas na tentativa de reverter o desequilíbrio nas contas do Estado

Durante 10 dias de férias entre Cuba e Panamá, o economista Marco Aurélio Cardoso intercalou a leitura de extensos relatórios sobre a situação fiscal do Rio Grande do Sul com as 104 páginas do romance A Humilhação, do escritor norte-americano Philip Roth. A crise existencial do personagem principal da trama de Roth — um ator que perdeu a capacidade de atuar — parece não ter afetado Cardoso, o escolhido pelo governador eleito Eduardo Leite (PSDB) para chefiar as finanças do Estado a partir de 2019. 
O atual superintendente de crédito do BNDES desembarca semana que vem em Porto Alegre. Será sua primeira visita à Capital. Aos 46 anos, solteiro e sem filhos, Cardoso ainda está vinculado ao banco e só irá efetivar a transferência definitiva no final do ano. Até lá, fará reuniões periódicas com a equipe de transição, dando início à construção de um pacote de medidas para tentar reverter o desequilíbrio nas contas públicas. Cardoso tem em mente as quatro áreas onde precisa concentrar o foco: dívida com a União, despesas com  pessoal, a matriz tributária e a política de investimentos
Em 30 minutos de conversa com GaúchaZH, o futuro secretário da Fazenda defendeu mudanças profundas na gestão do Estado. Sem evitar polêmicas, não descartou aumento da contribuição previdenciária e disse que é "uma obrigação" mexer no plano de carreira dos servidores. Ele admitiu que investimentos em infraestrutura dependerão de recursos da iniciativa privada e que pode atrasar o repasse do duodécimo, compartilhando o atraso nos salários com os demais poderes. Confira a seguir a íntegra da entrevista:
O que o senhor conhece da realidade fiscal do Rio Grande do Sul?
Conheço de perto a situação fiscal dos Estados como um todo. É uma área à qual me dedico há pelo menos uma década. Há uma situação sistêmica, de vários Estados e boa parte dos municípios, de alto grau de endividamento, comprometimento das receitas com despesas de pessoal, déficit previdenciário e estoques de precatórios. Enfim, existem muitas questões comuns a todos e que, no Rio Grande do Sul, são das mais complexas. Inquestionavelmente, é um dos casos mais desafiantes do ponto de vista da situação fiscal. 
O que lhe pareceu mais desafiador e urgente?
Não existe solução única nem problema único. Tem questões mais macro. Primeiro, a dívida. Precisamos ter uma solução de maior estabilidade para a trajetória de pagamento nos próximos anos. Não podemos continuar convivendo apenas com uma liminar. O que existe disponível é o Regime de Recuperação Fiscal, então é uma agenda da primeira hora. A despesa com pessoal também é bastante séria e pode ser tratada mediante articulação com a reforma previdenciária nacional. Este será um tema urgente e que se impõe na realidade do país, assim como uma revisão das legislações estaduais. Para os próprios servidores é muito ruim conviver com a situação de não saber quando vão receber os salários. Estamos falando de mais de 300 mil pessoas, com todas suas famílias, e o impacto que isso gera. É uma área muito relevante e temos de ver tanto a questão previdenciária quanto o regime dos ativos.
Como equacionar necessidade de investimentos com a penúria fiscal?
Há uma questão emergencial, a necessidade da renovação da majoração temporária do ICMS. A curto prazo, é importante para o Estado e para centenas de prefeituras. A gente sabe o sacrifício que é para a população, mas é fundamental que se tenha esse tempo de dois anos para pensar numa reformulação tributária mais ampla. Esses três temas fiscais são muito sérios.
E há uma agenda com outras instituições, de promoção do desenvolvimento e recuperação de algum investimento. Não com recursos fiscais, porque a gente não consegue antever espaço relevante para isso. Mas mediante algum modelo com concessões e parcerias público-privadas para ajudar a reativar e incrementar a economia. 
Está no seu radar aumentar a contribuição previdenciária dos servidores?
É uma discussão possível de ser feita. Temos de observar qual é o plano de Previdência que o futuro governo federal encaminhará. Algum tipo de medida que dê receitas a curto prazo terá de ser discutido. Se será via algum tipo de compensação federal ou alguma revisão nas contribuições, tudo isso é possível de ser discutido, afinal de contas estamos falando de mudanças legislativas. Não são atos da vontade do secretário ou do próprio Executivo. São debates e escolhas que a gente terá de fazer com a sociedade. 
A manutenção do atual quadro previdenciário é insustentável?
Os números falam por si. Pelo padrão do Tesouro Nacional, o Rio Grande do Sul passa ou fica na borda dos 70% da receita corrente líquida com despesa de pessoal. Há uma participação muito grande de inativos e é uma trajetória que piora até por um lado positivo, que é o desenvolvimento humano. As pessoas vivem mais e certamente geram uma pressão previdenciária. É um lado desagradável de uma notícia boa. 
As aposentadorias especiais contribuem para esse quadro. Professores e policiais se aposentam mais cedo que as demais categorias. O senhor pretende rever isso?
Eu não gostaria de comentar questões específicas de categoria nenhuma. A gente ainda está iniciando a transição e procuro ter muita responsabilidade em fazer determinados comentários sobre coisas que ainda não foram analisadas em detalhe e nem discutidas com o governo como um todo. Não se trata de eleger A ou B para mexer. 
No quadro geral, acredita ser necessário mudar o plano de carreira dos servidores?
Temos de estudar o regime de benefícios dos servidores como um todo. Não é nem uma decisão, é uma obrigação. Como vamos chegar em um governo que tem atrasos de pagamento e não avaliar o quadro que existe e dialogar com a sociedade e as categorias e colocar quais as dificuldades que temos? Então não é nem um ato de vontade, me parece uma obrigação olhar essas despesas. 
Por ser de fora e não ter nenhum ligação com o Rio Grande do Sul, o senhor acredita que será mais fácil adotar medidas duras e resistir às pressões das corporações?
Não vejo propriamente por esse lado. Sou um servidor público do Estado brasileiro por vocação. É o que gosto de fazer, e quem descobriu o que gosta de fazer na vida sabe a força que isso tem. Passa a ter uma automotivação que é mais forte do que qualquer outra coisa. Gosto de desafios e acredito no governador, que está comprometido com o tamanho desse desafio. 
O senhor está disposto a fazer concessões no projeto que mantém as atuais alíquotas de ICMS? Setores na Assembleia já falam, por exemplo, em reduzir a carga sobre o gás de cozinha.
A posição do governador foi clara no sentido de postergar o regime atual por mais dois anos e essa é a situação que a gente entende como necessária nesse momento, contando com a compreensão de todos.
Qual a importância da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal? As atuais condições do contrato são boas ou o senhor pretende renegociar algo?
O Estado ainda não aderiu ao regime. A adesão é um acordo que pressupõe a aprovação das duas partes. Começou com a atual gestão. Existe um documento produzido que certamente serve de ponto de partida, mas ele não está negociado, aprovado, portanto, não existe formalmente. Trata-se de uma questão que tem de ser discutida na primeira hora com o Tesouro Nacional, para construir de fato a adesão.
O senhor conhece alguém da equipe econômica do governo federal? Tem alguma interlocução lá ou vai começar as negociações do zero?
A equipe ainda está sendo anunciada. Não vou aqui citar nomes, mas certamente várias das pessoas que estão elencadas são pessoas com as quais tive relações profissionais. Enquanto secretário, lidei com secretários de outras cidades e do meu Estado de origem e com o Tesouro Nacional. Seja no BNDES, seja na prefeitura, minha ligação com o Tesouro Nacional é permanente. 
É factível colocar os salários em dia no primeiro ano de governo?
É um compromisso que o governador colocou. Temos ciência dele e perseguiremos essa meta. É certo que nesse momento não temos nem a certeza de quantas folhas ficarão para o ano que vem. Há muita incerteza sobre os salários de dezembro e sobre o 13º desse ano, portanto são obrigações que a gente certamente terá de cumprir no ano que vem. Mantenho o compromisso dele em mente e trabalharemos o máximo possível para conseguir atingi-lo.
O atual governo fez uma opção: repassa integralmente o duodécimo dos poderes, que têm os maiores salários e sempre receberam em dia nos últimos quatro anos, enquanto parcela ou paga com atraso os servidores do Executivo. O senhor vai manter essa política ou pretende socializar a pindaíba?
Essa é uma pergunta pertinente. Inclusive não só no Rio Grande do Sul, como em outros Estados que enfrentaram atrasos salariais, essa discrepância de procedimento gera insatisfação na sociedade, e acho que é justa. Acredito que seja importante deixar isso muito transparente, que de fato isso está sendo praticado e por que, se é uma determinação legal, qual é o objetivo. Acho que é um tema a se conversar. Não temos como estabelecer o que vai ser feito ou deixar de ser feito, mas sabemos que é algo questionado por diferentes setores da sociedade. De fato, o que a gente quer, ao longo do governo, e no primeiro ano, é colocar todo mundo recebendo nas datas previstas.
Que órgãos imagina privatizar? 
Esse é um tema sobre o qual o governador já falou explicitamente. Ele entende que o Banrisul é o principal ativo do Estado que deve ser mantido sob controle estadual. É em cima dessa premissa que a gente tem de trabalhar, inclusive nas interlocuções com o Tesouro Nacional sobre o regime de recuperação, porque é um tema que sempre é levantado. A privatização tem de ser olhada de uma maneira mais ampla. Não faz sentido simplesmente vender uma empresa para cobrir um furo de caixa. A privatização passa, primeiro, pela avaliação de que a atividade em questão será prestada para a sociedade de maneira tão ou mais eficiente e, segundo, de que eventuais recursos auferidos ou economizados por não se ter mais aquele gasto devem ser direcionados para algo de longo prazo, sustentável. 
Pretende submeter as privatizações a plebiscito ou acha melhor tirar essa previsão da Constituição?
Questões formais, de venda ou não, são discussões legislativas e têm a ver com o governo como um todo. Há essa questão da Constituição estadual sobre o plebiscito, mas entendo que, uma vez identificada oportunidade de venda, a condução formal disso transcende a opinião do secretário de Fazenda. Não é uma decisão dele.
O governador eleito já disse que não é adepto da reeleição e foi assim na prefeitura de Pelotas. Quatro anos são suficientes para resolver a crise do Estado?
Dá para fazer muita coisa. Claro que são ciclos que não dependem só da nossa administração. Tem a ver com a evolução da economia nacional como um todo. Mas será um período de intenso trabalho que pode ser, sim, suficiente para uma transformação mais profunda.
O senhor foi secretário municipal da Fazenda no Rio em condições bem melhores e, atualmente, tem um cargo importante no BNDES. Por que aceitou o convite para trabalhar em um Estado falido?
Posso resumir isso de três maneiras. Encontrei o que gosto de fazer profissionalmente. Acho que tenho experiência e capacidade para fazer um bom trabalho. Em segundo lugar, vejo o governador como um quadro jovem, de alto potencial, que teve uma gestão extremamente bem avaliada em Pelotas. Acredito que ele está comprometido em fazer um grande governo. Em terceiro lugar, uma coisa é a situação fiscal do Estado, que sem dúvida é muito séria e é claro que tenho pleno conhecimento. Mas o Rio Grande do Sul é um Estado que tem força econômica imensa. É uma economia com cultura empreendedora, com mão de obra qualificada, com população educada, politizada. Estou muito motivado e não acho, de forma nenhuma, que é uma situação inviável.
Uma das suas funções no BNDES é analisar o risco nas operações. Pela sua experiência, o senhor aprovaria empréstimo ao Rio Grande do Sul?
Não, hoje o Estado está impedido, então isso nem se colocaria. O Estado está com os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal extrapolados. Não poderia, nem mesmo com garantia do governo federal. 

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Sérgio Moro defende uso de verbas das loterias para a Segurança Pública

O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, fez, nesta 4ª feira (7.nov.2018), 1 discurso favorável à aprovação de Medida Provisória que prevê a destinação de 13% dos recursos das loterias federais para a área de segurança pública.

É muito importante que ela seja aprovada, acredito que o Congresso vai ter essa sensibilidade de aprovar essa Medida Provisória e consolidar essa posição para que possamos seguir assim adiante”, disse
O Congresso Nacional convocou para às 19 horas desta 4ª feira sessão para analisar a MP.
Moro foi indicado para o ministério pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. A declaração foi dada após o magistrado participar de uma reunião, em Brasília, com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, para acertar detalhes sobre a transição entre as gestões da pasta.
Ele não respondeu às perguntas da imprensa e falou por cerca de 5 minutos sobre a reunião com Jungmann.
Também se encontraram com Moro o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, e o diretor-executivo do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), Josélio Azevedo.
O juiz disse que o governo federal “precisa assumir responsabilidade maior” no setor de segurança pública e defendeu uma reestruturação financeira.
De acordo com a assessoria do Ministério da Justiça, foi feito 1 acordo com a Secretaria Geral de Governo e e a pasta abriu mão de 2% do financiamento das loterias que reivindicava inicialmente. Por conta de pressões de setores da área de esporte e cultura, foi acordado que a pasta de Segurança Pública aceitaria 13% das verbas em vez de 15%.
Para o ano de 2018, é prevista uma arrecadação de R$ 800 milhões para a segurança, com aumentos graduais em 2019.
Eis a estimativa das verbas previstas para os próximos anos feitas pelo Ministério da Justiça:
  • 2019: R$ 1,7 bi
  • 2020: R$ 2,4 bi
  • 2021: R$ 3,2 bi
  • 2022: R$ 4,3 bi
No encontro com os setores da segurança pública em Brasília, o paranaense defendeu que o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)  seja subordinado ao Ministério da Justiça, o órgão investiga operações financeiras e é atualmente subordinado à pasta da Fazenda.
O Paulo Guedes [Ministro da Economia nomeado por Bolsonaro] não quer o Coaf para ele, por isso vai deixar para mim”, disse em tom de brincadeira na reunião, segundo a assessoria do Ministério da Justiça
Durante a conversa com os comandantes do Depen e da Polícia Federal, Moro se mostrou favorável a medidas que restrinjam visitas aos presídios.
Segundo a assessoria do Ministério da Justiça, Moro se mostrou favorável à ideia de ampliar o uso de parlatórios –quando as pessoas são separadas por uma porta de vidro e com a presença de seguranças– durante a conversa entre detentos com os advogados.
Atualmente a medida é adotada de modo normativo pelos presídios federais. O Depen defende a regulamentação e ampliação para outros sistemas carcerários.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Se Bolsonaro for corajoso ele fará as sete sugestões a seguir (e tem mais) elas melhorarão o Brasil

As sete sugestões são:

1. Deixar de centralizar os impostos no presidente

Deixar de centralizar os impostos para o presidente, os ministros e técnicos da Fazenda. A maioria dos impostos tem que ficar para os estados, assim será muito bom para o desenvolvimento econômico dos estados do Brasil.

2.  Ter uma só Polícia em todos os estados

Para a segurança seria só uma polícia. Agora tem a Polícia Civil (PC) e Polícia Militar. Ambas com chefes: delegados (PC) e oficial (PM) e mais todos as divisões. Para os agentes e os PM soldados é melhor a integração em uma só polícia, mas os chefes da Polícia Civil e Militar, logicamente, não querem.

3.  As obras

As obras (estradas, prédios da saúde, hospitais, escolas, etc.) tem que ter construções de qualidade que não precisem ser refeitas o tempo todo. Agora, as obras são péssimas, sem fiscalização, as construtoras e empreiteiras pegam muito dinheiro e as vezes nem terminam as obras e quando terminam o início já precisa de reparos. Os orçamentos já contemplam verbas para os políticos e para as empreiteiras (caixa-dois), reduzindo o valor gasto com material e pessoal para as obras.

4.  Contra a violência

Mais moradias com boas as casas e os bairros com boa infraestrutura (com ônibus, escola, praças, mercados, postos de saúde, etc.) Também priorizar a saúde e a educação para minimizar a violência. Só prender e/ou matar os criminosos não resolve e não vai parar a violência.

5.  Contra a corrupção

Quero que todos os políticos no Brasil, quando condenados por corrupção, tenham como penas, a perda do poder, nunca voltem a ter cargo político e sintam no bolso, tendo que devolver ao poder público todo dinheiro adquirido com corrupção. Também cumpram pena em penitenciária como qualquer ladrão.

6.  Imposto de Renda

Têm que modificar bastante a tabela do Imposto de Renda, pois agora até que ganha muito pouco é descontado, e ela está defasada, não tem reajuste pela inflação. A contribuição deveria ser maior e a fiscalização da sonegação mais rigorosa.

7.  Serviços prisionais

Têm que baixar muito o déficit de vagas nas penitenciárias. Serem realizadas mais obras e prisões federais para os condenados, chefes das quadrilhas de crimes como tráfico, assaltantes em geral, corruptos e responsáveis por crimes hediondos como homicídios.

Ainda têm outros providencias a serem tomadas: baixar os juros, dar melhores salários aos professores, construir mais hospitais e escolas, aumentar a quantidade e melhorar a qualidade das estradas, fazer obras para viabilizar a utilização de ferrovias (trens para pessoas e, principalmente, cargas) para reduzir o transporte terrestre e melhorar o transito nas estradas.

sábado, 17 de novembro de 2018

Brandi Carlile – Ótimas músicas


Argumentos prós e contras à redução da idade penal

Proposta de emenda à Constituição que autoriza prisão para adolescentes a partir de 16 anos deve ser votada no Congresso em 2019

Por que não reduzir

Dirigente do Núcleo de Defesa Criminal da Defensoria Pública do RS, André Esteves destaca que o órgão tem como um de seus objetivos a diminuição da criminalidade e questiona a eficácia da proposta de atribuir responsabilidade criminal ao jovem maior de 16 anos.
"Se vamos tratar adolescentes como adultos, temos de olhar nosso sistema prisional e entender se está funcionando. Parece que não. Não consigo projetar, do ponto de vista racional, resultado diferente do que temos hoje, que tem alto índice de reincidência" – afirma.
O defensor público entende que, com tratamento igualitário, o Estado perderá a chance de "salvar" os adolescentes do crime ao não submetê-los às medidas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
"Não importa se quem comete algum crime vai ficar dois ou 10 anos preso, mas que cedo ou tarde essa pessoa vai voltar às ruas. E temos de pensar em como vai ser esse retorno" – diz.
Na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), o índice de reincidência é de 32%, percentual que despenca para 8,6% quando o adolescente é participante do Programa de Oportunidades e Direitos Socioeducativos. No sistema prisional, a reincidência é de 70,9%, segundo a Susepe. 
Presidente da Fase, Robson Luis Zinn afirma que o endurecimento penal vai na contramão dos países desenvolvidos e que o preço a pagar pela mudança será o aliciamento cada vez mais cedo de adolescentes para o crime. Como parte da solução, cita o fortalecimento da prevenção e do diagnóstico de vulnerabilidade, com políticas públicas.
"Pensar que a redução da maioridade penal irá diminuir atos infracionais é infantil engano. É regra que esses delitos são fruto de abandonos anteriores. É na Fase que esses jovens infratores recebem pela primeira vez o olhar do Estado" – argumenta Zinn, ao lembrar que 98% dos internos estão matriculados na rede de ensino.
Presidente da Associação Brasileira dos Magistrados da Infância e da Juventude, José Antônio Daltoé Cezar também se manifesta contrário à redução da maioridade penal:
"Somos contra" – resume.

Por que reduzir

Pela iniciativa em tramitação no Senado, caberá exclusivamente ao Ministério Público (MP) pedir a redução da maioridade penal do adolescente caso seu ato infracional esteja contemplado nos critérios estabelecidos pela proposta de emenda à Constituição (PEC) . Subprocurador-geral para Assuntos Institucionais do MP gaúcho, Marcelo Dornelles considera a imposição importante para evitar a generalização. 
"O prazo máximo de três anos, previsto hoje pelo ECA, preza pela impunidade. Mas a mera redução sem critérios colocaria adolescentes no mesmo ambiente de quadrilheiros, em um sistema prisional falido. Por isso, concordamos com a redução da maioridade penal nos termos apresentados."
Para evitar que esses adolescentes sejam arregimentados por facções, Dornelles julga indispensável a criação de local próprio, seja em ala na Fase ou nos presídios, como propõe a PEC:
"Não dá para desistir deles."
Presidente do Movimento Viva Brasil, Bene Barbosa também simpatiza com a proposta, mas gostaria de endurecê-la. O professor aposentado defende a aplicação da redução para todos que completem 16 anos, independentemente da gravidade do crime.
"Não deveria existir essa avaliação prévia do Ministério Público. Isso é só para engessar o processo. O adolescente pensa que pode fazer tudo, pois nada vai acontecer" – sublinha.
Barbosa crê na ressocialização por "choque de realidade", na qual presos ou adolescentes infratores são submetidos ao convívio de pessoas em quem podem espelhar-se positivamente.
"Hoje, entram para Fase ou sistema prisional e encontram pessoas iguais ou piores do que eles. Como vai acontecer a ressocialização assim?" – argumenta, ressaltando que todos poderiam ficar em presídios.
Opinião similar tem o promotor de Justiça da Infância e Juventude do MP de São Paulo Thales Cezar de Oliveira, que defende a redução irrestrita para 16 anos. Para ele, diferenciar a magnitude dos crimes geraria confusão processual.
"O adolescente vai para o sistema prisional. Depois, é absolvido do crime grave e precisa ser encaminhado para internação. Essa migração levará a cultura da criminalidade para o sistema socioeducativo" – pondera.

Propostas de redução da idade penal devem ser discutidas no Congresso em 2019

Presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) quer aumentar punição a menores infratores que respondem por crimes graves como homicídio, estupro e latrocínio


Defensor declarado da redução da maioridade penal, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) tem sido efusivo nas críticas ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei que dispõe sobre a proteção integral para menores de 18 anos. Mas a profundidade da reforma a ser implantada nos próximos anos ainda não foi detalhada publicamente pelo futuro chefe do Executivo. No seu plano de governo, o assunto é abordado em uma única frase: reduzir a maioridade penal para 16 anos. Após a vitória nas urnas, Bolsonaro reconsiderou diminuir para 17, embora tenha vontade de endurecer a punição para adolescentes infratores já a partir dos 14 se houver apoio parlamentar.
"Se não for possível para 16, que seja para 17 (anos). Gostaria que fosse 14, mas aí a chance é quase zero de ser aprovada. A molecada de 16, 17 anos sempre está na frente dos crimes hediondos porque sabe que, se for punida, será por pouco tempo, tendo em vista o Estatuto da Criança e do Adolescente" — sentenciou no dia seguinte à eleição em segundo turno.
Tramita no Senado uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que sugere mudanças em dois artigos para estreitar a abrangência do ECA. A medida vai ao encontro do que pensa o futuro presidente. Formulada pelo então senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), atual ministro das Relações Exteriores, a PEC 33/2012 propõe que infratores com 16 e 17 anos sejam julgados pelos mesmos critérios dos adultos se forem reincidentes em delitos como lesão corporal grave, roubo qualificado ou se tiverem cometido crimes inafiançáveis, como latrocínio, extorsão mediante sequestro, estupro e homicídio qualificado. Desta forma, em caso de condenação, podem pegar até 30 anos de prisão. 
O ECA prevê que adolescentes de 12 a 18 anos incompletos sejam, na pior das hipóteses, privados de liberdade por três anos em unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase), a antiga Febem, onde contam com apoio psicológico, psiquiátrico, acesso à escola e a cursos profissionalizantes. O prazo total de cumprimento da medida depende de um juiz, que avalia semestralmente a evolução dentro do sistema.
Na PEC, o senador licenciado faz algumas ressalvas para assegurar que nem todo adolescente com 16 e 17 anos perca o amparo do ECA e também para garantir que todos cumpram a sentença longe do convívio de adultos condenados. Pela proposta, caberá exclusivamente ao Ministério Público pedir, em casos concretos, a redução da idade penal. A decisão de aceitar ou não será confiada à vara do Judiciário especializada em questões da infância e adolescência. Estimativa do presidente da Fase, Robson Luis Zinn, é de que a lotação cairia pela metade se a proposta estivesse em vigor. Hoje, são 1.307 adolescentes cumprindo medida socioeducativa no Estado, sendo 90% com 16 anos ou mais.

"Tratar genericamente todos não me parece razoável"

Ainda conforme Aloysio, para perder a proteção do ECA, o pleno domínio das faculdades mentais do infrator deve ser comprovado. Nesses casos, a pena terá de ser cumprida em estabelecimento específico até completar 18 anos, separado de adultos e de outros adolescentes – não é detalhado como será cumprida a medida. Com estes apontamentos, o ministro trata a PEC como alternativa para contornar conflitos impostos "pelas diferentes correntes de opinião". 
"Tratar genericamente todos os maiores de 16 anos, por exemplo, de forma absolutamente igual, não parece razoável. Adolescentes em grandes centros do país não podem ser comparados, em termos de informação, de conhecimento ou mesmo dos exemplos de vida ao seu redor, com meninos e meninas isolados nos rincões mais distantes" – argumenta.
Além desta, PEC tramitam outras matérias semelhantes sobre o tema, que deverão ser unificadas pelo relator, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES). Uma delas é do ex-deputado federal Benedito Domingos (PP-DF), de número 171/1993 na Câmara e 115/2015 no Senado. Este texto – praticamente o resumo da PEC do chanceler brasileiro – foi aprovado em dois turnos na Câmara em 2015, com votos favoráveis do então deputado Jair Bolsonaro. Ferraço adianta seu parecer sobre ambas:
"Sou favorável. Um indivíduo nesta faixa de idade tem consciência dos seus atos. Por mim, tem de ser julgado como adulto e preso em estruturas convencionais, como se maior fosse" – concluiu, ressaltando que a proposta pode ser modificada. 
Futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, o juiz Sergio Moro considera que as sanções impostas hoje para atos infracionais graves são insatisfatórias e defende a redução:
"A pessoa menor de 18 anos deve ser protegida, porque, às vezes, não tem compreensão completa das consequências dos seus atos, mas um adolescente acima de 16 já tem percepção de que, por exemplo, não pode matar. Então, um tratamento diferenciado para este tipo de crime me parece razoável" – observou em entrevista coletiva no dia 6 deste mês.
Quando acomodar a faixa presidencial sobre o peito, Bolsonaro será responsável, ao lado de ministros, como Moro, por um país que tem 22 mil adolescentes internados cumprindo medidas socioeducativas.

Experiência carioca e paulista inspiraram proposta de Leite para nova secretaria

Pasta de Administração Penitenciária terá missão de agilizar construção de prisões

São Paulo foi o primeiro Estado a instituir uma secretaria específica para administrar o sistema prisional. O órgão foi criado em 1993. Antes, a responsabilidade ficava subordinada à Secretaria de Justiça. 
Segundo o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo e ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho, a criação da secretaria específica ocorreu devido ao tamanho do sistema carcerário paulista. Hoje, são 230 mil presos, quase 40 mil servidores e 170 casas prisionais.
Silva Filho garante que, após a criação da secretaria, reduziu-se a quantidade de fugas e motins. A socióloga e conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública Thandara Santos entende que a secretaria específica trouxe maior capacidade de acompanhamento do sistema prisional paulista.
A autonomia garantida pela pasta possibilita gestão própria dos recursos, sem a interferência de pedidos de outros órgãos de segurança. É possível ter acesso a linhas de financiamento do governo federal voltadas especialmente para a execução penitenciária. Estado vizinho, o Rio de Janeiro, teve a pasta criada em 2003. 
O mestre em ciências sociais e jurídicas e major da reserva da Polícia Militar carioca Luiz Alexandre Costa é ponderado ao avaliar a criação da nova secretaria. O pesquisador entende que pode haver aumento de gastos, devido à criação de novos cargos, além do desembolso para manutenção da estrutura. 
Por outro, explica que uma secretaria específica encurtaria caminho para discutir as necessidades prisionais com o governador. Hoje, no Rio Grande do Sul, os problemas são debatidos em meio a outros setores ligados à segurança, como Brigada Militar, Polícia Civil e Instituto-Geral de Perícias. 
"Quanto tem secretário específico, pode-se voltar às atenções ao sistema prisional. Vai expor problemas com o governador. Vai expor prioridades sem competir com outros órgãos. É melhor" – avalia. 
Costa observa que a experiência carioca trouxe outra vantagem. Com escola de formação de agentes, atividades de inteligência se tornaram mais frequentes, o que ajudou a identificar possíveis fugas, rebeliões e resgate de presos. 

Entenda o projeto do novo governo para criar mais vagas no sistema prisional

Criação de Secretaria de Administração Penitenciária foi anunciada por Eduardo Leite (PSDB) após as eleições

Um dia após o resultado das eleições, foi anunciada a criação da Secretaria de Administração Penitenciária, que terá como missão agilizar a construção de novas prisões. Com a nova pasta, o governo eleito pretende reduzir o déficit de mais de 11,9 mil vagas no sistema carcerário gaúcho.
As autoridades envolvidas no projeto, no entanto, não estimam o número de vagas a serem construídas nos próximos quatro anos. No atual mandato, a título de comparação, foram entregues cerca de 3,2 mil.
Para rebater críticas que apontam risco de inchaço da máquina e aumento de gastos em momento de crise, a cúpula eleita afirma que a nova estrutura será enxuta. 
"Será uma secretaria sem estrutura grande. Nosso objetivo é abrir vagas no sistema prisional, construir prisões. Temos condições, sim, com maior dinamismo, de abrir mais vagas" — diz o futuro vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior (PTB), salientando que a inspiração veio de outros Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo o vice-governador eleito, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) não será extinta, mas deixará de ser subordinada à Secretaria da Segurança Pública (SSP) para ser vinculada à Secretaria da Administração Penitenciária. Até o momento, o governador eleito Eduardo Leite não anunciou os titulares das duas pastas.
A intenção do novo governo é seguir com a construção de casas prisionais pequenas, com capacidade entre 300 e 400 apenados. Dentro deste contexto, deve ser mantida a permuta da área do ginásio da Brigada Militar pela construção de um presídio em Sapucaia do Sul. Também devem continuar as negociações com a União para que seja erguida em solo gaúcho a penitenciária federal de Charqueadas
Para sair do papel, a criação da pasta precisa passar pela aprovação dos deputados estaduais. O projeto não está pronto, mas o novo governo já pretende negociar com os parlamentares nos próximos dias.
"A ideia é sensibilizar os deputados. Em regra, esse tipo de matéria de iniciativa do próprio Executivo é aprovada pelo Legislativo" — salienta Ranolfo. 
Em 2017, o governo de José Ivo Sartori apresentou projeto para criar uma subsecretaria de administração penitenciária. Sem apoio entre aliados à proposta, foi retirado o caráter de urgência da tramitação no começo deste ano. A ideia sofreu pressões de sindicatos de servidores.
Procurado novamente pela reportagem para esmiuçar como deverá ser a estrutura da nova secretaria, o vice-governador eleito encaminhou nota, via assessoria de imprensa. No texto, salientou que a nova pasta está em “fase embrionária, de discussão” e que o detalhamento será informado em “momento oportuno.”

"Superficial", avalia deputado de oposição

 Para o deputado Pedro Ruas (PSOL), o governo de Eduardo Leite precisa atentar para outros problemas relacionados ao sistema prisional. Entre eles, estão a superlotação de presídios gerada pela falta de vagas e a nomeação de novos agentes penitenciários para trabalhar nesses espaços.
O deputado salienta que o atual sistema prisional acaba abastecendo as facções criminosas com “mão de obra”. Além de criar vagas e chamar novos servidores, Ruas propõe uma mudança na Lei das Drogas, de 2006. Segundo ele, a legislação gerou inchaço no sistema prisional ao endurecer penas para crimes relacionadas ao tráfico de entorpecentes. 
"Acredito que as prisões devam servir como espaço para exclusão da sociedade de criminosos graves. A maioria dos que estão nas cadeias são ligados ao tráfico de drogas, não são os homicidas" — diz o deputado, que no próximo ano vai assumir a coordenação da bancada do PSOL na Assembleia Legislativa.

É preciso valorizar agentes penitenciários, dizem pesquisadores 

Pesquisadora de questões ligadas à violência, a professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Letícia Maria Schabbach entende que uma secretaria específica pode fazer com que se trate com “mais seriedade” a questão prisional. 
"A gente tem de pensar no sistema de trás para frente e não de frente para trás. Tivemos alunos na especialização que trabalhavam como agentes penitenciários e que nos relataram que a categoria é colocada sempre em segundo plano. Anos atrás, chamavam os agentes prisionais como primos podres da segurança, trabalhavam em condições mais precárias e tinham salários mais baixos. Tem de pensar de outra forma, com novas políticas" — conta a pesquisadora.
Para Letícia, a nova pasta não pode ser pensada como forma de encarcerar mais pessoas, mas como a maneira de repensar o uso mais frequente de formas alternativas para o cumprimento da pena. 
Professor aposentado da UFRGS, Juan Mario Fandino acredita que a secretaria deve ser pensada para reduzir a burocracia.
"Tem de haver coordenação muito bem pensada, especialmente no caso das prisões. Tem de fazer diálogo com agentes penitenciários, que participem de maneira intensa. Me furto de avaliar se essa autonomia vai ser um passo positivo ou não. Concordo em tomar uma linha" – defende o professor. 

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Antes de entrar como presidente do Brasil, Bolsonaro só fazem bobagens

"Cerca de 2 milhões de gaúchos dependem dos médicos cubanos", diz diretor da Secretaria de Saúde

Estimativa da secretaria é de que 361 municípios gaúchos serão impactados com a saída dos médicos cubanos do Brasil
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) estima impacto em 361 dos 497 municípios gaúchos com a saída de Cuba do programa Mais Médicos, anunciada nesta quarta-feira (14) pelo governo cubano. A nota divulgada pelo Ministério de Saúde Pública de Cuba alegou declarações "ameaçadores e depreciativas" do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que anunciou mudanças "inaceitáveis" no projeto do governo.
"Nós temos hoje em torno de 2 milhões de gaúchos que dependem dos médicos cubanos nas equipes de saúde da família. Não conseguimos ainda definir especificamente aquelas em que todo o município depende da atividade do médico cubano; o que temos é que 600 dessas equipes, com a retirada e saída dos médicos cubanos, ficarão sem médicos. Isso sendo 100% ou 10% do município, ou ainda um número menor, de qualquer maneira o impacto é um problema, porque aquelas pessoas ficarão sem o médico até a estrutura do sistema de saúde conseguir se organizar para fazer a substituição. Alguns municípios terão maior ou menor dificuldade" — relata.
Ainda não há um prazo definido para que os profissionais deixem o Brasil. Segundo Farias, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde está mobilizado para chegar "a um bom termo", de maneira que os estrangeiros só saiam do país quando houver garantia de que há profissionais para preencher as vagas.
"Se fosse da noite para o dia, teríamos que nos preocupar em substituir 600 médicos. Nós temos 24 horas somente desde que essa decisão foi tomada. Isso é um processo, e outros integrantes das equipes continuarão o trabalho, com vacinação e atendimento domiciliar. A população está tendo uma grande aceitação destes profissionais. Há casos de municípios que não conseguiam contratar brasileiros de nenhuma maneira e precisaram da ajuda dos médicos cubanos" — destaca.
Farias afirma que a substituição de cubanos por brasileiros ou outros estrangeiros dentro do programa Mais Médicos não terá impacto nos cofres públicos, já que o custeio do programa é feito pelo governo federal.
Em Porto Alegre, impacto poderá chegar a R$ 180 mil
Porto Alegre vai deixar de contar com o trabalho de 13 médicos cubanos que integram as equipes de estratégia de saúde da família. Hoje, a prefeitura conta com 263 grupos, sendo 255 com médicos. Assim, o total de equipes completas vai cair de 255 para 242.
"O reflexo é evidente. Cai o número de equipes com médicos, o que é uma perda grande para a população que consulta nestas unidades e traz a necessidade de agilizarmos a reposição de médico, o que, no nosso caso, vai trazer aumento no investimento financeiro. Nossa intenção não é substituir os profissionais por outros do programa Mais Médicos. Temos um processo seletivo aberto e podemos chamar profissionais" — explica o secretário municipal de Saúde, Erno Harzheim.
Com os profissionais contratados através do programa de cooperação, a prefeitura gasta apenas com auxílio alimentação e auxílio moradia. Já por processo seletivo, há gastos com salários e custos trabalhistas, o que faz com que o impacto financeiro possa chegar a R$ 180 mil por mês. 
"Nós vamos acelerar a chamada de profissionais para ocupar estas vagas. Mas o impacto financeiro não me preocupa, porque vamos absorver no orçamento. Oque me preocupa é conseguir chamar médicos. Temos tido dificuldades para ocupar nossas vagas, porque nossa matriz salarial não é muito competitiva em relação ao mercado" — alerta.
Dentro do programa Mais Médicos, a contratação de um novo profissional leva de três a quatro meses. Com o chamamento de um candidato via processo seletivo, a previsão da prefeitura é de que o processo dure cerca de um mês e meio. 

Entre os governadores do RS o pior é Sartori. E ainda disse que antes os governadores do RS eram muito mal nas finanças

Nos quatro anos como governador do Rio Grande do Sul, o Sartori aumentou os impostos, fez caixa com atraso de salários, de ter triplicado a dívida com Hospitais e duplicado o atraso com fornecedores, depois de ter reduzido o pagamento de precatórios e RPVs, e aumentou a Dívida Pública.

Esse gringo volta à Caxias do Sul, e fica lá, nunca volta uma função pública.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Ainda entrar para presidente do Brasil, Bolsonaro está ralando os servidores públicos

Bolsonaro avalia limitar pensões e elevar alíquota cobrada de servidores 

A intenção de aprovar mudanças na Previdência ainda neste ano poderá levar o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) a recuperar uma proposta de 2017. Elaborados por técnicos do Congresso, os textos preveem alterações que não precisam de emendas constitucionais, agilizando a tramitação no Legislativo. Entre os ajustes sugeridos, estão obstáculos a aposentadorias precoces, novos cálculos para pensões e modificações em aposentadorias especiais do setor público.
De acordo com o estudo, seria possível manter cerca de 70% do resultado que seria obtido com a reforma encaminhada pelo presidente Michel Temer para trabalhadores da iniciativa privada. Para servidores, a economia, apesar de não estimada, seria menor.
A proposta vincula valores de aposentadorias mais altos a partir de maior tempo de contribuição, dificultando manter o salário integral. O cálculo poderia ser adotado para servidores que ingressaram na União após 2004. Pensões seriam limitadas a 50% do valor integral, mais 10% por dependente. Seria possível acumular o benefício com a aposentadoria, mas sem ultrapassar três salários mínimos.
Classificada como fonte de "exageros e injustiças", a falta de regulamentação das aposentadorias especiais a servidores públicos - por risco, atividades expostas a agentes nocivos à saúde e de pessoas com deficiência - também entraria no alvo. O objetivo é evitar interpretações dúbias da lei e dificultar a obtenção judicial dos benefícios.
A alíquota a ser descontada de servidores, entre o índice normal e o suplementar, seria de, no máximo, 22%. Nesse caso, a soma com Imposto de Renda não ultrapassaria 50% da remuneração, de acordo com a justificativa do estudo.
Parte das propostas estaria contida em um projeto de lei que, para ser aprovado, bastaria ter o apoio da maioria dos parlamentares em plenário. Há itens que necessitam de projeto de lei complementar, que passam por dois turnos de votação, a exemplo de ajustes na Constituição (PEC), mas que precisam de menos votos (257).
Os textos ainda não foram protocolados, o que pode levar à velocidade de aprovação menor do que a pleiteada pelo futuro governo. Caso os projetos recebam apoio da equipe de Bolsonaro, há ainda outro empecilho: a falta de votos no Legislativo, até mesmo de aliados.

Entre parlamentares, dificuldade para apoio

Além do pouco tempo para analisar projetos, há críticas sobre a ausência da fixação de idade mínima para a aposentadoria (exige PEC, barrada pela intervenção no Rio). A crítica é feita pelo deputado federal Beto Mansur (MDB- SP), principal articulador da proposta de Temer, que naufragou no início do ano sem ser apreciada.
O coração da reforma é a idade mínima. Se tirar isso, não tem por que votar neste ano - critica, salientando que nunca contou com os votos da família Bolsonaro quando projetava o apoio à reforma, no ano passado.
Para o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), líder da bancada da bala, as mudanças deverão ser feitas somente pelo novo Congresso, que terá quase metade das cadeiras renovadas. Ele ainda cita outra dificuldade: a fala do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que mencionou "prensa neles", defendendo pressão sobre o Congresso para agilizar a aprovação.
Tenho conversado com muitos colegas, ninguém disse que vota as matérias. Ainda mais com o desconforto pela declaração do Guedes - pontua Fraga.
Um dos parlamentares mais ativos na defesa do texto original de Temer também tem dúvidas sobre a viabilidade de alterações em 2018. Nos bastidores, questiona como o futuro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), irá negociar, já que foi um dos mais ferrenhos opositores da PEC.
Foi mais radical do que o PT, como vai fazer a interlocução com o Congresso? - provoca.
Ontem, o governador eleito do Rio, Wilson Witzel (PSC), esteve com Bolsonaro e disse ter recebido a garantia do futuro presidente de que não defenderá a interrupção da intervenção federal no Estado para que seja possível realizar a votação integral da reforma.
                                                                                              
MATEUS FERRAZ* RBS BRASÍLIA

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Diplomação de Bolsonaro no TSE é marcada para 10 de dezembro