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terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Donald Trump e o nacionalismo cristão fundamentalista

Fenômeno da violência religiosa tendo por origem o fundamentalismo dos EUA sob o “sacerdócio” de Trump

Jesus era sábio. Conhecia os segredos do coração humano. Psicanalista insuperável. Disse: “O homem bom tira coisas boas do seu tesouro. O homem mau tira coisas más do seu tesouro”. Ou seja: a gente sempre encontra aquilo que está procurando. Isso se aplica à leitura que se faz das Escrituras Sagradas. Pessoas que estão cheias de medo, de sentimento de vingança, de autoritarismo encontrarão na Bíblia ameaças, castigos, infernos, um Deus cruel e vingativo: parecido com elas. [1] 

Na terça-feira (4), com a sua hostil transparência, Donald Trump defendeu a ideia de expulsar os palestinos da faixa de Gaza para transformar o território numa “Riviera do Oriente Médio”. Nos ambientes evangélicos fundamentalistas, gritaram glória, aleluia e amém!

O Café da Manhã Nacional de Oração no Capitólio, realizado em Washington na quinta-feira (6), que ocorre há mais de 70 anos, é frequentado por congressistas, tanto do Partido Republicano quanto do Partido Democrata. Em tom messiânico, o Presidente Trump afagou o público do nacionalismo cristão ao anunciar que determinará a criação de uma força-tarefa para erradicar o preconceito anticristão. Segundo ele, há atualmente nos Estados Unidos “violência e vandalismo anticristão” passível de criminalização.

Talvez, um modesto recuo histórico nos ajude a dimensionar o que viria a ser esse movimento cristão radical ensejado pelos fundamentalistas na atualidade.

Como conciliar a exegese do texto bíblico com os avanços técnicos-científicos e o desenvolvimento das ciências naturais e históricas em plena modernidade? Parece impossível, num primeiro olhar.

A exegese histórica-crítica surgiu entre os protestantes não sem resistências. Nesse turbilhão de fatos históricos, revoluções científicas e sociais em curso, no início do século XX nos Estados Unidos, as reações à modernidade, que se manifestaram de forma mais contundente com a exegese histórica-crítica, ganharam contornos que ficaram conhecidos como fundamentalismo.

Além da afirmação exaltada da inerrância da Bíblia, os fundamentalistas publicaram uma série de fascículos que versavam sobre pontos cruciais da fé. Segundo eles, não havia qualquer possibilidade de negociar certezas ou flexibilizar doutrinas.

Revisionismo dos grupos religiosos em suas práticas não era tolerado. Abertura para debates ensejados pela exegese histórica-crítica, para os fundamentalistas, não estava em questão. Portanto, entre 1910 e 1915, nos Estados Unidos, o fundamentalismo se estruturou nas igrejas protestantes enquanto reação à modernidade.

A Bíblia interpretada literalmente, jamais lida de forma simbólica. Para os fundamentalistas: o mundo foi criado em seis dias, Adão e Eva foram figuras históricas, o dilúvio de Noé aconteceu tal como foi narrado no livro de Gênesis, os milagres aconteceram conforme descritos no texto, Enoque viveu mesmo 365 anos… Enfim, levam ao pé da letra o texto bíblico.

Os níveis de articulação entre os fundamentalistas protestantes contemporâneos nos Estados Unidos. São tantos, e com tamanho poder de articulação que conceberam na vida pública americana o movimento que ficou conhecido como “maioria moral”. Tal movimento cumpriu papel importante nas recentes eleições norte-americanas para eleger presidentes conservadores: Ronald Reagan (1980); George Herbert Walker Bush — pai (1988); George Walker Bush — filho (2000).

As ações da “maioria moral” como ator político nas duas eleições do Donald Trump (2016 e 2024) são evidentes. É fato: a agenda da “maioria moral” foi assumida por Donald Trump com extremo ímpeto. Inclusive, enquanto fervor religioso que se manifesta com linguagem violenta.

As reações aqui no Brasil nos grupos evangélicos fundamentalistas foram de santa euforia como se estivéssemos diante de uma nova religião. Fervor violento e com ambições universalistas. Os ressentidos da modernidade vêm a Trump pela fé na nova ordem mundial comandada pelo nacionalismo cristão.

[1] Alves, Rubem. As cores do crepúsculo: A estética do envelhecer. Campinas, SP: Papirus, 2013. p. 111

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Após gesto que remete ao nazismo, Musk anuncia apoio à extrema direita na Alemanha

Musk pediu aos extremistas da AfD que deixassem o excesso de "culpa pelo passado" em referência ao Holocausto nazista

Por Brasil de Fato

O bilionário conservador Elon Musk, dono da rede social X, participou no sábado (25) de um evento de campanha do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que tem  Alice Weidel como candidata ao cargo de primeira-ministra.

Com discurso hostil aos migrantes, esse partido ocupa o segundo lugar nas pesquisas para as eleições legislativas de 23 de fevereiro, com 20%, atrás dos conservadores do partido Democratas Cristãos (CDU), que têm cerca de 30% das intenções de voto.

Integrante do novo governo de Donald Trump nos EUA, Musk pediu aos extremistas da AfD que deixassem o excesso de “culpa pelo passado”, “pelos pecados de seu bisavós”, argumento utilizado pela extrema direita para retomar o ultranacionalismo em um país com histórico nazista. “É muito importante que as pessoas na Alemanha tenham orgulho de serem alemãs”, enfatizou o empresário em fala transmitida por um telão para uma plateia de 4.500 apoiadores de Waidel em Halle.

Enquanto Musk declarava seu apoio à AfD, dezenas de milhares de alemães se reuniram no sábado contra a extrema direita antes das eleições legislativas.

As maiores concentrações ocorreram em Berlim e Colônia, e a polícia revisou os números de comparecimento para 35 mil e 40 mil, respectivamente. Os organizadores em Berlim afirmaram que 100 mil pessoas participaram dos protestos na capital.

Os protestos anti-AfD ocorreram em cerca de 60 cidades, seguindo os apelos de uma variedade de organizações, atraindo mais pessoas do que a polícia esperava inicialmente.

As manifestações transcorreram de forma pacífica, com faixas dizendo “Fora nazistas” ou “AfD não é uma alternativa”, uma referência ao nome completo do partido de extrema direita “Alternativa para a Alemanha”.

O candidato Friedrich Merz, da CDU,  que lidera as pesquisas também foi alvo de críticas. Muitos manifestantes temem que ele esteja tentado quebrar a política de seu partido de se recusar a fazer uma aliança com extrema-direita para formar governo.

O apoio de Musk ao partido de extrema direita na Alemanha, ocorre em um momento em que Musk é alvo de muitas críticas após realizar duas vezes um gesto, que remete à saudação “fascista” ou “nazista”, durante a posse de Donald Trump na noite de segunda-feira.

Assim como Trump, o AfD se opõe à imigração, nega a mudança climática, é contra a política de gênero e declarou guerra ao establishment político e à grande mídia que, segundo ele, limita a liberdade de expressão.

A fábrica da Telsa em Berlim, capital da Alemanha também foi alvo de protestos contra Musk na quarta-feira (22). O gesto similar ao dos seguidores de Adolf Hitler foi projetado na fachada da empresa automotiva fundada pelo bilionário, pelas organizações alemã Zentrum für Politische Schönheit (Centro para a Beleza Política) e britânica Led By Donkeys (Liderados por Burros, em tradução livre).

Grupo reproduz gesto de Musk em Catanduva

Musk respondeu as acusações e afirmou no X que “ataques do tipo ‘todo mundo é Hitler’ estão desgastados”. O gesto tem encorajado manifestações com referência ao nazismo mundo afora. Em Catanduva, interior de São Paulo um grupo de 10 homens brancos, publicou um vídeo em que aparecem reproduzindo o gesto feito por Musk com referência ao nazismo.

Ao som de Amerika, música do grupo alemão de metal Rammstein, o grupo de catanduvenses repete o gesto, com o braço para frente e a mão espalmada, saudação usada durante o regime de Adolf Hitler.

O gesto de Musk aconteceu na segunda-feira (20)., após o empresário ressaltar que a posse de Trump “marcou um ponto de virada para a civilização humana” e expressar sua empolgação com os planos de pousar uma missão tripulada em Marte durante o segundo mandato do republicano .

Por duas vezes, Musk bateu com a mão direita no peito, com os dedos abertos, e estendeu o braço direito em uma diagonal para cima, com os dedos juntos e a palma da mão voltada para baixo. A primeiira vez voltado aos apoiadores de Trump e, na segunda, fez o gesto voltado para a bandeira dos EUA.

*Com AFP

Uma questão para o torcedor do Grêmio, de Mário Marcos

Depois de rescindir o contrato com o Toluca, do México, o goleiro Tiago Volpi, 34 anos, chegou domingo a Porto Alegre, fez exames médicos na segunda-feira e foi contratado pelo Grêmio. Vai assinar contrato até o fim de 2026. Volpi é o goleiro experiente que o Grêmio buscava para o lugar de Marchezin, que foi negociado com o Boca Juniors.

Ele chega para ocupar o lugar que por enquanto é de Gabriel Grando.

Perguntinha ao torcedor do Grêmio:

É justo que Volpi chegue e ocupe a vaga de titular, passando Grando para a reserva, ou mais correto seria o técnico Quinteros esperar um pouco para definir quem será seu goleiro principal?

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

O líder do atraso

No discurso de posse, ameaças e retrocesso

Donald Trump prestou juramento nesta segunda-feira (20) e assumiu como 47º presidente dos Estados Unidos. O evento ocorre na parte interna do Capitólio, em Washington, com a presença de cerca de 800 pessoas. Entre elas, o dono do X, Elon Musk, o CEO da Amazon, Jeff Bezos, e o CEO da Meta, Mark Zuckerberg.

Joe Biden e a primeira-dama Jill Biden também estão na cerimônia, além de George W. Bush, Barack Obama e Bill Clinton.

Líderes internacionais convidados também estão na cerimônia, como o presidente da Argentina, Javier Milei, o vice-presidente da China, Han Zheng, que representa Xi Jinping, presidente do país. O Brasil está sendo representado pela embaixadora do país em Washington, Maria Luiza Viotti. Além disso, uma comitiva de 21 parlamentares de partidos como o PL, Novo, Republicanos e Podemos estão nos Estados Unidos para a posse de Trump.

A partir deste momento, o declínio dos Estados Unidos terminou”, afirmou nesta segunda-feira o presidente Donald Trump em seu discurso de posse, em Washington.

O 47º presidente dos Estados Unidos também prometeu enfrentar o que chamou de “elite radical e corrupta”, que “monopolizou o poder e a riqueza por muitos anos”.

O novo presidente diz que EUA vão reconhecer ‘apenas dois gêneros

Minha vida foi salva por um motivo. Fui salvo por Deus para tornar a América grande novamente”, disse Trump, referindo-se à tentativa de assassinato que ocorreu em um comício político na Pensilvânia no verão passado.

O republicano também afirmou que “a era de ouro de dos EUA começa hoje”.

Desse dia em diante, o nosso país irá florescer e ser respeitado novamente em todo o mundo. Seremos a inveja de todas as nações e não vamos permitir que tirem vantagem de nós”, disse Trump.

No discurso, Trump fez críticas à gestão de Joe Biden. “O governo enfrenta agora uma crise de confiança por muitos anos de establishment errático e corrupto, que tiraram o poder e força da população e deixando a sociedade em completo desespero”, pontuou e disse:

Falha ao não proteger os americanos, mas protegendo criminosos perigosos que entraram legalmente vindos de todo mundo. Temos um país que dá fundos para fronteiras de todo mundo, mas se recusa a defender fronteiras americanas, ou melhor, o próprio povo”.

Donald Trump citou no discurso que irá reverter todo o governo Biden e irá restaurar a capacidade do governo norte-americano. Ele fez um aceno às comunidades latinas e negras, que votaram em peso no republicano em 2024.

Hoje é dia de Martin Luther King Jr. E em sua homenagem, vamos fazer seu sonho realidade. Não vamos esquecer nosso país, nossa constituição e o nosso país”, discursou.

Na fala, Trump afirmou que irá assinar nesta segunda-feira (20) uma série de ordens para restaurar a América. Dentre elas, declarar emergência nacional na fronteira com o México, deter toda e qualquer entrada ilegal e devolver “os criminosos para o lugar de onde vieram”.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

‘Kids pretos’ que escreveram tuíte ameaçando STF ganharam cargos no governo Bolsonaro

Todos generais, eles estiveram à frente de estatais e ministérios entre 2019 e 2022

Por Igor Carvalho e Ananias Oliveira — Brasil de Fato

No dia 3 de abril de 2018, às vésperas do Supremo Tribunal Federal (STF) analisar um pedido de habeas corpus do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que estava preso na época, o general da reserva Eduardo Villas Bôas, que comandou o Exército entre 2014 e 2019, publicou dois tuítes pressionando e ameaçando a corte.

Militares do entorno de Bolsonaro dominam
a relação de indiciados pela PF em relatório 
obre tentativa de golpe no país.
(Foto: Marcos Corrêa/ Presidência da República)
Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”, afirmou Villas Bôas.

No dia seguinte ao tuíte, o STF não acatou o habeas corpus pedido pela defesa de Lula e o petista seguiu preso, impedido de disputar a eleição presidencial de 2018, que terminou com a vitória de Jair Bolsonaro (PL), aliado do general Villas Bôas.

Kids Pretos e Bolsonaro

Em fevereiro de 2021, a Fundação Getúlio Vargas publicou o livro “General Villas Bôas: conversa com o comandante”, onde o militar narra sua vida. Em um trecho, ele admite que o tuíte ameaçando o STF teria passado pelas mãos de outros cinco generais: Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, Augusto César Nardi de Souza, Paulo Humberto Cesar de Oliveira, Mauro César Lourena Cid e Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira.

Em comum, os generais integraram o Comando de Operações Especiais (Copesp), que forma os agentes de forças especiais do Exército, os chamados “Kids Pretos”, que são considerados a elite das Forças Armadas do país.

Os Kids Pretos ganharam destaque na imprensa no último dia 19 de novembro, quando a Polícia Federal prendeu integrantes do grupo de elite por planejarem a morte de Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes, ministro do STF.

Além de serem Kids Pretos, o quinteto de generais tem outro traço em comum. Todos ganharam cargos no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira foi ministro-chefe da Casa Civil. Ele é irmão do general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, que foi indiciado no relatório da Polícia Federal por tentativa de golpe.

Paulo Humberto Cesar de Oliveira presidiu o Instituto de Previdência Complementar dos Correios (Postalis). Bolsonaro quis colocá-lo à frente do Exército em 2019, mas ele recusou o convite e preferiu seguir no comando da estatal.

Pai de Mauro Cid, que era ajudante de Bolsonaro no Palácio do Planalto, o general Mauro César Lourena Cid assumiu a direção da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami, nos Estados Unidos.

Augusto César Nardi de Souza se tornou chefe de Assuntos Estratégicos do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas do Ministério da Defesa ainda em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro.

Por fim, o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, que foi chefe de três pastas no governo Bolsonaro: Casa Civil, Secretaria de Governo e Secretaria-Geral da Presidência da República.

Preso que teria ordenado morte de detento em Canoas é transferido para penitenciária federal

Operação sigilosa das polícias Penal, Civil e Militar transferiu Rafael Telles da Silva, conhecido como Sapo, na manhã desta quinta-feira (28). Ele é rival do grupo criminoso do qual Jackson Peixoto Rodrigues, baleado na Pecan 3, fazia parte

De Vitor Rosa

Rafael Telles da Silva havia sido removido para a Pasc
após o ataque e, nesta quinta (28), foi enviado a presídio federal.
divulgação / Brigada Militar/Divulgação

O suspeito de ordenar a morte do preso Jackson Peixoto Rodrigues dentro da Penitenciária Estadual de Canoas foi enviado para uma penitenciária federal. Rafael Telles da Silva, conhecido como Sapo, foi transferido em uma operação sigilosa das polícias Penal, Civil e Militar na manhã desta quinta-feira (28). A RBS TV apurou que o provável destino é Brasília.

Sapo é apontado como um dos chefes de uma organização criminosa baseada em Porto Alegre, rival do grupo do qual Jackson fazia parte. Identificado pela Polícia Civil como envolvido no crime, ele havia sido removido para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) após o ataque.

Nas primeiras horas do dia, o homem foi levado em um comboio da Pasc até o aeroporto Salgado Filho. De lá, embarcou em uma aeronave com destino ao sistema penitenciário federal.

A Secretaria dos Sistemas Penal e Socioeducativo se manifestou sobre a tranferência por meio de nota: "A Polícia Penal informa que no dia 7 de outubro foi deferida a inclusão de Rafael Teles da Silva no Sistema Penitenciário Federal (SPF). No último dia 21, a Secretaria Nacional de Políticas Penais confirmou e agendou a remoção para esta quinta-feira (28/11), o que ocorreu dentro do previsto. O apenado já deixou o Rio Grande do Sul.

A decisão judicial para transferir Sapo foi tomada cerca de 10 dias antes do assassinato de Jackson, mas só foi efetivada nesta quinta. A determinação levou em conta a posição do homem no grupo criminoso.

O outro preso, que seria o executor do crime, é Luís Felipe de Jesus Brum, 21 anos. Ele é integrante da mesma organização criminosa que Sapo e foi preso, em junho deste ano, por suspeita de envolvimento no assalto ao aeroporto de Caxias do Sul. Luís Felipe permanece no sistema penitenciário do RS.

Preso escreveu carta antes de morrer

Em carta escrita um dia antes de ser morto, Jackson pediu transferência do local temendo "alguma falha na segurança". Ele se dirige, em terceira pessoa, ao diretor da penitenciária.

"Solicita que seja dada uma atenção de extrema urgência, porque, como é sabido de todos, o requerente é inimigo histórico desse grupo. E, pelo fato de permanecer tão próximo e teme em haver alguma falha na segurança, pede que seja dada esta atenção", disse.

O detento apontou ainda que era separado apenas por uma portinhola de outros apenados, inimigos da organização criminosa da qual Jackson fazia parte. Foi justamente através da portinhola que foram efetuados os disparos que atingiram o detento.

Jackson, morto no sábado (23),
tinha ligação com 29 homicídios,
incluindo decaptações e esquartejamentos.
Polícia do Paraguai / Divulgação

Arma teria ingressado por drone

Conforme a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo, a suspeita é de que a arma que matou Jackson tenha ingressado no presídio por meio de um drone. Na madrugada anterior ao episódio, houve registro de sobrevoo na região.

A arma utilizada no ataque dentro da cadeia, uma pistola 9 milímetros, foi apreendida. A Polícia Civil abriu um inquérito para apurar as circunstâncias do crime.

O governador em exercício do Rio Grande do Sul, Gabriel Souza (MDB), anunciou o afastamento de um diretor e quatro servidores do Complexo Prisional de Canoas após o ocorrido.

O preso morto dentro da cadeia foi identificado como Jackson Peixoto Rodrigues, 41 anosNego Jackson, como era conhecido, era apontado como chefe de uma organização criminosa do RS.

Conforme dados do Comando de Policiamento Metropolitano, Jackson tem ligação com 29 homicídios. São assassinatos, com decapitações esquartejamentos, em que ele teria participação como mandante ou executor. A lista de antecedentes criminais do homem ainda inclui tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Em 2017, "Nego Jackson" foi preso pela polícia do Paraguai. Ele foi capturado na cidade de Pedro Juan Caballero com outros três comparsas. Na ocasião, o chefe de polícia do RS declarou que o criminoso era o procurado número 1 do Estado.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

O que se sabe até agora sobre assassinato de líder de facção a tiros dentro da Pecan

 De Leticia Mendes

Jackson Peixoto Rodrigues, 41 anos, foi executado com sete disparos no sábado. Dois apenados que estavam na mesma galeria e integram grupo rival tiveram novas prisões preventivas decretadas. Episódio desencadeou crise no sistema penitenciário

Em carta escrita à mão, Jackson Peixoto Rodrigues, 41 anos, o Nego Jackson, líder de uma facção criminosa, alertou na sexta-feira (22) que poderia ser vítima de uma tragédia como nunca ocorrera no sistema penitenciário gaúcho. No texto, diz que drones costumam se aproximar com facilidade das janelas das celas da Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) 3 e afirma que está sendo mantido numa galeria há poucos metros de seus inimigos.

Esse documento, segundo o próprio governo do Estado, foi entregue a um servidor da casa prisional e repassado ao advogado do faccionado. A defesa chegou a pedir na Justiça que ele fosse retirado da casa prisional e retornasse à Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). No entanto, no dia seguinte, no fim da tarde, o preso foi executado com sete disparos. Os tiros teriam sido efetuados por uma portinhola. A suspeita é de que a arma tenha ingressado na unidade transportada por um drone.

O episódio desencadeou crise no sistema penitenciário gaúcho. Na segunda-feira (25), o governo do Estado anunciou, em entrevista coletiva, as medidas adotada até aqui. Entre elas, está o afastamento de cinco servidores da penitenciária. O caso passou ser apurado num procedimento administrativo e investigado pelo Departamento de Homicídios em razão do crime. Mas ainda existem questionamentos que precisam ser esclarecidos.

Confira o que se sabe até o momento e o que precisa ser elucidado:

1 – Quem são os autores?

São apontados como suspeitos do crime Rafael Telles da Silva, o Sapo, uma das lideranças de uma facção rival à de Nego Jackson, e Luis Felipe de Jesus Brum, também integrante do mesmo grupo e preso pelo assalto milionário ao aeroporto de Caxias do Sul, em junho. 

Os dois foram detidos em flagrante após a morte de Nego Jackson e tiveram prisão preventiva decretada. Segundo a Polícia Civil, ao serem ouvidos, optaram por se calar. 

Os dois foram removidos da Pecan na madrugada de sábado para domingo, segundo a Polícia Civil, “assim que foram realizadas as oitivas com a Polícia Civil e demais procedimentos de praxe”. Por questões de segurança, não é informado o local de destino dos presos.

2 – Qual o papel de cada um no crime?

A polícia ainda tenta esclarecer a dinâmica do crime. Não foi apurado até o momento qual dos dois teria atirado contra o rival. A polícia diz que aguarda perícias e outras diligências para elucidar o papel de cada um.

3 – Há mais pessoas envolvidas?

A investigação ainda apura se houve envolvimento de outras pessoas no crime. Isso não é descartado.

4 – Como a arma chegou à prisão?

A arma usada no crime é uma pistola de calibre 9 milímetros, que foi apreendida na penitenciária. Uma das hipóteses é de que ela tenha chegado até o local por meio de drone. Isso deve ser esclarecido pelas investigações.

5 – Por que a arma não foi encontrada na revista das celas?

Segundo o governo, são realizadas revistas regulares nas celas, mas, ainda assim, a arma não foi encontrada. Não foi esclarecido até o momento por qual motivo a pistola não foi encontrada nem quanto tempo ela ficou dentro da penitenciária. Na madrugada anterior ao crime, um avistamento de drone teria ocorrido por volta das 3h. Chegaram a ser apreendidos rádio e drogas.

6 – Quais são as facções envolvidas?

Estão envolvidas no crime duas facções. Nego Jackson chegou a ser considerado o foragido mais procurado do RS, em 2017, período no qual o Estado enfrentava disputas sangrentas nas ruas, especialmente na Capital. O faccionado foi capturado no Paraguai, pela polícia da cidade de Pedro Juan Caballero, e posteriormente transferido de volta para Brasil. Passou pelo sistema penitenciário federal — sendo enviado a Rondônia — mas retornou ao Estado.

Nego Jackson era rival da facção do bairro Bom Jesus, os Bala na Cara, integrando uma coalização de grupos criminosos denominada de Anti-Bala. Apontado como chefe do tráfico na Vila Jardim, recentemente, segundo a polícia, foi um dos principais articuladores da criação de uma nova facção, chamada de Família do Sul

Do outro lado, Rafael Telles da Silva, o Sapo, é apontado como um dos articuladores da facção Bala na Cara.

7 – Por que os líderes de facções rivais estavam na mesma galeria?

Segundo o governo do Estado, a decisão de enviar presos líderes de facções para a Pecan se deu porque os bloqueadores de celulares não estavam funcionando na Pasc. Em razão disso, apenados estariam determinando novos crimes de dentro da penitenciária. A Pecan é a única prisão no RS que conta com bloqueadores. 

Conforme a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo, os presos estavam em celas separadas, mas na mesma galeria, na área de triagem. Esse espaço, segundo a explicação do governo, é usado para o isolamento de lideranças. 

As celas que eles ocupavam são para dois presos e a movimentação é realizada de forma separada — com controle superior pelos policiais penais. Ainda assim, o governo não esclareceu até o momento porque os dois presos, mesmo inimigos, estavam tão próximos.

8 – Quais medidas foram adotadas?

O governo anunciou o afastamento de cinco servidores da Pecan 3 (dois servidores que estavam no turno, o chefe de segurança do complexo prisional, o responsável pela segurança da galeria e o diretor responsável pela Pecan 2, 3 e 4). Ainda foram determinadas três revistas diárias dentro da galeria onde houve o crime, na penitenciária. 

Além disso, foram anunciados o reforço de 520 policias militares nas ruas e ações de saturação nas áreas conflagradas pelas facções. O intuito é tentar evitar o reflexo desse conflito nas ruas.

Outra medida é o retorno das lideranças de facções para a Pasc, após a inauguração do módulo de isolamento, com 76 celas individuais e bloqueio de celulares, o que deve se iniciar em dezembro.

9 – Quantos servidores estavam trabalhando naquela data na penitenciária?

Os servidores penitenciários reclamam de não haver policiais penais suficientes para dar conta do serviço. Segundo o governador em exercício, Gabriel Souza, havia 54 servidores na penitenciária no momento do crime, para cerca de 2 mil presos.

10 – Por que os cinco servidores foram afastados?

Segundo o governo do Estado, a decisão foi tomada como forma de manter a liberdade e lisura das investigações (administrativa e criminal). Um dos servidores afastados, de acordo com o governador em exercício, foi identificado como a pessoa que recebeu a carta escrita por Nego Jackson.

"Isso não é por qualquer tipo de confirmação ou crença do governo de culpabilidade de qualquer um dos servidores, mas no sentido de buscar apuração isenta, rigorosa, e também que, na medida do possível, seja célere, tanto do ponto de vista administrativo, como também pela própria investigação policial" — disse Gabriel Souza.

Sistema penitenciário é um caldeirão e exige atenção redobrada

Não é de hoje que juízes, promotores, defensores e policiais penais alertam para o clima nos presídios

Tendas foram montadas no lado de fora da Pecan,
onde roteadores wi-fi clandestinos são instalados.
Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

execução de um líder de facção na Penitenciária de Canoas, um presídio construído para ser modelo de ressocialização, é o ápice de um processo que há muito preocupa juízes, promotores, defensores públicos e policiais penais. 

A saída da Brigada Militar da segurança externa dos presídios, demanda de muitos anos, não veio acompanhada da substituição pelo mesmo número de policiais penais, como queriam os funcionários da Susepe. Mas esse é apenas um dos problemas na gestão do sistema carcerário.  

Se é verdade que o governo de Eduardo Leite cumpriu o que vários dos seus antecessores prometeram e pôs abaixo o velho Presídio Central, substituído por uma cadeia pública destinada a presos transitórios, também é verdade que os perigosos líderes de facções foram espalhados por outras penitenciárias.  

A Pecan não deveria estar recebendo líderes de facções. Recebeu porque é a única que tem bloqueadores de celular, mas os telefones funcionam graças a roteadores e modens instalados nas proximidades. Tem bloqueadores de celular, mas está longe de ser um presídio de segurança máxima, como se exige para presos de alta periculosidade. Inexplicavelmente, a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) tem pronto um módulo que poderia ser usado para presos de regime disciplinar diferenciado e ainda não foi ocupado.

Operadores do Direito e policiais penais alertam que há presos morrendo de calor na Penitenciária Estadual de Charqueadas (PEC 1 e 2), e a direção da Susepe ignora os alertas de que essas condições aumentam o risco de uma rebelião. Denunciam falta de medicamentos e são ignorados. 

É verdade que a sociedade tem uma ideia equivocada sobre presídios, e qualquer melhoria nas instalações é criticada por uma parcela da população que defende o tratamento desumano aos presos, na ideia de que não basta a pena de privação da liberdade, o preso tem de ser humilhado. O senso comum esquece que um dia esse preso será libertado e, se não houver ressocialização, cometerá outros crimes contra essa mesma sociedade.  

A Pecan era um modelo de ressocialização. Muitas empresas estavam lá, oferecendo trabalho aos apenados. Não havia facções. Hoje, dizem os funcionários da Susepe, está dominada pelo crime organizado. Três módulos são ocupados por presos de uma mesma facção. Isso afastou as empresas que ofereciam trabalho. 

A reação do governo foi afastar a direção da Pecan, mas será que isso resolve? Nego Jackson, o preso assassinado, escreveu uma carta de próprio punho alertando sobre um plano para matá-lo dentro da Pecan. Seus advogados pediram e conseguiram um habeas corpus para tirá-lo de lá, mas o crime ocorreu antes da transferência.  

Você pode achar, como muita gente acha, que enquanto os bandidos estiverem se matando entre eles está tudo bem. Não, não está. O crime organizado transcende a área geográfica onde os líderes se instalam e transformam os moradores em reféns. Além de exigir que as forças de segurança sejam deslocadas para essas áreas, desguarnecendo outras, a guerra de facções espalha a violência na forma de balas perdidas, assaltos, roubo de carros.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Golpistas de 2022 deixaram rastro por todos os lados, de Rosane de Oliveira

Sorte do Brasil que os estrategistas eram trapalhões, porque isso evitou uma ditadura mais sangrenta que a de 1964

amadorismo dos civis e militares envolvidos no planejamento do golpe fracassado de 2022 livrou o Brasil de uma ditadura que começaria mais sangrenta do que a de 1964. Mais sangrenta porque de largada previa o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. 

Os trapalhões não só bolaram um plano cheio de furos, como deixaram rastros por todos os lados. Acabaram facilitando o trabalho da Polícia Federal na apuração do planejamento do golpe, que teve desde reunião na casa do general Braga Netto até impressão do plano criminoso numa máquina do Palácio do Planalto.

número inédito de integrantes das Forças Armadas indiciados pela Polícia Federal só existe porque o golpe fracassou. Se tivesse sido consumado, seria como em 1964, sem militares presos. Por isso não cola a justificativa de que planejar não é crime e que não se pode punir os idealizadores. O Código Penal prevê, sim, a punição para quem se organiza em grupos na tentativa de abolir de forma violenta o Estado democrático de direito.  

Os crimes atribuídos a Bolsonaro somam cerca de 40 anos de prisão, na hipótese de ser denunciado e condenado em todos, sem atenuantes. Como esse é um processo relativamente demorado, a maior punição será a política. Que político ficará atrelado a um ex-presidente que hoje já está inelegível e que tende a desmoronar nos próximos meses? É óbvio que a direita não ficará esperando por Bolsonaro e tratará de se organizar para ter um candidato viável em 2026. 

Os rastros deixados em celulares, que permitiram identificar até a campana feita pra tentar sequestrar Alexandre de Moraes, só podem ter duas explicações: falta de inteligência ou certeza de impunidade. Se os generais próximos de Bolsonaro foram capazes de uma patacoada como essa, imagine-se o que fariam se o Brasil estivesse em guerra contra um inimigo externo. Sorte do Brasil que as Forças Armadas são maiores do que o grupelho golpista e que ainda há generais como Freire Gomes e brigadeiros como Baptista Júnior, que frearam a aventura.

De Bolsonaro, que foi um mau militar e incitou a baderna nos quartéis quando era capitão, não surpreende a trapalhada. De generais como Augusto Heleno e Braga Netto era de se imaginar que tinham alguma noção de estratégia militar.

ALIÁS

Duas consequências imediatas do indiciamento de Jair Bolsonaro e de outras 36 pessoas envolvidas na selvageria do 8 de janeiro: o projeto de anistia perde força no Congresso e o ex-presidente pode dar adeus ao sonho de voar para os Estados Unidos a fim de assistir à posse de Donald Trump. Ele teve o passaporte apreendido e precisaria de uma licença especial do ministro Alexandre de Moraes para sair do país.

Em áudio, general afirmou que Bolsonaro deu aval para golpe até 31/12

General da reserva Mário Fernandes relatou conversa a Mauro Cid, auxiliar de Bolsonaro

Por André Richter
Da Agência Brasil

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

O general da reserva Mário Fernandes, um dos presos na Operação Contragolpe, da Polícia Federal, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro deu aval para um plano golpista até 31 de dezembro de 2022.

A conversa consta no relatório de inteligência da operação, deflagrada nesta terça-feira (19) para prender cinco militares que pretendiam impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice, Geraldo Alckmin, eleitos em outubro de 2022.

No áudio enviado a Mauro Cid, Fernandes disse ao ex-ajudante de ordens de Bolsonaro que o ex-presidente teria dito a ele que a “ação” poderia ocorrer até o último dia do mandato.

Cid, boa noite. Meu amigo, antes de mais nada me desculpa estar te incomodando tanto no dia de hoje. Mas, porra, a gente não pode perder oportunidade. São duas coisas. A primeira, durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição, que isso pode, que qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro e tudo. Mas, porra, aí na hora eu disse, pô presidente, mas o quanto antes, a gente já perdeu tantas oportunidades”, disse Fernandes.

Durante o governo Bolsonaro, o general ocupou o cargo de secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República e foi responsável, segundo a PF, pela elaboração do arquivo de word intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, com planejamento voltado ao sequestro ou homicídio do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e de Lula e Alckmin.

Segundo a PF, o documento foi impresso no Palácio do Planalto e levado para o Palácio da Alvorada, residência oficial de Jair Bolsonaro. O ex-presidente não é citado no caso como investigado.

A investigação, mediante diligências probatórias, identificou que o documento contendo o planejamento operacional denominado Punhal Verde Amarelo foi impresso pelo investigado Mário Fernandes no Palácio do Planalto, no dia 09/11/2022 e, posteriormente, levado até o Palácio do Alvorada, local de residência do presidente da República, Jair Bolsonaro”, completou a PF.

Outro lado

O ex-presidente Jair Bolsonaro não se pronunciou sobre a operação da Polícia Federal. Pelas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou que “pensar em matar alguém não é crime”.

Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido. Sou autor do projeto de lei 2109/2023, que criminaliza ato preparatório de crime que implique lesão ou morte de 3 ou mais pessoas, pois hoje isso simplesmente não é crime. Decisões judiciais sem amparo legal são repugnantes e antidemocráticas”, declarou. 

Erika Hilton e PSOL pedem prisão preventiva de Bolsonaro e Braga Netto ao STF

O partido alega graves suspeitas envolvendo os dois em um suposto plano de assassinato de autoridades e tentativa de golpe de Estado

©Foto: Facebook

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) anunciou na última terça-feira (19) que o PSOL protocolou um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) pela prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto. O partido alega graves suspeitas envolvendo os dois em um suposto plano de assassinato de autoridades e tentativa de golpe de Estado.

Não há argumentos plausíveis para que eles estejam em liberdade. Segundo a PF , eles podem estar envolvidos em um plano de assassinato de autoridades públicas e de golpe de Estado”, declarou Erika Hilton em suas redes sociais.

A Polícia Federal revelou detalhes do esquema, que teria sido discutido em 12 de novembro de 2022 na casa de Braga Netto. Conforme depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em delação premiada, o plano incluía o assassinato do presidente Lula (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes. O objetivo seria impedir a posse da chapa eleita e desestabilizar o STF.

Erika Hilton destacou que a saída de Bolsonaro e Braga Netto do poder não elimina os riscos que eles representariam. “Não dá pra fingir normalidade. São dois assassinos em potencial nas ruas”, afirmou a deputada.

O Correio tentou contato com os representantes de Bolsonaro e Braga Netto, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. O espaço segue aberto para manifestações.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Operação da PF prende ‘Kids Pretos’ por plano para matar Lula, Moraes e Alckmin

Grupo é suspeito por participar de tentativa de golpe de Estado

A Polícia Federal faz uma operação de busca e apreensão na manhã desta terça-feira (19) sobre o grupo de militares conhecido como “Kids Pretos”. Eles são investigados pela participação na tentativa de golpe de Estado e por um plano para matar Lula, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), conforme a coluna revelou no dia 12 de novembro. Esse plano faz parte dos preparativos para a tentativa de golpe de estado após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022.

A PF cumpre cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão, além de outras 15 medidas cautelares na ação, batizada de Operação Contragolpe. Os alvos são endereços no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.

Os militares alvos de prisão são Hélio Ferreira Lima, Mario Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Também é alvo Wladimir Matos Soares, policial federal.

A coluna apurou com fontes próximas à investigação que um dos alvos é o general Mário Fernandes, peça-central da atuação dos Kids Pretos na investigação. Antes de comandar a Secretaria-Geral da Presidência, ele esteve à frente do Comando de Operações Especiais, em Goiânia. O coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou aos investigadores que Fernandes integrava o grupo de militares mais radicais envolvidos no planejamento do golpe.

Punhal Verde e Amarelo

A PF identificou um planejamento operacional detalhado, batizado como “Punhal Verde e Amarelo” para que militares, a maioria deles kids pretos, executassem ações golpistas, entre elas a prisão e execução do ministro Alexandre de Moraes, como a coluna revelou na semana passada. O plano também incluía a execução do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, segundo a PF.

O plano detalhava os recursos bélicos e de pessoal necessários para executar as ações golpistas. Os Kids Pretos montariam ainda um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise” para lidar com as repercussões institucionais dos crimes.

Alvos organizaram reunião para planejamento do golpe

A PF apurou que alguns dos alvos da operação de hoje participaram da organização de uma reunião entre Kids Pretos para planejar as ações golpistas, em 12 de novembro de 2022. As informações constam no relatório da PF da Operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro deste ano.

Segundo os investigadores, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima e o major Rafael Martins de Oliveira trocaram mensagens com Mauro Cid para tratar da reunião, realizada na SQS 112, Bloco B, em Brasília. Os detalhes do plano foram encontrados em mensagens recuperadas no celular do tenente-coronel Mauro Cid, que fez colaboração premiada com a PF. Cid foi chamada para depor nesta terça-feira (19).

Nos últimos meses, investigadores arrecadaram novos dados em computadores e celulares apreendidos durante as ações anteriores e as novas informações permitiram detalhar como se deu a preparação do golpe. Além das minutas já conhecidas, militares fizeram o levantamento dos nomes, das rotinas e até do armamento usado pelos responsáveis pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Alexandre de Moraes. A coluna apurou que esse levantamento foi feito pelo grupo de Kids Pretos.

Kid preto” é o apelido dado a militares que se formam no curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro. Uma das unidades militares onde eles atuam é no Comando de Operações Especiais, em Goiânia. Segundo as investigações, a trama golpista tentou fazer com que militares dessa unidade tomassem parte no golpe de Estado. Entre as atribuições deles estaria prender o ministro Alexandre de Moraes e outras autoridades, sob ordem de Jair Bolsonaro.

General citado pela PF comandou Kids Pretos

Conversas obtidas pela PF mostram que outros envolvidos contavam com a interferência dele para garantir a adesão dos Kids Pretos ao plano golpista, influenciando diretamente o comandante da unidade na época, general Carlos Alberto Rodrigues Pimentel.

Um dos indícios encontrados na investigação sobre o papel central do general Mário no plano de emboscada contra Moraes é um áudio. A gravação encaminhada pelo coronel Hélcio Franco ao ex-militar Ailton Barros — também envolvido na trama golpista.

Quem tem a tropa na mão é o comandante de Operações Especiais. Por exemplo: o comandante deu a ordem, né? Tem que ver esse fenômeno aí do que é a tropa na mão, né? De qualquer forma, eu acho melhor coordenar esse assunto com o Mário, tá? Eu já falei pro Borges que eu não tenho contato com o Mário, e acho que o Borges deve encaminhar esse assunto pro Mário, que é a minha sugestão”.

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

CCD: "Renato não fica no Grêmio para 2025, e direção já busca novo treinador"

De acordo com informações do colunista de Zero Hora e comentarista da Rádio Gaúcha, o clube já abriu negociação com um técnico argentino

Lucas Uebel / Grêmio/Divulgação

A quarta passagem de Renato como treinador do Grêmio está com os dias contados, segundo informações do colunista de Zero Hora e comentarista da Rádio Gaúcha Cesar Cidade Dias. O técnico não ficará no Tricolor para 2025, informou o comunicador no Sala de Redação desta sexta-feira (15)

Gremista identificado, CCD ainda citou, no Sala, que o clube já abriu negociação com um treinador argentino. No entanto, o nome deste profissional ainda é desconhecido.

"Eu recebi ontem (quinta-feira, 14), no final do dia, a informação de que o Grêmio procura treinador no mercado e já abriu negócios com um técnico argentino. Confesso que eu não consegui, não cheguei nem perto do nome. Mas isso está sendo falado. Fui atrás, liguei para algumas pessoas de mercado e realmente já é meio que definido internamente que o Renato não fica para 2025 e que o Grêmio vai ser um clube com outro pensamento de trabalho" — disse CCD. 

Também colunista de Zero Hora, Marco Aurélio de Souza indicou que o nome em sigilo pode ser o de Hernan Crespo. O argentino, ex-treinador do São Paulo, está livre no mercado após ter pedido demissão do Al-Ain, dos Emirados Árabes Unidos.