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terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Leite quer privatizações e mudanças na previdência e na carreira de servidores no 1º semestre

Projetos, que ainda estão em construção, serão enviados para a Assembleia Legislativa

O governador Eduardo Leite confirmou, na tarde desta terça-feira (15), que enviará, ainda no início de seu governo, propostas de privatização de estatais, reforma previdenciária e mudança na carreira dos servidores. Segundo Leite, os projetos de lei ainda estão sendo construídos, havendo dúvida apenas sobre o envio conjunto ou não das duras medidas. Confiante de sua base de apoio na Assembleia, Leite espera ver as suas três agendas resolvidas no primeiro semestre.
"A estruturação técnica leva um tempo, mas estamos trabalhando para que isso seja acelerado e a gente consiga ter essa pauta superada no primeiro semestre do governo. É para essa agenda que estamos construindo com os deputados. Vamos definir ainda se (será) em um pacote conjunto ou em fases. Mas, mesmo que em fases, temos a perspectiva de, no primeiro semestre, ter os assuntos resolvidos na Assembleia" — disse Leite.
A afirmação do governador ocorreu instantes antes de ele entrar para o segundo encontro individual do dia com deputados estaduais eleitos para o primeiro mandato. É a oportunidade em que, segundo Leite, são conhecidas as demandas dos parlamentares — que serão, em breve, requisitados a apoiar as duras medidas: 
"Quero ouvir os deputados. As agendas, as pautas deles. Porque vamos pedir apoio a eles para a nossa agenda: as reformas no Estado com privatizações, carreira dos servidores e questões previdenciárias."
Sabedor das dificuldades de mexer na carreira e na aposentadoria dos servidores, Leite ouviu, nessa segunda-feira (14), em São Paulo, conselhos sobre como viabilizar politicamente as medidas. O cientista político tucano Luiz Felipe d'Avila diz que a redução do custo político de aprovação dessas medidas depende da formatação de uma narrativa forte de persuasão.
A Leite, d’Avila argumentou que o segredo é “fazer a reforma (das carreiras do funcionalismo) com a bandeira de que isso é uma valorização dos servidores”:
"Acho que essa reforma tem menos resistência do que se parece. No fundo os bons funcionários querem ser reconhecidos, gostariam de ter um plano em que fossem reconhecidos. Acho que ele tem bons aliados no serviço público" — apontou d'Avila.
Nesta quarta-feira, além de seguir com audiências junto a deputados, Leite ouvirá representantes da Brigada Militar e do Ministério Público para decidir se veta ou sanciona o projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa que libera a venda de bebidas alcoólicas nos estádios. Ambas as instituições já se manifestaram contrárias à liberação.

Gravações levantam suspeitas de corrupção envolvendo agentes penitenciários após fuga em massa em Passo Fundo

Na madrugada do último sábado (12), 17 presos fugiram a pé do Presídio Regional de Passo Fundo. Há suspeita, por parte da Susepe, de que agentes tenham feito vista grossa e facilitado ação dos bandidos em troca de propina.

Vídeo:

Gravações feitas no Presídio Regional de Passo Fundo, às quais o RBS Notícias teve acesso, levantam suspeitas de corrupção envolvendo agentes penitenciários. Do mesmo presídio, no Norte do Rio Grande do Sul, fugiram 17 presos na madrugada do último sábado (12) depois que um portão foi derrubado por uma caminhonete.
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) investiga se houve facilitação por parte dos agentes para que os criminosos executassem o plano e conseguissem escapar a pé em troca de propina.
Nos áudios, gravados por um dos agentes, que entregou o material à Susepe ainda no fim de 2018, presos descrevem supostos esquemas dentro do presídio. Tem até tabela de preços. Para ocupar uma vaga no alojamento "A", considerado o mais confortável da cadeia, o detento precisa pagar.
"Uma vaga, para chegar até o alojamento lá, custava em torno de R$ 2 mil, R$ 5 mil", diz um dos presos, sem saber que estava sendo gravado. Conforme o relato, a propina para deixar a triagem, que é o setor mais precário do presídio, chega a R$ 10 mil.
"Os caras ganham R$ 5 mil, R$ 10 mil, para trazer o cara, tirar da triagem e largar no alojamento lá", diz o homem na gravação.
Os áudios indicam ainda que a entrada de drogas é livre e que os presos pagam a agentes até para deixar de responder a processos administrativos por irregularidades que cometem.
O novo corregedor da Susepe, José Hermilio Ribeiro Serpa, diz que vai pedir o afastamento dos agentes citados nas gravações. O órgão já sabe que, na hora da fuga do último sábado, os apenados estavam fora das celas e que havia até buracos em paredes. Há suspeita de que agentes tenham feito vista grossa. A situação será investigada.
"Tudo é possível. É muito surpreendente que esses fatos tenham sido aportados na Corregedoria e agora se proceda um resgate. A abertura de buracos para sair das galerias não poderia passar despercebida se houvesse uma segurança, uma vigilância perfeita, daqueles que são encarregados da segurança do presídio", reconhece o corregedor.

Buscas seguem

As buscas pelos detentos que fugiram seguem na região, conforme o delegado responsável pela investigação, Diogo Ferreira. As equipes chegaram a prender algumas pessoas que teriam relação com os detentos em fuga, mas ainda não se chegou ao paradeiro deles.
"Vamos avançar a investigação para identificar quem ajudou também do lado de fora. O motorista [da caminhonete que arrombou o portão], quem financiou e quem facilitou a ação", observa o delegado.
Os fugitivos chegaram a ser reconhecidos por vítimas de roubo de dois carros, um dia após a fuga. Segundo a PRF, seis homens roubaram os veículos na BR-285.
Segundo o delegado, os envolvidos no caso podem ser indiciados por crimes como associação ou organização criminosa, lavagem de dinheiro, dado ao patrimônio público, facilitação à fuga, dependendo do que a investigação apontar. Caso seja identificado que agentes públicos também participaram da ação, eles responderão por crimes como prevaricação e corrupção passiva.

Criminosos arrombam portão de presídio com uma caminhonete e 17 presos fogem em Passo Fundo no RS

Vídeo:

https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2019/01/12/criminosos-arrombam-portao-de-presidio-com-uma-caminhonete-e-17-apenados-fogem-em-passo-fundo-no-rs.ghtml

De acordo com informações da Susepe, três bandidos invadiram o local com uma caminhonete S10 e usaram o veículo para arrombar o portão. Presos fugiram a pé.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Futuro chefe do Depen destaca ações conjuntas para melhoria do sistema prisional

O palmense Fabiano Bordignon, futuro chefe do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), terá o desafio de conter o crime organizado nas cadeias. Conhecido por ser um homem de diálogo, o delegado da Polícia Federal (PF) foi escolhido pelo futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, para comandar o sistema penitenciário do país, trazendo na bagagem a experiência no meio carcerário, na cooperação internacional e no combate às facções criminosas.

Fabiano Bordignon
De acordo com reportagem do jornal Zero Hora, no último dia 20, ao deixar a chefia da Delegacia da PF de Foz do Iguaçu, Bordignon afirmou que pretende enfrentar os problemas do sistema prisional, que amarga falta de quase 360 mil vagas, enfatizando as ações conjuntas. “Não é esforço de uma pessoa ou de um grupo de pessoas, é da sociedade. Dos órgãos de execução penal, do poder Judiciário, do poder Executivo e do preso. É um desafio de toda a sociedade brasileira, que tem déficit histórico na atenção à questão prisional. Precisamos e vamos melhorar” prometeu.
A matéria destaca a origem do policial federal, “natural de Palmas, município de 50 mil habitantes no sul do Paraná, filho de professores universitários. Formado em Direito na capital paranaense, tem especialização em criminologia e ciência política”.
O palmense deve assumir oficialmente a chefia do Depen na quarta-feira (02), dia em que Sérgio Moro toma posse como ministro da Justiça.
Integrando os quadros da Polícia Federal desde 2002, Bordignon acumula experiência como diretor da Penitenciária Federal de Catanduvas, a Coordenação Operacional da Policia Federal junto ao Centro Integrado de Comando e Controle Regional durante a Copa do Mundo em 2014 e a chefia da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal em Rondônia.
Em Foz do Iguaçu, esteve à frente das investigações sobre o roubo à uma empresa de valores de Ciudad de Leste, no Paraguai, ocorrido em abril de 2017.

sábado, 5 de janeiro de 2019

Efeito Bolsonaro: Cresce a busca por armas no RS

Mais armas, mais mortes, mais violência...

Clubes de tiro registram crescimento do Estado e expressam uma nova cultura marcada pelo apreço aos armamentos

Às 16h de uma quarta-feira, na linha de tiro do Clube Ranger, em Novo Hamburgo, o engenheiro de produção Jayme Peixoto municia uma pistola Imbel MD2, comprada há menos de um mês. Depois de colocar protetor auditivo e óculos, ele destrava a arma. Está pronto para apertar o gatilho. O projétil atinge o centro de uma silhueta de papel, a menos de 10 metros de distância. Peixoto dá mais 69 tiros pelas duas horas seguintes. Terminada a munição, acomoda a pistola em uma maleta preta, guardada pelo instrutor, e segue para casa.
O engenheiro é dos muitos que têm se preparado para estar apto caso a promessa de Jair Bolsonaro de facilitar o acesso dos brasileiros a armas seja cumprida. Eleito com a marca registrada das mãos em posição de arma, o presidente tem influenciado o mercado e atraído um arsenal de praticantes. 
Esse interesse aparece nos números de clubes de tiro. Em 2017, o Rio Grande do Sul tinha 60 entidades registradas. No ano passado, subiu para 85. GaúchaZH visitou dois desses centros em dezembro para saber como funcionam e conhecer atiradores e instrutores.
Peixoto é aluno do Ranger, centro que oferece cursos de tiro para civis no país do Estatuto do Desarmamento. Autorizadas pela lei, as aulas se popularizaram no ano passado, influenciadas pela campanha pró-armas de Bolsonaro.
"Antes, achava quase impossível ter uma arma. Agora, com o presidente, será mais fácil. Se o governo permitir, pretendo portar uma arma. Quanto mais pessoas puderem reagir, menos chance a bandidagem terá" — diz Peixoto.
O presidente pretende dar acesso aos cidadãos —na quinta-feira passada, em entrevista ao SBT, reafirmou que irá assinar decreto para permitir a posse a todas as pessoas sem ficha criminal.
Peixoto havia procurado o Ranger naquele mês. Neto de caçador, inscreveu-se em um curso, desembolsou R$ 5 mil pela primeira arma e protocolou o registro de atirador no Exército em menos de três semanas. Pesou na escolha a sensação de insegurança, mas gostou tanto da atividade que irá participar de torneios.
"Foi paixão à primeira vista. Na verdade, ao primeiro tiro" — diz.
Destinados à prática esportiva, os clubes precisam de autorização da Polícia Civil, por meio do Departamento de Armas, Munição e Explosivos, para abrir. Para o diretor da divisão, delegado Anderson Spier, o Exército tem diminuído a rigidez para atiradores.
"Tendo em vista o rigor do Estatuto do Desarmamento, muitas pessoas têm buscado o tiro esportivo em uma tentativa de desenvolver a defesa pessoal" —aponta Spier.
Para os praticantes de tiro como esporte, uma mudança substancial ocorreu há dois anos. No início de 2017, portaria do Exército autorizou o transporte de uma arma municiada nos deslocamentos entre o clube de tiro e a residência —antes, era preciso levá-la descarregada. 
"É um meio porte" — afirma o presidente da Federação Gaúcha de Tiro Prático, Ivan Keller.
"Algumas pessoas têm usado essa ferramenta para defesa, mas não estão burlando o sistema. Está tudo previsto em lei."
Concedido pelo Exército, o registro para atiradores também cresceu no Estado. Foi de 20 mil em 2017 para mais de 30 mil no ano passado. Para obtê-lo, é preciso ser maior de 25 anos, e não ter antecedentes criminais e passar por testes psicológico e técnico. 
Trata-se de um processo lento —pode levar mais de quatro meses —, com custo —as despesas ultrapassam R$ 800 —e burocrático. Válido por três anos, o certificado exige que o atirador se associe a um clube e pratique o esporte regularmente. De acordo com Keller, a entidade sentiu a onda bolsonarista em 2018, recebendo quase 500 novos associados e chegando a um quadro de 2,1 mil atiradores. Nos torneios, deram o número recorde de 361.323 disparos —mil por dia, em média.
No Estado, o movimento pró-armas repercute na mudança de perfil dos clubes de tiro. Dois empreendimentos inaugurados em 2018 copiam o modelo norte-americano de torná-los mais do que ambientes onde é liberado apertar o gatilho — são espaços de lazer que incorporam a cultura armamentista desde os acessórios vendidos à arquitetura decorada com alvos. Mas, diferentemente de outros clubes de lazer, tem cheiro de pólvora e barulho de estampidos.
Inaugurado em fevereiro no bairro Rio Branco, em Novo Hamburgo, o Clube Ranger angariou 950 sócios em menos de um ano. Gradeado com barras de metal, o prédio de dois andarem tem duas portas: a primeira dá para uma loja; a segunda, para o centro de treinamento.
No comércio, Douglas Tiburski atende os clientes, mas somente depois de analisá-los pelas imagens das câmeras de segurança instaladas na porta. Das 10 pessoas que trabalham no local, é o único que usa uma pistola visível em um coldre preso ao cinto. Todos os outros também estão armados, mas cabe a ele intimidar eventuais mal intencionados. 
Carabinas e pistolas de pressão penduradas em uma parede, camisetas de uma fabricante de armas e chaveiros de minirrevólveres estão entre os itens dispostos nas prateleiras. As armas de verdade ficam armazenadas em um cofre interno, equipado com sistema antipânico e botão com ligação direta para o 190. Nem todos os interessados chegam a vê-las —Tiburski solicita nome e RG. Depois de consulta no sistema da Polícia Civil, só permanece quem é ficha limpa.
"Tem um problema com a polícia? Nem passa do balcão. Assim, conseguimos separar o joio do trigo. Diariamente, várias pessoas são convidadas a se retirar" —conta Marcello dos Santos, um dos sócios.
Já o clube só pode ser acessado pelos sócios —a anuidade custa R$ 700 —ou por quem reservar um estande —o aluguel sai por R$ 30. O local tem área reservada para crianças, com cama elástica e brinquedos, e sala que transmite as linhas de tiro em tempo real. 
Dentro do estande, protegido por vidro à prova de balas, os atiradores têm à disposição um arsenal de espingardas, pistolas, revólveres e fuzis, dispostos em um armário cadeado. Por lá, o uso de protetores de ouvidos e olhos é imperativo.
"Gosto de atirar não por prazer, mas para treino, caso precise usar a minha arma para defender a minha família ou a minha casa" — conta o corretor de imóveis Maurício Lambstein, que passou pelo estande durante o intervalo de almoço no dia em que GaúchaZH esteve no local.
Por mês, o clube abre dois cursos, feminino e misto, ministrados por Santos. O treinamento começa em uma sala de aula, onde os alunos recebem instruções sobre manuseio seguro de armamento e legislação. Depois de três horas de teoria, passam para a prática.
"Bolsonaro conseguiu colocar na cabeça das pessoas que é bom ter uma arma para defender a família, e isso representa uma mudança cultural. Então, por que não passar para as pessoas o que é certo? Aqui, só ensinamos cidadãos de bem" —afirma Santos.
"Hoje, o vagabundo acha que ninguém tem arma, né?" —emenda Thales da Silva, outro dos sócios.
No clube visitado por GaúchaZH em Porto Alegre, os sócios preferiram não conceder entrevista, somente deixaram que a reportagem conhecesse o local. 
O Gunfight fica em um pavilhão de tijolos à vista no bairro São Geraldo. Portões pretos pintados com o desenho de alvos vermelhos chamam a atenção logo da calçada. O ambiente lembra um centro de segurança —salas abrem-se com biometria, câmeras espalham-se por todos os cantos e parte dos frequentadores anda armada.
Há uma loja de armamento e acessórios diversos, onde se vende de taco de beisebol enrolado em arame farpado a spray de pimenta, e um café que reúne atiradores. Frequentada pelos 500 sócios, a linha de tiro dispõe de silhuetas presas em pneus e até um carro para que simulem cenários de conflito.
Em seu site, o clube se apresenta como um "centro de treinamento dedicado a desenvolver o lifestyle e a cultura de segurança", promovendo "igualdade, liberdade e respeito". Entre os serviços, há treinamento para o enfrentamento da violência urbana e o personal gun — um personal trainer de tiro. 

Por que procurar o Exército em vez da PF?

Para driblar o rigor da PF, muitas pessoas interessadas em ter armas buscam licença com o Exército para esporte e caça. Na prática, pretendem empregar a arma na defesa pessoal. A estratégia é utilizada por muitas pessoas que tentam obter a posse de armas na Polícia Federal e não são aprovadas. 

Porte de arma x porte de trânsito

O porte de arma concedido pela PF autoriza o cidadão a carregar uma arma para defesa pessoal contra uma agressão injustificada, como um assalto à mão armada. 
É uma exceção prevista no Estatuto do Desarmamento. O cidadão precisa demonstrar a efetiva necessidade, pela sua atividade profissional de risco ou ameaça a sua integridade física, que será avaliada por um delegado da Polícia Federal.
O porte de trânsito concedido pelo Exército autoriza o atirador a transportar uma arma municiada de um local de origem a um local de destino específico —normalmente, de casa para um clube de tiro ou um campeonato.
Não é um porte de arma, somente libera o atirador para carregar a arma para praticar a atividade de tiro.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Leite dá recado aos chefes dos poderes: a conta da crise terá de ser dividida

Tribunal Contas, Ministério Público, Tribunal Justiça, Assembleia Legislativa são ricos, O Executivo são pobres e os menores dos salários e os prédios piores.

"Não é justo que o esforço seja só de alguns", disse o governador nesta terça-feira no Palácio Piratini

Com 26 minutos de duração, o discurso de posse de Eduardo Leite na Assembleia foi uma convocação à unidade para resolver os problemas do Estado. Sem ódio e sem provocações aos adversários, o pronunciamento teve um tom respeitoso com quem pensa diferente, sem deixar de marcar posição em um ponto particularmente sensível: a divisão dos sacrifícios entre os poderes, para que o Executivo não seja o único a arcar com a conta do ajuste fiscal. 
"Não é justo que o esforço seja só de alguns, quando todos compartilham do mesmo território e da mesma realidade. Executivo, Legislativo, Judiciário, servidores, empresários, profissionais liberais, estudantes, cidadãos e cidadãs, nenhum destes é uma ilha. Quanto mais comprometimento de todos, mais rápido nós mudaremos o Rio Grande, mais fortes sairemos desta crise, mais competitivos seremos no mundo."
Não houve espaço para o sentimentalismo. Leite só se referiu à família quando, dirigindo-se aos servidores públicos, mencionou que tinha muito orgulho de ser filho de funcionários públicos. Aos servidores, pediu colaboração e prometeu manter sempre aberto um canal de diálogo. Não prometeu reajustes salariais, nem mencionou o compromisso de colocar os salários em dia até dezembro. 
A crise fiscal, que começará a ser enfrentada nesta quarta-feira com a edição dos primeiros decretos de contenção de gastos, foi traduzida em números que expressam o tamanho do desafio. São quase R$ 30 bilhões em precatórios e depósitos judiciais sacados a descoberto desde o governo de Germano Rigotto. A dívida total passa de R$ 100 bilhões. Os débitos de curtíssimo prazo incluem a maior parte do salário de dezembro e R$ 1,5 bilhão com fornecedores. Leite mencionou que, no primeiro ano, terá de pagar 15 folhas – as 12 de 2019, o salário de dezembro para quem ganha acima de R$ 3 mil, 13º deste ano e o de 2018, parcelado em 12 vezes.
Em vez de invocar filósofos, como é tradição nos discursos de posse, Leite citou apenas três contemporâneos: o futurologista Tiago Mattos, 39 anos, o economista americano Thomas Sowell, 88 anos, e o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, 57. 
"Como escreveu o futurista gaúcho Tiago Mattos, não estamos vivendo apenas uma era de mudanças: estamos vivendo uma mudança de era. Na economia, na política, nos valores, na cultura, nos costumes, nos modelos e até mesmo nas relações sociais, o mundo está mudando e precisamos mudar com ele."
Em seguida, tocou em um ponto particularmente delicado para os gaúchos que vivem de cultuar o passado:
"Ou damos posse a este novo futuro, ou só nos restarão as glórias de um passado bonito e honroso, mas que não volta mais. Não podemos mais ficar parados no tempo, porque nem sequer temos mais tempo. Precisamos compreender que, quando os tempos mudam, nós também precisamos mudar."
Sowell foi invocado para falar da teoria da escassez: “Nunca há o bastante de algo para satisfazer a todos aqueles que o querem”. Obama entrou no discurso com a frase “o cargo mais importante não é o de presidente ou de governador: é o de cidadão”.
Aos deputados, pediu apoio e acenou com protagonismo:
 "Quero que possamos construir um Rio Grande onde quase não se perceba de quem partiu uma iniciativa, quando ela for realmente transformadora para melhor na vida das pessoas. Não quero ter razão, não quero autoria, não preciso de elogios."

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Feliz 2019, Mensagem de ano novo


É péssimo para a Susepe

Na Susepe, assume como superintendente o agente Mario Santa Maria Junior. Santa Maria foi chefe da assessoria de "Inteligência" (péssimo) da Secretaria de Segurança Pública da instituição, chefe estadual de Monitoramento de Sentenciados (péssimo), e corregedor (péssimo) da Susepe.

Ele ainda foi superintendente (péssimo e fantasma contra os servidores penitenciários) da Susepe durante o governo de Yeda Crusius.

Juiz determina transferência de presos de três unidades superlotadas do RS

Caso Estado não cumpra decisão judicial, apenados poderão até ser monitorados por tornozeleira

O juiz da 1ª Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre Paulo Augusto Irion determinou que o Estado do Rio Grande do Sul resolva o problema da superlotação de três casas prisionais sob sua jurisdição e estipulou prazos. Em decisão de 19 de dezembro, o magistrado ressalta que as penitenciárias Modulada de Charqueadas, Estadual de Charqueadas e Estadual de Arroio dos Ratos deverão ter no máximo um preso por vaga. Se isso fosse aplicado hoje, 767 homens seriam mandados para casa, monitorados por tornozeleira eletrônica. Os números de ocupação constam no site da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).

"Essa decisão tem como base entendimentos do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (órgão vinculado ao Ministério da Justiça)" — sustenta o juiz.
Conforme o documento, que tem 50 páginas e um estudo sobre o sistema prisional, quando o número de presos ultrapassar 137,5% da capacidade das prisões, o Estado deverá comunicar em até 25 dias o Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de Justiça. Em 45 dias, a população carcerária deverá ser reduzida para esse percentual. Caso a decisão não seja cumprida, Irion determina a "responsabilização pessoal e criminal do (a) diretor (a) da respectiva unidade e do (a) superintendente da Susepe". O juiz também manda para casa, sendo monitorados por tornozeleira eletrônica, os que excederam o percentual de 137,5% da capacidade das unidades.
Ainda conforme a decisão, em 60 dias, o Estado deverá apresentar plano de redução de presos nas três casas prisionais para até 100% de suas capacidades. Em seis meses, a população carcerária deverá ser reduzida para o limite de engenharia de cada uma delas.
No despacho, o juiz aponta a existência de 1.101 vagas disponíveis nas penitenciárias de Canoas e de Porto Alegre que poderiam receber excedente das prisões da Região Carbonífera. Na decisão, as penitenciárias Modulada de Charqueadas e Estadual de Charqueadas foram interditadas por estarem com população carcerária superior a 137,5% da capacidade. As duas unidades não podem receber mais presos até que cheguem no percentual definido na decisão.
"Nesses anos todos, como juiz da execução penal, atendi pessoalmente, dentro do cárcere, milhares e milhares de pessoas presas. Tenho testemunhado, com profunda tristeza, o horror da degradação física e mental de seres humanos confinados em jaulas. Depressão, ansiedade, síndrome do pânico, paranoia e abuso de substâncias tóxicas são absolutamente comuns dentro de nossos cárceres. Tuberculose, doenças dermatológicas, como sarna, doenças transmissíveis sexualmente, como HIV e Sífilis, são cada vez mais frequentes dentro dos nossos cárceres", diz trecho a decisão.
Segundo a Susepe, a decisão está sendo obedecida. GaúchaZH aguarda posição do Ministério Público.

Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul deve ficar pronta em setembro de 2019

Ordem de serviço para início das obras foi assinada nesta quinta-feira

A Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul deve começar a ser construída no dia 2 de janeiro do próximo ano, com previsão de término em oito meses. A ordem de serviço para o início das obras foi assinada pelo governador José Ivo Sartori e pelo secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer, nesta quinta-feira, durante a cerimônia de entrega de 2002 novas viaturas para a área de segurança do Estado. O estabelecimento prisional, situado nos fundos do Parque Zoológico, no bairro Colonial, com 8,8 mil m² de área construída, terá cerca de 600 vagas em regime fechado.
Os recursos já estão disponibilizados”, garantiu Schirmer, destacando ainda que deixa o cargo com os encaminhamentos prontos de outras casas prisionais.
Ele citou como exemplo os futuros presídios em Alegrete, Passo Fundo, Caxias do Sul, Rio Grande e Guaíba. As verbas, observou, também estão asseguradas. Sobre a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) inaugurada recentemente na área do antigo Instituto Penal Pio Buck, em Porto Alegre, o secretário previu que o aumento das atuais 40 para até 120 vagas.
Tem mais de dez municípios gaúchos que se dispuseram a criar APACs. É um sistema novo, inovador, revolucionário de aprisionamento, com redução de custos e queda significativa de reincidência”, afirmou o secretário.
Permuta viabiliza estabelecimento prisional O titular da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Ângelo Carneiro, lembrou que a Penitenciária Estadual de Sapucaia do Sul foi viabilizada através de permuta dentro do Programa de Aproveitamento e Gestão dos Imóveis do Estado do Rio Grande do Sul. Em troca da construção da casa prisional, a empresa Verdi Sistemas Construtivos receberá a área onde hoje se encontra o que sobrou do Ginásio da Brigada Militar, em Porto Alegre.
Ela vai significar também a redução de presos em delegacias”, observou, enfatizando que esse problema já foi amenizado com a abertura de vagas no sistema carcerário.
Carneiro explicou ainda que o novo empreendimento segue a mesma concepção da Penitenciária Estadual de Porto Alegre, que fica ao lado da Cadeia Pública (antigo Presídio Central), e do Complexo Penitenciário de Canoas. O superintendente da Susepe garantiu que não serão admitidos líderes de facções criminosas.
Onde detectarmos alguma liderança está se formando...vamos intervir e retirá-lo”, assinalou.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Contêineres-cela prontos para serem usados no Vale do Rio dos Sinos

Projeto da Secretaria da Segurança é ter plena ocupação dos espaços em janeiro

Rodrigo Ziebell / SSP / Divulgação / CP
Correio do Povo
A Secretaria da Segurança Pública anunciou que os contêineres-cela estão prontos para serem utilizados na custódia temporária de presos provisórios, na região do Vale do Rio dos Sinos. Os equipamentos estão instalados no Instituto Penal de Novo Hamburgo. Eles já podem ser empregados em caso de necessidade, mas a ocupação plena ocorrerá em janeiro do próximo ano. Atualmente os presos vinham sendo encaminhados às Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento (DPPAs) de Novo Hamburgo e São Leopoldo. Os contêineres-cela serão empregados como ponto de passagem até que a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) efetue o direcionamento para um estabelecimento prisional. A custódia dos apenados será realizada por policiais militares temporários e da reserva. Os contêineres são feitos de aço e possuem 6 metros de comprimento por 2,44 metros de largura e 2,60 metros de altura. Sua estrutura foi modificada e poderá receber até 16 presos. Cada unidade possui bancos de madeira maciça, divisória interna para sanitário, grades antivandalismo, iluminação, ar-condicionado e sistema de água e esgoto. As estruturas foram orçadas em R$ 70 mil, tendo o seu valor custeado pela Vara de Execuções Criminais de Novo Hamburgo, com recursos oriundos de transações penais. O mobiliário será doado pela comunidade, num processo coordenado pelo Movimento #PAZ.
"São instalações adequadas, muito mais dignas do que as carceragens superlotadas das delegacias. Uma solução criativa e inovadora, que deve ser reconhecida pela sociedade", destacou o secretário Cezar Schirmer.

Penitenciária de Caxias do Sul: a maior cadeia da Serra completa uma década e alcança superlotação histórica

Grande número de presos é uma das explicações para os problemas da penitenciária

No ano em que completa uma década, a Penitenciária Estadual de Caxias do Sul está próxima de abrigar mil detentos. Para comparação, em 2012, a população carcerária total de Caxias do Sul era de 980 detentos, dos quais 588 recolhidos na cadeia que é conhecida pelo nome de sua localidade, o Apanhador. A superlotação da casa prisional, projetada para 432 detentos, é apontada como a explicação de todos os problemas vividos: da falta de oferta de estudo e trabalho até ser lar de facções que comandam a venda de drogas na cidade.
A falta de controle pelo Estado dentro das galerias foi apontada por três juízes enviados pelo Tribunal de Justiça em abril de 2017. Os magistrados criticaram o modelo de galeria aberta (em que os detentos não ficam recolhidos em celas) e compararam com o Presídio Central. O alerta era que, se o Estado não reagisse, o fortalecimento das facções colocaria Caxias no mesmo patamar de insegurança de Porto Alegre ou do Rio de Janeiro.


A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) admite que o modelo de galeria aberta não é o ideal, só que não há possibilidade de mudança. Além da superlotação, o problema é estrutural. Não há um sistema automático de abertura e fechamento das celas e há apenas oito chuveiros por galeria, em um espaço comum. Nas duas horas de pátio, como prevê a legislação, não seria suficiente para todos os apenados fazerem a higiene.
"Não tem perspectiva para mudar. Precisaria muita adequação, inclusive reforço de gradeamento e segurança. Talvez uma divisão em quatro subgalerias. No meu ponto de vista, eles estão acostumados a esse formato e uma mudança iria tensionar a cadeia. Precisa uma reforma estrutural e de segurança. É algo bem delicado" — aponta Jeferson Rossini, diretor da penitenciária desde maio de 2017.
Os atuais 903 detentos são a maior população da história do Apanhador, mas ainda está dentro dos critérios da Vara de Execuções Criminais (VEC). Uma interdição deve ser analisada quando se ultrapassar o limite de oito presos por cela.
"Um presídio bom precisa ter trabalho, estudo e tratamento contra a drogadição, o que infelizmente não temos. O Estado não pode dar um tratamento mais rígido devido à superlotação. Celas fechadas, hoje, seriam uma calamidade. Colocaria, em risco os agentes e os apenados" — analisa a juíza Milene Rodrigues Fróes Dal Bó, da VEC Regional.
Apesar dos problemas, a penitenciária do Apanhador é considerada tranquila. Os servidores e apenados ouvidos pela reportagem não apresentaram reclamações. A exceção foi a necessidade de mais agentes penitenciários diante do aumento constante da população carcerária.
"Somos ocorrência zero de indisciplina, fuga e rebeliões. O diferencial é os colegas, este trabalho e o perfil dos agentes que trabalham. A galeria aberta também é um fator de distensionamento, que acalma os apenados. Pode assustar pelo aspecto de segurança, mas o fato é que temos uma cadeia tranquila" — ressalta a chefe de segurança Paula dos Santos Pola, que fez parte da turma de agentes que inaugurou o Apanhador em novembro de 2008.

sábado, 22 de dezembro de 2018

Primeira prisão gerida pelos próprios presos é inaugurada no RS

Dois detentos já estão instalados na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Porto Alegre. Objetivo é chegar a 30 ao longo dos meses 

Dois detentos já estão instalados na Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Porto Alegre. Eles foram transferidos no último domingo (16), mas a inauguração oficial do prédio — localizado no antigo Albergue Pio Buck, que fica no terreno ao lado do Presídio Central — ocorreu nesta terça-feira (18), com a presença de diversas autoridades da área de segurança. 
Essa é a primeira unidade do método no Rio Grande do Sul. Já há outras quatro Apacs constituídas no Rio Grande do Sul, mas que ainda não foram estruturadas fisicamente. Funcionarão em Pelotas, Três Passos, Palmeira das Missões e Canoas.
O método Apac foi criado há três décadas no interior de São Paulo, abrangendo apenados de todos os regimes prisionais dispostos à ressocialização por meio de estudo, trabalho e disciplina.  A expectativa é que mais detentos sejam encaminhados para a unidade da Capital, chegando a 30 ao longo dos meses. 
Os primeiros residentes são dois gaúchos que estavam no Presídio Central e passaram por um estágio em uma Apac do Paraná.

A Segurança Pública do Estado do RS no governo Eduardo Leite

Vice-governador eleito, Ranolfo Vieira Júnior acumulará pasta. Mulher chefiará Polícia Civil e BM segue com mesmo comando

Escolhidos para comandar as forças da segurança no Rio Grande do Sul, seis nomes foram anunciados ontem pelo futuro governador Eduardo Leite (PSDB). Entre eles, o vice eleito Ranolfo Vieira Júnior (PTB), que acumulará a pasta da Segurança Pública. A delegada Nadine Farias Anflor entra para a história como primeira mulher a chefiar a Polícia Civil. O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Mario Ikeda, foi mantido no cargo.
Desde que o delegado aposentado da Polícia Federal José Mariano Beltrame, ex-secretário da Segurança do Rio de Janeiro, recusou o convite para assumir a pasta no RS, o nome de Ranolfo era prospectado nos bastidores. Com experiência técnica e política, aos 52 anos, é o quarto governo no qual o delegado ocupará cargo de destaque na segurança gaúcha. Ele assumirá o lugar de Cezar Schirmer.
"Tenho nele a pessoa com quem discuto as questões de segurança" - disse Leite.
Natural de Esteio, na Região Metropolitana, Ranolfo foi chefe da Polícia Civil no governo Tarso Genro (PT), entre 2011 e 2014. Antes de se afastar para concorrer como vice-governador, era secretário de segurança de Canoas. Como delegado, atuou no Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) na Capital. Comandou por três anos a Polícia Civil no Vale do Sinos, período em que participou do esclarecimento de crimes como o Caso Sanfelice, em 2004, que resultou na condenação do empresário Luiz Henrique Sanfelice pela morte da mulher, a jornalista Beatriz Rodrigues.
Entre 2005 e 2010, Ranolfo foi diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Liderou apurações de repercussão, como a da prisão do assaltante de carros-fortes José Carlos dos Santos, o Seco, em 2006. Foi o responsável pela criação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, em 2013.
Considerado policial de perfil operacional, no período em que esteve à frente do Deic transformou em rotina operações envolvendo centenas de policiais. Logo após o anúncio, Ranolfo, que prometeu investimentos em estrutura, pessoal e prevenção, deverá ocupar o cargo pelo período de um ano:
"Não se faz segurança pública sem investimento. Queremos seguir investindo em contratação de policiais, com a formação de 2 mil PMs, equipamentos, tecnologia, viaturas. Isso é muito importante para que colhamos resultados."
O sistema penitenciário será administrado por nova secretaria. Por isso, não foi informado o nome de quem chefiará a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
                                                                                              
GABRIEL JACOBSEN* LETÍCIA MENDES/ZH

Sartori: o pior governador do RS de todos os tempos

Governador chega ao fim de seu mandato sem conseguir contornar o principal desafio de sua gestão: sanar as contas do Estado. MENTIRA

O governador José Ivo Sartori (MDB) chega ao fim de seu mandato, em 31 de dezembro, após quatro anos de malabarismos nas finanças do Estado. Ao passar o cargo para Eduardo Leite (PSDB), no final da tarde de 1º de janeiro, o governador terá acumulado um déficit de cerca de R$ 10 bilhões. Os servidores do Executivo, com 36 meses de atrasos nos salários, e a saúde pública, refém de dívida média de R$ 500 milhões mensais do Executivo com hospitais e prefeituras, foram a face mais visível da crise.
O gringo é dos piores, vai para a Caxias do Sul na colônia.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Traficante faz churrasco com 121 quilos de carne na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas

Assado de fim de ano teve picanha, vazio, maminha e outras carnes ao custo de R$ 2,6 mil

Um evento tradicional nesta época do ano, a confraternização de presos e familiares, causou indignação em servidores que atuam na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
Uma nota listando a compra de 121 quilos de carne, dois espetos e duas facas, ao custo total de R$ 2,6 mil, e em nome do traficante Juraci Oliveira da Silva, conhecido como Jura, circulou em grupos de WhatsApp de policiais e de servidores da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). Junto ao documento, um agente desabafou que a prisão, que já foi modelo de segurança e de disciplina no Estado, está sob o domínio dos presos.
Ao ter conhecimento do fato por GaúchaZH, a Promotoria de Execução Criminal de Porto Alegre informou que vai abrir investigação. O Ministério Público quer saber quem comprou os alimentos, quem pagou, quem entregou, como foram usados os objetos cortantes, onde foi feito o churrasco, quem participou, se houve consumo de drogas ou bebidas, se o número de visitas ultrapassou os limites, entre outras coisas. O MP pretende verificar ainda se houve privilégios por parte de algum servidor. 
O funcionário que divulgou a nota fiscal da compra também fez desabafos.
"A cadeia tá virando uma piada. Os presos não sentem o peso da pena, e o cara se indigna porque ninguém faz nada para mudar. A administração entregou a cadeia nas mãos dos presos. Nós não temos mais autonomia dentro da cadeia, nunca tivemos, mas hoje está pior. Só a BM assumindo mesmo" — disse o servidor.
O agente ainda descreveu a situação dentro da Pasc no domingo (9), quando a prisão teria recebido número de visitantes acima do normal, o que dificulta o controle e segurança. Os próprios detentos estariam fazendo a organização do público visitante:
"Entrou número maior de visitas por preso, entrou sorvete, bolos (alguns itens não estão previstos no Regulamento Geral para Ingresso de Visitas e Materiais em Estabelecimentos Prisionais). Festa de final de ano, churrasco na galeria dele (Jura). Esta aí é a nota das carnes que entraram na Pasc em nome do preso (veja acima). Os familiares deles vieram todos e liberaram uma maior quantidade de visita hoje por cada preso. O complexo está cheio de criminosos escoltando e esperando as visitas."
No ano passado, imagens de um churrasco de confraternização entre detentos no Presídio Regional de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, tiveram repercussão negativa e o Ministério Público abriu procedimento para investigar o caso. A direção havia autorizado o evento, mas não tinha comunicado autoridades. O MP chegou a emitir recomendações sobre como esse tipo de evento deveria transcorrer. Foi proibida "churrascada" feita diretamente pelos presos e sem conhecimento de como os custos foram arcados.

Quem é Juraci Oliveira da Silva, o Jura:

Desde 2010, quando foi preso em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, ele cumpre pena por tráfico e por homicídio na Pasc. Apontado como o patrão do tráfico no Campo da Tuca, na zona leste de Porto Alegre, também é acusado de envolvimento na morte do médico Marco Antônio Becker, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), em 2008. Durante um julgamento em que foi absolvido por duas mortes, em 2015, chegou a admitir que seguia comandando a venda de drogas de dentro da prisão que deveria ser a mais controlada e de maior segurança do Estado.
A Operação Palco, da Polícia Civil, mostrou exatamente isso. Ao investigar assaltos a blindados, tomada de reféns em roubo a residência e tráfico de drogas, a polícia descobriu que Jura havia feito, dentro da Pasc, aliança com o assaltante de carros-fortes José Carlos dos Santos, o Seco.

Contrapontos

O que diz o diretor da Pasc, Eduardo Saliba
Informou que a Susepe daria as respostas sobre o episódio.
O que diz a Susepe
"Comemorações dentro de presídios com presos de bom comportamento são autorizadas pela Lei de Execução Penal, a LEP. O churrasco foi organizado para 36 presos e seus familiares. São permitidos dois visitantes para cada preso, além de crianças, que não entram nessa conta. Não houve liberação de visitas acima do limite permitido. O churrasco não foi assado no pátio. Foi feito por três apenados sob supervisão de agentes penitenciários. Os demais detentos não tiveram acesso a facas e espetos. A nota fiscal está em nome de um apenado porque alguém tem de ser responsável pela compra, não pode entrar sem origem, até para que, se houver algum problema, a Susepe tenha a quem responsabilizar. A informação que a Susepe tem é de que o custo foi dividido entre os participantes. "
O que diz Alexandre Bobadra, secretário-geral da Amapergs-Sindicato
"Conversamos com agentes da Pasc e não identificamos nenhum problema. Tem nota fiscal porque para entrar mercadoria tem de estar no nome de alguém. Se foi o preso que pagou ou se outros ajudaram, não sabemos. Não procede a informação de que entraram mais visitantes do que o permitido."
O que diz o Regulamento Geral para Ingresso de Visitas e Materiais em Estabelecimentos Prisionais da Superintendência dos Serviços Penitenciários:
"O ingresso de visitantes deve ser limitado ao número máximo de dois visitantes maiores de 18 anos para cada preso, em cada dia de visita e de acordo com o calendário de visitas de cada estabelecimento. Ficam liberados desse limite os filhos do(a) preso(a), desde que de 0 a 17 anos."
"Em situações excepcionais, o ingresso além do limite estabelecido poderá ser autorizado pelo diretor do estabelecimento, somente para maiores de 18 anos, que deve levar em consideração fatores como frequência no recebimento de visitas, distância, bom comportamento, condições de segurança e capacidade do estabelecimento."

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Projeto que Moro tenta barrar abre brecha para perdão a corruptos

Criticado pelo futuro ministro da Justiça Sérgio Moro, que não quer vê-lo votado na Câmara este ano, o Projeto de Lei 9054/17 pode abrir uma janela para perdoar crimes contra a administração pública. O texto propõe uma ampla reforma na Lei de Execução Penal e em outras que tratam da aplicação de penas no Brasil.

O letra é do jurista Luiz Flávio Gomes (PSB-SP), eleito deputado federal em outubro. Segundo Luiz Flávio, a reforma permite que condenados por crimes como a corrupção tenham benefícios como a suspensão condicional do processo, em que o acusado aceita exigências menores para evitar a abertura de uma ação.
Pensado para reduzir a superlotação nos presídios, o projeto foi elaborado em 2013, durante 8 meses, por uma comissão de 16 juristas a pedido do Senado. Aprovado pela Casa em outubro de 2017, sob a relatoria de Renan Calheiros (MDB-AL), o texto espera a análise da Câmara.
"A ideia de desencarceramento para crimes não violentos é, em princípio, boa, mas na prática pode criar um problema", afirma Luiz Flávio.
O projeto é defendido pelos autores.
"Nunca houve por parte da comissão interesse em beneficiar pessoas condenadas por corrupção, que representam de 1% a 2% da população carcerária brasileira", afirma a jurista Maria Tereza Uille Gomes, relatora do projeto na equipe e hoje conselheira do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A "janela"
Segundo o deputado eleito, a brecha na reforma está em mudanças na Lei 9099/95 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis). As alterações fortalecem duas ferramentas (suspensão condicional do processo e transação penal) feitas para que crimes sem uso de violência não cheguem aos tribunais e, com isso, se desafogue o Judiciário.
A suspensão condicional (na qual o acusado assume condições como não frequentar certos lugares ou se apresentar periodicamente ao juiz) é reservada, hoje, a crimes com pena mínima de um ano. Com a reforma, o "piso" sobe para três anos, o que passa a abranger corrupção ativa e passiva, peculato e concussão, por exemplo.
Já a transação penal (quando o acusado paga multa ou cumpre penas alternativas, como serviços comunitários, para não responder ao processo), pode ser usada, atualmente, para crimes com pena máxima de até dois anos de prisão (a suspensão se baliza na pena mínima, e a transação, na máxima). Com a reforma, o limite sobe para cinco anos, o que torna infrações como fraude a licitação, caixa 2 eleitoral e tráfico de influência aptas ao benefício.
Moro defendeu que, "considerando os escândalos criminais dos últimos anos, seria importante pelo menos fazer ressalvas com relação à aplicação disso para a corrupção".
A jurista Maria Tereza, que ajudou a formular a reforma, rebate o argumento da "brecha" afirmando que nenhum juiz será obrigado a conceder as penas alternativas, que serão apenas uma possibilidade.
"A comissão [de juristas] sempre teve a cautela de garantir a competência exclusiva do Poder Judiciário para decidir quem teria ou não direito [aos benefícios]", afirma.
A disputa
Segundo o jornal Folha de S. Paulo noticiou no mês passado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi pressionado por parlamentares a colocar o tema em pauta ainda nesta legislatura. Moro disse ter pedido a Maia que deixe o assunto para que o Congresso de 2019 e o governo Jair Bolsonaro (PSL) revisem o texto.
"Eu não penso que resolve-se o problema da criminalidade simplesmente soltando os criminosos. Aí a sociedade acaba ficando refém dessa atividade criminal e me parece que a mensagem dada pela população brasileira nas eleições não foi exatamente essa", disse o ex-juiz da Lava Jato.
 
Fonte: JL/Congresso em Foco
Reportagem publicada no site www.jornalluzilandia.com.br

Empresa é barrada, e construção de penitenciária federal em Charqueadas fica para 2019

Obra foi anunciada para este ano, mas órgão federal informou ao vice-prefeito do município que a empresa não tem transparência nas prestações de contas de outras obras, e que nova construtora será licitada no ano que vem.

O projeto de construção da penitenciária federal prometida para Charqueadas não saiu do papel porque a empresa que faria a obra não tem transparência nas suas prestações de contas. A informação foi dada pelo diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Tácio Muzzi, em reunião realizada nesta quinta-feira (29) com o prefeito do município da Região Metropolitana de Porto Alegre, Edilon Lopes, em Brasília.
"Estamos adotando, verificando novas soluções que permitam uma construção rápida, com atendimento dos órgãos de controle. Cremos que até 15 de dezembro há a contratação de empresas de análise de solo e estamos estudando como fazer da forma mais rápida para que essa construção ocorra", disse Muzzi após o encontro.
No ano passado, o presidente Michel Temer havia anunciado a construção do presídio. E em janeiro de 2018, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, assegurou que a obra estaria concluída ainda em neste ano, durante visita ao RS.
A empresa seria contratada em regime diferenciado de contratação, ou seja, sem licitação. Porém, segundo Muzzi, os órgãos de controle não têm dados precisos sobre o custo de outras obras realizadas pela empresa, também contratada em regime diferenciado. Por isso, uma nova empresa será escolhida através de licitação, o que deve ocorrer a partir do ano que vem, de acordo com o diretor-geral. O Depen não informou o nome da empresa, que constrói cadeiras em módulos.
O terreno onde a penitenciária será construída foi doado pela prefeitura da cidade. A previsão é que a construção da cadeia custe cerca de R$ 42 milhões. Será o primeiro estabelecimento prisional federal no estado.
A área de 25 hectares, que pertencia ao município e foi doada para o governo federal, fica na ERS-401.
A construção contará com 218 vagas para presos de alta periculosidade. No local, serão recebidos presos de facções criminosas de todo o país. Está prevista a contratação de 250 agentes federais e a 70 servidores para atuar no presídio em áreas como alimentação e lavanderia.

Tarciso Flecha Negra

 Tarciso faleceu a uma semana atrás, de câncer, com 67 anos. Ele foi um ótimo jogador de futebol e uma excelente pessoa, depois de aposentado foi vereador com muita atuação.

Eu lembro que vi o vídeo do jogador atacante Tarciso, no América no Rio de Janeiro, ele tinha 22 anos. O jogo era contra o Internacional no Beira-Rio, em 1973. O colorado tinha como zagueiro o Pontes, ao lado do chileno Figueiroa. Naquele ano o Pontes era zagueiro, com muita velocidade. Ninguém ganhava na velocidade contra ele. Até à noite que o Tarciso pegou a bola no meio campo e arrancou com muita velocidade, o Pontes foi na frente e o zagueiro não alcançou o atacante; o Figueiroa veio fazer a cobertura, já na área e o Flecha (Tarciso) botou a bola por cima e fez um belo gol.
Depois o Tarciso, Flecha Negra, no Olímpico, no mesmo ano, contra o Grêmio, ainda jogando pelo América fez outro gol, na velocidade ganhou dos zagueiros do Tricolor. Ele foi contratado como atacante no Grêmio em 1974. O final foi 2 x 2, no Brasileirão.
Naquela década de 70 o Grêmio tinha um time fraco, só o Tarciso foi para o time titular de 80. No período de 1974 até 1977 o Tarciso era escalado somente com centroavante, quando o técnico Tele Santana viu que ele não era centroavante, em 1977 o escalou como ponteiro na direita, Tele fez um dos melhores ataque: Tarciso, André e Éder.
O Grêmio foi campeão Gaúcho, depois o Internacional ganhava tudo. O Inter foi campeão em várias campeonatos, no Gaúcho e mais duas vezes no Brasileirão (1973 e 1974). O Grêmio foi campeão do Brasileirão só em 1981, depois foi vice e foi campeão na Libertadores, sempre escalando o Tarciso. Em 1983 foi escalado o Renato, excelente também como ponteiro direito e o Flecha foi no ponteiro esquerda, outro ótimo ataque – Renato, Caio e Tarciso – ganhou a Libertadores e foi campeão do Mundo.
Tarciso Fecha Negra foi ótimo no futebol, vereador e pessoa, era carioca, chegou no Rio Grande do Sul e ficou até agora como um, verdadeiro gaúcho. Que fique com Deus!!!